Com clima no centro das atenções, café na ICE tem fortes ganhos
O clima continua a fazer com que a emoção retorne para os terminais de café negociados na ICE Futures US. Nesta quarta-feira, mais uma vez, a questão climática no Brasil continuou a influenciar o comportamento de especuladores e fundos. Depois de uma manhã calma. com preços variando entre altas e baixas, o mercado voltou a ser sacudido com um avanço bastante interessante para as cotações, com o março tocando no melhor nível desde 13 de maio de 2013. Um grande fundo teria apresentado um comportamento mais efetivo no lado comprador, o que abriu espaço para que novos stops fossem acionados, rompendo, rapidamente, não a primeira resistência, em 138,65 centavos, mas também outras, como de 140,00 e 143,00 centavos de dólar, dando, ainda mais, consistência para um quadro de recuperação. Os players se mantêm focados nos dados sobre o clima no Brasil. O centro-sul do país enfrenta uma temporada de temperaturas muito altas somadas com chuvas irregulares, o que poderá afetar diretamente no desenvolvimento do grão. Diante disso, a safra 2014 do Brasil, que já era esperada como menor que as duas passadas, por conta do estresse produtor das árvores, poderá ser ainda mais comprometida, tanto no que se refere a volume quanto à qualidade. Diante desse cenário, novas planilhas e cálculos passam a ser processados, já que os operadores se voltam para avaliar a questão da disponibilidade do grão. Algumas tradings já trabalhavam com a possibilidade de 2014 ser um exercício de déficit para o café e isso poderá se tornar ainda mais viável diante de uma fraqueza produtiva do Brasil, que se somaria a ofertas regradas do Vietnã e também às safras ainda sofríveis de países da América Central, que continuam a serem pressionados pela ferrugem do colmo.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição março teve ganho de 685 pontos, com 143,10 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 143,70 centavos e a mínima de 134,25 centavos, com o maio registrando avanço de 670 pontos, com 145,10 centavos por libra, com a máxima em 145,70 centavos e a mínima em 136,30 centavos. Na Euronext/Liffe, o março teve alta de 48 dólares, com 1.857 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 47 dólares, para o nível de 1.848 dólares por tonelada.
Segundo analistas internacionais, o comportamento do mercado de café em Nova Iorque, ao longo desta quarta-feira, foi bastante próximo daquele observado na última segunda, com os vendedores não tendo sucesso no seu intento inicial, dando margem, portanto, para que os compradores passassem a dominar o cenário, com o acionamento de vários stops. No segmento externo, o dia foi de calma, com as bolsas de valores nos Estados Unidos apresentando oscilações bem menos consistentes, ao passo que o dólar ficou próximo da estabilidade em relação a uma cesta de moedas internacionais, apesar de voltar a recuar fortemente no confronto com o real brasileiro. Nas commodities softs, o dia foi de alta para a maior parte das matérias-primas, com o destaque pata o café, com mais de5% de avanço, sendo seguido pelo suco de laranja, com 1,9% de alta.
"O quadro se mostra mais consistente que o esperado. Vínhamos avaliando que o clima no Brasil poderia dar uma sustentação para os ganhos, mas esses avanços atuais se mostraram muito contundentes. Temos muitas recompras e uma formação de preços acima de patamares graficamente esperados, oque pode ser uma oportunidade interessante para se buscar novos referenciais. Altas tão pronunciadas fazem com que o mercado interno brasileiro também seja bastante afetado e já notamos preços bastante modificados em algumas praças", disse um trader.
"O forte aumento dos preços está ligado a um dos verões mais quentes e secos que o Brasil se recorda. Algumas partes do país estão registrando as chuvas mais escassas desde 1940", indicou Edward George, diretor de pesquisas de commodities softs do Ecoban. O quadro de clima quente e chuvas irregulares vem preocupando os especialistas, que temem que os grãos não atinjam uma maturação plena e que também se tenha um comprometimento em volume e qualidade do café. "As previsões otimistas de uma safra brasileira de 60 milhões de sacas serão dificilmente alcançadas, a menos que o clima mude rapidamente", indicou o Commerzbank, em nota.
A Alemanha foi o principal importador do café arábica de Camarões na temporada 2012/2013, absorvendo 57,2% da produção comercializada pela nação da África Ocidental, de acordo com levantamento apresentado pelo CCIB (Conselho Interprofissional de Cacau e Café de Camarões). A temporada de arábica no país se estende de outubro a setembro. Camarões exportou 2.524 toneladas de arábica em 2012/2013, ante 2.393 toneladas no ciclo anterior. O café vendido ao exterior foi destinado a 12 países da Europa, Ásia, Estados Unidos e África, conforme a entidade. O país produziu 2.734 toneladas dearábica durante a temporada passada, ante 2.612 toneladas em 2011/2012.
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 770 sacas, indo para 2.643.722 sacas.
Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem resistência143,70, 144,00, 144,50-144,55, 145,00, 145,50, 145,80, 146,00, 146,50, 147,00,147,50, 148,00, 148,50 e 149,00 centavos de dólar, com o suporte 134,25,134,00, 133,50, 133,05, 133,00, 132,50, 132,00, 131,50, 131,00, 130,50,130,10-130,00, 129,50, 129,00, 128,50 e 128,00 centavos.
Londres se sustenta nas arbitragens e tem dia de novas altas
Os contratos futuros de café robusta tiveram uma nova sessão de avanços na Euronext/Liffe, com o março se consolidando acima dos 1.800dólares, refletindo, em parte, o comportamento bastante positivo dos arábicas do outro lado do Atlântico. O volume negociado no dia foi bom, sendo que as rolagens de posições continuam ativas, notadamente entre março e maio.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por um início fraco e com preços abaixo do referencial psicológico. Ao longo dessa primeira parte do dia, o março chegou a tocar a mínima de 1.787 dólares. No entanto, acompanhando os avanços significativos dos arábicas, várias operações de arbitragens foram desencadeadas e os ganhos vieram naturalmente, permitindo que a primeira posição voltasse a flutuar proximamente do nível de 1.850 dólares.
"Pouco a pouco os operadores asiáticos estão retornando ao mercado e eles poderão ampliar suas ofertas, diante de preços tão mais consistentes que aqueles verificados antes do ano novo lunar. Por sua vez, o mercado continua bastante atento á questão climática no Brasil e verificamos que os avanços nos terminais não se limitaram àqueles registrados recentemente, havendo, portanto, um pouco mais de espaço para subir", disse um trader.
O março teve uma movimentação ao longo do dia de 8,43 mil contratos, contra 8,98 mil do maio. O spread entre as posições março e maio ficou em 9 dólares.
No encerramento do dia, o março teve alta de 48 dólares, com1.857 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 47 dólares, para o nível de 1.848 dólares por tonelada.