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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Não houve modificação nos fundamentos por escritorio Cavalhaes

Não houve modificação nos fundamentos
Com o feriado do dia do trabalho na terça-feira, dia primeiro, muitos operadores não trabalharam na segunda e tivemos apenas três dias úteis na semana. Ontem, quinta-feira, mais um pregão com forte e inexplicável baixa nos contratos de café na ICE Futures US, em Nova Iorque, liquidou qualquer possibilidade de um melhor desenvolvimento dos negócios no mercado físico brasileiro. O mercado de café, que vem se arrastando nas últimas semanas, praticamente não trabalhou. Desorientados, compradores e vendedores não se esforçaram para fechar negócios. O fortalecimento do dólar frente ao real compensou com folga a queda das cotações em Nova Iorque, mas não se refletiu nas ofertas em reais no físico brasileiro. Muitos produtores recuam quando recebem ofertas por seus lotes, considerando baixas as bases oferecidas para negócio. Os exportadores compram aos poucos, à medida que encontram vendedores dispostos a aceitar o patamar de preços decorrente do enfraquecimento das cotações nas bolsas de futuro. Não houve modificação nos fundamentos, mas os compradores no exterior mostram-se cautelosos para fazer novos negócios e acompanham com cuidado tanto o desenrolar da crise econômica no hemisfério norte como o início dos trabalhos de colheita no Brasil. Entramos em maio e o mercado começa a olhar com atenção redobrada os boletins meteorológicos com as condições do tempo nas regiões produtoras de café do Brasil. O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, deu início aos trabalhos para colher sua safra 2012/2013 contando com o menor estoque de passagem de que se tem notícia, tendo ainda de prover café para o consumo interno e exportação dos meses de maio e junho. Assim, no início de julho, quando começa oficialmente no Brasil o ano-safra 2012/2013, o estoque remanescente da safra que se encerra será praticamente zero. O pouco que então restar, estará em mãos de cafeicultores capitalizados decididos a não vender nas bases praticadas pelo mercado no primeiro semestre de 2012. Nesse quadro, uma geada mais séria, ou uma seca prolongada sobre os cafezais brasileiros no segundo semestre deste ano, destruirá o frágil equilíbrio entre produção e consumo mundial de café. Até o dia 30, os embarques de abril estavam em 1.558.990 sacas de café arábica, 30.802 sacas de café conillon, somando 1.589.792 sacas de café verde, mais 235.444 sacas de solúvel, contra 1.776.287 sacas no mesmo dia de março. Até o dia 30, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 2.022.597 sacas, contra 2.289.979 sacas no mesmo dia do mês anterior. Em maio, até o dia 03, os embarques estavam em 14.661 sacas de café arábica e 580 sacas de café conillon, somando 15.241 sacas de café verde, mais 264 sacas de café solúvel, contra 4.293 sacas no mesmo dia de abril. Até o dia 03, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 241.427 sacas, contra 77.240 sacas no mesmo dia do mês anterior. A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 27, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 04, caiu nos contratos para entrega em julho próximo, 190 pontos ou US$ 2,51 (R$ 4,83) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 27 a R$ 440,10/saca e hoje, dia 04, a R$ 444,14/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 120 pontos. Escritório Carvalhaes

FRIO CHEGA APENAS PARA ALERTAR OS VENDIDOS

FRIO CHEGA APENAS PARA ALERTAR OS VENDIDOS 
O mês de maio começou fraco, a princípio dando razão à máxima que se repete todos os anos nos Estados Unidos: “sell May and go away” (venda em maio e saia de férias – que diga-se de passagem em 2011 e 2010 deu certo).A contração da atividade industrial na Europa, e criação de postos de trabalho americanos abaixo do esperado, fez com que os investidores ficassem mais cautelosos, pressionando os ativos de risco.As bolsas caíram entre 2% e 4% nos dois lados do Atlântico, e os principais índices de commodities cederam mais de 2%.Ajudado por previsões de temperaturas mais baixas no Paraná e em São Paulo, o café em Nova Iorque fez com que uma pequena parte daqueles que estão vendidos tivessem precaução e liquidassem uma parcela de suas posições vendidas (leia-se os fundos). Ajudado pelo feriado do dia do trabalho no Brasil e em alguns outros países, os compradores encontraram poucas vendas e no dia 1º de maio o mercado subiu US$ 4.60 centavos por libra.Não que houvesse riscos reais de geada no “cinturão de café” brasileiro, mas os prognósticos dos institutos de meteorologia serviram para acordar, ou alertar, os participantes de que o inverno está chegando no hemisfério sul.A alegria dos altistas durou pouco, e a valorização do dólar frente a diversas outras moedas, principalmente o Real, teve uma influência maior, pressionando a cotação do “C” – que encerrou a semana com perda de US$ 2.51 por saca.O momento da alta, por mais curto que tenha sido, ajudou alguns torradores a comprarem diferenciais baratos do principal produtor mundial com volumes reportados que incluem embarques imediatos.A necessidade de cobertura de diferenciais dos compradores naturais deu algum alento ao mercado, muito embora o efeito possa ter curta duração. Isto porque não só a bolsa cedeu, mas também o basis, indicadores que não animam os que estão apostando em uma alta no curto-prazo (são estes a maioria?).Estatísticas da produção do Brasil de alguns analistas e de trade-houses divulgadas na semana apontaram para uma safra12/13 entre 52.4 mln a 57 mln de sacas, com o conillon contribuindo com um número entre 15 e 19 milhões de sacas (um intervalo bastante largo para o último).No mercado físico a procura pelo robusta, e a relutância dos produtores desta variedade em diminuir preços, mais uma vez corrobora com a tese da mudança de blends para um adequamento ao perfil do consumidor (em um momento de crise mundial e desconforto em manter os mesmos gastos).Com isto a arbitragem entre LIFFE e ICE volta a sinalizar um potencial rompimento do patamar de 80 centavos por libra.O fortalecimento da arbitragem junto com a consolidação do terminal acima dos US$ 170 centavos (não esquecendo é claro da posição vendida dos fundos que não tem aumentado), me faz crer em uma manutenção dos níveis atuais – salvo uma continuação da desvalorização da moeda brasileira.Desta forma tudo indica que o intervalo de negociação ficará entre US$ 170 a 220 centavos, sendo que a recuperação de preços ou uma alta mais convincente só deve ocorrer no último trimestre do ano (ou caso haja ameaças reais de geada).Em resumo, nada de novo a ser comentado.Uma excelente semana a todos e muito bons negócios. Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting