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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Recuperação de cafezais vai levar mais de um ano 
23/09/2014 
Café

Que o café terá produção reduzida até a próxima safra (2014/15) ainda por força das geadas de 2013 e da seca do início de 2014 todos concordam. Porém, há divergências sobre o tamanho do impacto e o setor já discute os indícios de que a produção de 2015/16 também será reduzida.
Uma projeção estatística lançada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontando recuperação foi imediatamente atacada pelos líderes da cadeia produtiva. A Conab apontou que em 2015/16 a colheita será de 48,8 milhões de sacas, numa análise estatística. São 3,8 mihões sacas a mais do que na atual temporada (2013/14), ainda abaixo das 49 milhões de sacas da safra passada, mas um reajuste suficiente para o Conselho Nacional do Café (CNC) e a Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) repudiarem “veementemente” o estudo.
No Paraná — estado mais afetado pelos problemas cli­­máticos —, há razões técnicas para se questionar uma recuperação em 2015/16. Pa­­ra voltar a superar a casa de 1,5 milhão de sacas, será necessário retomar o plantio e a também a recuperação das plantas que foram podadas na base, conforme os especialistas. A colheita caiu de 1,65 milhão (2012/13) para 510 mil sacas (2014), que estão sendo beneficiadas. No campo, ainda não há previsão sequer para o resultado de 2015.
A área plantada no estado soma 58 mil hecta­­res, mas 23,7 mil (41%) não tiveram colheita em 2014, aponta Paulo Sérgio Franzini, técnico da Se­­cre­­taria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) dedicado à cafeicultura. E dessa área sem produção, “8% são lavoura nova, 15% tiveram poda leve, 56% foram esqueleteados [desbastados], mas 21% tiveram de ser recepados [cortados na base] e vão levar mais de um ano para voltar a produzir normalmente”, detalha. Ele considera cedo para estimar o volume da colheita de 2016.
O CNC e a CNA interpretaram a projeção da Conab como um número de campo para 2015. No entanto, os técnicos ligados à companhia ainda apuram os resultados da colheita de 2014. O quarto e último levantamento está previsto para dezembro, quando será lançada também a primeira previsão sobre a colheita de 2015.
Mesmo entre o primeiro e o último levantamento de cada ano, há variações. No caso do Paraná, entre o primeiro e a terceiro número de 2014, a estimativa caiu de 640 mil para 510 mil sacas, volume que será revisado em dezembro.
Fonte: Correio do Povo
Água é um dos elementos da sustentabilidade no café, afirma especialista 



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  "Água é um dos elementos da sustentabilidade no café", afirma especialista a alunos do Curso de Café da Associação Comercial de Santos

especialista Soren Knudsen, da SKG Sustainable Solutions, declarou que "a água é um dos elementos da sustentabilidade no café", em palestra a alunos do 57.º Curso de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos (ACS). Ele falou sobre o assunto a propósito da seca, que prejudicou a cafeicultura neste ano de 2014.

Soren Knudsen fez a afirmação na manhã desta terça-feira, 23 de setembro de 2014, na Sala de Classificação e Prova de Café da Associação Comercial de Santos, na Rua XV de Novembro, 137 - 3.º andar, no Centro Histórico.

A exposição integrou o programa do curso, iniciado em 1.º de setembro e com previsão de encerramento nesta quinta-feira, 25 de setembro, quando também haverá a solenidade de formatura.

O curso é ministrado pelos professores Nilton Ribeiro, classificador e degustador de café, que durante 55 anos atuou a serviço da Stockler Comercial e Exportadora, e Candido Mattar Ribeiro Filho, também classificador e degustador, da Triple R Consultoria.

Evelyse Lopes, coordenadora do Curso de Classificação e Degustação de Café e também coordenadora da Câmara Setorial de Exportadores de Café da Associação Comercial de Santos, assistiu à palestra, assim como o diretor executivo da ACS, Marcio Calves.

DEFINIÇÃO

Soren Knudsen iniciou a apresentação, citando o Relatório Brundtland (1987), que define sustentabilidade como "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas".

A sustentabilidade tem como premissas básicas o tripé econômico, social e ambiental. No âmbito econômico, é importante otimizar o capital financeiro. No social, é essencial valorizar o capital humano e social. E no ambiental, é fundamental otimizar o capital ambiental, de acordo com o especialista.

Outro conceito de grande importância no terreno da sustentabilidade é a rastreabilidade. Segundo a norma ISO 8402 de qualidade, rastrear é manter os registros necessários para informar os dados relativos à origem e ao destino de um produto.

A certificação é também um dos fundamentos da sustentabilidade, conforme Soren Knudsen. "Certificação é avaliação de um processo. São critérios que visam a verificar o cumprimento de requisitos por meio de indicadores rastreáveis".

CERTIFICAÇÕES

No mercado internacional, há algumas certificações e verificações que fazem parte dos negócios agrícolas: International Federation of Organic Agriculture Movements (Ifoam), Fair Trade (FLO), Rainforest Alliance, Utz Certified, Código Comum da Comunidade Cafeeira (4C), Starbucks Coffee And Farmer Equity (C.A.F.E.) Practices e Nespresso.

Soren Knudsen citou o estudo "Trends in the Trade of Certified Coffees" (Tendências no Mercado de Cafés Certificados), que estima que o crescimento de cafés certificados crescerá de 8% em 2009 para 20 a 25% do mercado mundial de café em 2015.

Grandes players do trade cafeeiro mundial querem cada vez mais cafés certificados, como a Kraft, a Nestlé e a Sara Lee, além de torrefadoras como Starbucks, Tchibo e Lavazza.

A certificação Ifoam tem vendas mundiais de cerca de 1,7 milhão de sacas de 60 quilogramas (60 kg), metade para os Estados Unidos e metade para a Europa. E está presente em 2% do consumo dos Estados Unidos. O maior produtor mundial é o Peru, seguido da Colômbia.

Quanto à Fairtrade, o mercado é de de 1,5 milhão de sacas, cerca de 50% para a Europa e 45% para os Estados Unidos e representa 3% do consumo norte-americano. Outro detalhe é que 42% dos cafés Fairtrade são também orgânicos.

A Rainforest Alliance conquista vendas mundiais de 1,4 milhão de sacas, quase a metade para a Europa e detém 2% do consumo norte-americano.

Quanto à Utz Certified, mantém fatia de 1,4 milhão de sacas, a maioria para o norte da Europa - e está em crescimento constante desde 2002.

O Código Comum da Comunidade Cafeeira (4C) tem mercado de cerca de 450 mil sacas, de café arábica e robusta, a maioria destinado para a Europa. O maior produtor mundial de cafés 4C é o Brasil, seguido do Vietnã.

Quanto à Starbucks, adquire em torno de 1,7 milhão de sacas no Programa C.A.F.E. Practices. Os fornecedores - verificados, preferidos e estratégicos - têm preferência de contrato de de fornecimento. Além disso, os fornecedores estratégicos recebem ágio no primeiro ano de fornecimento. O Brasil é o maior fornecedor, com 1,5 milhão de sacas.

A Nestlé exige qualidade AA Nespresso mais a ceritificação Rainforest para os cafés desta categoria, que têm origens semelhantes aos cafés naturais andinos ou meso-americanos. É a demanda que mais cresce atualmente - mais de 200% em 2010, por exemplo.

Soren Knudsen antecipou algumas tendências que devem ser consideradas, tanto no que diz respeito à cafeicultura, quanto no tocante à agricultura, como a necessidade de proteção às florestas, atenção às mudanças climáticas (o que você pode fazer para salvar o planeta?), proteção à vida silvestre, erradicação da extrema pobreza e gestão empresarial.

DESAFIOS

Citou como desafios para a sustentabilidade o crescimento exponencial da demanda e a expansão geométrica da oferta."Embora a demanda cresça, a oferta pode apresentar nivelamento, pois os produtores mais aptos a se certificarem já estão no mercado".

Como especialista, Soren Knudsen vê "a consolidação de grandes cadeias de fornecimento particulares, guiadas pelas multinacionais, cada uma com o seu selo de preferência".

Ele também comentou que é comum a ocorrência de certificações múltiplas em toda a produção de café, como a Cooperativa Regional de Cafeicultures em Guaxupé (Cooxupé).

Para Soren, "a quantidade é tão importante quanto a qualidade". Ele contrapõe que não adianta muito um produtor ter cafés premiados, mas não dispor da quantidade exigida por grandes compradores. Em síntese, é preciso oferecer qualidade em quantidade.

O especialista observa que é essencial o estreitamento das relações comerciais na cadeia de café, assegurando fidelidade e entrega. "Quem não entregar o que prometeu, está fora do mercado", sentenciou.

De acordo com Soren Knudsen, as verificações C.A.F.E. Practices (Starbucks), Nespresso e 4C apresentam as melhores oportunidades por volume com qualidade específica.

Quanto aos cafés que dominam o mercado mundial, os que têm a certificação 4C oferecem as melhores oportunidades em volume, segundo Soren.

A Rainforest oferece a melhor oportunidade para cafés de qualidade com ágio, conforme Soren.

"O Brasil é o único país que oferece essas condições todas", comemorou Soren Knudsen.

O site do especialista pode ser conferido em: www.sorenknudsen.com.br