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terça-feira, 23 de março de 2010

Análise: Será que a safra vai aliviar, de novo, esse rombo?

Análise: Será que a safra vai aliviar, de novo, esse rombo?
Análise: Será que a safra vai aliviar, de novo, esse rombo?


O Estado de S. Paulo


23/03/10

Raquel Landim - O Estadao de S.Paulo

Análise:

A piora das contas externas prevista pelo Banco Central já estava nas contas do mercado financeiro. O BC reviu ontem sua estimativa para o déficit em transações correntes do País de US$ 40 bilhões para US$ 49 bilhões este ano. Há um mês, bancos e consultorias ouvidos pelo Boletim Focus já apontavam para déficit de US$ 50 bilhões. Para alguns analistas, a deterioração está só começando e vai piorar. O economista-chefe da RC Consultores, Fábio Silveira, projeta saldo negativo de US$ 52 bilhões. A previsão divulgada pelo Bradesco é de um déficit de US$ 55, 4 bilhões.

Mas essa visão não é tão unânime quanto parece. A estimativa da consultoria Tendências está muito abaixo do mercado, com US$ 35 bilhões. A LCA Consultores reduziu ontem sua projeção de déficit de US$ 53,3 bilhões para US$ 48,7 bilhões.

Ninguém dúvida que as contas externas brasileiras vão piorar este ano em relação a 2009. Mas a magnitude é alvo de questionamentos, inclusive no próprio governo, como mostrou a revisão do BC. Duas variáveis estão sendo observadas com lupa: as remessas de lucros e dividendos para o exterior e o resultado da balança comercial.

As filiais de multinacionais instaladas no Brasil devem aumentar significativamente suas remessas para as matrizes. O real valorizado e a economia local crescendo entre 5% e 6% em um mundo ainda em crise corroboram essa tendência. Em fevereiro, esse dado deu um susto no BC . Quando divulgou a prévia do mês, no dia 23, a autoridade monetária apontou que as remessas de lucros e dividendos estavam em US$ 385 milhões. Em apenas três dias (24,25 e 26 de fevereiro) foram enviados mais US$ 870 milhões.

Para a balança comercial, a média do mercado sinaliza saldo de US$ 10 bilhões, muito abaixo dos US$ 24 bilhões de 2009. O BC seguiu o mercado e reduziu sua estimativa de US$ 15 bilhões para US$ 10 bilhões. O principal argumento é a força das importações. Até a terceira semana, as compras externas brasileiras subiam 41,3% em março em relação a março de 2009. No acumulado de janeiro até agora, a alta é de 33,9%.

A dúvida está nas exportações. Alguns especialistas em comércio exterior começam a ver um prognóstico mais positivo para as vendas das commodities brasileiras e avaliam rever suas estimativas de saldo comercial. Fernando Ribeiro, economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio (Funcex), é um deles. Ele prevê um saldo de US$ 8 bilhões para a balança comercial, mas pode revisar para cima.

O economista está atento à colheita da soja, que vai muito bem. A Conab estima uma safra do grão de 67,6 milhões de toneladas, bem acima dos 57,8 milhões do ano passado.

Outra variável que pode mudar o jogo é o minério de ferro. A Vale está pedindo um reajuste de 80% para os chineses, muito acima dos 30% estimados no início ano. \"O mercado não está vendo esse excedente na exportação\", diz André Sacconato, da Tendências. Será que mais uma vez as commodities vão ajudar a salvar as contas externas?





O Estado de S. Paulo


23/03/10

Raquel Landim - O Estadao de S.Paulo

Análise:

A piora das contas externas prevista pelo Banco Central já estava nas contas do mercado financeiro. O BC reviu ontem sua estimativa para o déficit em transações correntes do País de US$ 40 bilhões para US$ 49 bilhões este ano. Há um mês, bancos e consultorias ouvidos pelo Boletim Focus já apontavam para déficit de US$ 50 bilhões. Para alguns analistas, a deterioração está só começando e vai piorar. O economista-chefe da RC Consultores, Fábio Silveira, projeta saldo negativo de US$ 52 bilhões. A previsão divulgada pelo Bradesco é de um déficit de US$ 55, 4 bilhões.

Mas essa visão não é tão unânime quanto parece. A estimativa da consultoria Tendências está muito abaixo do mercado, com US$ 35 bilhões. A LCA Consultores reduziu ontem sua projeção de déficit de US$ 53,3 bilhões para US$ 48,7 bilhões.

Ninguém dúvida que as contas externas brasileiras vão piorar este ano em relação a 2009. Mas a magnitude é alvo de questionamentos, inclusive no próprio governo, como mostrou a revisão do BC. Duas variáveis estão sendo observadas com lupa: as remessas de lucros e dividendos para o exterior e o resultado da balança comercial.

As filiais de multinacionais instaladas no Brasil devem aumentar significativamente suas remessas para as matrizes. O real valorizado e a economia local crescendo entre 5% e 6% em um mundo ainda em crise corroboram essa tendência. Em fevereiro, esse dado deu um susto no BC . Quando divulgou a prévia do mês, no dia 23, a autoridade monetária apontou que as remessas de lucros e dividendos estavam em US$ 385 milhões. Em apenas três dias (24,25 e 26 de fevereiro) foram enviados mais US$ 870 milhões.

Para a balança comercial, a média do mercado sinaliza saldo de US$ 10 bilhões, muito abaixo dos US$ 24 bilhões de 2009. O BC seguiu o mercado e reduziu sua estimativa de US$ 15 bilhões para US$ 10 bilhões. O principal argumento é a força das importações. Até a terceira semana, as compras externas brasileiras subiam 41,3% em março em relação a março de 2009. No acumulado de janeiro até agora, a alta é de 33,9%.

A dúvida está nas exportações. Alguns especialistas em comércio exterior começam a ver um prognóstico mais positivo para as vendas das commodities brasileiras e avaliam rever suas estimativas de saldo comercial. Fernando Ribeiro, economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio (Funcex), é um deles. Ele prevê um saldo de US$ 8 bilhões para a balança comercial, mas pode revisar para cima.

O economista está atento à colheita da soja, que vai muito bem. A Conab estima uma safra do grão de 67,6 milhões de toneladas, bem acima dos 57,8 milhões do ano passado.

Outra variável que pode mudar o jogo é o minério de ferro. A Vale está pedindo um reajuste de 80% para os chineses, muito acima dos 30% estimados no início ano. \"O mercado não está vendo esse excedente na exportação\", diz André Sacconato, da Tendências. Será que mais uma vez as commodities vão ajudar a salvar as contas externas?