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domingo, 1 de maio de 2011

ÓLAR BARATO E PROXIMIDADE DO INVERNO

DÓLAR BARATO E PROXIMIDADE DO INVERNO

O banco central americano manteve em seu discurso que as taxas de juros continuarão baixas por um “período prolongado”, ponderando que o aumento da inflação provocado pela alta das commodities é apenas temporário. No comunicado foi anunciado o esperado fim do programa de compra de títulos para junho próximo (conhecido como QE2), porém a maioria dos participantes do comitê concordou com a manutenção de estímulos até que o mercado de trabalho melhore e o crescimento ganhe robustez. Na prática o dólar continua sendo uma das fontes de financiamento mais baratas, e a consequência é a depreciação maior da moeda, que escorregou para o menor nível em 3 anos.
Ativos de risco atraíram investidores, mesmo com alguns números negativos das economias americana e alemã divulgados na quinta e sexta-feira, e os principais índices acionários e das commodities fizeram uma nova alta no ano. Só para não deixar de citar, o ouro e a prata bateram novos recordes de preços altos.
O mercado de café em Nova Iorque começou a semana em queda com uma leva tomada de lucros, porém a correção foi de curtíssima duração, e na sequência os preços recuperaram rapidamente com negociações diárias dilatadas e em muitas vezes com baixo volume – ou seja, nada de novo.

Londres, durante os únicos 3 dias que abriu na semana, voltou a subir sendo que na terça-feira a movimentação foi para lá de volátil, abrindo o dia à US$ 2,357 / ton e fazendo a máxima no fim da sessão à US$ 2,549 /ton, uma oscilação de US$ 192 por tonelada, ou US$ 11.52 por saca!!

Em resumo as bolsas de café alcançaram novas máximas, recuperando com facilidade as baixas sofridas durante os pregões, ajudadas pela escassez de vendas das origens, e um pouco pela inquietação de quem precisa ter uma melhor cobertura antes do início do inverno no Brasil.
As chuvas ininterruptas e intensas na Colômbia promovem algum suporte ao mercado, as custas de uma situação triste para a população e de perdas parciais de floradas e de algumas áreas plantadas que tiveram deslizamento de terra. Por outro lado impressiona o barateamento dos diferenciais para os cafés do país, que segundo fontes negociam a apenas um dígito, e que reflete em outras origens produtoras de suaves, como Honduras que está saindo a diferenciais negativos.

A demanda recuada para o café verde é um contraponto para a firmeza do mercado futuro, assim como o incremento dos cafés certificados na ICE. Inicialmente acreditávamos que uma boa parte das novas certificações eram ligadas a facilidade de financiamento, porém com os diferenciais se alinhando aos níveis pagos pelo “C”, e o interesse de compra da indústria desaparecendo, curiosamente a bolsa acaba sendo o melhor comprador do momento. Estranho sinal de divergência com toda a conversa altista que emana principalmente da maior origem produtora, o Brasil. Talvez o volume de café existente sendo tão baixo no país, e alguns exportadores tendo que cobrir parte de suas exposições, acabam transpirando para esta percepção. Entretanto eu creio que o recado é que os torradores estão buscando alternativas mais baratas de café, como os grinders que podem ser comprados com desconto de US$ 50 centavos ou mais, ou ainda os naturais da Etiópia que tem atraído compradores graças aos seus 60 centavos de desconto.

Caso os blends de fato tenham migrado definitivamente para um uso “mínimo de cafés-suaves”, e dado que consumo final não tenha sofrido impacto, não seria difícil imaginar uma mudança (certamente longe de ocorrer) do contrato “C”, não?! Claro que o tema é delicado, e se torna provocativo dependendo de como queira se interpretar, mas minha intenção é apenas alertar para o esvaziamento do mercado e o aumento do uso dos naturais, brasileiros ou não, nas misturas em geral. No frigir dos ovos as qualidades de café de diversas origens melhoraram muito, não apenas do Brasil mas de Peru, Honduras, e até dos africanos, e tudo resultado do estímulo dos preços internacionais atrativos para os grãos de qualidade.

Bem, de qualquer forma os estoques baixos no mundo, o dólar “barateando” as commodities, e a inflação aumentando não apenas nos países emergentes mas nos chamados de “ricos”, continuarão a deixar o mercado leve para que os fundos-de-curto-prazo comprem mais futuros. Digo os de curto-prazo pois os de longo-prazo não conseguem defender para os seus investidores que é uma boa comprar café a US$ 300.00 centavos por libra-peso, preço que remunera até o mais ineficiente produtor de café no mundo, dando rentabilidades de mais de 100% para os mais eficientes. Isto sem falar que o ícone do consumo, Starbucks, declarou nesta semana que os preços atuais do café são insustentáveis.
Não falo isto para “atacar” os ganhos merecidos dos fazendeiros, que diga-se de passagem por muito tempo se mantiveram na produção apesar de sofrerem com preços baixos e muitas vezes não lucrativos. Apenas menciono os pontos acima como um alerta para que não se inebriem das altas consecutivas e eventualmente não aproveitem as oportunidades, pois é certo que o café não subirá eternamente. E o pior é que a maior parte dos analistas reforçam o sentimento, dizendo que os preços vão subir muito mais, e muitos deles são os mesmos que estavam baixistas há um ano atrás, quando o mercado estava a US$ 130 centavos e eu em minha apresentação no seminário do Guarujá mostrava alguns motivos que me faziam altista na época. Claro que eu não imaginava que os preços dobrariam, mas acreditava sim que os preços poderiam bater até US$ 180 ou US$ 200 centavos por libra apesar da safra recorde brasileira que estava sendo colhida.
Ou seja, eu também errei!
Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

Rodrigo Corrêa da Costa

Buffett descarta comprar ouro; "até onde eu sei, a única coisa que se pode fazer com ouro é admirá-lo e fundi-lo", afirma - Woodstock do capitalism​o

"A única preocupação é a inflação", diz Buffett a acionistas
01/05/2011
Investidor descarta comprar ouro; "até onde eu sei, a única coisa que se pode fazer com ouro é admirá-lo e fundi-lo", afirma

O primeiro dia do encontro da Berkshire Hathaway na cidade de Omaha, no interior dos Esatdos Unidos, não foi apenas de amargas perguntas sobre o caso Sokol. Warren Buffett também se deliciou com questões que adora responder.

O investidor mais admirado entre os americanos falou de commodities, crise econômica e da desvalorização do dólar. Buffett deu como favas contadas o aumento do limite da dívida norte-americana. O atual limite de US$ 14,3 trilhões expira dia 16 de maio.

“Os Estados Unidos podem cobrir seus débitos emitindo dinheiro, uma enorme vantagem em relação, por exemplo, a países europeus presos a uma moeda que eles não controlam. A única real preocupação é a inflação”, afirmou Buffett.

O vice-presidente da Berkshire Hathaway, Charlie Munger pôs ainda mais lenha na fogueira. “Republicanos e democratas estão disputando quem é o mais estúpido. E a cada hora um parece estar ganhando do outro.”


Fuja do dólar e e do ouro
Warren Buffett declarou que, certamente, o dólar, assim como “outras moedas estrangeiras”, ainda sofrerá mais desvalorização, mas disse ser impossível dimensionar “de que tamanho será essa queda”, por isso não recomenda investimentos no câmbio. Buffett declarou que, se fosse viver por mais 50 anos, investiria em tecnologia ou energia. Munger completou: “ou procuraríamos alguém que tem qualidades que não temos. Mas isso seria difícil de encontrar”.


A um acionista que perguntou sobre investimentos em petróleo, Buffett disse que, por se tratar de uma recurso finito, ele garante que, algum dia, o petróleo valerá ainda mais do que hoje. Mas acrescentou que “uma pessoa inteligente pode ganhar muito mais dinheiro investindo em ações produtivas do que especulando sobre commodities”.

Ele declarou que não seguirá a “corrida pelo ouro”, que elevou o preço do produto a mais de US$ 1.500 (USD/oz). O megainvestidor argumentou que “com o ouro que existe no mundo, poderia comprar todas as fazendas dos Estados Unidos, dez Exxon Mobils, e ainda sobraria US$ 1 trilhão”. E provocou: “até onde eu sei, a única coisa que se pode fazer com ouro é admirá-lo e fundi-lo”.


Buffett leva 35 mil pessoas a Omaha
Quando perguntado sobre que investimento faria se vivesse por mais cinquenta anos, Munger foi categórico: tecnologia e energia. Numa alfinetada à republicana Sarah Pallin, Munger declarou que “quem acha que a solução é cavar, cavar, cavar, cavar está louco”. Buffett disse que há anos a Berkshire investe em energia renovável. Ele calcula que em cinco ou dez anos ações desse tipo de empresa se valorizem bastante. O investidor também defendeu o uso de energia nuclear.

Em relação à crise econômica, disse que “sempre haverá razões para se preocupar, mas o poder do capitalismo é incrível. É ele quem nos impulsionará”. Munger afirmou que o maior erro dos americanos frente ao colapso econômico tem sido “não estarmos aprendendo o suficiente com grande bagunça que fizemos.”

Arrancando risos da platéia, outro acionista perguntou o que os octogenários fariam se tivessem filhos nos próximos cinco anos e precisassem ensina-los a importância do trabalho para competir com crianças nascidas na China e na Índia.

Buffett não achou graça e respondeu a sério que se uma criança nasce pensando que não precisa trabalhar porque os pais têm dinheiro, houve um grande erro.

"Quero ser lembrado por ter morrido velho"

O terceiro homem mais rico do mundo afirmou não querer que recordem dele pelo patrimônio. “Daqui a cem anos desejo ser lembrado apenas por ter morrido velho”. Charles Munger completou: “Warren quer que as pessoas olhem pra ele no seu funeral e digam: é o cadáver mais velho que já vi!”










Warren Buffett abre 'Woodstock do capitalismo'
30/04/2011
Em evento anual com acionistas em Omaha, Buffett não escapou de perguntas sobre a demissão de seu braço direito, Dave Sokol

Todo ano, na primavera, dezenas de milhares de seguidores invadem Omaha, no estado do Nebraska, para ouvir os ensinamentos do bilionário Warren Buffett. A cidade natal do empresário, no coração dos Estados Unidos, é palco do encontro anual da empresa Berkshire Hathaway.

Durante um fim de semana, o terceiro homem mais rico do mundo divide com acionistas seus segredos de sucesso, responde a centenas de perguntas previamente selecionadas por um grupo de jornalistas e apresenta relatórios com o desempenho das empresas do grupo.

O excêntrico e bem-humorado octogenário apelidou o encontro de “Woodstock do capitalismo”, por angariar tantos fãs. Mas este ano, os 35 mil acionistas que lotaram o Qwest Center não queriam só festa. O oráculo de Omaha teve que dar mais que respostas. Foi obrigado a tirar da manga algumas explicações.


Antes mesmo do início , quando passeava pelos corredores do centro de exposições, o “oráculo de Omaha”, como é conhecido Warren Buffet, foi metralhado com perguntas sobre o caso Dave Sokol. O mais cotado sucessor de Buffett pediu demissão no fim de março.

Ele admitiu ter adquirido ações da petroleira Lubrizol por US$ 10 milhões um dia depois de orquestrar a compra da empresa pela Berkshire, por US$ 9 bilhões. Com a valorização dos papéis da Lubrizol, Sokol teve um lucro de aproximadamente US$ 3 milhões.

Na época, Buffett declarou que Sokol havia informado que possuía ações da empresa, mas admitiu que não o interpelou sobre “quando e quantas ações comprou”. O terceiro homem mais rico do mundo disse, ainda, que o pedido de demissão de Sokol fora uma “completa surpresa” e que “não passava pela sua cabeça que Sokol o pudesse estar enganando”. E acrescentou que as contribuições dele haviam sido “extraordinárias”. A polêmica trouxe a questão: será o oráculo de Omaha apenas um comandante distraído num barco navegado por marinheiros de caráter duvidoso?

A resposta pode vir neste sábado, de dentro da arena do Qwest Center. Pontualmente às 9h30 da manhã (horário de Omaha), Buffett deu início à conversa com os acionistas. Primeiro, Buffett trouxe as más notícias. Em um balanço do desempenho das empresas da Berkshire Hathaway no primeiro trimestre de 2011, estimou em US$ 1,673 bilhão o prejuízo das seguradoras. A culpa seria da sucessão de desastres naturais no período. Buffett citou as enchentes na Austrália e os terremotos na Nova Zelândia e no Japão.

“Ainda assim, no fim do semestre, temos US$ 38 bilhões em caixa, sem contar com os US$ 5,5 bilhões recebidos em abril do Goldman Sachs. No geral, foi um começo de ano muito difícil para as seguradoras, mas com muitos lucros na maioria dos nossos outros negócios”, disse.

O empresário já havia anunciado que não haveria perguntas proibidas e, antes de dar início à sabatina, deu explicações sobre o caso Dave Sokol.

“Foi indesculpável e inexplicável. A parte indesculpável é ele não ter me informado de que tinha qualquer contato com o Citigroup e que a compra das ações da Lubrizol havia sido feita pouco antes de nos recomendar a compra da empresa. Houve violação do nosso código de ética. A parte inexplicável é que ele não tentou, em nenhum momento, disfarçar o fato de que estava comprando as ações. Tem gente que usa vizinhos, primos para mascarar negociatas e ele não fez nada disso. Meu grande erro foi não ter perguntando a ele quando havia comprado as ações.”