Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE
Futures US encerraram esta segunda-feira com ganhos. Após uma primeira parte do dia caracterizada por perdas consideráveis, a expectativa era de que o café seguisse a tendência dos mercados externos e acumulasse novas retrações. No entanto, com algumas resistências mais importantes sendo preservadas, o que se viu foi um movimento de recompras, o que permitiu que os ganhos voltassem a aparecer e o encerramento do dia se desse acima do intervalo psicológico de 260,00 centavos para o dezembro.
Operadores destacaram que o fato de não ter conseguido testar o nível de mínima da sessão passada — em 255,10 centavos por libra — abriu espaço para que alguns players invertessem a tendência inicial e passassem para o lado comprador. Esses operadores ainda destacaram que os bearishs (baixistas) já não demonstram um potencial de liquidação tão intenso quanto nos dias anteriores, sendo que próximos de alguns suportes básicos já são verificadas zonas de compra. Tecnicamente, contudo, o café ainda registra um viés baixista.
Fundamentalmente, o mercado continua com poucas novidades e ainda sente a pressão externa, principalmente com a instabilidade de economias da zona do euro e a preocupação dos Estados Unidos com um cenário recessivo.
No encerramento do dia, o dezembro em Nova Iorque teve alta de 165 pontos com 262,05 centavos, sendo a máxima em 264,35 e a mínima em 255,45 centavos por libra, com o março tendo ganho de 180 pontos, com a libra a 265,05 centavos, sendo a máxima em 266,85 e a mínima em 258,45 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro registrou alta de 22 dólares, com 2.131 dólares por tonelada, com o janeiro tendo valorização de 21 dólares, com 2.156 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por duas metades distintas. Na parte inicial do dia, os vendedores atuaram fortemente e rapidamente buscaram atingir a mínima da sexta-feira, nível que, no entanto, foi preservado. Na segunda metade do dia, os compradores ganharam corpo e o nível de 264,35 centavos chegou a ser batido. Nas máximas, contudo, algumas realizações foram detectadas, o que diminuiu o potencial das altas.
O mercado externo teve um dia negativo, com as bolsas de valores nos Estados Unidos, por exemplo, caindo cerca de 1% ao final do dia, depois de terem experimentado perdas de quase 3% no decorrer dos negócios. O índice CRB caiu fortemente, 1,64%, refletindo o comportamento ruim de mercados como de petróleo e ouro. O dólar se manteve estável em relação a uma cesta de moedas internacionais.
"Os altistas estão surpresos com o movimento que vimos do flat-price, e me parece que podem se decepcionar mais se estiverem olhando apenas para o que acontece no Brasil, pois continuo achando que os diferenciais é que ficarão firmes com os terminais se mantendo dentro de um intervalo de preço mais baixo – caso não haja seca, é claro. A recuperação rápida que vimos na sexta-feira da ICE dá a impressão que podemos ter uma correção positiva. Para tanto o contrato de dezembro tem de se manter acima de 255,00 centavos, caso contrário os fundos podem voltar a vender", indicou Rodrigo Corrêa da Costa, consultor da Archer Consulting.
As exportações de café da Nicarágua em agosto tiveram queda de 35%, indo a 65.826 sacas, indicou o Centro de Trâmites da Nicarágua. A receita com as remessas recuou 15% no mês, com 18,6 milhões de dólares, com a média de 2,17 dólares por libra. Até agora, na safra 2010/2011, o país remeteu 1,47 milhão de sacas ao exterior, 7,5% a mais que no mesmo período do ano anterior.
As exportações de café do Brasil em setembro, até o dia 16, somaram 1.059.486 sacas, contra1.130.103 sacas registradas no mesmo período de agosto, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 135 sacas, indo para 1.446.408 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 17.348 lotes, com as opções tendo 4.869 calls e 9.150 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 264,35, 264,50, 264,90-265,00, 265,50, 266,00, 266,50, 267,00, 267,50, 268,00 e 268,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 255,45, 255,10-255,00, 254,50, 254,00, 253,50, 253,00, 252,50, 252,00, 251,50, 251,00, 250,50, 250,10-250,00 e 249,50 centavos por libra
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
DESVALORIZAÇÃO DO REAL COMPENSANDO PARCIALMENTE -Rodrigo Corrêa da Costa
DESVALORIZAÇÃO DO REAL COMPENSANDO PARCIALMENTE
A semana começou tensa com os preços das ações desmoronando após agências de riscos terem diminuído a nota da dívida de vários bancos franceses, e o preço dos seguros de dívidas soberanas européias ter atingido altas históricas. As incertezas provocaram uma pane nos empréstimos interbancários na Europa com as entidades relutantes em negociar entre si.Os nervos então se acalmaram com notícias de que China e Itália estavam em conversa para que a primeira venha prover liquidez aos títulos da segunda, e tudo ficou “bem” novamente quando os bancos centrais da Inglaterra, Japão, Suíça, Estados Unidos e da zona do euro coordenaram empréstimos para irrigar o setor financeiro até o fim do ano. Ufa!Ao final do curto período de cinco dias as medidas acima ajudaram as bolsas a subir novamente com destaque para a alta do mercado americano (+5.35%) e alemão (+7.39%). O índice do dólar, que estava se fortalecendo como alternativa de proteção, parou de subir e fechou com leve queda de 0.74%. As commodities derreteram, com exceção de algumas ligadas a energia, talvez por não ter encontrado tempo para digerir o otimismo dos outros mercados.O café em Nova Iorque perdeu US$ 12.70 por saca, com queda de US$ 11.40 por saca na BM&F e US$ 3.72 por saca na LIFFE. Os fundos que tinham uma posição de 9 mil lotes comprados provavelmente venderam próximo da metade desta posição, ajudando algumas poucas compras de torradores que esperavam por uma oportunidade.A desvalorização do real brasileiro ajudou, inicialmente, os fazendeiros a não sentir uma retração tão forte do nível de compras no mercado interno local. Mas após a queda da bolsa o ajuste de preço dos exportadores se distanciou bastante das bases de interesse de venda dos produtores, que não cederam à fraqueza do terminal. Com isso mais uma vez os diferenciais de reposição negociaram em campo positivo e a arbitragem estreitou para pouco menos de US$ 2 centavos negativos – ou seja, nada de diferente do previsto e ocorrido nos últimos meses.Nas outras origens o movimento foi fraco, dado a falta de produto, com apenas alguns negócios de safra-nova reportados na Honduras e Costa Rica segundo um grande “dealer”.Enquanto isto os estoques mundiais que poderiam ter sofrido uma forte queda com os embarques menores de Brasil nos últimos meses têm se mantido estáveis. Na Europa ao final de julho aumentaram 138,797 sacas para um total de 13.6 milhões, e nos Estados Unidos em agosto caíram 74,476 sacas para 4,737,341 sacas, o último incluindo os certificados da ICE. Como o pico da entressafra dos suaves está encerrando as chances são pequenas de vermos uma utilização rápida destes cafés. Por sinal, é impressionante ver a aversão de torradores no hemisfério norte para algumas qualidades de lavado mesmo que sejam oferecidos a preços mais atrativos do que cafés naturais finíssimos.Números oficiais divulgados pela CONAB no dia 13 apontaram para uma produção do ano-safra 11/12 de 43.15 milhões de sacas, com uma produtividade média de 21.04 sacas por hectare (20.6 para o arábica e 22.39 para o conillon). Ao mesmo tempo do outro lado do mundo uma consultora famosa dava palestra dizendo que o número é de 49.2 milhões de sacas para o corrente ciclo, e já previu uma produção para 12/13 de 60 milhões de sacas – façam suas apostas!Os altistas estão surpresos com o movimento que vimos do flat-price, e me parece que podem se decepcionar mais se estiverem olhando apenas para o que acontece no Brasil, pois continuo achando que os diferenciais é que ficarão firmes com os terminais se mantendo dentro de um intervalo de preço mais baixo – caso não haja seca, é claro.A recuperação rápida que vimos na sexta-feira da ICE dá a impressão que podemos ter uma correção positiva. Para tanto o contrato de dezembro tem de se manter acima de US$ 255.00 centavos, caso contrário os fundos podem voltar a vender. Para os que têm pouca cobertura de compra aproveitem e coloquem alguma fixação no livro.Uma ótima semana e muito bons negócios para todos, Rodrigo Corrêa da Costa
A semana começou tensa com os preços das ações desmoronando após agências de riscos terem diminuído a nota da dívida de vários bancos franceses, e o preço dos seguros de dívidas soberanas européias ter atingido altas históricas. As incertezas provocaram uma pane nos empréstimos interbancários na Europa com as entidades relutantes em negociar entre si.Os nervos então se acalmaram com notícias de que China e Itália estavam em conversa para que a primeira venha prover liquidez aos títulos da segunda, e tudo ficou “bem” novamente quando os bancos centrais da Inglaterra, Japão, Suíça, Estados Unidos e da zona do euro coordenaram empréstimos para irrigar o setor financeiro até o fim do ano. Ufa!Ao final do curto período de cinco dias as medidas acima ajudaram as bolsas a subir novamente com destaque para a alta do mercado americano (+5.35%) e alemão (+7.39%). O índice do dólar, que estava se fortalecendo como alternativa de proteção, parou de subir e fechou com leve queda de 0.74%. As commodities derreteram, com exceção de algumas ligadas a energia, talvez por não ter encontrado tempo para digerir o otimismo dos outros mercados.O café em Nova Iorque perdeu US$ 12.70 por saca, com queda de US$ 11.40 por saca na BM&F e US$ 3.72 por saca na LIFFE. Os fundos que tinham uma posição de 9 mil lotes comprados provavelmente venderam próximo da metade desta posição, ajudando algumas poucas compras de torradores que esperavam por uma oportunidade.A desvalorização do real brasileiro ajudou, inicialmente, os fazendeiros a não sentir uma retração tão forte do nível de compras no mercado interno local. Mas após a queda da bolsa o ajuste de preço dos exportadores se distanciou bastante das bases de interesse de venda dos produtores, que não cederam à fraqueza do terminal. Com isso mais uma vez os diferenciais de reposição negociaram em campo positivo e a arbitragem estreitou para pouco menos de US$ 2 centavos negativos – ou seja, nada de diferente do previsto e ocorrido nos últimos meses.Nas outras origens o movimento foi fraco, dado a falta de produto, com apenas alguns negócios de safra-nova reportados na Honduras e Costa Rica segundo um grande “dealer”.Enquanto isto os estoques mundiais que poderiam ter sofrido uma forte queda com os embarques menores de Brasil nos últimos meses têm se mantido estáveis. Na Europa ao final de julho aumentaram 138,797 sacas para um total de 13.6 milhões, e nos Estados Unidos em agosto caíram 74,476 sacas para 4,737,341 sacas, o último incluindo os certificados da ICE. Como o pico da entressafra dos suaves está encerrando as chances são pequenas de vermos uma utilização rápida destes cafés. Por sinal, é impressionante ver a aversão de torradores no hemisfério norte para algumas qualidades de lavado mesmo que sejam oferecidos a preços mais atrativos do que cafés naturais finíssimos.Números oficiais divulgados pela CONAB no dia 13 apontaram para uma produção do ano-safra 11/12 de 43.15 milhões de sacas, com uma produtividade média de 21.04 sacas por hectare (20.6 para o arábica e 22.39 para o conillon). Ao mesmo tempo do outro lado do mundo uma consultora famosa dava palestra dizendo que o número é de 49.2 milhões de sacas para o corrente ciclo, e já previu uma produção para 12/13 de 60 milhões de sacas – façam suas apostas!Os altistas estão surpresos com o movimento que vimos do flat-price, e me parece que podem se decepcionar mais se estiverem olhando apenas para o que acontece no Brasil, pois continuo achando que os diferenciais é que ficarão firmes com os terminais se mantendo dentro de um intervalo de preço mais baixo – caso não haja seca, é claro.A recuperação rápida que vimos na sexta-feira da ICE dá a impressão que podemos ter uma correção positiva. Para tanto o contrato de dezembro tem de se manter acima de US$ 255.00 centavos, caso contrário os fundos podem voltar a vender. Para os que têm pouca cobertura de compra aproveitem e coloquem alguma fixação no livro.Uma ótima semana e muito bons negócios para todos, Rodrigo Corrêa da Costa
Indústria citrícola acende sinal vermelho no País
Indústria citrícola acende sinal vermelho no País
19/09/11 - 05:42
São Paulo - A industria citrícola brasileira, que está em um período de estagnação, precisa se reestruturar para não encolher, afirmou ao DCI Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR). A causa para o alarme é a queda no consumo mundial de suco de laranja, a falta de investimentos no campo e os altos custos de produção.
"A conclusão é que a industria citrícola do Brasil precisa se reinventar, e se reestruturar para não perder aos poucos o seu tamanho e importância", disse ele.
Já o setor produtivo, que historicamente ocupava as regiões norte e central do Estado de São Paulo, está migrando para a região sul, conhecida por "Castelo", em busca de terras mais baratas, e menor incidência de pragas.
Com um volume de vendas externas estagnado na casa de 1,3 milhão de toneladas de suco de laranja por ano, um consumo em queda e os custos de produção em alta, Lohbauer garante que a industria precisa de uma transformação obrigatória para não agravar ainda mais a situação. "Não acredito que o setor está fadado a desaparecer, mas ele entrou em um período de estagnação que pode ser crônico".
Há dez anos o volume de exportação do setor era de 1,34 milhão de toneladas, neste ano a previsão é atingir a mesma marca. Para o executivo, a melhor saída para o setor é ampliar o consumo do produto, com ações efetivas nos países compradores, melhorando o marketing e os preços. "Precisamos de ajuda, pois fazer o americano e o europeu voltarem a tomar suco é algo complicado. Para essa redução de preços precisamos melhorar os custos e reestruturar a cadeia produtiva. Precisamos reduzir os custos de produção da laranja, do suco e de exportação, e isso é um trabalho que temos que fazer aqui", disse.
Apesar da crescente produção de laranjas no País, que segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve atingir na safra 2011/2012, 377 milhões de caixas de 40 quilos, 18% superior a colheita anterior que foi de 322 milhões de caixas, a área plantada no maior estado produtor da fruta, São Paulo, segue em queda.
Neste segundo levantamento, á área ocupada com laranja no Estado de São Paulo é de 580 mil hectares, queda de 6,38% se comparado aos 620 mil hectares da safra anterior. Segundo Christian Lohbauer, as principais razões para essa redução é a erradicação de pomares improdutivos, a falta de competitividade da laranja frente a outras culturas, e o baixo rendimento do negócio.
Para ele, a cana-de-açúcar, que no ano passado tomou 25 mil hectares da laranja, não é a razão principal para essa perda, e sim a falta de viabilidade da cultura. "Hoje o produtor está repensando a viabilidade de se plantar laranja. Principalmente aqueles pomares mais antigos, que possuíam árvores mais espaçadas, mais velhas e a produtividade mais baixa. Esses pomares não são rentáveis, e isso é uma realidade", garantiu Lohbauer.
Entretanto, o setor produtivo já encontrou uma saída para minimizar essa perda de competitividade da cultura, que sofre também com a alta incidência de pragas e problemas climáticos. Trata-se de uma migração para a região sul do estado.
A região central do estado que detém a maior parte da produção paulista com 134 milhões de caixas, registrou uma queda de 0,4% no número de árvores produtivas desde 2005 até o ano passado. Na região noroeste a queda foi de 8% e a Norte 16%. Já a região de "Castelo", o incremento nesses cinco anos no número de árvores foi de 89%, passando de 21 milhões em 2005 para pouco mais de 40 milhões no ano passado. "Nessas regiões os preços das terras eram mais baratas, e a incidência de pragas é muito menor, principalmente o greening, que ataca com maior eficácia em regiões menos úmidas", descreveu o diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gastão Crocco.
Apesar dos benefícios, Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), destacou que o alto índice de umidade também atraí outras doenças, como o cancro cítrico. "Existe realmente esse movimento em busca de novas áreas, terras mais baratas, clima um pouco mais favorável, e a fuga de algumas doenças que existem no norte. Entretanto, o sul possui suas próprias pragas", ressaltou.
Outro problema que essa migração pode gerar é o custo da logística, já que a nova região não possui nenhuma industria para o processamento de laranja. Segundo o presidente da CitrusBR, se a produção está se deslocando, as indústrias também precisam seguir esse trajeto. "Essa mudança é necessária para as fabricas, pois senão os custos que ficariam mais baratos na produção, encarecem no transporte. Entretanto, não existe nenhum plano para a criação de fábricas novas, pelo contrário temos plantas fechando como a Citrosuco que fechou uma unidade em 2009", disse.
Crocco, que também possuí uma fazenda de laranja na região central do estado, atestou: "Minha produtividade na unidade da região sul é muito maior que esta".
DCI - Diário do Comércio & Indústria
19/09/11 - 05:42
São Paulo - A industria citrícola brasileira, que está em um período de estagnação, precisa se reestruturar para não encolher, afirmou ao DCI Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR). A causa para o alarme é a queda no consumo mundial de suco de laranja, a falta de investimentos no campo e os altos custos de produção.
"A conclusão é que a industria citrícola do Brasil precisa se reinventar, e se reestruturar para não perder aos poucos o seu tamanho e importância", disse ele.
Já o setor produtivo, que historicamente ocupava as regiões norte e central do Estado de São Paulo, está migrando para a região sul, conhecida por "Castelo", em busca de terras mais baratas, e menor incidência de pragas.
Com um volume de vendas externas estagnado na casa de 1,3 milhão de toneladas de suco de laranja por ano, um consumo em queda e os custos de produção em alta, Lohbauer garante que a industria precisa de uma transformação obrigatória para não agravar ainda mais a situação. "Não acredito que o setor está fadado a desaparecer, mas ele entrou em um período de estagnação que pode ser crônico".
Há dez anos o volume de exportação do setor era de 1,34 milhão de toneladas, neste ano a previsão é atingir a mesma marca. Para o executivo, a melhor saída para o setor é ampliar o consumo do produto, com ações efetivas nos países compradores, melhorando o marketing e os preços. "Precisamos de ajuda, pois fazer o americano e o europeu voltarem a tomar suco é algo complicado. Para essa redução de preços precisamos melhorar os custos e reestruturar a cadeia produtiva. Precisamos reduzir os custos de produção da laranja, do suco e de exportação, e isso é um trabalho que temos que fazer aqui", disse.
Apesar da crescente produção de laranjas no País, que segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve atingir na safra 2011/2012, 377 milhões de caixas de 40 quilos, 18% superior a colheita anterior que foi de 322 milhões de caixas, a área plantada no maior estado produtor da fruta, São Paulo, segue em queda.
Neste segundo levantamento, á área ocupada com laranja no Estado de São Paulo é de 580 mil hectares, queda de 6,38% se comparado aos 620 mil hectares da safra anterior. Segundo Christian Lohbauer, as principais razões para essa redução é a erradicação de pomares improdutivos, a falta de competitividade da laranja frente a outras culturas, e o baixo rendimento do negócio.
Para ele, a cana-de-açúcar, que no ano passado tomou 25 mil hectares da laranja, não é a razão principal para essa perda, e sim a falta de viabilidade da cultura. "Hoje o produtor está repensando a viabilidade de se plantar laranja. Principalmente aqueles pomares mais antigos, que possuíam árvores mais espaçadas, mais velhas e a produtividade mais baixa. Esses pomares não são rentáveis, e isso é uma realidade", garantiu Lohbauer.
Entretanto, o setor produtivo já encontrou uma saída para minimizar essa perda de competitividade da cultura, que sofre também com a alta incidência de pragas e problemas climáticos. Trata-se de uma migração para a região sul do estado.
A região central do estado que detém a maior parte da produção paulista com 134 milhões de caixas, registrou uma queda de 0,4% no número de árvores produtivas desde 2005 até o ano passado. Na região noroeste a queda foi de 8% e a Norte 16%. Já a região de "Castelo", o incremento nesses cinco anos no número de árvores foi de 89%, passando de 21 milhões em 2005 para pouco mais de 40 milhões no ano passado. "Nessas regiões os preços das terras eram mais baratas, e a incidência de pragas é muito menor, principalmente o greening, que ataca com maior eficácia em regiões menos úmidas", descreveu o diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gastão Crocco.
Apesar dos benefícios, Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), destacou que o alto índice de umidade também atraí outras doenças, como o cancro cítrico. "Existe realmente esse movimento em busca de novas áreas, terras mais baratas, clima um pouco mais favorável, e a fuga de algumas doenças que existem no norte. Entretanto, o sul possui suas próprias pragas", ressaltou.
Outro problema que essa migração pode gerar é o custo da logística, já que a nova região não possui nenhuma industria para o processamento de laranja. Segundo o presidente da CitrusBR, se a produção está se deslocando, as indústrias também precisam seguir esse trajeto. "Essa mudança é necessária para as fabricas, pois senão os custos que ficariam mais baratos na produção, encarecem no transporte. Entretanto, não existe nenhum plano para a criação de fábricas novas, pelo contrário temos plantas fechando como a Citrosuco que fechou uma unidade em 2009", disse.
Crocco, que também possuí uma fazenda de laranja na região central do estado, atestou: "Minha produtividade na unidade da região sul é muito maior que esta".
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