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sábado, 21 de janeiro de 2012

A Geada na Flórida1

A Geada na Flórida1


Não deveria se inserir no rol dos valores humanos sentir satisfação com a desgraça alheia. Mas foi assim que se comportaram os citricultores paulistas a cada anúncio de forte geada no cinturão citricultor da Flórida. Casualmente, tais distúrbios climáticos ocorriam, justamente, quando em São Paulo se esperavam safras recordes. Os anos 80 foram particularmente favoráveis para a geração de riquezas aos citricultores. Foi também nessa década que o complexo agroindustrial vinculado ao produto se estruturou e ganhou musculatura, inclusive, para ombrear os gigantes globais desse segmento.
Essa digressão parece se aplicar ao agronegócio Cafés do Brasil nesse princípio de década. O segundo colapso econômico-financeiro mundial e suas, aparentemente positivas, repercussões sobre o market-share do país no suprimento mundial da commodity.
Com a recente divulgação do balanço das exportações de café contemplando os doze meses de 2012, tornou-se possível estabelecer algumas inferências que podem conferir ao agronegócio Cafés do Brasil as mesmas bases que, nos anos 80, fizeram a pujança da citricultura.
O segundo semestre de 2010 e ao longo de 2011, o noticiário internacional foi pautado pelo segundo tropeço econômico-financeiro com incidência entre alguns países centrais como: EUA, Japão e Itália, outros mais periféricos como: Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda. Todavia, a averiguação dos resultados das exportações de Cafés do Brasil para esses países, sugere resultados surpreendentes.
O valor das exportações totais de Cafés do Brasil para a União Européia (UE), um dos pólos do segundo colapso econômico, que em 2010 totalizaram US$2,959 bilhões exibiram o expressivo salto para RS$4,489 bilhões, ou seja, incremento de US$1,530 bilhão no valor das exportações para o bloco econômico (Tabela 1). A escalada das cotações explica a expansão das receitas cambiais.
Em termos de quantidade exportada, a UE absorveu, em 2011, 16.475.391 sacas de café em equivalente verde, total ligeiramente inferior às 17.042.104 sacas exportadas em 2010. Há que se reconhecer que o mercado para os Cafés do Brasil encolheu.
Na análise das exportações por país de destino, foram embarcados para o conjunto dos países Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, 4.236.090 sacas e 4.072.797 sacas em 2010 e 2011, respectivamente2. Tal redução é pouco expressiva tanto mediante a profundidade da crise econômica enfrentada por esses países como decorrente do arrefecimento natural da demanda em razão dos altos preços praticados para o produto. O desembolso desse grupo de países, entretanto, saltou de US$729 milhões em 2010 para US$1.110 em 2011. No mercado de café cabe então perguntar: CRISE, QUE CRISE?
O resultado realmente surpreendente surge agora. O mercado alemão, tradicionalmente um dos mais importantes para os exportadores e traders brasileiros encolheu em 2011. Justamente no país menos assolado pela crise em âmbito da UE, foi aquele que mais reduziu suas importações de Cafés do Brasil. Em 2010 os embarques para o mercado alemão somaram 6.422.832 sacas em equivalente verde apurando-se o valor de US$1,122 bilhão. No ano que se encerrou, as exportações somaram 6.201.171 sacas, contabilizando o valor de US$1,695 bilhão. O balanço das estatísticas revela que houve declínio de 221.661 sacas na quantidade e expansão de US$573 milhões em termos de valor3. Poderia haver uma explicação plausível para o fenômeno? Arrisco a minha: os bancos alemães são os principais fornecedores de crédito para a indústria e o comércio do continente europeu. Concomitantemente, os traders alemães são os maiores reexportadores de café para demais países do bloco. Temerosos de eventual default de um ou mais países em crise, ocorreu o chamado travamento do crédito interbancário com repercussões sobre o financiamento das aquisições de café por terceiros países.
Todavia, restar sem suprimento de café é uma condição inaceitável para as nações endividadas. Sem crédito, as compras diretas do país produtor surgem como alternativa ao travamento bancário alemão.
Em crise econômica há quase 20 anos, o Japão, em 2011, padeceu com o terremoto seguido de tsunami que devastou regiões de grande concentração industrial, beirando o limite de uma catástrofe nuclear. Pois bem, as quantidades importadas de Cafés do Brasil em 2011, superaram as de 2010 em 261.349 sacas em equivalente verde4 (Tabela 2). As receitas cambiais quase que dobraram. Temos então mais um país em crise em que, porém, os negócios com café prosperam!
Os EUA que embora tenham sido responsáveis pelo primeiro colapso financeiro é aquele com maiores chances de reverter a atual crise no médio prazo. Em 2011, os EUA compraram do Brasil 7.284.365 sacas, enquanto em 2010 suas aquisições foram de 6.601.962 em equivalente verde.
Deve-se reconhecer que em 2011 o houve crescimento nas exportações de conillon que saltaram de 1.168.886sc em 2010 para 2.668.631sc no ano que se encerrou, ou seja, incremento de 1.499.745sc, exibindo forte expansão justamente nos países europeus assolados pela crise5. É negócio envolvendo café, avançando sobre a fatia do arábica, mas o que não deixa de ser negócio com café. A recente escalada das cotações do conillon, que até pouco tempo não haviam acompanhado a observada para o arábica, tenderá a reequilibrar o mercado, fazendo recuperar progressivamente a demanda pelo arábica. Portanto, não há nada que temer.
Essa análise possui mais uma limitação. Se for fato que secou o crédito alemão, de onde proviria os recursos para bancar as importações? Sem a intermediação financeira de crédito e seguro é impossível que a importação tenha sido efetivada. Assim, de onde é que provêm os recursos? Dos Russos? Direto dos importadores? Para poder elucidar esse aspecto precisaríamos investigar cada operação realizada e com que contraparte financeira garantidora. Deixo aqui mais uma pista para os demais investigadores da economia cafeeira tentar elucidar.



Os prognósticos mais recentes apontam para uma crise econômico-financeira de longa duração. Pelos casos analisados, crise nos países centrais e periféricos favoreceu o agronegócio Cafés do Brasil. Obviamente a escassez de oferta dos lavados e a explosão em suas cotações, concorreram para uma maior procura pelo produto brasileiro. Todavia, também houve um trabalho consistente de melhoria da qualidade e da reputação de nosso café com maior aproximação dos importadores junto às organizações dos cafeicultores dos diversos cinturões do país.



Há imenso padecimento em diversos cantos do globo. Isso não traz grandeza a ninguém. Mas se o mundo quer mais café que seja do Brasil. Nossa mais correta postura é PRODUZI-LO! Uma parte da resposta para esse colapso econômico virá dos bons negócios que venham a ocorrer com o café e é disso que a economia mundial necessita. Quem poderá garantir que não estamos vivenciando um capítulo crucial da consolidação do complexo agroindustrial do café assim como ocorreu com o citrícola, que um quarto de século depois de seu impulso inicial, galgou à liderança mundial. Desiderato; pode ser. Ao alcance do cafeicultor brasileiro; de suas organizações produtivas; da pesquisa; das políticas públicas; das estruturas de financiamento; da indústria, da exportação, enfim de todo o agronegócio encontra-se: PRODUZIR MAIS E MELHOR!







1 Esse artigo contou com o prestimoso apoio do técnico Eduardo Heron Santos pertencente ao quadro do CECAFE.



2 Das quais, aproximadamente, 104 mil sacas somente na Itália.



3 A hipótese formulada somente pode ser definitivamente comprovada por meio de levantamento das importações de todas origens por parte da Alemanha. Aumento das importações de lavados não é crível, tendo em vista a elevada escassez do tipo e as cotações que alcançaram. Sobra o Vietnã como um possível exportador que tenha incrementado os embarques para a Alemanha. Fica aqui a pista para outros investigadores explorarem o assunto.



4 Diferença entre 2.582.306 sc contabilizadas em 2011 e 2.320.957 sc em 2010.



5 Com exceção de Portugal, todos os demais relacionados nessa análise tiveram queda nas importações de arábica.
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO
Eng.Agr., MS em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Pesquisador Científico do Instituto de Economia Agrícola
celvegro@iea.sp.gov.br
OIC: consumo mundial de café manterá taxa de crescimento de 1,5% em 2012


O consumo mundial de café não será prejudicado pela desaceleração de importantes economias e manterá uma taxa de crescimento anual de 1,5% em 2012, de acordo com a Organização Internacional de Café (OIC). "Nós vimos o café muito resistente à atual crise", informou Robério Oliveira Silva, diretor executivo da OIC durante um festival internacional do produto. Segundo ele, o consumo do grão subiu para 136,5 milhões a 137 milhões de toneladas em 2011, ante 135 milhões de sacas em 2010.
A produção também deve aumentar na temporada que começará em 1º de abril, afirmou Silva, na comparação com 132,4 milhões de sacas em 2011/12, devido à safra melhor no Brasil. Silva não forneceu projeções específicas para 2012/13, mas descartou os temores de que a produção pode criar um descompasso entre a oferta e a demanda. "O que o mundo estava esperando é que o Brasil criará um desequilibro na relação de oferta e demanda. Isso não vai acontecer, uma vez que não haverá uma colheita tão grande", disse ele.
A produção brasileira deve crescer para 50,6 milhões de sacas em 2012/13, acima das 43,5 milhões de sacas vistas em 2011/12. Do total, quase 33 milhões de sacas devem ser exportadas no próximo ano comercial. Mas o nível dos estoques mundiais não deve subir acentuadamente em 2012/13 por causa da safra melhor esperada para o Brasil, explicou Silva.

"Eles, o Brasil, virão ao mercado com uma safra que fica absolutamente dentro das necessidades do mercado", informou o executivo da OIC. "Eu discordo totalmente das visões sobre um salto forte dos estoques, ainda que o mercado venha dizendo isso há algum tempo."
Silva prevê um "crescimento fenomenal" da demanda por café no longo prazo. "Estamos tendo um impulso muito bom de países produtores e mercados emergentes. A Índia, por exemplo, está vindo ao mercado com força."
O consumo do grão no país sul asiático se proliferou na última década com a entrada de cafeterias de marca até mesmo em pequenas cidades. Segundo Anil K. Bhandari, presidente do India Coffee Trust, a Índia pode se tornar um importador nos próximos cinco anos. Com informações são da Dow Jones.



As informações são da Agência Estado
OIC: Consumo mundial fica entre 136,5 milhões a 137 milhões de sacas em 2011


O consumo mundial de café não será prejudicado pela desaceleração de importantes economias e manterá uma taxa de crescimento anual de 1,5% em 2012, de acordo com a Organização Internacional de Café (OIC). – Nós vimos o café muito resistente à atual crise –, informou Robério Oliveira Silva, diretor executivo da OIC durante um festival internacional do produto.
Segundo Silva, o consumo do grão subiu para 136,5 milhões a 137 milhões de sacas em 2011, ante 135 milhões de sacas em 2010. Para ele, a produção também deve aumentar na temporada em comparação com 132,4 milhões de sacas em 2011/12, devido à safra melhor no Brasil. Silva não forneceu projeções específicas para 2012/13, mas descartou os temores de que a produção pode criar um descompasso entre a oferta e a demanda. – O que o mundo estava esperando é que o Brasil criasse um desequilibro na relação de oferta e demanda.
Isso não vai acontecer, uma vez que não haverá uma colheita tão grande –, disse ele. A produção brasileira deve crescer para 50,6 milhões de sacas em 2012/13, acima das 43,5 milhões de sacas vistas em 2011/12. Do total, quase 33 milhões de sacas devem ser exportadas no próximo ano comercial. Mas o nível dos estoques mundiais não deve subir acentuadamente em 2012/13 por causa da safra melhor esperada para o Brasil. Silva prevê um “crescimento fenomenal” da demanda por café no longo prazo, por conta do impulso de países produtores e mercados emergentes.
A Índia é um exemplo de forte mercado. O consumo do grão no país sul asiático se proliferou na última década com a entrada de cafeterias de marca até mesmo em pequenas cidades. Segundo Anil K. Bhandari, presidente do India Coffee Trust, a Índia pode se tornar um importador nos próximos cinco anos.

Fonte: AgnoCafe // Café da Terra

América latina: exportação de café arábica lavado cai na safra 2011/12

América latina: exportação de café arábica lavado cai na safra 2011/12


As exportações de café arábica lavado da América Latina durante os três primeiros meses da temporada 2011/12 recuaram 0,4% em relação ao ano passado, totalizando 5,41 milhões de sacas, de acordo com a Associação de Café Guatemalteca.
Tanto Nicarágua quanto El Salvador registraram declínios expressivos nas exportações, de 38% e 25%, respectivamente, no período de outubro a dezembro ante o mesmo intervalo da temporada anterior. A Nicarágua exportou 111,14 mil sacas, enquanto El Salvador embarcou 134,76 mil sacas.
A Colômbia, maior produtor mundial de arábica lavado, observou uma queda de 13% nas exportações, totalizando 2,23 milhões de sacas. Os embarques do Peru e da República Dominicana também caíram.
Honduras e México compensaram parcialmente as vendas do bloco, com aumento de 51% e 52%, respectivamente, para 566,25 mil sacas e 512,03 mil sacas. As exportações da Costa Rica aumentaram 17% e as da Guatemala subiram 13%.
Em dezembro, as exportações recuaram 9% no ano, totalizando 2,18 milhões de sacas, com declínios na Colômbia, em El Salvador, na Guatemala, na Nicarágua e na República Dominicana. O ciclo do café começou em outubro e vai até setembro deste ano. As informações são da Dow Jones.


Fonte: Agência Estado // CCCMG

Café: ABIC divulga desempenho do setor em 2011 na terça-feira

Café: ABIC divulga desempenho do setor em 2011 na terça-feira
A ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café divulgará os resultados do setor em 2011 e as perspectivas para os próximos anos, na próxima terça-feira (24), durante café da manhã a ser realizado no Sindicafé – São Paulo. Na ocasião, a entidade também fará a entrega dos prêmios às empresas que tiveram seus produtos melhor avaliados, em 2011, no PQC – Programa de Qualidade do Café, nas categorias Tradicional, Superior e Gourmet.
Lançado em 2004, o PQC tem auxiliado as empresas a diferenciarem suas marcas, o que tem influenciado positivamente no crescimento do mercado interno, dada a melhoria contínua da qualidade do café à disposição dos consumidores de todas as classes e rendas. Os melhores cafés do PQC em 2011 são produzidos por duas indústrias paulistas e uma mineira. Na categoria Melhor Gourmet, o vencedor foi o Café Morro Grande Expresso, produzido pela Torrefação Noivacolinenses, de Piracicaba (SP). Na categoria Melhor Superior, o vencedor foi o Café do Produtor, da indústria mineira Prata dos Santos, de Uberaba. E o Melhor Tradicional foi o Café Serra da Grama Intenso, produzido pela torrefadora Café Serra da Grama, de São Sebastião da Grama (SP).
Durante o evento, esses melhores cafés serão servidos em três tipos de preparo: filtrado, extraído da máquina de ‘espresso’ e feito na prensa francesa. Participam do encontro, marcado para as 9h30, o presidente da ABIC, Américo Sato, os conselheiros da entidade, diretores das empresas premiadas, representantes do varejo, supermercadistas e imprensa.
SERVIÇO

Café: ABIC DIVULGA O DESEMPENHO DO SETOR EM 2011

PREMIAÇÃO: OS MELHORES DO PQC – PROGRAMA DE QUALIDADE DO CAFÉ

Data: 24/01/2012 – 9h30

Local: Sindicafé – São Paulo

Endereço: Praça Dom José Gaspar 30 – 21º andar – Centro – São Paulo/SP (esquina da Avenida São Luis com a Rua da Consolação)