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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Grão cru de café atinge o melhor preço em 50 anos
Os diversos recordes registrados pelo café este ano estão colocando o Brasil em posição de destaque ainda maior no cenário internacional. Maior produtor mundial, o país contabilizou no ano passado 48,1 milhões de sacas de 60 quilos, das quais 33 milhões foram destinadas ao mercado externo.Em 2011, ano de ciclo de baixa para a safra, a redução dos estoques somou-se a fatores como o aumento do consumo e a queda da safra colombiana, que perdeu entre 2 milhões e 3 milhões de sacas em três anos, para fazer o preço do café em grão cru alcançar o melhor patamar dos últimos 50 anos e bater na casa dos R$ 520 a saca - o dobro do registrado pouco mais de 12 meses atrás."Esse conjunto de fatores, somados ao dólar valorizado, fez os preços subirem a níveis inimagináveis há um ano", diz Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e presidente executivo do Sindicato da Indústria do Café do Estado de São Paulo.No mercado externo, o preço do café arábica era de US$ 1,30 no ano passado. Em 2011, chegou a US$ 3 - e tende a continuar alto. O Brasil está ganhando produtividade e qualidade. Antes ausente, o café brasileiro hoje compõe 50% dos blends da rede mundial Starbucks. Agora vai ser servido na rede de Alain Ducasse, ícone da gastronomia mundial. O privilégio pertence ao café Jacu, da fazenda Camocim, na região de Pedra Azul (ES), e exemplifica a sofisticação alcançada pelo produto nacional. De alto valor agregado, com preço que supera R$ 5 mil a saca, resulta de grãos consumidos e defecados pelo jacu, pássaro típico da Mata Atlântica. "Queremos mostrar que o Brasil produz o melhor café do mundo", explicou Henrique Sloper, proprietário da Camocim e integrante da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês).O esforço se justifica. O segmento não chega a 3% do mercado mundial, mas cresce entre 7% e 10% ao ano. O subsegmento de cafés orgânicos tem expansão anual de 20% e plus de mais de 100 pontos na bolsa de Nova York, onde chega a 350 pontos. Segundo dados da certificadora UTZ, o Brasil hoje também é líder global em volume de cafés certificados, com 1 milhão de sacas em 2010, 38% do total mundial. "A certificação rende em média US$ 10 de prêmio", diz Vanduir Antonio Caixeta, gerente comercial do Alto Cafezal, grupo que congrega trade e 12 fazendas em Patrocínio (MG), das quais duas já são certificadas e mais duas estão em preparação.O comportamento do grupo reflete a profissionalização do produtor e o desempenho atual do café brasileiro, com mais foco em produtividade do que em expansão. Além de investimentos voltados ao aperfeiçoamento de tratos culturais, irrigação, campo experimental para identificar espécies mais resistentes, o Alto Cafezal gastou mais de R$ 5 milhões em um armazém com capacidade para 300 mil sacas e processamento diário de 3 mil."O pessoal tem se capacitado da porteira para dentro e para fora", diz Caixeta. Isso significa entender mais de mercado, comercialização, câmbio. O grupo, que embarca entre 100 mil e 120 mil sacas ao ano, faz hedge em café e em dólar para lidar com possíveis oscilações. A produção própria soma 2,2 mil hectares, com média de 80 mil sacas anuais e projeto de nos próximos quatro anos chegar a 3 mil hectares e 100 mil sacas por ano.Os planos levam em conta a manutenção dos preços mesmo com cenário financeiro incerto. "O otimismo vem do equilíbrio entre produção e demanda, com ganhos de produtividade, custos de produção mais competitivos e melhoria no perfil qualitativo", concorda Guilherme Braga, diretor executivo do Conselho de Exportadores do Café do Brasil (Cecafé). Mas ele lembra que os preços melhoraram também para os países concorrentes do Brasil - e, nos próximos anos, a expansão da produção pode ser um fator de pressão. "O desafio é continuar o processo de melhoria. O mundo está disposto a comprar café diferenciado e pagar por isso", afirma BragaSegundo ele, o cenário atual reflete a característica de altas e baixas do café, cujo pico de valorização no final dos anos 90 foi seguido de forte queda nos preços entre 2001 e 2002, quando a saca chegou a ficar abaixo de US$ 40. O resultado foi o ajuste na produção mundial, com os países reduzindo rapidamente sua oferta. "Os preços hoje são o dobro dos de 2007, mas sujeitos a grande volatilidade, mesmo sem alteração substancial nos fundamentos", alega.Braga observa que commodities, principalmente café, estão valorizadas, sobem e descem de acordo com a tendência de aplicação de fundos que buscam liquidez e são sujeitas a oscilações. Nos últimos três meses, com o vaivém da crise, os preços chegaram a US$ 2,95 e caíram a US$ 2,30, sem registro de aumento de produção ou de queda no consumo. Em meados de setembro, o movimento de alta e baixa se repetiu com novas notícias a respeito do mau desempenho econômico grego. "Não houve modificação nos fundamentos", aponta o diretor do Cecafé.

Café sobe na ICE e segue retomada de humor dos mercados externos - 27/09

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US tiveram um dia de ganhos, em continuidade com a recuperação iniciada na sessão passada, com compras de torrefadores, ainda que em menor grau, e de especuladores e de fundos. Ao longo da manhã, os preços chegaram a registrar fortes valorizações, seguindo o comportamento do mercado externo, que teve ganhos expressivos no segmento de bolsas e também para várias commodities.


Na segunda metade do dia, no entanto, algumas realizações e vendas especulativas fizeram com que as cotações tivessem uma desaceleração, mas a posição dezembro conseguiu se manter acima do intervalo de 240,00 centavos. Operadores avaliam que o mercado ainda tem um viés baixista, sendo que algumas resistências básicas ainda não estão conseguindo ser superadas.

Fundamentalmente, o mercado ainda está atento ao clima, com o Brasil não registrando uma normalização das chuvas no centro-sul, com poucas floradas tendo sido verificadas até o momento. Por outro lado, institutos meteorológicos do México divulgaram que as chuvas devem continuar a ser verificadas nas regiões cafeeiras do país. Na segunda-feira, a área de Tapachula teve mais de 5 mil desabrigados, sendo que Mérida, Veracruz, Chiapas também foram afetadas. Não há noticias sobre danos nas lavouras de café até o momento.

No encerramento do dia, o dezembro em Nova Iorque teve alta de 490 pontos com 240,85 centavos, sendo a máxima em 246,55 e a mínima em 237,35 centavos por libra, com o março tendo ganho de 485 pontos, com a libra a 243,95 centavos, sendo a máxima em 249,50 e a mínima em 240,55 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro registrou alta de 32 dólares, com 1.986 dólares por tonelada, com o janeiro tendo valorização de 32 dólares, com 2.020 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o bom comportamento do café no dia esteve intimamente ligado ao desempenho dos mercados globais, que aferiram fortes altas na parte da manhã e encerraram o dia com ganhos, ainda que não tão consideráveis quanto os da primeira metade da sessão. Esses analistas ressaltaram que muitos players trabalham com a perspectiva de alguma solução para o imbróglio econômico existente na Europa. Diante disso, alguns segmentos experimentaram fortes ganhos nesta terça, como o cobre, que subiu 4,8%, a prata, 5,2% e o petróleo que aferiu valorização de 5,3%.

Os ganhos mais incisivos da manhã refletiam uma notícia de que a Europa iria ampliar o fundo de resgate do bloco, buscando, desse modo, combater a crise da dívidas em nações com economias mais enfraquecidas. Na parte da tarde, o gabinete alemão, que tenta apoio parlamentar para implementar medidas acordadas junto à União Européia para ajuda financeiros a outros países membros, negou que o fundo estaria sendo ampliado. Tal negativa diminuiu o "ânimo" das bolsas internacionais que, mesmo assim, encerraram o dia com valorização. "Mesmo com a negativa, o mercado está acreditando que possa existir a elaboração de uma plataforma econômica de apoio na Europa para tentar conter o quadro ruim que vigora até o momento", sustentou Michael Gross, analista da OptionSellers.com.

"Acreditamos que as altas para as commodities vieram pela percepção de que os problemas na Europa podem ser contornados. E, caso a Europa não caia num buraco negro, a tendência é de os preços voltarem a se fortalecer. Também estamos verificando ganhos em commodities agrícolas, por conta da oferta apertada", sustentou Mark Waggoner, diretor da corretora Excel Futures.

As exportações de café do Brasil em setembro, até o dia 26, somaram 1.932.876 sacas, contra1.915.622 sacas registradas no mesmo período de agosto, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 2.422 sacas, indo para 1.428.377 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 19.789 lotes, com as opções tendo 3.955 calls e 5.533 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 246,55, 247,00, 247,50, 248,00, 248,50, 249,00, 249,50, 249,90-250,00, 250,50, 251,00 e 251,55 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 237,35, 237,00, 236,50, 236,00, 235,50, 235,10-235,00, 234,50, 234,00, 233,50 e 233,00 centavos por libra.