Café inverte tendência no final da sessão, mas mantém intervalo na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quarta-feira com quedas, invertendo a tendência inicial do dia. Os preços, ao longo de boa parte do pregão, flutuaram no lado positivo da escala de preços, sem, contudo, testar a resistência de 120,00 centavos. Na segunda metade do dia, diante da falta de fôlego dos compradores, algumas novas ordens de venda passaram a ser emitidas, o que permitiu a inversão do quadro e a ocorrência de perdas, impedindo, assim, que a bolsa nova-iorquina tivesse a terceira alta consecutiva.
Parte das baixas do dia vieram por influência, novamente, do câmbio no Brasil. A moeda do país registrou uma queda substancial em relação à divisa norte-americana e, assim, players do maior produtor mundial se sentiram estimulados a efetuar algumas liquidações, aproveitando os diferenciais de ambas as moedas. No terreno fundamental, o café também não apresenta novidades. A pressão sobre as cotações refletem um quadro de disponibilidade ampla, gerado pela safra grande do Brasil, mesmo em um ano de bienalidade baixa, pela retomada produtiva da Colômbia e por uma nova temporada de muito café do Vietnã. Assim, mesmo com a quebra substancial nos países centro-americanos, amplamente afetados pela ferrugem do colmo, o que se verifica é uma crença profunda dos players em oferta franca de café nos próximos meses, ao passo que a demanda mantém-se crescente, porém em percentuais modestos.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve queda de 60 pontos, com 117,25 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 119,20 centavos e a mínima de 117,05 centavos, com o março registrando desvalorização de 60 pontos, com 120,35 centavos por libra, com a máxima em 122,30 centavos e a mínima em 120,20 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve valorização de 10 dólares, com 1.709 dólares por tonelada, com o janeiro tendo ganho de 11 dólares, para o nível de 1.708 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, a sessão foi marcado por novas ações técnicas, com as quedas da segunda metade do dia acompanhando também a inversão de tendência dos mercados externos. Pela manhã, as bolsas de valores nos Estados Unidos e também várias commodities importantes colecionaram ganhos, ao passo que na segunda metade do dia esse quadro teve outro direcionamento, com a maior parte dos fechamentos se dando no lado negativo da escala.
"O mercado se mostrou consolidativo e nesta quarta-feira, próximo do fechamento, tivemos algumas vendas mais efetivas que inverteram o caminho que vinha sendo trilhado. É um mercado atípico, pouco animador e com preços dentro de um intervalo muito estreito. Os compradores se mostram bastante restritos e os vendedores não se esforçam em comprar consistentemente, mesmo com a aproximação da temporada de frio no hemisfério norte. Diante de um quadro técnico, os baixistas ainda se mantêm no controle das ações. Diante disso, esse correção deve ser vista com reservas, já que pode ser revertida rapidamente", disse um trader.
As exportações de café do Vietnã em setembro deverão ser encerradas com queda de 16,7% em termos de volume e de 16,8% em receita, na comparação com agosto, informou o Escritório Geral de Estatísticas. O mês deverá fechar com o embarque ao exterior de 70 mil toneladas, com uma receita de 149 milhões de dólares. No ano safra, iniciado em 01 de outubro de 2012, o país exportou 1,427 milhão de toneladas, menos que as 1,56 milhão de toneladas embarcadas no mesmo período de 2011/2012.
As exportações brasileiras no mês de setembro, até o dia 23, totalizaram 1.327.782 sacas de café, alta de 1,98% em relação às 1.301.989 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 1.711 sacas, indo para 2.778.352 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 19.922 lotes, com as opções tendo 1.790 calls e 1.357 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 119,20, 119,50, 119,90-120,00, 120,50, 120,75, 121,00-121,05, 121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20, 122,50, 122,75, 123,00 e 123,50 centavos de dólar, com o suporte em 117,05-117,00, 116,50, 116,00, 115,50, 115,10-115,00, 114,65, 114,50, 114,20, 114,00-113,95, 113,50, 113,00, 112,50, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50 e 110,10-110,00 centavos.
Londres tem dia de alta, mas mantém intervalos de preço
Os contratos futuros de café robusta encerraram esta quarta-feira com altas, em um dia de continuidade das aquisições, com o novembro indo além do nível de 1.700 dólares por tonelada. O dia foi caracterizado por uma volatilidade apenas ligeira e por um volume comercializado consideravelmente abaixo da média recente da bolsa britânica.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado por novas ordens de compra, com, mais uma vez, as arbitragens dando alguma sustentação para o direcionamento do mercado de robusta. Notícias sobre vendas menos agressivas das origens também foram amplamente repercutidas por operadores. As exportações de café do Vietnã em setembro, por exemplo, deverão ser encerradas com queda de 16,7% em termos de volume e de 16,8% em receita, na comparação com agosto, informou o Escritório Geral de Estatísticas. O mês deverá fechar com o embarque ao exterior de 70 mil toneladas, com uma receita de 149 milhões de dólares. No ano safra, iniciado em 01 de outubro de 2012, o país exportou 1,427 milhão de toneladas, menos que as 1,56 milhão de toneladas embarcadas no mesmo período de 2011/2012.
"Os preços caminham em um sentido de recuperação, porém esse avanço é apenas pontual. As cotações continuam a flutuar muito próximas do referencial de 1.700 dólares e os volumes exíguos comercializados ao longo dos últimos pregões demonstram que não há uma disposição mais efetiva para uma mudança mais drástica de cenário", disse um trader.
O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 3,75 mil contratos, contra 1,39 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 1 dólar. No encerramento do dia, o novembro teve valorização de 10 dólares, com 1.709 dólares por tonelada, com o janeiro tendo ganho de 11 dólares, para o nível de 1.708 dólares por tonelada.
EUA esgotarão em 17 de Outubro medidas extraordinárias para pagar dívidas
O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, enviou nesta quarta-feira uma carta ao Congresso americano na qual afirma que as medidas de emergência tomadas para enfrentar o pagamento das dívidas do governo se esgotarão em 17 de Outubro, por isso frisou a urgência de se elevar o teto de endividamento do país. "O Tesouro estima agora que as medidas de emergência se esgotarão no máximo em 17 de Outubro. Estimamos ter então cerca de US$ 30 bilhões para fazer frente aos compromissos. Esta quantidade será menor que as despesas líquidas previstos para certos dias, que podem ser de US$ 60 bilhões", afirmou Lew na carta dirigida ao presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner. O teto da dívida federal dos EUA, de US$ 16,7 trilhões, foi atingido em maio, e desde então o Tesouro recorreu a medidas excepcionais para honrar com as obrigações de pagamento do país. "Se não temos suficiente liquidez, será impossível para os EUA fazer frente a todas suas obrigações pela primeira vez na história", advertiu Lew. O prazo de 17 de Outubro representa uma nova advertência por parte do governo ao Congresso para evitar a moratória, e põe uma data concreta para que os legisladores republicanos e democratas alcancem um acordo para elevar o teto de endividamento e sobre as finanças públicas. Apesar do alerta de Lew, as posições de republicanos e democratas se mantêm extremamente afastadas sobre como reduzir o déficit fiscal. Os republicanos exigem cortes nos programas de assistência social, enquanto os democratas não estão dispostos a negociar sob a ameaça de uma moratória. A batalha poderia repetir o que ocorreu em agosto de 2011, quando ambos partidos alcançaram um acordo para subir o teto de dívida "na última hora" e afastar assim a moratória do governo federal.
Investidor mostra cautela com divergência entre Banco Central e Fazenda
Os mercados nacionais operam com mais uma trava externa no pano de fundo. Depois da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), nesta semana é o impasse em torno da questão fiscal americana que segura os negócios. Na falta de catalisador, os participantes evitam grandes movimentos. No mercado de câmbio, além das questões externas, investidores precisam lidar com a divergência dentro do próprio governo. Especialistas em câmbio destacaram que boa parte do mau humor no mercado hoje se deve à percepção reforçada de que Banco Central e Fazenda estão em direções diferentes, ou até mesmo opostas, quando o assunto é o dólar. A venda parcial da oferta diária de swaps cambiais tradicionais pelo Banco Central (BC) hoje azedou o humor no mercado de câmbio, levando o dólar a registrar a maior alta percentual ante o real em quase duas semanas, de mais de 1%. O BC colocou hoje 9.650 contratos de swap cambial, em operação que movimentou o equivalente a US$ 480,1 milhões. Foi a primeira vez desde o início do programa de leilões de câmbio, no fim de agosto, que o BC não vendeu o lote integral de 10 mil contratos de swap cambial. O tesoureiro de um banco estrangeiro classificou a atuação do BC como “desastrosa”. Segundo ele, “não foi por falta de demanda que os swaps não foram totalmente vendidos” e houve ofertas que não foram consideradas pelo BC, o que explica porque a taxa de corte das propostas aceitas foi zero. “O BC simplesmente não quis dar mais prêmio ao mercado. As propostas não aceitas estavam com preços bem abaixo de R$ 2,20. O BC olhou e falou ‘não’”, diz o profissional, questionando o posicionamento da autoridade monetária. “Com essa postura o BC passou uma sinalização confusa. Se o objetivo era não chancelar alguma posição mais especulativa, o BC colocou em risco alguma posição de hedge de quem precisa. E, agora, quem precisa dessa proteção vai tomar ela mais cara”, diz, afirmando que o BC “abriu a porta para o especulador”.