Café tem queda na ICE e mercado especula com safra do Brasil
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US bateram nos menores níveis em dois anos, em um dia em que o mercado continuou sua linha de retração, refletindo, entre outros temos, a possível produção recorde do Brasil na atual temporada. Em apenas um mês, o grão já acumula retração de mais de 15% na bolsa nova-iorquina, sendo que nesta segunda as cotações atingiram o menor patamar desde 15 de junho de 2010. No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve queda de 50 pontos, com 149,55 centavos, sendo a máxima em 150,90 e a mínima em 148,20 centavos por libra, com o setembro tendo desvalorização de 50 pontos, com a libra a 151,50 centavos, sendo a máxima em 152,75 e a mínima em 150,10 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, julho teve queda de 29 dólares, com 2.066 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 27 dólares, com 2.079 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, os preços estão em queda devido a vários fatores, sendo um dos mais efetivos a percepção de que o Brasil terá uma colheita consideravelmente alta, de cerca de 60 milhões de sacas, segundo cálculos de operadores privados. As chuvas recentes que se abateram sobre as zonas cafeeiras brasileiras tornaram a colheita mais lenta e ainda há um atraso em se confirmar o volume efetivo da safra. Entretanto, muitos especuladores continuam a avaliar que a safra do país vai dar um suporte importante para a disponibilidade do grão. "Todo mundo parece que está muito envolvido com a safra de café do Brasil. Eles continuam vendendo, pois há essa sensação de um volume alto", indicou Jack Scoville, vice-presidente do Price Futures Group. Adicionalmente, fundos e outros especuladores continuam a apostar que a tendência é de que os preços possam continuam em queda. Na semana encerrada no dia 12 de junho, os especuladores de arábica adicionaram 770 posições short, numa aposta de queda nos preços, fazendo com que os especuladores tivessem 14.601 lotes líquidos vendidos, de acordo com ao Commodity Futures Trading Comission. "Certamente, não podemos ter uma idéia clara de qual será o tamanho da safra brasileira até cerca de metade de julho, quando nos teremos a maior parte dos grãos já fora das árvores", sustentou Hector Galvan, analista sênior da R. J. O'Brien Futures. "Se lá em julho nós observarmos que o colhido não bate com o que foi projetado, nós poderíamos ver facilmente o mercado retornar para um patamar de 180,00 centavos ou além disso", indicou. A demanda também será um fator potencial para abalizar os preços futuros. Após os preços dos arábicas terem batido nas máximas de 14 anos, em 308,90 centavos, em maio do ano passado, a maior parte dos torrefadores começou a diminuir o volume de arábica em seus blends, ao passo que houve um aumento no uso dos robustas. "Vários fizeram essa mudança para o robusta. A questão agora é que eles irão voltar para o arábica", indicou um trader. Somente neste ano, os futuros de café tiveram queda de 34%, o que seria um atrativo básico para os torrefadores voltarem a utilizar o arábica. No entanto, alguns operadores avaliam que, caso o consumidor esteja satisfeito com os atuais blends, com volume maior de robusta é possível que as indústrias busquem privilegiar o café de valor mais barato. Adicionalmente, a situação macroeconômica na Europa poderia continuar afetando a demanda de café e também pesa nas quedas atuais da commodity. A notícia de que um partido pró-euro venceu as eleições na Grécia teve uma leitura positiva pelos mercados internacionais nesta segunda-feira. "Os participantes do mercado sabem que a maior parte dos problemas ainda não foi resolvida. A crise das dívidas soberanas deverá continuar assustando os mercados por um longo tempo e isso poderia impedir aumentos significativos dos preços das commodities", sustentou o Commerzbank, em nota sobre o atual mercado. "Os preços do arábica na ICE adicionando os prêmios de acordo com a qualidade e origem já estão abaixo do custo de produção para grande parte dos países produtores – o que não necessariamente significa que o terminal vai parar de cair. Por outro lado, o aumento de produção por maior uso de fertilizantes e melhor cultivo parece que perde força a partir de agora. O verão no hemisfério norte e incertezas sobre novas recessões em nada ajudam nosso mercado de café, que ainda precisa negociar boa parte da safra brasileira", indicou Rodrigo Corrêa da Costa da Archer Consulting. As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 18, somaram 541.287 sacas de café, queda de 34,26%, em relação às 823.385 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 5.990 sacas, indo para 1.579.138 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 28.732 lotes, com as opções tendo 75 calls e 445 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 150,90-151,00, 151,20, 151,50, 152,00, 152,30, 152,50, 153,00, 153,50, 154,00, 154,15, 155,45-155,50, 156,00, 156,50, 157,00, 157,50, 157,90-158,00, 158,50, 158,90-159,00, 159,35, 159,50, 159,90-160,00, 160,50, 161,00 e 161,25 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 148,20, 148,00, 147,50, 147,00, 146,50, 146,00, 145,50, 145,10-145,00, 144,50, 144,00 e 143,50 centavos por libra.
Londres não sustenta força inicial e fecha dia com retração
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta segunda-feira com quedas, em uma sessão com movimentação relativamente fraca e com ações de rolagens, principalmente entre julho e setembro, tendo sido reportadas. O setembro voltou a se posicionar abaixo do nível psicológico de 2.100 dólares. De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por altas e baixas, com o setembro chegando, ao longo da primeira metade do dia, a tocar na máxima de 2.114 dólares. No entanto, com a abertura de outros mercados, algumas novas vendas começaram a ser estimuladas, com a tendência se invertendo, até a mínima de 2.067 dólares ter sido atingida. Nas mínimas, contudo, algumas compras de comerciais foram notadas, o que permitiu uma ligeira recuperação. "Foi uma sessão efetivamente técnica e sem maiores novidades. O setembro continua a flutuar próximo de 2.100 dólares e, mesmo com as perdas do dia, alguns parâmetros ainda são mantidos. Não temos a força das semanas anteriores, mas conseguimos manter alguma consistência", disse um trader. O julho na bolsa londrina tem 17,7 mil contratos em aberto, contra 51,9 mil do setembro. O dia na bolsa de Londres teve o contrato de café de julho com uma movimentação de 2,94 mil lotes, com o setembro tendo 4,91 mil lotes negociados. O spread entre as posições julho e setembro ficou em 13 dólares. No encerramento da sessão na Euronext/Liffe, a posição julho teve queda de 29 dólares, com 2.066 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 27 dólares, com 2.079 dólares por tonelada.