Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US tiveram um novo dia de perdas, ainda que moderadas, em uma sessão em que a baixa recente foi rompida. Ao longo do dia, o mercado marcou seu menor patamar em 23 meses, ao atingir os 154,60 centavos e suplantar os 154,65 centavos de 4 de junho. Apesar disso, o acionamento de stops de venda, como era esperado por alguns operadores, não se efetivou e o mercado chegou a registrar algumas recompras, o que permitiu fazer com que o fechamento se desse com um recuo pouco pronunciado. Alguns operadores ressaltaram que o dia foi caracterizado pela estabilidade de preços ao longo de boa parte da sessão, mas que, na segunda metade do dia, algumas ordens de venda mais fortes teriam sido emitidas, o que abriu espaço para as quedas e para a nova marca de baixa. Os bears (baixistas), contudo, não demonstraram o fôlego recente para continuar a efetuar as vendas e, com isso, a desaceleração das baixas foi possível. Tecnicamente, o mercado dá demonstrações claras de seu viés baixista e a expectativa dos players é de que novas perdas possam ser produzidas no curto prazo. Mesmo diante de um quadro sobrevendido, os bulls (altistas) não demonstram poder em tentar uma ação de correção, não conseguindo nem sequer testar resistências bastante básicas. Fundamentalmente, alguns operadores voltaram a indicar preocupação quanto ao clima no Brasil. O centro-sul do país volta a registrar temperaturas baixas, ainda que institutos de meteorologia tenham descartado a possibilidade de geadas nos próximos dias. No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve queda de 105 pontos, com 155,60 centavos, sendo a máxima em 157,70 e a mínima em 154,60 centavos por libra, com o setembro tendo desvalorização de 100 pontos, com a libra a 157,40 centavos, sendo a máxima em 159,40 e a mínima em 156,40 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, julho teve queda de 49 dólares com 2.074 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 49 dólares, com 2.078 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, os mercados externos colaboraram para mais um dia de comportamento ruim dos arábicas em Nova Iorque. Várias das vendas produzidas ao longo da sessão e que permitiram construir uma nova mínima em quase dois anos estiveram relacionadas ao dólar, que registrou mais uma valorização em relação a uma cesta de moedas internacionais. Com isso, o complexo de commodities voltou a ser pressionado, com o índice CRB tendo, ao final desta sexta, retração de 0,31%. "Tivemos uma sessão de consolidação que, posteriormente, assumiu uma feição de novas perdas, com uma nova mínima se formando. Tecnicamente, o café se mostra 'abalado' e não consegue ter força básica para tentar qualquer tipo de reversão. Adicionalmente, o cenário externo auxilia para que o quadro se torne ainda mais dramático. Vivemos um viés baixista de curto, médio e longo prazo", indicou um trader. "Os fundamentos do mercado de café são positivos e devem continuar assim, mas as cotações não param de recuar com o pessimismo dos operadores, que preocupados com a situação da economia na zona do euro e seus reflexos no cenário mundial, trabalham com metas de curtíssimo prazo, não se importando com os apertados estoques mundiais ou com o precário equilíbrio entre produção e consumo global. As mudanças climáticas que vêm afetando a produção de café em muitas das principais regiões produtoras não são levadas em consideração, pois não são consideradas ameaça para análises focadas apenas nos próximos dias ou semanas", apontou o Escritório Carvalhaes, em seu relatório semanal. As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 8, somaram 108.132 sacas, contra 165.422 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 3.470 sacas, indo para 1.564.142 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 32.611 lotes, com as opções tendo 532 calls e 4.935 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 157,70, 158,00, 158,50, 158,90-159,00, 159,35, 159,50, 159,90-160,00, 160,50, 161,00, 161,25, 161,50, 162,00, 162,50, 163,00, 163,50, 164,00, 164,50 e 164,90-165,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 154,60, 154,50, 154,00, 153,50, 153,00, 152,50, 152,30, 152,00, 151,50, 151,00, 150,50 e 150,10-150,00 centavos por libra.