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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Os estoques de passagem para o café brasileiro na safra 2013 estão em 2.876.198 sacas de 60 quilos, segundo apurou o produtor e consultor de café Marco Antonio Jacob. Para chegar a esse resultado, ele recorreu ao relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que apontou um número de 15.217.572 sacas referentes ao produto remanescente do ano cafeeiro (jul/2013 a jun/2014), datados de 31 de março de 2014 e subtraiu o volume utilizado para consumo interno relatado pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) e de exportação anotados pela Cecafé (Conselho dos Exportadores de café do Brasil) dos meses de abril, maio e junho. 
Acompanhe o cálculo na tabela:
O resultado desse material é muito menor em relação ao estimado por empresas exportadoras e alguns órgãos ligados ao setor, que variavam entre 6 a 12 milhões de sacas. A exportadora Comexim, por exemplo, divulgou em abril material prevendo que o estoque giraria em torno de 11,5 milhões de sacas.
Em contraponto às previsões otimistas do mercado, o analista do Escritório Carvalhaes em Santos-SP , Eduardo Carvalhaes, já havia publicado em seu relatório do dia 11 de julhoque: “Nosso estoque de passagem (estoques remanescentes no final de junho último) deveria ser o menor das últimas décadas”.

Exportações para 2015 podem ser menores em 9 milhões 
O estudo de Jacob revela ainda outra matemática importante. Se o volume estimado para a safra 2014 for confirmada em 44,6 milhões, de acordo com a previsão da Conab, subtraindo o volume interno para o ano, que gira em torno de 20 milhões de sacas, teremos 24,6 milhões de sacas restantes. Concluindo, o volume para exportação seria de 24,6 milhões de sacas, mais os estoques de 2,87 milhões de sacas, para um total de 27,47 milhões de sacas. 
“Esse volume de 27,47 milhões de sacas já é bem menor do que exportamos esse ano (quase 34 milhões de sacas). Além disso, os estoques nunca são zerados e o produtor também pode não vender, caso não seja de interesse. No meu ponto de vista, no ano que vem teremos algo em torno de 25 milhões de sacas apenas para exportação”, concluiu Marco Antonio Jacob.


CHUVAS NO BRASIL AGITAM O MERCADO

A reunião entre líderes europeus não teve consenso para a implementação de novas sanções à Rússia, e contribuiu para uma recuperação dos mercados acionários.

Um indicador de produção de manufaturados da China voltou ao maior patamar em 18 meses e animou os investidores que puxaram o MSCI Asian Pacific index para níveis que não víamos desde junho de 2008.

Os três principais índices de ações americanas tiveram comportamentos mistos com a queda de 9.7% do papel da Amazon, e altas da Apple e Facebook – reflexos dos resultados apresentados do 2º trimestre do ano.

Entre as commodities o café em Nova Iorque foi o grande ganhador da semana, subindo 4.37% (ou US$ 8.93 por saca), seguido pelo mercado de gado (+4.02%), soja grão (+3.10%) e cacau (+2.11%).

A continuação da alta do café se deu em função das chuvas que caem neste momento no “cinturão brasileiro”, e que deixam os agentes preocupados com uma abertura prematura da florada.

O assunto tem opinião para todos os gostos – como não poderia ser diferente – com alguns dizendo que apenas a chuva não estimulará uma florada dado o clima frio e a árvore não estar preparada para florar. Por outro lado outros dão como certo o abotoamento dos cafezais.

A verdade é que o mercado vinha (aí sim prematuramente) devolvendo o prêmio de incertezas sobre o potencial de produção de 2015/2016, pressionado por um apetite reduzido de compras de torradores que estão de férias (mas que mesmo assim aproveitaram para comprar o terminal nas baixas recentes), e que acabou se assustando com novidades inesperadas.

A certeza é que caso haja de fato uma florada, e caso eventualmente o período das águas se antecipe, teremos uma nova lição para aprender, pois imagine que o ciclo pode ficar tão maluco que acabe, por exemplo, trazendo o início da colheita do arábica para março / abril de 2015 – já pensou?!

A participação de vendas de origens no terminal, tímida pelo tamanho do movimento, contribui para uma maior sequência de ganhos, anulando o efeito negativo do encarecimento dos preços em euros, com a desvalorização da moeda comum negociando nas mínimas de 8 meses atrás. Ao mesmo tempo os produtores brasileiros voltam a receber pelo seu café preços praticados no começo de junho, ou R$ 4.07 centavos por libra peso, pior, é claro, do que os quase R$ 5.00 centavos por libra do meio de março último, mas melhor do que os R$ 3.55 centavos de duas semanas atrás.

Outras novidades altistas – a semana foi cheio delas – foi a divulgação de estoques baixos brasileiros pela CONAB, que apontou um inventário de 15,217,572 sacas em 31 de março, e da expectativa de menor produção pelo CNC, que disse haver a possibilidade da próxima safra ser 10% menor do que a atual.

Sobre os estoques, o volume gera uma polêmica danada, pois diz-se que os armazéns estavam abarrotados de café depois do rally de fevereiro e março. Sem contar que contabilizando as exportações e o consumo interno, o resultado seria um carry-over de menos de 3 milhões de sacas – metade do que os 6 milhões da mínima do intervalo entre 6 e 14 milhões que o mercado trabalha.

Já o número do CNC não custa lembrar que o conselho trabalha com uma safra atual entre 40.1 e 43.3 milhões de sacas, o número mais baixo entre o intervalo de previsões que vai de 40.1 à 56.5 milhões de sacas – motivo que mencionei o percentual de uma potencial redução, e não os “menos de 40 milhões de sacas” divulgado.

No físico os diferenciais abriram (como de costume) chegando mais próximo de níveis que despertam os interesses dos compradores que estão revezando as férias nos escritórios da Europa e dos Estados Unidos.

Tecnicamente o contrato “C” fechou abaixo de uma resistência importante, não conseguindo romper os 184,90, aonde atrairia mais compras de fundos, participantes que precisam permanecer na compra para que o mercado não volte a cair.

O desdobramento dos efeitos das chuvas e novas previsões climáticas serão o combustível que a alta precisa para ganhar mais folego, entretanto caso não haja uma floração que tanto se falou, haverá sim uma liquidação por parte daqueles que compraram esta notícia.

Boa semana e muito bons negócios a todos.

Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting