Café tem quedas intensas na ICE e fica abaixo dos 120 cents
Um dia para esquecer. Os contratos futuros de café despencaram nesta
quinta-feira, seguindo o mau humor dos mercados externos. Com isso, a
posição setembro rompeu com facilidade o nível de 120,00 centavos de
dólar por libra peso e atingiu os menores patamares desde julho de 2009.
O dia foi basicamente caracterizado pelas liquidações de especuladores e
de fundos. Depois de uma abertura estável, as ordens de venda passaram a
ser emitidas com rapidez e logo stops de venda foram acionados,
pressionando os preços, sem uma contrapartida por parte dos compradores.
Eles se mostraram apenas modestamente ativos nas mínimas, o que
permitiu apenas uma ligeira desaceleração das perdas.
O
café não esteve sozinho nesse quadro negro das cotações. O dia foi de
perdas intensas para várias commodities, como o ouro, que teve retração
de mais de 4,6%, com o petróleo caindo 3,63% e o açúcar caindo 3,71%.
Todo o complexo de grãos registrou perdas no dia. O dólar, por sua vez,
subiu em relação a uma cesta de moedas internacionais e teve uma forte
alta sobre o real brasileira. As bolsas de valores nos Estados Unidos e
em várias partes do mundo tiveram desvalorização. As perdas foram
impulsionadas por notícias menos positivas da economia da China e,
principalmente, devido ao "otimismo" do Federal Reserve quanto à
economia. O diretor desse banco central norte-americano indicou que o
governo do país pode reduzir gradualmente seu programa de estímulos à
economia, o que prejudica as perspectivas para o crescimento global.
Segundo o Fed, o programa de estímulos poderia ser encerrado até meados
de 2014 caso a economia dos Estados Unidos esteja forte o suficiente.
Segundo o Banco Central, ele continuará a realizar comprar de títulos no
momento e acompanhará de perto as informações recebidas sobre a
evolução econômica e financeira nos próximos meses. Assim que o Fed
começar a diminuir suas compras de títulos deverá ser observado um dólar
mais forte. Desse modo, as commodities, que são precificadas em dólar,
tendem a enfraquecer nesse tipo de ambiente.
No
encerramento do dia em Nova Iorque, a posição setembro teve queda de
600 pontos, com 118,35 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em
123,75 centavos e a mínima de 117,10 centavos, com o dezembro tendo
desvalorização de 610 pontos, com 121,50 centavos por libra, com a
máxima em 127,25 centavos e a mínima em 120,50 centavos. Na
Euronext/Liffe, em Londres, a posição julho teve queda de 58 dólares,
com 1.721 dólares por tonelada, com o setembro tendo retração de 59
dólares, no nível de 1.736 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado pelas intensas liquidações, com os preços não se sustentando.
"Tivemos
uma forte atividade dos especuladores e fundos, que atuam no lado
vendedor, simplesmente ignorando o quadro predominantemente sobrevendido
verificado no café já há algumas semanas. O café seguiu o quadro
negativo observado nos mercados externos", disse um trader.
A
BM&F indicou que pode efetuar uma ação de inter relação de
contratos de café com o CME Group, principal concorrente da ICE Futures
US. Segundo Fabiana Perobelli, diretora de agronegócios da bolsa
paulista, o trabalho está em fase de estudos. As chuvas constantes que
atingem, desde a segunda quinzena de maio, o centro-sul do Brasil
poderão afetar a produção de cafés de qualidade em todas as principais
regiões produtoras de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
A
avaliação é da empresa Somar Meteorologia. O excesso de dias chuvosos
e, conseqüentemente, o excesso de umidade sobre os grãos provoca a
aceleração no processo de maturação dos grãos e, por isso, a produção de
cafés cereja descascado diminuiu drasticamente nesta safra.
As
exportações brasileiras no mês de junho, até o dia 18, totalizaram
765.462 sacas de café, queda de 0,40% em relação às 768.544 sacas
embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações
do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os
estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de
158 sacas, indo para 2.748.157 sacas. O volume negociado no dia na ICE
Futures US foi estimado em 35.105 lotes, com as opções tendo 13.731
calls e 7.186 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o setembro na
ICE Futures US tem resistência em 123,75, 124,00, 124,50, 125,00,
125,20, 125,50, 126,00, 126,50, 127,00, 127,50, 128,00, 128,40-128,50,
129,00, 129,50, 129,75 e 129,90-130,00 com o suporte em 117,10-117,00,
116,50, 116,00, 115,50, 115,10-115,00, 114,50, 114,00, 113,50, 113,00,
112,50, 112,00, 111,50 e 111,00 centavos.
Londres segue outros mercados e tem dia de forte retração
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe
encerraram esta quinta-feira com quedas severas, com a posição setembro
se consolidando abaixo dos 1.750 dólares. O comportamento dos robustas
seguiu o dos arábicas em Nova Iorque e diversas outras commodities, que
despencaram ao refletir informações econômicas negativas sobre a China
e, principalmente, dados do Federal Reserve sobre o apoio ao setor
econômico dos Estados Unidos.
De
acordo com analistas internacionais, a sessão foi caracterizada pela
liquidação efetiva por parte de especuladores e fundos, o que abriu
espaço para quedas mais proeminentes, ainda que a posição setembro tenha
preservado o nível psicológico de 1.700 dólares. Para esses analistas, o
café apenas "seguiu a turba", uma vez que os mercados em geral tiveram
um dia negro.
"As
perdas, efetivamente, não estiveram relacionadas diretamente ao café.
No entanto, a commodity enfrenta um momento baixista e, assim, a pressão
externa apenas contribui para ampliar esse cenário. O plano
norte-americano de estímulo deu suporte a várias matérias-primas e o
temor sobre seu fim levou muitos players a liquidar de forma quase
insana", disse um trader.
O
julho teve uma movimentação ao longo do dia de 10,4 mil contratos,
contra 16,7 mil do setembro. O spread entre as posições julho e setembro
ficou em 15 dólares. No encerramento do dia, o julho teve queda de 58
dólares, com 1.721 dólares por tonelada, com o setembro tendo retração
de 59 dólares, no nível de 1.736 dólares por tonelada.
Cooxupé pode reavaliar safra de café; chuva preocupa produtor
SÃO
PAULO, 19 Jun (Reuters) - A colheita de café na área de atuação da
Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do mundo, no sul de Minas
Gerais, atingiu até o momento cerca de 10 por cento do total projetado e
indica volumes menores do que os previstos, o que pode levar uma
redução nas estimativas de produção na atual safra 2013/14.
A
afirmação é do presidente da Cooxupé, Carlos Paulino da Costa, que
avalia que a produtividade tem sido menor que a esperada por conta de um
tempo excessivamente quente em dezembro e janeiro. Ele também disse
estar preocupado com o efeito das recentes chuvas para a qualidade do
café.
A
área de atuação da Cooxupé, no Sul de Minas e Cerrado Mineiro, tem
expectativa inicial de colheita de 8,5 milhões de sacas de 60 kg, o que
já seria uma queda de 15 por cento na comparação com a temporada
passada, em função de o ciclo atual ser o ano de baixa produtividade na
bianualidade do café arábica. Mas as colheitas iniciais, de grãos "muito
miúdos", indicam a possibilidade de uma produção ainda menor.
"Vai
dar menos, tem um ponto de interrogação. Precisamos de uma avaliação
melhor. Iria haver uma quebra de 15 por cento em relação ao ano passado,
pode ser pior do que isso", afirmou ele à Reuters nesta quarta-feira,
acrescentando que, conforme a colheita avança, será possível uma
projeção mais detalhada.
O
volume de café estimado para as regiões da Cooxupé representa 17,5 por
cento da produção prevista para o país pelo Ministério da Agricultura,
de 48,6 milhões de sacas de 60 kg, a maior safra para um ano de baixa do
arábica.
Carlos
Paulino citou um teste feito esta semana na cooperativa para
exemplificar a menor produtividade. No ano passado, disse ele, para se
obter 100 gramas de café eram necessários 740 grãos. Neste ano, para o
mesmo volume foram necessários 900 grãos do produto que já entrou na
cooperativa. "Pelo tamanho dos grãos, precisaremos de mais grãos para
encher uma saca", explicou.
Até
o momento, a cooperativa recebeu aproximadamente 100 mil sacas de café
da safra nova, um volume ainda pequeno ante as mais de 4 milhões de
sacas com potencial de receber este ano. Os recebimentos se intensificam
a partir do agosto e setembro, quando os produtores já conseguiram
formar maiores volumes para entregar nos armazéns.
CHUVAS AFETAM QUALIDADE
Chuvas
acima da média para o mês de junho em algumas áreas produtoras do
Brasil, incluindo o sul de Minas Gerais, estão preocupando os
cafeicultores, uma vez que já afetam a qualidade do produto. E previsões
de mais precipitações aumentam o alerta do setor produtivo, que teme a
repetição de uma situação vista no ano passado.
"Parece
que está repetindo o que aconteceu no ano passado, começou a chover e
vai piorar a qualidade. Prejudica um pouco a qualidade, derruba o
café...", comentou Carlos Paulino.
No entanto, ele lembrou que as chuvas foram mais intensas, no ano passado, ao final de junho.
"Está
menos mau do que o ano passado, não está normal... A nível de Brasil,
ela (a chuva) é preocupante, mas não representa perigo de atrapalhar.
Ano passado ela (a safra) ficou prejudicada por conta da chuva", disse.
As
recorrentes chuvas desde a segunda quinzena de maio estão afetando a
qualidade do café da safra 2013/14, alertou a Somar Meteorologia na
terça-feira, destacando problemas para a produção do café "cereja", de
alta qualidade.
"Sobre
o cereja, ela (Somar) tem razão, com a chuva adianta a maturação.
Prejudicou o tipo de café... Cada chuva, o que poderia ser um futuro
cereja descascado, passa a ser café boia."
Os
produtores conseguem preços mais altos para os cafés de melhor
qualidade, mas o presidente da Cooxupé observou que o mercado atual não
estimula muito essa produção, uma vez que é pequena a diferença entre os
melhores produtos e aqueles não tão bons.
Segundo
ele, o café de boa qualidade está cotado a 285 reais por saca, enquanto
o de baixa vale 245 reais por saca. O produtor lembrou que a commodity,
que está oscilando perto do menor nível em quase quatro anos na bolsa
de Nova York, é cotada no Brasil abaixo do preço mínimo de garantia do
governo, de 307 reais por saca.
O
indicador diário Cepea/Esalq, que mede os preços do arábica no mercado
interno à vista, fechou a 283,12 reais por saca na terça-feira.
Carlos
Paulino disse que mercado está "muito parado e produtor não está
vendendo", enquanto aguarda programas do governo de apoio ao preço.
Commodities têm maior queda em 18 meses; China e Bernanke pressionam
Barani Krishnan
NOVA
YORK, 20 Jun (Reuters) - As commodities sofreram sua maior liquidação
em um ano e meio nesta quinta-feira, com dados chineses sombrios e
devido ao plano do Banco Central dos EUA de reduzir gradualmente seu
programa de estímulos à economia, o que prejudica as perspectivas para o
crescimento global.
O
ouro atingiu uma mínima de dois anos e meio e o petróleo despencou 3
por cento. Os preços do cobre recuaram para os menores níveis em 20
meses, enquanto o alumínio e o níquel caíram para mínimas de vários
anos, por temores sobre uma desaceleração da atividade industrial na
China, maior comprador mundial de metais.
Os
mercados agrícolas tampouco foram poupados, com o milho, o trigo e a
soja recuando, e o açúcar e o café renovando mínimas de vários anos.
Uma
alta generalizada do dólar, impulsionado por um plano do chairman do
Fed, Ben Bernanke, de possivelmente encerrar seu programa de estímulo,
gerou fortes quedas nas commodities negociadas na moeda norte-americana.
"A queda de hoje é uma para os livros de história, pelo menos para o ouro", disse o analista da INTL FC Stone, Edward Meir.
O
índice de 19 commodities da Thomson Reuters-Jefferies CRB recuou mais
de 2,5 por cento, queda mais acentuada desde dezembro de 2011.
O
ouro e a prata recuaram para uma mínima de setembro de 2010 após
Bernanke afirmar que o Fed começaria a reduzir os 85 bilhões de dólares
em compras mensais de títulos ainda neste ano.
A
inundação de dinheiro que o Fed criou desde a crise financeira de
2008/2009 contribuiu fortemente com as altas no ouro e nas outras
commodities. Bernanke indicou que o programa de estímulos poderia ser
encerrado até meados de 2014 caso a economia dos EUA esteja forte o
suficiente.
As
observações do chairman foram muito além de um comunicado dos
formuladores de políticas no início da quarta-feira após uma reunião que
durou dois dias, e que dizia que o Banco Central continuará a realizar
comprar de títulos no momento e "acompanhará de perto as informações
recebidas sobre a evolução econômica e financeira nos próximos meses."
"Assim
que o Banco Central dos EUA começar a diminuir suas compras de títulos,
devemos a ver um dólar mais forte. As commodities que são precificadas
em dólar tendem a enfraquecer neste tipo de ambiente", disse Lee Chen
Hoay, analista de investimentos na Phillip Futures em Cingapura.
As
fortes vendas do ouro aceleraram após a commodity recuar abaixo de sua
mínima de abril de 1.321 dólares por onça, um nível de apoio, e atingir
1.285 dólares.
Às 14h (horário de Brasília), o spot recuava para 1.291 dólares por onça.
Os
futuros do petróleo Brent recuavam mais de 3 dólares por barril, para a
mínima de uma semana, perto de 103 dólares por barril, pressionados por
uma pesquisa apontando uma desaceleração da economia chinesa.
Em
Nova York, o primeiro contrato do petróleo perdia 2,7 por cento e era
negociado a 95,52 dólares por barril, após fechar a sessão anterior a
98,24 dólares.
A
queda do cobre foi parcialmente causada por uma alta dos estoques do
metal nos armazéns monitorados pela Bolsa de Metais de Londres. Os
estoques estão em seu maiores níveis de cerca de 10 anos, contribuindo
para a queda de 14 por cento nos preços neste ano.
O contrato referência de três meses do cobre na LME recuou para 6.750 por tonelada, menor nível desde 20 de outubro de 2011.
Exportadores da Indonésia cancelaram contratros devido ao aumento dos prêmios