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sábado, 23 de junho de 2012

NEGOCIANDO COMO NUNCA, CAINDO COMO SEMPRE

Mercado de Açúcar
 – Comentário Semanal – de 18 a 22 de junho de 2012
 NEGOCIANDO COMO NUNCA, CAINDO COMO SEMPRE
 O mercado fechou a semana em queda de 60 pontos (13 dólares por tonelada) no vencimento julho, encerrando o pregão de sexta cotado a 20,24 centavos de dólar por libra-peso. O outubro teve queda de apenas 26 pontos na semana (menos de 6 dólares por tonelada), enquanto os demais meses ao longo da extensa curva de preços, que vai até maio/2015, fecharam igualmente em quedas que variaram entre 3 e 10 dólares por tonelada. O mercado completou o 16º dia em seguida negociando mais de 100.000 contratos (média diária de 175.000 lotes, equivalentes a 8.8 milhões de toneladas de açúcar). Isso não ocorria há um ano.O pregão de sexta, no linguajar de um jovem trader do mercado, “foi punk”, seja lá o que isso significa. “Cara, o mercado caiu 100 pontos em 4 minutos, enquanto eu tava (sic) no banheiro”, reclamou ele. A vida é assim. Ninguém entendeu o porquê desse derretimento tão rápido e não faltaram as elucubrações de sempre: caiu porque a chuva parou. As tais soft commodities (açúcar, cacau, café e algodão) estão dando canseira nos gestores. As quatro caíram nesta sexta-feira.As chuvas que caem no Centro Sul que tem atrasado o corte de cana, ajudaram o açúcar a recuperar parte da recente queda de preços no mercado internacional. Embora ninguém esteja entusiasmadamente altista, muitos operadores do mercado acreditam que as mínimas (18,86 no início deste mês) já foram vistas.O hidratado negociado a R$ 1,28 o litro, equivale hoje a um açúcar a 17,14 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos (dólar médio considerado de 2,0530). A margem negativa no hidratado, sem custo financeiro, é estimada em 3,59% sobre o custo de produção. Ou seja, a usina está pagando para produzir.Um analista de mercado disse às agências noticiosas, nesta semana, que “o açúcar não vai chegar a 30 centavos de dólar por libra-peso”. Vender uma call (opção de compra) de preço de exercício 30 centavos de dólar por libra-peso, com vencimento para outubro/2012, pode ser uma boa ideia. O prêmio dessa opção já chegou a valer 166 pontos. Na sexta-feira fechou a 4 pontos (quase 1 dólar por tonelada).Alguns pontos podem reforçar a ideia de que o mercado encontrou um nível de suporte nos preços atuais. São eles: o sentimento de aumento iminente no preço da gasolina na bomba que tem o efeito de elevar (em tese) o preço base do hidratado (digamos que o chão do mercado passaria a ser equivalente a açúcar a 18,50 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos); mudanças no imposto sobre operações financeiras que facilitariam a entrada de dólares e consequentemente trariam um fôlego para o real; eventual mudança da mistura de combustível alterando o percentual de anidro para 25% dos atuais 20%. Do outro lado do argumento estaria o recrudescimento do cenário macroeconômico que valorizaria o dólar e jogaria as commodities para baixo (em especial o petróleo que chegou a quebrar os 80 dólares por barril). O petróleo foi a commodity que mais caiu este mês: 14.8% de queda. Suco de laranja, soja e açúcar são as únicas que subiram em junho até agora, com 13%, 6.8% e 4.5% respectivamente.Estariam refletidos no preço o crescimento da produção na Índia, Paquistão, das excelentes condições climáticas na Rússia e consequente aumento de produção e as revisões para baixo das safras no Brasil, México e Estados Unidos? Outra questão que se faz é: quais elementos seriam necessários para que o mercado subisse além dos níveis atuais? O cenário macroeconômico aponta para uma desaceleração da economia mundial apesar de o consumo mundial de açúcar ter aumentado em média 1,5% ao ano. Aumento de disponibilidade e preços baixos costumam andar de mãos dadas. Mas uma esperada desaceleração no crescimento econômico global pode minar as perspectivas de expansão da indústria de alimentos sensível à variação de renda. Ou seja, o horizonte é carregado de nuvens negras. Se por um lado entendemos que abaixo de 19,50 o mercado teria vida curta, por outro, acima de 23-24 centavos de dólar por libra-peso, seria igualmente de curta duração.Em evento concorrido na semana, a Glencore apresentou sua tradicional e sempre aguardada perspectiva sobre o mercado internacional do açúcar. Sem fazer previsões em termos de níveis de preço, foi interessante saber alguns dos custos de produção dos principais produtores mundiais: Tailândia 16,08 centavos de dólar por libra-peso, Austrália 15,27, África do Sul em 14,14 e Brasil 14,86 centavos de dólar por libra-peso. Segundo a empresa, os custos acima são posto usina, sem depreciação nem custo financeiro. Alguns muxoxos foram ouvidos na sala de conferência. O tom baixista dos números de estoque e produção apresentados, embora sem o acompanhamento de previsão do nível de preços internacionais, inferiu – se compararmos com os custos de produção apresentados – que haveria espaço para um afrouxamento nos preços em NY.  Numa clara evidência de que existe vida inteligente no governo, um diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo), disse esta semana no Rio+20, em evento do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, instituição ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que “em algum momento, com calma, vamos precisar ter a coragem de assumir que, talvez, o preço da gasolina tenha um peso demasiadamente alto no cálculo dos índices inflacionários. Isso afeta diretamente a indústria do etanol”. Não sei por que, mas penso que a trilha sonora ideal para acompanhar essa corajosa declaração do digníssimo diretor seria Aleluia, de Hendel.O Modelo desenvolvido pela Archer Consulting estima que pelo menos 19,49 milhões de toneladas já estejam fixadas para a safra 2012/2013 ao preço médio de 23,02 centavos de dólar por libra-peso. Isso mostra que houve uma aceleração nas fixações desde a última vez que publicamos esse estudo, no início de maio, acima de 2 milhões de toneladas. Se o Brasil exportar 23 milhões de toneladas, estamos dizendo que 85% já estaria fixado.Tenham uma excelente semana
Arnaldo Luiz Corrêa

Café volta a oscilar na ICE e fecha sexta com retrações

Café volta a oscilar na ICE e fecha sexta com retrações   
  Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US voltaram a oscilar consideravelmente nesta sexta-feira, em uma sessão com um volume baixo comercializado. Com a expectativa de que os fortes ganhos da sessão anterior pudessem ter continuidade, a abertura do dia se deu até com alguma consistência. No entanto, ao tentar testar o nível de 160,00 centavos, mais uma vez o setembro falhou. Ao não conseguir romper essa resistência básica, a tendência se inverteu e consideráveis liquidações passaram a ser empreendidas, com a segunda posição tendo chegado a flutuar dentro do intervalo de 153,00 centavos.  O mercado foi efetivamente técnico e o café, assim como no dia anterior, se mostrou dissociado de outros mercados. Ao longo desta sexta-feira, as bolsas de valores subiram nos Estados Unidos e alguns segmentos das commodities também tiveram valorização. Entretanto, a maior parte das commodities recuou em um movimento, na visão de alguns operadores, de desaceleração em relação ao dia anterior. Para vários operadores, a situação externa, com a preocupação constante com a questão das dívidas na Europa, continua a ser um elemento de pressão sobre as cotações de commodities mais voláteis, como é o caso do café.  No encerramento do dia, o setembro em Nova Iorque teve queda de 290 pontos, com 155,90 centavos, sendo a máxima em 159,75 e a mínima em 153,05 centavos por libra, com o setembro tendo desvalorização de 290 pontos, com a libra a 159,10 centavos, sendo a máxima em 162,85 e a mínima em 156,40 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, julho teve queda de 43 dólares, com 2.016 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 47 dólares, com 2.032 dólares por tonelada.  De acordo com analistas internacionais, o mercado teve mais um dia de volatilidade e tendeu para as baixas, principalmente ao demonstrar nova fraqueza em tentar romper um nível básico, como os 160,00 centavos. No entanto, na parte final do dia, algumas recompras foram reportadas, o que permitiu que as baixas, no encerramento, não fossem tão pronunciadas.  Para os analistas, o comportamento io-iô do café ao longo desta semana pode ser uma demonstração que o setembro encontrou uma base mais consistente e que as baixas tão pronunciadas verificadas ao longo das últimas semanas possam ser contidas. "É possível que um nível entre 145,00 e 150,00 centavos seja uma base natural para o café até o final do terceiro trimestre do ano, após os produtores brasileiros ampliarem as vendas dos grãos de sua nova safra, colhida ao longo do inverno.  No quarto trimestre, já com projeções para safra brasileira de menor porte, é possível que o mercado sinta um novo 'aperto' e os preços tendam a voltar a subir", indicou o Macquarie Bank, em nota. "O quadro nas bolsas se complica com a ausência de muitas indústrias.  Com as contraditórias informações sobre o tamanho da nova safra brasileira de café, em processo de colheita, e as incertezas sobre o futuro do euro e seus reflexos na economia mundial, elas optam por usar o que resta de seus estoques, adiando novas compras o máximo que podem. Ganham tempo para aguardar uma melhor definição do quadro. O problema acaba sobrando para o cafeicultor brasileiro que em plena colheita, período de fortes despesas, assiste impotente o derretimento das cotações, que está transferindo para os compradores os resultados de um ano de trabalho e de muitos anos de investimento", indicou o Escritório Carvalhaes, em seu relatório semanal.  Há 178 notificações contra o julho, desde o início da notificação, no dia 21.  As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 21, somaram 830.629 sacas de café, contra às 994.341 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).  Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 15.376 sacas, indo para 1.607.647 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 14.845 lotes, com as opções tendo 1.324 calls e 405 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 159,75, 159,90-160,00, 160,50, 161,00, 161,25, 161,50, 162,00, 162,50, 163,00, 163,50, 164,00, 164,50, 164,90-165,00 e 165,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 153,05-153,00, 152,50, 152,00, 151,50-151,40, 151,00, 150,50, 150,00, 149,50, 149,00, 148,50, 149,00, 149,25, 149,00, 148,50, 148,00, 147,50, 147,00, 146,50 e 146,00 centavos por libra.   
 
Londres volta a ser pressionado e tem continuidade de baixas  

    Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe aprofundaram as perdas nesta sexta-feira, com o setembro tendo iniciado a sessão com altas, mas, logo na seqüência, as liquidações se tornaram preponderantes e o encerramento do dia ficou próximo da mínima, que foi de 2.028 dólares. De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado pela manutenção de vendas especulativas e de fundos, que permitiram que uma retração mais considerável pudesse ser aferida. Algumas rolagens de posição ainda são assistidas, ainda que o julho esteja cada vez mais esvaziado na casa de comercialização britânica. "As baixas seguem uma tendência que já era esperada. A boa demanda por grãos robustas fez com que os preços subissem consideravelmente. Isso devido ao fato de as indústria de torrefação terem passado a utilizar mais robusta em seus blends. Com as novas quedas dos arábicas, o interesse pelos robustas volta a ser menos incisivo e, assim, passamos a ter uma maior vulnerabilidade para as quedas", disse um trader. O julho na bolsa londrina tem 12,2 mil contratos em aberto, contra 55,5 mil do setembro. O dia na bolsa de Londres teve o contrato de café de julho com uma movimentação de 2,48 mil lotes, com o setembro tendo 9,16 mil lotes negociados. O spread entre as posições julho e setembro ficou em 16 dólares. No encerramento da sessão na Euronext/Liffe, a posição julho teve queda de 43 dólares, com 2.016 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 47 dólares, com 2.032 dólares por tonelada.    

Boletim semanal - ano 79 - n° 25
Santos, sexta-feira, 22 de junho de 2012
 Atordoante e irracional. Foi o mais brando que ouvimos sobre o comportamento das cotações no mercado futuro de café, em mais uma semana de desorientação e guerra de boatos. Na ICE Futures US, em Nova Iorque, os contratos de café com vencimento em setembro próximo fecharam na segunda-feira com baixa de 50 pontos; na terça-feira com alta de 730 pontos; na quarta com baixa de 640 pontos; ontem, quinta-feira, com alta de 640 pontos e hoje com baixa de 290 pontos. Todo este forte sobe e desce não teve origem em notícias sobre o mercado de café, mas sim na insegurança dos operadores com as desencontradas informações sobre o andamento das negociações destinadas a dar um rumo às economias da zona do euro.  Esta insegurança levou operadores de fundos de investimentos e também especuladores a derrubarem as cotações das commodities agrícolas por todo o semestre, sendo que as do café já recuaram 31% desde o início do ano.  O quadro nas bolsas se complica com a ausência de muitas indústrias. Com as contraditórias informações sobre o tamanho da nova safra brasileira de café, em processo de colheita, e as incertezas sobre o futuro do euro e seus reflexos na economia mundial, elas optam por usar o que resta de seus estoques, adiando novas compras o máximo que podem. Ganham tempo para aguardar uma melhor definição do quadro. O problema acaba sobrando para o cafeicultor brasileiro que em plena colheita, período de fortes despesas, assiste impotente o derretimento das cotações, que está transferindo para os compradores os resultados de um ano de trabalho e de muitos anos de investimento. Repetimos o que dissemos em nosso último boletim. Em nossa opinião, em uma crise impar como a atual, é necessária uma rápida ação das lideranças e do governo brasileiro para defender a cafeicultura brasileira. É preciso estancar as perdas e dar sustentação aos preços na entrada no mercado da nova safra de café.  As fortes e prolongadas chuvas sobre muitas das principais regiões produtoras de café prejudicam os trabalhos de colheita e já causam perda de qualidade irreversível em parte significativa da nova safra. Até o dia 21, os embarques de junho estavam em 668.472 sacas de café arábica e 98.881 sacas de café conillon, somando 767.353 sacas de café verde, mais 63.276 sacas de café solúvel, contra 994.341 sacas no mesmo dia de maio. Até o dia 21, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 1.354.961 sacas, contra 1.576.191 sacas no mesmo dia do mês anterior. A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 15, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 22, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo, 390 pontos ou US$ 5,16 (R$ 10,66) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 15 a R$ 410,17/saca e hoje, dia 22, a R$ 424,62/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 290 pontos.  Escritório Carvalhaes