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sexta-feira, 28 de março de 2014

SEMANA: VOLATILIDADE E INCERTEZAS MARCARAM CAFÉ NO MES DE MARÇO
No mercado internacional de café, março de 2014 vai ser
lembrado como um mês de extrema volatilidade e de incertezas. O começo de ano
vem sendo das maiores oscilações entre mínimas e máximas na Bolsa de Nova
York para o arábica deste século, e isso se justifica pela apreensão e falta
de convicção em relação ao que pode ter sido perdido da safra brasileira
deste ano em função do clima seco e das altas temperaturas de janeiro e
fevereiro.
    A quebra é certa, assim como também se sabe que a produção de 2015 deve
ser afetada. Mas a dúvida é o tamanho real que o problema causou. Assim, NY
subiu na primeira metade de março até atingir no contrato maio o pico de
fechamento de 205,95 centavos de dólar por libra-peso no dia 13. Aí vieram as
chuvas sobre o cinturão cafeeiro do Brasil e o mercado passou a ter fortes
ondas de realização de lucros e correções técnicas. O resultado foi que as
cotações caíram até atingir no último dia 25 um fechamento em 175,30
cents/lb. E isso que nas mínimas ao longo das sessões o mercado foi tanto mais
abaixo que esse valor mínimo na queda quanto mais acima do topo indicado de
fechamento quanto teve seus ganhos.
    "Esse comportamento apenas exemplifica a insegurança que toma conta do
mercado. O teor climático e a incerteza em torno da dimensão da quebra
brasileira marcam as idas e vindas do preço do café no mercado internacional.
E isso chegou a um ponto em que poucos querem arriscar uma previsão de safra do
Brasil, que está prestes a ser colhida", diz o analista de SAFRAS & Mercado,
Gil Barabach. Ele lembra que nos últimos meses já se falou de safra
brasileira de  8 a até 46 milhões de sacas, "uma diferença de 12 milhões
de sacas, maior que a produção colombiana nas últimas temporadas."
     A falta de um parâmetro confiável em relação à quebra brasileira deve
continuar trazendo volatilidade ao mercado, acredita o analista. Em meio à
nebulosidade, prevalece a ideia de que o Brasil terá uma safra abaixo de 50
milhões de sacas. "No entanto, o exportador e os operadores internacionais
acreditam que a produção ficará mais próxima dos 50 milhões, enquanto os
produtores acreditam em algo mais distante desse referencial produtivo. Assim,
se a safra ficar próxima desse referencial haverá menos espaço para alta, um
vez que o mercado já precificou essa quebra. Agora se a produção ficar muito
abaixo dessa linha produtiva, há ambiente para novo repique e o mercado pode
testar novas máximas de preços. Por isso, tem muita gente trabalhando com um
cenário de preço bastante largo, contemplando as duas realidades", avalia.
     O analista destaca que, além da safra 2014, também são grandes as
dúvidas em relação à produção no ano que vem. A estiagem associada às
temperaturas elevadas devem trazer sequelas também para a safra em 2015. "Tem
gente, inclusive, acreditando que a quebra na safra será ainda maior para o
próximo ano. E lógico, isso alimenta mais as especulações e favorece a
volatilidade nos preços", ressalta.
    O fato é que o café depois de ir além de 200 centavos, acabou devolvendo
parte dos ganhos e na queda chegou a trocar de mãos a 166 centavos de dólar
por libra na última segunda-feira (24) na ICE Futures em Nova York. "A perda
do suporte de 170 cents serviu de gatilho para uma nova correção altista,
expondo exageros e alertando para a falta de segurança produtiva que ainda
permeia o imaginário do mercado. E isso favoreceu a subida das cotações. A
irregularidade das chuvas sobre o cinturão produtivo brasileiro  também foi um
aliado para o avanço das cotações", indica Barabach
    "Em meio à toda a incerteza, o mercado de café busca consolidar o
suporte de 175 cents e voltar a se aproximar do patamar de 180 cents em NY, que
muitos acreditam deveria ser o patamar de acomodação pós-correção. Até que
se tenha uma ideia mais clara sobre a safra brasileira, que só deve vir com um
avanço sólido da colheita e do beneficiamento,  o mercado deve seguir
volátil e, por isso, sujeito a subidas e descidas expressivas", alerta o
analista
    O balanço de março mostra que na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE
Futures) o contrato maio do arábica acumulou desvalorização de 2,2% até o
fechamento do dia 27 (quinta-feira), passando de 180,30 centavos de dólar por
libra-peso do final de fevereiro para 176,35 cents/lb (fechamento de 27/03). Na
Bolsa de Londres (LIFFE), a posição maio no mesmo comparativo teve alta de 2%,
passando de US$ 2.043 a tonelada para US$ 2.083.
    Enquanto isso, no Brasil, a turbulência do mercado assustou os agentes e
diminuiu o ritmo das negociações nos tombos, com os produtores se afastando
dos negócios. No balanço mensal do mercado físico brasileiro, o café
arábica bebida boa do sul de Minas Gerais caiu de R$ 430,00 para R$ 425,00 a
saca até o dia 27, baixa de 1,2%. O conilon caiu de R$ 255,00 para R$ 250,00 a
saca no comparativo, baixa de 2%, para o tipo 7 em Vitória/Espírito Santo. A
baixa do dólar comercial de 3,3% no balanço do mês contribuiu para a pressão
sobre os preços do café em reais.


Produção do Brasil não deve passar de 40 milhões de sacas, diz Alemar Braga Rena
27/03/2014
A safra de café brasileira poderá ter perda acima dos 25% e seu volume não deve passar os 40 milhões de sacas, segundo Alemar Braga Rena, produtor rural e professor aposentado em fisiologia pela universidade de Viçosa-MG, que fez um amplo estudo sobre as perdas da cafeicultura no Brasil. “Diante da afirmação de alguns órgãos do governo, a situação não é tão grave, mas ela é grave!”.
Além de ter grãos de baixa qualidade, a produção total de café será pequena e deve ficar abaixo dos 40 milhões de sacas. “Isso estou falando em relação à quantidade, não estou falando em massa nem tipo... O café cereja descascada será uma jóia rara este ano no Brasil”.

Rena afirma que em sua propriedade, em Viçosa, os danos não são tão severos, já que ele deve colher uma média de 22% de grãos ‘bóia’. “O crescimento dos grãos foi muito pequeno... Esses frutos que irão boiar na hora da lavagem vão refletir no café CD (cereja descascada), que é o café de boa bebida... E nós aqui a 750 metros, e outras propriedades iguais, não bebe se não for CD, então haverá uma perda considerável de qualidade e de tipo de café”.

Rena afirma ainda que no país a perda pode ser ainda maior. “Em termos de Brasil, eu estimo que isto esteja acima de 25%, considerando todas as informações que me foram passada e (o que vi) em minhas viagens”.

O déficit hídrico registrado em toda a região produtora, segundo o professor, não teve impacto sobre as plantas, mas se refletiu nos grãos. “Eu não estou considerando a situação do Conillon, mas o que eu tenho de informações de pessoas da área de pesquisa o Conillon que não é irrigado também irá perder, e a maioria também não é irrigada”.

O Professor Alemar Braga Rena , será um dos palestrantes do 20.ª edição do Seminário Internacional de Café de Santos, que acontecerá  nos dias 7 e 8 maio de 2014,
em Guarujá, São Paulo, numa iniciativa da Associação Comercial de Santos.

Café dá sinais consolidativos na ICE e opera sem maiores oscilações
27/03/14

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US têm um dia de tranquilidade, com uma volatilidade bem mais amena que aquela verificada ao longo das últimas semanas. Há pouco, a posição maio tinha queda de 45 pontos, com 175,55 centavos de dólar por libra peso, depois de tocar a mínima de 173,60 centavos de dólar, com o julho tendo desvalorização de 30 pontos.

De acordo com analistas internacionais, o dia é consolidativo, ampliando ainda mais os sinais que já vinham sendo emitidos ao longo das sessões de terça e quarta-feira. Diferentemente desses dois pregões anteriores, nesta quinta o maio nem sequer buscou suportes e resistências mais efetivos, o que sinaliza efetivamente que o mercado pode estar buscando fôlego, após um início de ano dos mais atribulados, com preços flutuando num intervalo de milhares de pontos.

"Evidentemente, que questões como a safra brasileira e a disponibilidade global de café não saíram das pautas dos operadores. No entanto, era de se esperar que o mercado encontrasse alguns parâmetros para flutuar. O teto provavelmente já está mais claro para os players, que é o nível de 200,00 centavos de dólar e parece que estamos encontrando um piso próximo de 170 ou 175 centavos. É uma posição interessante, diante de tantas incertezas que ainda cercam a questão da oferta do grão para a atual temporada", disse um trader.

No segmento externo, o dia é caracterizado por quedas para as bolsas de valores nos Estados Unidos e poucas oscilações do dólar. Nas commodities, o petróleo consegue respirar e avança mais de 1%, ao passo que a maior parte das commodities softs têm ganhos, com o maior destaque para o açúcar, que tem valorização de mais de 2,5%.

As vendas de café da Colômbia ao exterior, entre outubro do ano passado e fevereiro último, alcançaram 4,8 milhões de sacas, 35,6% a mais que as 3,5 milhões de sacas da temporada passada. Esse avanço contrasta com os embarques dos outros oito países — Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Peru, República Dominicana e México —, que fazem parte do bloco produtor latino de cafés suaves lavados, informou a Anacafé (Associação Nacional do Café da Guatemala), responsável pelas estatísticas do grupo. As remessas do bloco, no referido período, caíram 5,7%, com 10,3 milhões de sacas, contra 10,9 milhões de 2012/2013. Segundo o levantamento, as exportações de El Salvador caíram 57,5%, ao passo que as do México recuaram 47,8%, as da Nicarágua tiveram retração de 47,3%, da República Dominicana diminuíram 30,8%,as da Costa Rica tiveram retração de 20,3%, ao passo que Honduras remeteu 18,2%a menos café ao exterior, com a Guatemala tendo uma queda de 17,3% e o Peru aferindo 8,1% a menos de café enviado aos vários destinos globais.

As exportações brasileiras no mês de março, até o dia 26,totalizaram 1.545.623 sacas, queda de 8% em relação às 1.680.031 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem resistência 176,80, 177,00, 177,50, 178,00, 178,50, 179,00, 179,40-179,50, 179,90-180,00,180,50, 181,00, 181,50, 182,00, 182,50, 183,00, 183,50, 184,00, 184,50 e184,90-185,00 centavos de dólar, com o suporte em 173,60-173,50, 173,00,172,50, 172,15, 172,00, 171,50, 171,00, 170,50, 170,10-170,00, 169,50, 169,00,168,50, 168,00, 167,50, 167,00, 166,50 e 166,00 centavos.




Londres tem dia de pouca volatilidade e fecha com alta ligeira
27/03/2014

Uma quinta-feira calma para os contratos de café robusta negociados na Euronext/Liffe. Os preços apresentam poucas alterações e as fortes volatilidades recentes deram lugar para um range estreito. A posição maio variou ao longo do dia dentro de um intervalo de apenas 19 dólares. Na sessão, o julho apresentou uma maior movimentação que a posição maio.

De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por poucas ações e por preços dentro de um intervalo curto. Nem mesmo a resistência de 2.100 dólares buscou ser testada, sendo que a máxima do pregão não passou do nível de 2.092 dólares.

"Tivemos uma sessão bastante calma, até sonolenta. Os preços ficaram presos em um intervalo bastante curto, seguindo também o comportamento verificado em Nova Iorque, onde os arábicas também não apresentaram oscilações mais nervosas. É um quadro consolidativo, enfim, após tantas oscilações", disse um trader.

O maio teve uma movimentação ao longo do dia de 4,39 mil contratos, contra 7,14 mil do julho. O spread entre as posições maio e julho ficou em 3 dólares.

No encerramento do dia, o maio teve alta de 3 dólares, com 2.083 dólares por tonelada, com o julho apresentando valorização de 7 dólares, para 2.080 dólares por tonelada.