Café tem dia de alta na ICE em sessão totalmente esvaziada
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com altas, em uma sessão fraca e na qual as compras especulativas deram sustentação ao mercado e permitiram fazer com que o março revertesse o quadro da sessão passada, quando as cotações chegaram nos menores níveis em 30 meses, e conseguissem voltar a flutuar em um nível acima do patamar psicológico de 150,00 centavos. Os ganhos, no entanto, não foram dos mais consistentes, sendo suficientes apenas para a segunda posição continuar a giram nesse intervalo que vem sendo "trabalhado" há algumas semanas. O clima do mercado é de calma, com os volumes negociados sendo baixos e com muitos players já em ritmo de contabilidade e de acerto dos livros para a finalização das atividades do ano-exercício. Tecnicamente, o mercado mantém-se sobrevendido, sem, contudo, se observar uma força mais efetiva para a busca de intervalos mais consistentes, como os níveis básicos de 155,00 e 160,00 centavos para a base março, o mercado também carece de novidades. No encerramento do dia, o março em Nova Iorque apresentou alta de 185 pontos, com 150,95 centavos, sendo a máxima em 151,50 e a mínima em 149,00 centavos por libra, com o maio tendo valorização de 185 pontos, com a libra a 153,80 centavos, sendo a máxima em 154,30 e a mínima em 151,90 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição janeiro teve alta de 24 dólares, com 1.905 dólares por tonelada, com o março tendo valorização de 25 dólares, com 1.911 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por uma abertura próxima do nível psicológico de 150,00 centavos e uma tentativa inicial de se buscar, mais uma vez, as baixas. Entretanto, os vendedores não conseguiram levar a segunda posição para além dos 149,00 centavos e, paulatinamente algumas recompras e aquisições especulativas foram identificadas e os ganhos se formaram. No entanto, o ganho máximo do dia não passou dos 240 pontos. O café se dissociou de várias outras commodities que, recuaram mais uma vez, com a pressão, principalmente, do dólar, que subiu em relação a várias moedas internacionais. No entanto, o dólar recuou fortemente em relação ao real brasileiro, o que fez com que vários vendedores dessa origem tivessem atuação limitada e discreta. "Foi uma sessão técnica e conseguimos uma ligeira correção, que permitiu apenas o março ficar ligeiramente acima dos 150 centavos, sem, no entanto, se mostrar 'disposto' a testar intervalos consistentes. É um mercado apático e sem lances mais efetivos capazes de mudar direcionamentos", disse um trader. As exportações de café do Brasil em novembro chegaram a 2,79 milhões de sacas, retração de 8% em relação ao mesmo mês de 2011, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Segundo a entidade, o faturamento no mês com as remessas do grão totalizaram 583,5 milhões de dólares, redução de 31,1%. Por tipo, as remessas do mês foram 83,9% de arábica e 11,8% de solúvel, 4,2% de conillon e 0,1% de torrado e moído. Segundo Guilherme Braga, diretor executivo do Conselho, a queda em volume e receita foi "sinalizada" em meses anteriores com problemas no início da safra, principalmente pelas chuvas e depreciação do grão, o que reduziu a oferta. Braga calculou que as remessas de 2012 deverão ficar 5 milhões de sacas abaixo do consolidado do ano passado. Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 6.235 sacas, indo para 2.520.370 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 10.334 lotes, com as opções tendo 3.927 calls e 1.490 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem uma resistência em 151,50, 152,00, 152,15, 152,50, 153,00, 153,15, 153,50, 154,00, 154,50, 154,90-155,00, 155,50, 156,00, 156,20-156,25, 156,50, 157,00, 157,15 e 157,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 149,00, 148,50, 148,00, 147,50, 147,00, 146,50, 146,35, 146,00, 145,50, 145,10-145,00, 144,50, 144,00, 143,50, 143,00, 142,50 e 142,00 centavos por libra.
Londres tem bons ganhos e fecha dia próximo das máximas
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quinta-feira com novas altas, que permitiram uma reversão do quadro atual e fizeram com que o janeiro voltasse a flutuar acima do nível psicológico de 1.900 dólares por tonelada, em uma sessão com um volume de negócios dentro da média e com algumas rolagens de posição, notadamente entre janeiro e março. Segundo analistas internacionais, o dia foi marcado por ações técnicas, com os compradores voltando a se mostrar mais ativos e permitindo fazer com que o fechamento dos negócios se desse próximo das máximas da sessão. "Tivemos uma nova onda compradora, que vem permitindo garantir alguma consistência ao café. Ainda estamos um tanto quanto distantes daquele nível praticado até há pouco, entre 2000 e 2100 dólares, mas, ao menos, as retrações mais agudas foram controladas", sustentou um trader. O dia na bolsa de Londres teve o contrato de café de janeiro com uma movimentação de 5,57 mil lotes, com o março tendo 4,68 mil lotes negociados. O spread entre as posições janeiro e março ficou em 6 dólares. No encerramento da sessão na Euronext/Liffe, a posição janeiro teve alta de 24 dólares, com 1.905 dólares por tonelada, com o março tendo valorização de 25 dólares, com 1.911 dólares por tonelada.
Medidas garantem 4ª queda seguida do dólar
O dólar fechou a quinta-feira em queda pelo quarto dia consecutivo, na maior sequência de baixas desde o início de agosto. O mercado permanece influenciado pelas recentes medidas tomadas para o câmbio, especialmente aquela anunciada na quarta-feira, revendo regras de incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos no exterior. Para operadores, a moeda agora deve se estabilizar perto do patamar atual até o fim do ano, com o BC voltando à cena no caso de oscilações mais fortes.O dólar fechou em baixa de 0,86%, a R$ 2,079, após chegar a cair a R$ 2,076 na mínima do dia."Agora o dólar deve ficar nesse patamar até que o mercado tente testar o BC de novo", disse Mario Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora. Para ele, a alta da divisa americana foi exagerada, o que levou governo e BC a atuarem. "O BC deixou passar um pouco do ponto, aí teve que atuar mais forte."Segundo Battistel, a expectativa é que a moeda não volte a cair tão cedo, principalmente por conta do discurso recorrente da presidente Dilma Rousseff, de que quer o dólar num patamar em que possa ajudar a impulsionar a atividade econômica.As recentes medidas para o câmbio reforçam a convicção no mercado de que o BC não quer um real depreciado muito além de R$ 2,10. Entre operadores, a expectativa é que a autoridade monetária atuará para evitar volatilidade elevada no câmbio.Ainda assim, a recente alta do dólar já provocou revisões nas expectativas para a taxa de câmbio. O Itaú Unibanco, por exemplo, elevou a projeção para o dólar no fim deste ano de R$ 2,02 para R$ 2,10. Para o ano que vem, o banco prevê alta adicional de 2,38%, levando a cotação a R$ 2,15. A mudança, segundo o Itaú, reflete a "fraqueza do crescimento" e "a sinalização de política econômica de aumentar a competitividade através de um câmbio mais depreciado".Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada ontem, o BC se limitou a ajustar para R$ 2,10 a taxa que utiliza em seu cenário de referência, sem dar mais explicações."Não seria prudente o BC entrar nessa questão muito a fundo, porque ele poderia se comprometer e ser obrigado a mudar o tom depois", disse o economista-chefe da Planner Investimentos, Eduardo Velho. Para ele, a manutenção das expectativas para a inflação em 2013 e 2014 sinaliza que a autoridade monetária não está vendo impacto tão relevante da alta da moeda americana na dinâmica dos preços.
Dados econômicos positivos dão ânimo a bolsas nos EUA e na Europa
As principais bolsas da Europa fecharam em alta puxadas por dados positivos da região e pela melhora de dados de emprego dos Estados Unidos. O mercado acionário americano encerrou o dia com pequena valorização.Todavia, os ganhos foram minimizados pelas declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que admitiu que as perspectivas para a zona do euro são fracas e que ainda é muito cedo para saber se o programa de recompra de títulos da Grécia será bem sucedido. Ontem o BCE anunciou a manutenção da taxa básica de juros da zona do euro em 0,75%.Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,16%, para 5.901,42 pontos. Como esperado, o Banco da Inglaterra também manteve a taxa de juros em 0,5% ao ano e o atual programa de compra de ativos em 375 bilhões de libras.O CAC-40, de Paris, ganhou 0,31%, para 3.601,65 pontos. O DAX, de Frankfurt, subiu 1,07%, para 7.534,54 pontos. O IBEX-35, de Madri, teve alta de 0,35% e foi para 7.910,80 pontos. Indo no movimento contrário, o MIB, de Milão, caiu 0,75%, para 15.835,22 pontos.Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 0,30% e fechou com 13.074,04 pontos, em seu melhor nível em um mês. O S&P-500 avançou 0,33%, aos 1.413,94 pontos. O Nasdaq Composite subiu 0,52% e fechou a 2.989,27 pontos.Entre os indicadores econômicos conhecidos ontem, destaque para o PIB da zona do euro, que caiu 0,1% no terceiro trimestre ante o segundo e recuou 0,6% na comparação anual. Apesar do recuo, o resultado não foi mal recebido pelos investidores porque veio em linha com a leitura preliminar. Na Alemanha, as encomendas à indústria vieram acima das expectativas dos analistas e subiram 3,9% em outubro, além da projeção de alta de 1%.Segundo o Departamento do Trabalho americano, o número de pedidos de seguro-desemprego caiu em 25 mil, para 370 mil, na semana encerrada em 1 de dezembro. Analistas ouvidos pela Dow Jones Newswires previam uma queda de 18 mil, para 375 mil.
Juro em baixa faz investidor trocar ações de bancos por construtoras
O mercado financeiro está reavaliando as ações de bancos para baixo e os papéis do setor de construção para cima, após a ata do Copom reforçar as apostas dos economistas de que a taxa básica de juros continuará caindo no ano que vem. Algumas instituições revisaram suas estimativas para a Selic, atualmente em 7,25% ao ano, e agora esperam seu recuo até 6,25% no fim de 2013.Com a economia dando sinais de fraqueza e o risco de a inflação acelerar, um cenário de juro real negativo já é visto como provável, o que complicaria a rentabilidade dos bancos e, ao mesmo tempo, representaria um incentivo ao setor de construção."A curva de juros derreteu. A taxa do DI para janeiro de 2014 já está abaixo de 7%", observa o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. "E o mercado já está colocando esse novo cenário no preço das ações, vendendo bancos e comprando construtoras."Gala acrescenta que, além da ata do Copom, os dados abaixo do esperado do PIB e da produção industrial reforçaram a aposta do mercado em uma nova rodada de afrouxamento monetário. "Os últimos quatro dias foram horríveis em termos de perspectivas para o crescimento da economia."O economista-chefe da Planner Corretora, Eduardo Velho, já previa uma redução da Selic para 6,5% no ano que vem, com o início do ciclo em agosto. "Depois da ata, acreditamos que os cortes serão retomados já em maio de 2013."Velho acredita que a revisão para baixo das expectativas de crescimento econômico poderá reverter as perspectivas de expansão da carteira de crédito dos bancos, especialmente os privados. "Além disso, o governo tem adotado uma política de pressão sobre o setor, usando bancos públicos para forçar a queda do spread", lembra o especialista da Planner.Já para o setor de construção, a queda dos juros e os sinais de fraqueza da economia poderão ter um viés positivo, avalia Velho. "Juro menor barateia o financiamento imobiliário. E se a expansão do PIB continuar lenta, o governo certamente vai tentar usar ferramentas para impulsionar setores de maior peso na economia, com a construção civil, o automotivo e o de bens de capital."Gala, da Fator, acha difícil a economia crescer 4% no ano que vem. "Está mais para 3% do que para 4%. E se crescer mais de 3%, a inflação pode disparar", alerta, o que reforça a tese de juro real negativo, algo que não acontece no Brasil desde a década de 70.Ontem, as ações do setor financeiro mostraram volatilidade, mas permaneceram a maior parte do pregão em baixa. Bradesco PN recuou 2,06%; Itaú Unibanco PN se recuperou no fechamento e encerrou em baixa de 0,33%; enquanto Banco do Brasil ON marcou queda de 0,40%. Apenas Santander Brasil Unit teve leve alta de 0,76%.A liberação de até R$ 15 bilhões dos depósitos compulsórios para empréstimos foi considerada positiva para o setor, segundo avaliação do Bank of America Merrill Lynch. O que os bancos emprestarem com as condições do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) 2013, anunciado na quarta-feira pelo ministro Guido Mantega, será abatido do compulsório sobre depósito à vista que as instituições são obrigadas a deixar no Banco Central (BC) sem nenhum tipo de remuneração. Ainda assim, a notícia não teve força para evitar uma realização no setor.Entre as construtoras, a história foi outra. PDG Realty ON (3,93%), Gafisa ON (3,15%), MRV ON (2,67%) e Brookfield ON (1,51%) figuraram entre as principais altas do dia. "O setor vinha com desempenho abaixo da média do mercado até o governo anunciar medidas de desoneração de folha de salários, nesta semana. Agora as ações estão corrigindo o atraso", avalia o gestor de um fundo local.O Ibovespa recuou apenas 0,04%, para 57.656 pontos, com volume de R$ 6,408 bilhões. Investidores demonstraram maior cautela, à espera de notícias sobre o andamento das negociações para evitar o abismo fiscal americano. Eles também aguardam os dados do "payroll" nesta sexta-feira, que revelará quantos empregos foram gerados nos Estados Unidos em novembro. O dado, no entanto, deverá ficar abaixo da média dos últimos meses, na casa de 80 mil empregos, segundo os economistas, devido ao efeito da passagem do furacão Sandy pela Costa Leste.Também mereceu destaque ontem o desempenho de Santos-Brasil Unit (7,44%), que reagiu ao pacote para os portos anunciado pelo governo. "Ao contrário dos outros pacotes setoriais anunciados este ano, esse aparentemente não trouxe nenhuma medida ruim", avaliou um gestor.Na outra ponta da bolsa, Embraer ON perdeu 3,32% após a notícia de que sua concorrente Bombardier recebeu um pedido de 40 jatos regionais da Delta, avaliado em US$ 1,85 bilhão, com opção de compra de mais 30 aviões.
Clima: "É muito cedo para determinar um padrão para o café",
diz Andres Illy Embora seja muito cedo para avaliar os efeitos das mudanças climáticas sobre as plantações de café, os produtores devem se esforçar para melhorar os processos de produção e combater as pragas, disse que os especialistas reunidos na Costa Rica. As alterações climáticas e os benefícios do café para a saúde humana são os dois temas que focalizam a XXIV Conferência Internacional da Ciência do Café, organizado pela Associação para a Ciência ea Informação sobre Café (ASIC, por sua sigla em Inglês), que sendo realizada esta semana na Costa Rica. O presidente da ASIC, o italiano Andrea Illy, disse que "é muito cedo para determinar um padrão" das conseqüências das mudanças climáticas sobre a produção de café, apesar de alguns efeitos são notados. Em lugares como a América Central e as plantações de grãos da Colômbia são mais vulneráveis à seca ou excesso de chuvas, que também causam danos à infra-estrutura e da economia do país, disse o presidente da ASIC. Illy acrescentou que estas condições estão associadas com a mudança climática e que, em alguns cenários futuros para um possível aumento das temperaturas, os produtores podem ser forçados a plantar café em áreas altas e frias. O pesquisador ASIC em questões de mudança climática e café, o holandês Van der Vossen Herbert disse, entretanto, que alguns dos desafios dos produtores de café estão a atingir um melhor uso da água e reduzir o uso de produtos químicos nas plantações. Van der Vossen explicou que o café pode ser alimentado com água da chuva, e que é utilizado em processos industriais para o processamento de grãos pode ser reduzida em mais de 10 por cento melhor utilização da máquina. Segundo o pesquisador, em média, para cada dois quilos de café produzidos no mundo atualmente usa um metro cúbico de água. Outra solução proposta por Van der Vossen é a redução do uso de defensivos agrícolas em troca de maior investigação científica, para estabelecer métodos para gerar uma resistência natural a doenças de plantas e pragas, como a broca-do-café. Quanto Central, disse que a região está se movendo em uma outra maneira de mitigar a mudança climática, como é combinar plantações de café com floresta. Por sua parte, o investigador ASIC em saúde, norte-americano James Coughlin disse sobre os efeitos do consumo de café que muitos dos "más notícias" sobre o assunto têm sido revertida nos últimos anos, graças à pesquisa científica e médica. De acordo com Coughlin, mostrou que o café tem propriedades positivas, que reduzem o risco de vários cancros, doenças de Alzheimer, Parkinson e diabetes. "Por muitos anos pensou-se que o café era apenas um veículo para o consumo de cafeína, mas estes foram reverter má notícia e tem sido demonstrado que a cafeína tem efeitos positivos sobre a saúde", disse ele. De acordo com ASIC, os cientistas mostraram que beber três a quatro xícaras de café por dia, com um máximo de 100 miligramas de cafeína por xícara, é parte de uma dieta saudável e equilibrada. A conferência anual reúne ASIC de segunda a sexta-feira e cerca de 500 representantes do setor de café em 38 países em cinco continentes, a fim de analisar os estudos científicos sobre os benefícios de saúde de beber café e como o desafio da mudança climática. No evento apresenta a pesquisa sobre os benefícios do café para a saúde, ferramentas para combater pragas e doenças, processos de produção, melhoramento genético de grãos e da ameaça da mudança climática, entre outros temas. Segundo Illy, nos últimos anos, os preços internacionais do café sofreram um aumento, que deve ser usado para continuar a investigação, que permitem maior produtividade e melhor qualidade de grãos.
Seguro rural: contrastes e reflexões
Apesar da crise econômica internacional, nosso agronegócio mais uma vez apresentou resultados positivos. Em 2011, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 2,7%, segundo o IBGE, o do agronegócio apresentou um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior, de acordo com levantamentos do Cepea/Esalq/CNA. Olhando apenas para os números, a impressão é de que o agronegócio vai muito bem.Um olhar mais atento revela que nem todas as engrenagens estão bem ajustadas. Uma das cadeias mais importantes do agronegócio é a agricultura. Por sua natureza, ela é uma atividade que envolve uma série de riscos, sendo que um dos mais perversos é o climático. Em decorrência de uma seca prolongada as perdas poderão ser elevadas, com prejuízos não apenas aos municípios afetados, mas para uma região geográfica inteira.Ademais, existe a persistência do choque ao longo dos meses subsequentes que, inevitavelmente, afetará outros setores econômicos. Nesse contexto, além de perder a safra os produtores poderão deixar de quitar as dívidas contraídas com seu agente creditício. O governo também se vê em uma situação delicada na medida em que reduz a arrecadação de impostos e tributos e é pressionado a renegociar as dívidas rurais.Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural teve início em 2005, mas ainda está no estágio embrionárioPara contornar esse problema, diversos países desenvolveram um mercado de seguro agrícola que transfere parte do risco e protege o setor agrícola das adversidades climáticas. Para fins de comparação vou citar o caso americano. Em 2011, os EUA foram castigados pela seca, inundações e baixas temperaturas em uma das piores catástrofes climáticas do país, causando enormes prejuízos à agricultura. Ao contrário do que acontece no Brasil, não vemos as ruas da capital do país tomadas por tratores (manifestações conhecidas como "tratoraço") em uma tentativa desesperada de pressionar o governo a renegociar uma enorme dívida rural decorrente da quebra de safra.Eles foram capazes de criar e aprimorar, por mais de 70 anos, uma das mais eficientes políticas agrícolas anticíclicas do mundo por meio de um gigantesco sistema de seguro agrícola capaz de proteger a receita dos seus produtores. Os resultados são surpreendentes. Ao todo, US$ 11 bilhões foram pagos em indenizações aos produtores rurais. Tal montante é o maior da história dos EUA ficando à frente do maior valor registrado até então: quase US$ 9 bilhões em 2008. Mesmo assim, a sinistralidade média foi de 0,91, ou seja, para cada dólar gasto com o seguro foram pagos em indenização 91 centavos de dólar. Bom para o governo, para a indústria de seguros e melhor ainda para os produtores rurais.Como se não bastasse, em 2012, o clima foi ainda pior. De acordo, com os dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA na sigla em inglês) a seca deste ano é a pior dos últimos 25 anos. Estima-se que aproximadamente 80% da área agrícola foi afetada pela seca. Até o momento, os dados oficiais da Agência de Administração de Risco (RMA-USDA) não estão finalizados, mas a expectativa é que as indenizações superem o patamar de US$ 18 bilhões.Apesar disso, o seguro agrícola continua e ganha ainda mais força junto ao setor agropecuário americano. A nova Lei Agrícola ("new Farm Bill"), aprovada recentemente pelo Senado dos EUA, direcionou cerca de US$ 1 trilhão nos próximos dez anos aos programas de seguro agrícola e suporte de preços. Boa parte desses recursos tem destino certo: subsidiar o seguro agrícola. Para se ter uma ideia, em 2011, eles destinaram US$ 7,5 bilhões para esse fim. Com esses recursos, o governo paga parte do prêmio (custo do seguro); e o produtor, a outra parte. A principal vantagem dessa política é a redução do custo do seguro agrícola tornando-o acessível a um número muito maior de produtores em diversas regiões do país. Ou seja, inicia-se um processo de massificação do seguro, que é uma condição fundamental para se reduzir as taxas de prêmio e massificar ainda mais.No Brasil, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) teve início em 2005. Apesar dos avanços ainda estamos em um estágio embrionário. Em 2011, o Brasil destinou ao programa apenas US$ 152 milhões enquanto a Espanha - com um território menor do que a Bahia - utilizou US$ 513 milhões para subsidiar o seguro para seus produtores. Aqui, a área coberta pelo seguro foi de apenas 5,6 milhões de hectares. Nos EUA, o subsídio foi suficiente para segurar pouco mais de 107 milhões de hectares, quase 85% da área total plantada com as principais culturas. Recentemente conduzi um estudo mostrando que o valor necessário para segurar todo o crédito rural de custeio das lavouras proveniente do Sistema Nacional de Crédito Rural, em uma área com pouco mais de 24 milhões de hectares, seria de cerca de R$ 1 bilhão (quase US$ 500 milhões).Existe ainda um longo caminho a percorrer. Mas, ao contrário do que ocorre em outros países, nosso programa de subvenção sofreu graves contingenciamentos e atrasos no repasse às seguradoras nos últimos anos. Esses acontecimentos abalaram a credibilidade do programa federal.A lição que aprendemos com as severas adversidades climáticas nos EUA é que um amplo sistema privado de seguro agrícola apoiado pelo governo é capaz de proteger o setor agropecuário em anos de catástrofe climática. O fato é que não precisamos replicar o modelo operacional dos EUA mas o que fica evidente, e isso sim precisamos aprender, é a clara definição do papel do governo no mercado.Nós temos diferentes programas públicos de gestão de risco agrícola que podem coexistir, mas é preciso investir em planejamento para evitar sobreposições, desperdício de recursos e desgaste institucional. A busca pelo melhor uso dos recursos dos contribuintes deve nortear as decisões do governo na forma de apoio às ações do mercado. Precisamos retomar nosso caminho de crescimento do seguro rural e o primeiro passo deve ser dado pelo governo.Vitor Ozaki é professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo Gestão em Seguros e Riscos (Geser).
BCE prevê que zona do euro segue em recessão até fim do ano que vem
O Banco Central Europeu alertou que 2013 será um ano difícil para os 17 países da zona do euro. Segundo previsões do BCE divulgadas ontem, a economia do bloco não terá no ano que vem a expansão de 0,5%, como se esperava antes, mas uma contração de 0,3%.O BCE agora calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro terá uma contração de 0,5% neste ano - 0,1 ponto percentual a mais do que previra em setembro. Por outro lado, houve uma redução na projeção da inflação para 2013, que passou de 1,9% para 1,6%. Para 2014, é esperado um índice de 1,4%.Apesar desse cenário, a taxa básica de juros foi mantida no seu mais baixo nível histórico (0,75%).O presidente do BCE, o italiano Mario Draghi, espera ver alguma reação apenas daqui a um ano. "No fim de 2013, a atividade econômica deve gradualmente se recuperar à medida que a demanda global se fortaleça e nossa posição de política monetária acomodativa e uma confiança do mercado financeiro significativamente melhorada encontrem seu rumo na economia."Ele destacou, porém, que há o risco de impasse político no Congresso americano quanto ao "abismo fiscal", o que afetaria negativamente o sentimento econômico.Para analistas, a revisão para baixo nas projeções é a confirmação de que há mais tempestade no horizonte dos 17 países do bloco econômico. "Isso é algo que vínhamos destacando há algum tempo, ou seja, que a zona do euro pode estar a caminho de uma década perdida", disse Marie Diron, analista da Ernst & Young.O mau momento da zona do euro também foi evidenciado por novos dados divulgados pela Eurostat, a agência de estatísticas da UE. O PIB da zona do euro recuou 0,1% no terceiro trimestre deste ano na comparação com o segundo e 0,6% ante o terceiro trimestre do ano passado. Os números são revisados e confirmam dados originalmente anunciados no mês passado.A queda de 0,4% do PIB no segundo trimestre deste ano na comparação anual, no entanto, foi revisada para um recuo de 0,5%. A Eurostat disse que as exportações aumentaram no terceiro trimestre, porém menos do que no período anterior, enquanto o consumo das famílias ficou inalterado e o investimento caiu 0,7%. Os estoques também diminuíram.A contração do PIB foi disseminada entre os países que compartilham o euro. Em nove deles houve retração, um ficou estagnado e quatro apresentaram expansão de sua atividade econômica. Três países ainda precisam informar seus números. Em toda a União Europeia, o PIB cresceu 0,1% no terceiro trimestre ante o segundo, mas o desempenho foi puxado pela expansão de 1,0% do Reino Unido.Em outro dado negativo divulgado ontem, a taxa de desemprego na França subiu de 9,8% no segundo trimestre para 9,9% no terceiro, atingindo 2,8 milhões de pessoas. Na Grécia, o desemprego atingiu 26% (há um ano, estava em 18,9%). BCE não surpreende, mas piora projeções Sem surpresas, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juros em 0,75%. Embora a decisão tenha sido unânime, o presidente Mario Draghi deu a entender que houve discussão em torno de um novo corte de juros. Sobre a possibilidade de uma taxa de depósitos negativa, Draghi disse que o BCE está pronto para torná-la operacional, apesar de não haver clareza sobre seus potenciais efeitos. Em pesquisa realizada pelo Valor com casas estrangeiras, Citi, Nomura e Jefferies consideraram essa possibilidade no ano que vem.A única ação não convencional anunciada foi a extensão de todas as operações de refinanciamento em leilões de taxa fixa com colocação total ("full allotment") enquanto for necessário, sendo o prazo mínimo 9 de julho de 2013. Nas LTROs (operações de refinanciamento de longo prazo) de três meses, a remuneração será fixada à média das taxas das MROs (principais operações de refinanciamento) até junho de 2013.Segundo o BCE, a fraqueza econômica na zona do euro persistirá em 2013, em particular por conta do ajuste necessário no balanço dos setores financeiro e não financeiro. Ainda assim, o banco central prevê um cenário de recuperação gradual a partir de meados do ano que vem, quando a demanda global deve se fortalecer.Embora tenha havido alguns sinais recentes de recuperação no que tange a expansão monetária, Draghi ponderou que o comportamento deveu-se parcialmente a uma "operação específica que levou a um aumento nos depósitos no overnight pertencentes ao setor financeiro não monetário". Do ponto de vista estrutural, entretanto, pouca coisa mudou. O crédito continua enfraquecido, refletindo a fraca perspectiva para o PIB, a aversão ao risco e o ajuste em curso no balanço de famílias e empresas, o que pesou sobre a demanda.Nesse sentido, a média das projeções para 2012 e 2013 piorou substancialmente e os números para 2014 mostraram recuperação ainda incipiente. Em 2012, o PIB deve mostrar contração de 0,5% (de -0,4%), enquanto em 2013 a recessão será de 0,3% (de +0,5%) e em 2014, a economia voltaria a mostrar expansão de 1,2%.Do lado dos preços, o CPI harmonizado deve subir 2,5% neste ano, refletindo a alta dos preços de energia e de impostos, efeitos que devem ser dissipados no ano que vem, trazendo a inflação para abaixo da meta (em torno, mas abaixo de 2%). Para 2013, a projeção central caiu de 1,9% para 1,6%, e em 2014, o BCE projeta 1,4%, ou seja, uma variação substancialmente menor que a meta. Tais projeções indicam que o BCE deve ir mais longe na flexibilização monetária? A resposta pode ser sim, mas a fala de Draghi sugere um "depende".Em primeiro lugar, os efeitos da liquidez no mercado não foram totalmente observados. Prova disso é o quadro de crédito anêmico na zona do euro. Por outro lado, apesar de o programa de compra de ativos ter derrubado a taxa de retorno dos títulos dos países periféricos, não houve uma solução como um pedido formal de resgate, considerado essencial para que haja uma inflexão no cenário de insolvência de alguns países.