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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Boletim mercado CAfe Hencorp

Boletim mercado CAfe Hencorp

O mercado de café para o vencimento Julho/11 encerrou cotado a 270,95, com 970 pontos de alta, e range entre 256,85 e 273,80.Dando continuidade ao movimento assistido na sessão de ontem, a cotação do café nesta sexta-feira trabalhou em franco movimento de alta, registrando pouco mais de 1.200 pontos de ganho. Marcado a máxima da semana a 265,70, leve volume de vendas pressionou o café até marcar um fundo duplo, ainda pela parte da manhã a 256,85, quando então, repentinamente, forte defesa de compras, deram fôlego para o grão atuar em acentuado movimento vazio, motivados por compras de fundos, de especuladores e ativações de stops, levando o café quebrar suas principais resistências de 268,90 até a máxima de 11 dias a 273,80. Sem dar continuidade a tal movimento, moderada depreciação foi sentida até seu fechamento do dia a 270,95. As médias móveis de 40, 100 e 200 dias estão compreendidas em 279,77 / 268,04 e 234,48 respectivamente. De acordo com a Cecafé, os embarques de junho (entre os dias 01 e 02) somam 10.720 sacas, uma variação positiva de 20,0% em relação ao mesmo período do mês anterior. O café Londres Julho/11encerrou cotado a 2489, com 14 pontos de alta, num range de 2450 e 2531.
O fechamento do café arábica BMF para o vencimento Set/11 foi a US$ 349,95 com 15,15de alta, totalizando um volume de 4.119 contratos. Saiu spread Set/Dez de -1,00 a 0,00; Set/Set de -18,00 a -16,00. Observamos arbitragem de Set/Set de -12,00 a –9,00; Set/Dez -14,50 a-13,00; Set12/Set12 de -27,00 a -26,00. O mercado de Café na BMF na parte da manha chegou a fazer uma mínima a 332,50, influenciada pela queda do mercado de NY, onde deixou o mercado sobre-vendido. Encontrando suporte nestes níveis, recompra de vendidos trouxe o mercado a trabalhar nos níveis do fechamento anterior, e após noticias especulativas sobre frio nas zonas cafeeiras do Brasil, encontramos stops de vendidos e compras novas, trazendo o mercado a níveis de 350,00 e acabar por fechar na máxima do dia.
Hoje no leilão de café da CONAB, onde foram ofertados 3.047.627kg safra 1998/1999. Foram negociados 1.198.505kg, tendo como preço mínimo o valor de R$ 3,6734, mas foram arrematados lotes de R$ 3,9009 a 4,1400.
O Mercado físico de café trabalhou o dia com uma forte melhora nas ofertas, isto devido a alta do mercado futuro. Para cafés Safra 10/11 de R$ 525,00 a R$ 535,00, com 10% a 15% de catação, e para cafés com 15% a 20% de catação R$ 515,00 a 525,00.

OBSERVAÇÕES SOBRE PALESTRAS DO COFFEE DINNER

OBSERVAÇÕES SOBRE PALESTRAS DO COFFEE DINNER.
PALESTRA – CENÁRIO GLOBAL E DOMÉSTICO 2011/12 – FERNANDO HONORATO BARBOSA DO BRADESCO.
Um mundo em transformação e em desequilíbrio com os Países Emergentes sendo os novos atores.

Brasil passando por um ajuste moderado em 2011. Ele aposta nas áreas de infraestrutura para os próximos anos. A política segue expansionista e o mundo luta contra suas mazelas. Taxa de desemprego nos EEUU – 8,8%, no Japão -9,9% ....

O FED colocou 2,7 trilhões de dólares na Economia e a Europa 2 . O vetor estrutural é o consumo da China nas commodities. Com os juros a 0% ao ano há uma procura para a compra de qualquer ativo. Com isto os Países Emergentes assumiram papel importante pelo seu consumo. Os emergentes crescem a média de 6,7% enquanto os desenvolvidos a 2,6%. A estratégia foi a mudança do consumo para os emergentes. Há 4 anos 4% era o consumo dos emergentes e hoje é 50% do global.

Os Países Emergentes vão aumentar o consumo de commodities. Hoje está mais localizado nos desenvolvidos. As conseqüências são que a velocidade do aumento de preço das commodities dependem da demanda dos emergentes. Tivemos uma forte expansão da moeda e até o começo de 2013 quando os juros começarem a subir nos EEUU as Commodities deverão recuar,porém não sabemos quanto. Ou seja a tendência seria uma migração dos Fundos e da Poupança global para as aplicações em títulos americanos!

Inflação nos Países Desenvolvidos 2,7% e nos Emergentes 5,2% nos próximos anos. Pelo índice de termos de troca do fim de 2002 até 2011 o preço das Commodities subiu 15 vezes foi de 822 para 12318 o que dá a entender que com muito menos mercadoria hoje se abastece de suas necessidades. Aqui eu tenho minhas dúvidas pois depende do ativo!!

O Brasil recebeu 125 bilhões de dólares nos últimos 12 meses e portanto não adianta lutar contra a apreciação do real é que nem enxugar o gelo. Se pusesse um revolver na cabeça dele e perguntasse o valor do dólar no final do ano ele diria R$1,50 apesar de trabalhar com R$1,60. Houve um crescimento das Exportações e Importações Brasileiras acumuladas em 12 meses e a Exportação de Commodities respondeu por 70%. O nível da atividade Industrial está parado e as Exportações iguais.

Temos inflação de demanda pelo aumento de crédito e desemprego baixo além do aumento do preço das Commodities. O desemprego em 2003 era 12% da população ativa e em 2011 – 6,1%. Temos falta de mão de obra e para se ter idéia em 2007 houve 25000 vistos de entrada no Brasil e nos últimos 12 meses 60000 pessoas foram acolhidas. Os salários tem tido um aumento real. A produtividade é vital e estamos em mudança estrutural.

O déficit de 60 bilhões de dólares e financiável tranquilamente. A evolução do IPCA para os próximos 12 meses deve chegar a 7,20% e só em 2012 começa a cair. A Estratégia do Governo em 2011 é o combate á inflação e os juros devem chegar aos 13% ao ano.

A conseqüência é a Economia se desacelerar e o PIB vir a um crescimento de 3,5 a 3,75% este ano.e em 2012 ir a 4,5%. Para se ter uma idéia na década de 80 foi 1,80% e na década atual trabalhamos com 4,5% ao ano. O aumento da oferta é a única forma de segurar a inflação (detectada pela Dilma) e ela está atacando este problema este ano para a partir do ano que vem começar a deslanchar. O preço dos serviços estão maiores do que o dos bens. A classe E caiu de 41,5% para 12,1% e a D de 21,8% vem caindo gradativamente. Para se ter uma idéia em 2005 apenas 4 milhões de pessoas comprariam um carro e hoje 14 milhões tem condições para isto.

A Dívida Pública está controlada ela é decrescente e comparada a diversos países ela é bem menor. Tem que haver uma diminuição do Gasto Público . Os juros reais são altos. Na área educacional estamos em 91 lugar do Ranking Mundial e de qualidade fraca. Gastamos 12% do nosso PIB com a Previdência ou seja não escaparemos de uma reforma.

Conclusão – O Brasil hoje é o queridinho da elite global e a bola da vez só nos resta ter juízo, se educar para saber cobrar e trabalhar firme em direção ao sucesso.


Saudações a todos.
Fernando Souza Barros Jr.

http://sincal.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1632:observacoes-sobre-palestras-do-coffee-dinner&catid=25:noticias-sincal&Itemid=32

DJ Asian Coffee Prices Elevated On Fundamentals; Futures Lower Amid Global Woes

DJ Asian Coffee Prices Elevated On Fundamentals; Futures Lower Amid Global Woes

SINGAPORE (Dow Jones)--Coffee prices in Asia were mixed but remained elevated
in the week to Friday due to supportive fundamentals, even as bellwether coffee
futures fell amid a broad selloff in commodities complex on a dim global
outlook and weak U.S. economic data.
Arabica coffee for July delivery on the IntercontinentalExchange settled at
$2.6125 a pound Thursday, down 1.6% from a week earlier and well off their
multi-year high of $3.0890/pound hit May 2.
Some traders expect arabica futures to stay in a $2.50/lb-$2.70/lb band for
the next few sessions, until fresh cues emerge from top producer Brazil, where
frost could hurt the new crop and rekindle bullish sentiment.
July robusta on the London International Financial Futures Exchange also
settled lower, falling 5% on week to close Thursday at $2,471 a metric ton, as
funds liquidated long positions following the slump in New York.
Still, underlying fundamentals remain strong, with global demand for coffee
showing little sign of abating.
World coffee exports rose 16.7% to 62.7 million 60-kilogram bags in the first
seven months of the coffee year that began October, up from 53.7 million bags a
year earlier, data from the International Coffee Organization showed Tuesday.
Exports from top robusta producer Vietnam totaled 2.4 million bags in April,
bringing its exports to 11 million bags from October-April, up 20.1% on year.
Still, exports may slow in the coming months, as stocks have been depleted,
some trading executives said. They tipped domestic prices to climb to a record
high of VND60,000 a kilogram in the coming months.
"The next Vietnamese harvest will likely hit the market only around December,
and output is just not keeping pace with demand," said a trader in Singapore.
In Indonesia, another key producer, robusta beans were being offered at a
premium of $120/ton to London's July contract compared with just over $80/ton
last week, a second trader in Singapore said.
Premiums are already quite high, given that the harvest has just started, but
they may remain elevated since there isn't enough robusta to meet roaster
demand for the next six months, he said.
In India, Asia's third-largest producer, high quality arabica plantation bean
prices were steady around $6,300/ton, as traders are holding on to coffee to
wait for prices to climb, a trading executive in Bangalore said.
However, robusta prices have eased slightly due to the fall in London
futures, he said. Robusta cherry AB beans quoted at $2,700/ton, down from
$2,725/ton last week.
Total Indian coffee shipments during the first eight months of the crop year
that began Oct. 1 rose to 247,372 tons from 171,704 tons a year earlier, data
from the state-run Coffee Board showed Wednesday.
Soaring exports have left some small-to-mid size domestic roasters worried
whether enough coffee will remain for local consumption until the new harvest
starts around December.

SAFRAS ESTIMA COLHEITA 2011/12 NO BRASIL EM 17%

SAFRAS ESTIMA COLHEITA 2011/12 NO BRASIL EM 17%
A colheita de café da safra brasileira 2011/12 está em 17%
do total a ser produzido, até 01 de junho. O número faz parte do levantamento
semanal de SAFRAS & Mercado para a evolução da colheita da safra. A colheita
está atrasada em relação a igual período do ano passado, quando 25% da safra
2010/11 estava colhida.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a colheita está
atrasada em relação a 2010 devido ao atraso nos trabalhos com o conillon nesse
ano, com a maturação mais tardia dos grãos, e porque ano passado houve um
percentual alto de colheita precoce, antecipando o começo dos trabalhos. Isso
porque houve floradas mais cedo que o normal (no começo de agosto) em 2009.
Tomando por base a estimativa de SAFRAS para a produção de café do
Brasil em 2011/12, de 47,7 milhões de sacas de 60 quilos, é apontado que foram
colhidas 8,12 milhões de sacas (17%).
A seguir, quadro detalhado com a estimativa de colheita da safra
brasileira:
========================================================================
BRASIL: EVOLUÇÃO DA COLHEITA DE CAFÉ - 2011
- em milhões de sacas de 60 kg
========================================================================
Produção Produção 1-jun sem.ant 2010
Estado Total Colhida % % %
========================================================================
Minas Gerais 24,20 3,20 13 10 18
- Sul/Oeste 12,50 1,20 10 8 15
-Cerrado 4,30 0,40 9 7 14
-Zona da Mata 7,40 1,60 22 16 27
Espírito Santo 12,30 2,95 24 18 39
- arábica 3,00 0,45 15 10 10
- conillon 9,30 2,50 27 20 48
São Paulo 3,50 0,30 9 5 10
Paraná 1,85 0,24 13 10 9
Bahia 2,65 0,42 16 12 33
- arábica 1,95 0,25 13 9 28
-conillon 0,70 0,17 24 20 50
Rondônia 2,00 0,75 38 25 65
Outros 1,20 0,26 22 15 27
-arábica 0,50 0,05 10 6 17
-conillon 0,70 0,21 30 21 33
========================================================================
ARÁBICA 35,00 4,49 13 10 16
CONILLON 12,70 3,63 29 21 51
TOTAL 47,70 8,12 17 13 25
========================================================================
Obs: Números preliminares sujeitos a retificação
Elaboração SAFRAS & Mercado, junto a cooperativas e produtores
* Projeções Safras & Mercado
Commodities Agrícolas

Problema na entrega
O congestionamento nos portos brasileiros, que está
atrapalhando as entregas de açúcar do país, acabou impulsionando ontem os
preços futuros do adoçante negociados na bolsa de Nova York. Os papéis com
vencimento em outubro fecharam o dia cotados a 23,38 centavos de dólar por
libra-peso, com alta diária de 102 pontos. O Brasil é o maior produtor de
açúcar do mundo. De acordo com especialistas ouvidos pela Bloomberg, os
problemas envolvendo a entrega da commodity deverão perdurar até julho. "Os
fundamentos são altistas", afirmou à agência americana Sterling Smith, analista
da Country Hedging, em Minnesota. No mercado doméstico, o indicador Cepea/Esalq
para a saca de 50 quilos do açúcar ficou ontem em R$ 54,65, sem variação diária.

Reversão de tendência
Os contratos futuros do café com entrega em setembro
fecharam na quinta-feira a 264,80 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de
Nova York. Isso representou uma alta diária de 550 pontos. Foi uma reversão de
tendência em relação ao pregão anterior, durante o qual um movimento de
liquidação de contratos por parte de fundos de investimentos provocou um tombo
nos papéis nova-iorquinos. Os traders não descartam que a fuga dos investidores
das commodities continue nos próximos dias, dependendo de fatores
macroeconômicos não relacionados aos fundamentos de oferta e demanda desses
produtos. No mercado doméstico, o indicador Cepea/Esalq para a saca de 60
quilos do café ficou em R$ 519,03, com variação diária negativa de 0,33%.

Tempo úmido
O tempo úmido nas regiões produtoras de soja nos Estados Unidos
continuou preocupando o mercado ontem, com a possibilidade de uma retração na
área plantada com a oleaginosa nesta safra por causa de atrasos no plantio. Os
traders estão especialmente atentos na área semeada devido aos baixos estoques
de soja do país. Essas questões repercutiram nas cotações futuras da commodity.
Na bolsa de Chicago, os papéis com entrega em agosto fecharam o dia a US$
14,0050 por bushel, com alta de 18,50 centavos de dólar. "O plantio ainda está
muito devagar", disse Don Roose, presidente da U.S. Commodities, em entrevista
à Bloomberg. No mercado doméstico, o indicador Cepea/BM&FBovespa para a saca de
60 quilos ficou em R$ 48,55, com variação positiva de 1,34%.

Atraso no plantio
Os futuros do milho negociados na bolsa de Chicago encerraram
a quinta-feira a US$ 7,4150 por bushel para entrega em setembro, com alta
diária de 13,25 centavos. Mais uma vez, a expectativa de retração na área
plantada nos Estados Unidos parece ter impulsionado o mercado. De acordo com o
Linn Group, empresa de pesquisas sobre commodities e gerenciamento de ativos, o
clima ruim em regiões americanas está atrasando o plantio e isso poderá
resultar em retração da área semeada de 36,2 milhões de hectares, estimados em
maio, para 35,3 milhões. A previsão é inferior à do USDA (37,3 milhões). No
mercado interno, o indicador Esalq/BM&FBovespa para a saca de 60 quilos do
milho ficou em R$ 30,25, com valorização diária de 1,20%.



Embargo a carne é retaliação russa
O embargo da Rússia à carne produzida por 85 frigoríficos brasileiros em três
Estados é uma resposta de Moscou ao corpo mole do governo brasileiro em defesa
da entrada do parceiro na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Fontes do governo informam que autoridades russas, sobretudo o
primeiro-ministro Vladimir Putin, já tinham "deixado clara" ao vice-presidente,
Michel Temer, no encontro dos dois em maio, a disposição de retaliação de
Moscou às dificuldades impostas pelo Brasil nas negociações para a OMC. A
reação desmedida dos russos deve provocar uma ofensiva diplomática brasileira.
A Rússia é o maior comprador de carne bovina e suína do país.
A suspensão temporária da importação pelos russos atingiu carnes suína, bovina
e de frango em estabelecimentos localizados no Paraná, Mato Grosso e Rio Grande
do Sul. Apesar do número expressivo de empresas afetadas, a expectativa dos
exportadores de carne bovina é de que o embargo não traga prejuízos ao setor.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de
Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, não deve haver perdas, pois as empresas
atingidas vão exportar a partir de plantas localizadas em Estados não afetados
pela medida.



Rússia barra frigoríficos; Brasil vê pressão ligada a apoio à OMC
O embargo temporário da Rússia às carnes produzidas em 85 estabelecimentos
localizados nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso é uma
"resposta" de Moscou ao "corpo mole" do governo brasileiro em defesa da entrada
do parceiro na Organização Mundial do Comércio (OMC). Entre as empresas
afetadas pela suspensão, anunciada ontem, estão JBS, Brasil Foods, Marfrig e
Minerva. A medida entra em vigor no dia 15 deste mês.
Fontes do governo informam que autoridades russas, sobretudo o
primeiro-ministro Vladimir Putin, já tinham "deixado claro" ao vice-presidente
Michel Temer a disposição de retaliação de Moscou às dificuldades impostas pelo
Brasil nas negociações para a OMC. Temer comandou, em meados de maio, uma
comitiva em visita ao país e ouviu do premiê que o Brasil tem sido pouco
"proativo". O chefe do serviço sanitário russo, Sergei Dankvert, também
reforçou o recado.
Entre outros temas, essa comitiva foi à Rússia justamente para tratar do
embargo que o país havia imposto a 29 estabelecimentos exportadores de carnes
em abril.
A reação dos russos, considerada desmedida, deve provocar uma ofensiva
diplomática brasileira para "apertar" as autoridades do parceiro comercial.
Antes, porém, uma missão técnica será enviada a Moscou para tentar um acordo
sanitário para levantar o embargo às exportações brasileiras de carnes bovina,
suína e de frango. Se isso fracassar, avalia o governo, ficará caracterizada a
existência de "outras motivações" para a decisão russa, como assinalou, em
nota, o secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim. Ele também esteve
na Rússia em maio e se reuniu com Dankvert para discutir o embargo imposto em
abril.
Conforme apurou o Valor, os russos tinham pedido para que a delegação de Michel
Temer levasse negociadores a Moscou com poder de fechar a negociação bilateral
para acesso à OMC. O Itamaraty teria respondido que a negociação ocorria na
OMC, em Genebra, e não mandaria ninguém para que os russos não pressionassem o
vice-presidente sobre um tema que ele não acompanha rotineiramente.
Representantes russos teriam ficado irritados porque queriam ter tratado do
tema durante a visita do vice-presidente.
A embaixada brasileira em Moscou diz não ver, porém, qualquer vinculação entre
as tratativas mantidas com as autoridades russas em Moscou sobre as condições
sanitárias para acesso das carnes brasileiras ao mercado russo e as negociações
em Genebra para a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio.
Internamente, o Itamaraty está sendo cobrado para adotar uma posição mais dura
com a Rússia. Sob reserva, fontes afirmam que a agricultura não pode mais ser
"moeda de troca nem boi de piranha" nesse processo político da OMC. "Causa
estranheza o fato de as medidas terem sido anunciadas sem consistência técnica,
repetindo argumentos anteriormente já esclarecidos", disse o secretário Jardim.
"Pela segunda vez, a notificação chega sem nem mesmo ter sido enviado ao
governo brasileiro o relatório técnico das inspeções russas feitas no Brasil".
A Rússia não quer ceder na questão das cotas para as carnes brasileiras.
Principalmente, na carne suína, a mais prejudicada pelas mudanças -, o Brasil
chegou a ter 70% do mercado russo e hoje detém menos de 25%.
O Brasil tem forçado os russos a aceitar um "sistema de transição" para seu
modelo de cotas. Mas a Rússia quer manter as atuais regras até 2020, sem uma
"convergência gradativa", liberando as vendas somente a partir de 2021.
O Brasil também se sente prejudicado pelo sistema de cotas russo que, no caso
da carne suína, favorece a União Europeia e os Estados Unidos, com maiores
volumes. As exportações brasileiras estão incluídas na categoria "outros". O
Brasil quer que a cota deixe de ter definição geográfica e siga o critério de
Nação Mais Favorecida (NMF), isto é, o importador russo que tiver a cota pode
comprar do país que bem entender.
Os exportadores de carnes bovina e de frango estão menos insatisfeitos com a
situação em relação às cotas, mas ainda assim engrossariam o descontentamento.
A Rússia critica o sistema sanitário brasileiro ao afirmar que o Ministério da
Agricultura não tem controles ideais sobre trânsito de animais nos Estados e
condições de higiene nos frigoríficos. A missão brasileira se ofereceu para
tratar, caso a caso, os frigoríficos ameaçados ou já embargados. Mas os russos
quiseram tratar do sistema como um todo, e não por partes.
Em conversa com técnicos do governo, veterinários da missão russa admitiram que
seriam mais duros em sua avaliação porque o tema tinha um "viés político", e
não técnico. Eles cobraram, como não haviam feito antes, a ampliação dos testes
de resíduos em carnes brasileiras, inclusive com pesquisas sobre radiação nos
alimentos. As exigências adicionais seriam desnecessárias, caras e demandariam
contratação e treinamento de um grande contingente de profissionais.
Os russos também insistem, de forma equivocada, segundo fontes do governo, em
pedir o fim da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) para aumentar a venda do
seu trigo no Brasil. As fontes argumentam que, se retirada a TEC, haveria uma
avalanche de produto dos Estados Unidos e do Canadá, mais competitivos do que o
trigo russo.
Além disso, Argentina e Uruguai têm fortes resistências a abrir o mercado comum
dominado por seus exportadores. O Brasil ofereceu, na visita a Moscou, ampliar
as compras da Rússia, hoje limitadas ao Nordeste. Com isso, o trigo russo
poderia desembarcar em portos até São Paulo, deixando o Sul do país para
eventuais compras da Argentina. Mas os russos consideraram a oferta
insuficiente.



Produtor de leite fica "maior" e produz mais

Os produtores de leite estão se tornando "maiores" e buscando cada vez mais a qualidade do produto. Esse enquadramento é necessário porque os laticínios exigem cada vez mais volume e qualidade do produto.
Há 15 anos, 5,3% das propriedades de leite do país eram médias e grandes, representando 46% da produção total.
Em 2009, esses produtores somavam 12% das propriedades, com participação de 81% no total de leite produzido. Em números, os produtores médios e grandes subiram de 97 mil, há 15 anos, para 142 mil, em 2009.
As conclusões são da Leite Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Leite), com base em estudo da Embrapa Gado de Leite.
O cenário dos últimos anos mostrou que "é possível [o país] produzir o leite que quiser", segundo Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil.
O fortalecimento dos produtores é importante porque eles conseguem concentrar qualidade no leite e renda.
Os programas de valorização da qualidade do leite vêm aumentando e os produtores adotam mais tecnologia na produção.
Com isso, obtêm uma contagem de micro-organismos semelhante à da União Europeia. Além disso, o leite desses produtores registra menor contagem bacteriana em relação ao comprado por empresas que não adotam programas de qualidade.
O Brasil produz 30 bilhões de litros de leite por ano e consome volume semelhante. Isso indica que todo o aumento de produção e de qualidade vai beneficiar o consumidor interno.
O mercado externo ainda está distante, na avaliação de Rubez. Não só pela demanda interna, que consome toda a produção nacional, mas também pelos subsídios dados aos produtores em outros países produtores.
A capacidade de produção deles, no entanto, está esgotada e, quando precisarem de leite, vão retirar o subsídio da produção, dando espaço ao Brasil, diz ele.

Falta pouco Pelo menos 90% da proposta do Código Florestal Brasileiro aprovado pela Câmara deverá ser aceita pelo Senado. Os outros 2% que serão modificados não terão espaço para grandes mudanças. A avaliação é do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator do projeto.

Áreas permanentes Rebelo, que participou ontem de um debate com produtores do oeste da Bahia, diz que o ponto polêmico são as APPS (Áreas de Prevenção Permanente), que considera a ocupação de beira de rios, encostas e topo de morros.

Mata ciliar Para o deputado, as discussões maiores serão a respeito da ocupação das áreas de beira de rios. As decisões sobre encostas e topo de morros já são aceitas também pelo governo.

Sem veto O relator do Código Florestal não acredita em veto de Dilma. O deputado esteve ontem na Farm Show, feira realizada pela Aiba (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia). Transparência Eduardo Salles, secretário de Agricultura da Bahia, diz que a aprovação do código traz regras claras para o setor e elimina a insegurança jurídica. Ele afirma, no entanto, que "houve erros, e o que precisar será corrigido".

Ajuste estadual É necessária uma orientação federal para o Código Florestal. Mas os Estados também deverão legislar levando em consideração as especificidades de cada região do seu território, segundo Eugênio Spengler, secretário do Meio Ambiente da Bahia.

Planejamento Spengler afirma, no entanto, que o Estado terá de ter capacidade para preparar medidas efetivas, de forma que o cidadão já conheça de antemão a terra que está comprando e as exigências da lei.

Ganhos O mercado externo de commodities agrícolas fechou o dia em alta, ontem. Na Bolsa de Nova York, o açúcar liderou o mercado, com alta de 4,7%.
Responder Encaminhar Convidar NetcaféBR para bater papo

As causas estruturais do real forte

As causas estruturais do real forte
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Entrada maciça de capitais e valorização de produtos primários no exterior estão entre as causas do real forte

UMA DAS QUESTÕES mais relevantes no debate econômico atual tem sido a força do real nos mercados de câmbio. Apesar do esforço do governo, a moeda norte-americana está novamente sendo negociada abaixo de R$ 1,60.
As causas por trás do real valorizado continuam a ser as mesmas que prevalecem há vários anos: entrada maciça de capitais e valorização de produtos primários importantes nos mercados internacionais.
A diferença agora fica por conta de uma mudança na composição dos recursos que estão entrando no país: as aplicações em títulos de renda fixa estão sendo substituídas por investimentos diretos no capital de empresas brasileiras.
Muitos analistas dizem que esse fluxo de investimentos -que, nos últimos 12 meses, chegou a mais de US$ 60 bilhões- não se sustenta no médio prazo e que o real vai voltar a se desvalorizar. Para esses pessimistas, uma nova crise internacional pode ocorrer a qualquer momento e o Brasil enfrentará a fuga desses capitais. A causa mais citada para esse cenário negativo é a de crise na China, seja por questões econômicas, seja por questões políticas.
Mas outro cenário provável é que o crescimento chinês se sustente -como vem acontecendo há mais de 20 anos- e que o mundo emergente atravesse a próxima década crescendo de forma sustentada.
Nessas condições, o Brasil continuará a receber investimentos maciços, principalmente se o governo Dilma resolver trilhar o caminho das concessões de serviços públicos ao setor privado e de outras reformas.
Para um país com taxas muito baixas de poupança -privada e do governo-, a única forma de financiar os investimentos para garantir crescimento anual de 4% será a absorção de poupança externa.
Essa é uma verdade derivada da teoria econômica, e não apenas uma posição ideológica de liberais extremados. Por essa razão é que o real forte é um subproduto natural da onda de investimentos que varre nossa economia e que o governo -corretamente- quer preservar a todo custo. Ou seja, não há como fugir desse fato, a não ser reduzindo os investimentos e, mais à frente, o próprio crescimento econômico.
Outras forças externas estão agindo também na direção do real forte. A principal delas é a valorização das exportações de produtos primários e que têm garantido saldo comercial expressivo, apesar do aumento vigoroso das importações.
Outra fonte externa de demanda pelo real está relacionada com os juros baixos que devem prevalecer no mundo desenvolvido nos próximos anos. A fraqueza da recuperação econômica nos Estados Unidos e em outros países do Primeiro Mundo e o choque deflacionário que ainda virá quando tiverem de lidar com os níveis insustentáveis do endividamento público devem manter esse quadro de juros baixos por um tempo ainda bastante longo. Os mercados, aliás, especulam com um novo movimento do Federal Reserve -que se ria chamado de QE3- no sentido de manter os mercados inundados de dólares em 2012.
Nesse ambiente, os países emergentes vão continuar a receber investimentos internacionais por muitos anos, movimento que deve sustentar as cotações atuais de suas moedas. E o Brasil, que alia um grande potencial de crescimento a juros internos elevados, vai ser uma das economias de maior atração.
Finalmente, podemos observar já há algum tempo uma busca por moedas alternativas por parte dos bancos centrais de países com superavit em conta-corrente -principalmente na Ásia e os produtores de petróleo- e grandes investidores institucionais privados para compor suas reservas e carteiras de investimento de renda fixa.
A gestora de recursos Pimco, a maior do mundo, revelou recentemente que tem hoje um volume de títulos de países emergentes maior do que sua carteira de papéis do Tesouro norte-americano.
Por todas essas razões, acredito que teremos de conviver por muito tempo com o real valorizado e buscar, por outros meios, minorar seus efeitos negativos, entre eles a perda de competitividade da indústria brasileira.


LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 68, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso). Escreve às sextas-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.

A economia brasileira: uma cigarra que ganhou na loteria

A economia brasileira: uma cigarra que ganhou na loteria

A economia brasileira contou com a sorte grande nos últimos anos. O grande
responsável por isso foi o acelerado crescimento chinês, que puxou o preço das
commodities.
As reduzidas taxas de juros nos países desenvolvidos jogaram mais lenha na
fogueira, ajudando os países com vastos recursos naturais. Nossos termos de
troca, ou seja, a razão entre o que exportamos e o que importamos, deram um
salto incrível desde 2003. Essa fantástica melhora se disseminou por toda
economia.
Os dados macroeconômicos melhoraram, o país acumulou reservas internacionais, o
crédito deslanchou e o setor privado aproveitou o bom momento para emitir
dívida e capital. A moeda se apreciou bastante, e os ativos brasileiros
passaram a valer mais. O boom chinês foi uma bênção para países como Brasil e
Austrália. A correlação entre suas moedas desde 2003 é espantosamente alta.
Se antes mil toneladas de minério de ferro compravam determinada quantidade de
televisores, hoje a mesma quantidade de minério compra dez vezes mais! Os
habitantes dos países com vastos recursos naturais demandados pelos chineses
enriqueceram rapidamente nos últimos anos. Mas o que pode ser negativo neste
cenário, que à primeira vista parece tão promissor?
Fosse uma formiga responsável que tivesse tirado a sorte grande, tudo seria
ótimo. Os cidadãos aproveitariam as oportunidades novas para investir mais e
obter ganhos sustentáveis de produtividade, a educação seria alvo de melhorias
substanciais com foco no longo prazo e até um fundo de reserva seria criado
para os dias chuvosos, que são inevitáveis. Mas a triste realidade é que, no
caso brasileiro, uma cigarra foi quem ganhou na loteria. Com demanda reprimida
há anos e um horizonte temporal demasiadamente curto, ela partiu para o consumo
calcado em crédito, um modelo claramente insustentável.
Um enorme agravante é a demanda insaciável do governo brasileiro por recursos.
Como ele arrecada quase 40% do PIB, e não investe nem 1%, esses ganhos
significativos dos termos de troca acabaram se transformando em mais bolsas
assistencialistas, mais empreguismo no setor público e mais crédito estatal
beneficiando grandes empresas próximas ao governo. A bolada da loteria chinesa
virou gastança estatal ou má alocação de recursos por critérios políticos.
Como não ocorreram os investimentos em infraestrutura nem as reformas
estruturais que viabilizariam um choque de produtividade, os gargalos
econômicos logo ficaram evidentes. O país está com a menor taxa de desemprego
do histórico calculado e inexiste hiato do produto. Em outras palavras, a
economia está superaquecida após os estímulos do governo, possíveis graças às
mudanças nos termos de troca. O resultado é uma inflação no topo da meta já
elevada do BC, de 6,5%. E não se trata de uma inflação de oferta, causada pela
alta das commodities, mas sim uma inflação de demanda, com o superaquecimento
do setor de serviços.
Eis o quadro simplificado até aqui. Como ações são máquinas antecipatórias,
muito desse cenário já está no preço do Ibovespa. Estrangeiros jogaram a toalha
e bateram em retirada. Muitos fundos estão leves, com risco reduzido. Para
frente, podemos apenas levantar hipóteses. Sazonalmente, a inflação tende a
ceder nessa época. E com a queda das commodities, é possível que os próximos
dados mensais se aproximem de zero. Se isso ocorrer e o cenário internacional
permanecer estável, então pode ser que o Ibovespa se recupere temporariamente,
com o alívio do pessimismo crescente do mercado.
Mas se o governo cantar vitória antes do tempo e encerrar os já tímidos
esforços para conter o dragão inflacionário, os problemas se agravarão à
frente. O cenário será de queda ainda mais acentuada da economia em 2012 e
depois. Nesse caso, os investidores não terão uma boa opção na bolsa, de forma
geral. O prognóstico mais provável de médio prazo não parece muito animador,
uma vez que os desenvolvimentistas no poder demonstram acreditar realmente
nesse modelo insustentável.
A aposta em Brasil depende muito da visão sobre o que acontece na China. Esse
será o tema de um próximo artigo, mas posso adiantar que vejo alguns sinais
preocupantes de esgotamento do modelo chinês. Se Deus é mesmo brasileiro, Deus
queira então que a China possa evitar um "hard landing", pois isso seria
catastrófico para o Brasil. Resta aos investidores rezar e se preparar para o
pior, uma vez que do governo não se pode esperar grande coisa. A cigarra
eufórica pode estar entrando na fase da ressaca.

Rodrigo Constantino é sócio da Graphus Capital

Ciclo de aperto deve ser prolongado

Ciclo de aperto deve ser prolongado

Na quarta reunião deste ano, nos dias 7 e 8, o Comitê de Política Monetária
(Copom) deve aumentar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual e indicar o quão
"prolongado" será o ciclo de aperto monetário. A aposta majoritária do mercado
é de mais dois aumentos de 0,25, o que elevaria a meta da taxa básica para
12,5% ao ano. Mas não se descarta uma trajetória mais dura de aperto, com três
novos aumentos, levando a Selic a 12,75% ao ano.
A expressão "prolongado", por ora, não deve sair do vocabulário do Copom, que
está disposto a fazer o que for preciso para levar a inflação ao centro da meta
em 2012.
Os sinais vindos da autoridade monetária são de que o Copom não se deixará
influenciar pelos dados correntes, seja a redução da inflação em maio e as
expectativas de um índice bem baixo em junho e julho, seja a queda de 2,1% da
produção industrial em abril sobre março.
O Banco Central sabe que tem um duro trabalho pela frente para dobrar as
expectativas dos agentes econômicos em relação à inflação de 2012. O último
boletim Focus estima o IPCA do próximo ano em 5,1%. Cabe à política monetária,
com seu principal instrumento, a taxa de juros, levar as expectativas para algo
próximo do centro da meta, de 4,5%. Mesmo que, por ventura, o Copom venha a
aceitar, no futuro, uma taxa ligeiramente acima da meta para o ano que vem, não
é agora que ele vai jogar a toalha.
Mercado de trabalho ainda está aquecido
Para a inflação convergir para a meta no ano que vem é necessário que o
crescimento da economia, nos próximos 12 meses ou mais, fique aquém do Produto
Interno Bruto (PIB) potencial. Apesar de não haver medida segura para o produto
potencial, há consenso de que ele gira em torno de 4,5%.
Os dados do IBGE sobre o primeiro trimestre saem hoje e, tal como o IBC-BR do
Banco Central, índice que mede a atividade econômica e estimou aumento de 1,28%
do produto para o trimestre, deverá mostrar um crescimento ainda forte no
início do ano.
Há indícios seguros, no entanto, de que está em curso uma desaceleração da
economia no segundo trimestre - com o PIB crescendo mais perto do seu potencial
-, mas o não suficiente para levar a inflação para o centro da meta em 2012.
O objetivo da política monetária é esfriar o consumo e o desaquecimento ainda
se mostra distante de afetar o mercado de trabalho. A demanda por bens e
serviços depende da renda e da garantia do emprego, que não se abalaram depois
de três aumentos da taxa Selic este ano.
Cálculos de economistas privados mostram que um aumento da oferta de emprego da
ordem de 90 mil a 100 mil vagas por mês é praticamente neutro para a taxa de
desemprego, hoje de 6,4% da população ativa. Abaixo disso, o desemprego
aumenta. Acima disso, cai. Segundo dados do Caged, em abril foram criados
272.225 novos postos de trabalho e, no quadrimestre, 880.717.
O crédito, conforme os dados do BC, teve forte expansão nos últimos 12 meses
até abril, de 21%. O crescimento no quadrimestre, anualizado, porém, aponta
para um aumento de 13%, percentual condizente com as expectativas do Banco
Central (de 15% no ano). A migração das pessoas físicas para o cartão de
crédito e para o cheque especial são evidências, para o BC, de que o aperto
está funcionando.
Nessa seara, o que destoa é o comportamento dos bancos federais, cujas metas de
crescimento do crédito são mais ambiciosas: de 18% para o Banco do Brasil e de
30% para a Caixa Econômica Federal.
Ao entregar, nos primeiros quatro meses do ano, praticamente metade do
superávit fiscal prometido para o ano, o governo quis provar que cumpre seus
compromissos e deu uma importante ajuda ao trabalho do Banco Central para domar
a inflação. O setor público como um todo gastou R$ 57,3 bilhões menos do que
arrecadou, cifra que representa 49% da meta anual de superávit primário de R$
117,8 bilhões.
O sexto mês do governo da presidente Dilma Rousseff começa, assim, com mais
confiança e menos tensão do lado da inflação. Está na conta do Banco Central
que, de junho a setembro, o IPCA mensal será baixo e pode haver até uma pequena
deflação, mas o IPCA acumulado em 12 meses chegará à casa dos 7%.
Esse será um momento crucial para o futuro da inflação, pois o mês de setembro
concentra os dissídios de importantes categorias e os empresários vão ter que
decidir entre conceder reajustes salariais olhando para o IPCA futuro ou para a
inflação passada.
A partir de outubro, o índice de preços sobe um pouco, mas a inflação anual
começa a cair. Considera-se, nesse cenário, que os preços internacionais das
commodities cedem moderadamente, que não haverá "default" na Grécia e que as
economias maduras continuarão se arrastando.
A condição política do governo, fragilizado pelas suspeitas quanto ao
enriquecimento súbito do ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, é a
nota que desafina. Enquanto o ministro - portador da racionalidade econômica,
na ótica dos mercados - não se explica, seus adversários no governo se
fortalecem e novas dúvidas vão surgindo.
Uma delas é especialmente intrigante. A questão que se coloca é se o Copom terá
autonomia para continuar aumentando os juros, se considerar necessário, nos
meses em que a inflação estiver baixa ou se ocorrer deflação. Num eventual
embate dessa natureza, a presença de um Palocci forte poderia ser útil, supõem
fontes do mercado.
Quem esteve com dirigentes do Banco Central nos últimos dias saiu convencido
que a autoridade monetária tem autonomia, conferida pela presidente da
República, para levar a inflação ao centro da meta em 2012; sabe que, para
isso, o ciclo de aperto terá que ser prolongado; e fará o que for necessário
para cumprir essa missão. Se fosse para definir um viés, o BC, agora, seria
"hawkish" (falcão) em oposição a "dovish" (pombo), definiu um interlocutor.
O que de pior pode acontecer ao governo de Dilma Rousseff é perder essa batalha.

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação - Valor

Em dia de recuperação, café na ICE volta para intervalo de 260 cents

Em dia de recuperação, café na ICE volta para intervalo de 260 cents

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com boas altas, recuperando boa parte das perdas observadas na sessão anterior. Após passar um longo tempo flutuando sem um direcionamento claro, entre altas e baixas, o mercado, próximo do fechamento do intraday, começou a receber uma nova onda de ordens de compra, que possibilitaram a construção de ganhos sucessivos e fez com que a posição para entrega em julho conseguisse novamente se posicionar acima dos 260,00 centavos por libra peso.

Operadores destacaram que o suporte de 256,00 centavos conseguiu ser rompido na quarta-feira, o que abriria espaço para liquidações técnicas mais consistentes. Entretanto, no patamar de 253,00 centavos o mercado encontrou uma ação compradora e as perdas projetadas não se efetivaram. Isso deu espaço para os bullishs (alistas) voltarem a empreender algumas aquisições, o que deu suporte para os ganhos. Um trader sustentou que um grande fundo teria apresentado ordens de compra mais agressivas no final da sessão, o que teria ajudado a puxar as cotações mais para cima. Tecnicamente, o mercado ainda se mostra um tanto debilitado, principalmente após as perdas desta quarta-feira, quando novas médias móveis, algumas até de prazos mais longos, foram rompidas, o que acendeu o sinal de alerta sobre a busca dos preços de um nível próximo de 230,00 centavos. Fundamentalmente, no entanto, o mercado demonstra um cenário diverso, já que a questão da oferta continua sendo um ponto de apoio para os ganhos. Enquanto a demanda cresce, o potencial produtivo, ao menos para a atual temporada, continua tímido e os estoques se mostram baixos, como demonstra o volume de certificados na bolsa norte-americana que, apesar de terem ensaiado uma recuperação, ainda estão distantes de uma marca apenas modesta, que seria 2 milhões de sacas.

No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve alta de 530 pontos com 261,25 centavos, sendo a máxima em 262,65 e a mínima em 253,30 centavos por libra, com o setembro registrando oscilação positiva de 550 pontos, com a libra a 264,80 centavos, sendo a máxima em 266,00 e a mínima em 256,95 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição julho registrou baixa de 91 dólares, com 2.471 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 90 dólares, com 2.505 dólares por tonelada.

Segundo analistas internacionais, o dia foi caracterizado por alguma força compradora nas mínimas, o que impediu qualquer tentativa mais forte de liquidação. Diante desse cenário, alguns players encontraram ânimo para algumas recompras e os fundos voltaram para o lado comprador no final da sessão. "Tivemos algum suporte no cenário externo, já que as commodities, em geral, tiveram um dia de ganho, ainda que modesto. O índice CRB teve um avanço de cerca de 0,5%, ao passo que o dólar continuou sua retração em relação a outras moedas", disse um trader. O mercado continua focado no clima, mas a possibilidade de geadas no curto prazo é próxima de zero nas zonas produtoras brasileiras, segundo o mais recente informe apresentado pela empresa Somar, que revelou que uma massa de ar polar deve chegar as zonas cafeeiras no final de semana, com as temperaturas recuando, mas sem chegar ao nível de formação de geadas.

A Nespresso, fabricante líder no segmento de café em cápsulas, aumentou seus preços nesta semana nos Estados Unidos e na Europa. Segundo a empresa, o reajuste se deve aos custos mais altos para a aquisição de café verde. O aumento foi da ordem de 3,6% nos Estados Unidos, indo para 57 centavos de dólar por cápsula, e 6% na Europa, que passa a pagar 35 centavos de euro por cápsula. O novo valor passou a vigorar no dia 1 de junho. Segundo a Nespresso, 95% dos cafés por ela utilizados são arábica, variedade que vem tendo uma disponibilidade curta e preços mais fortes no mercado internacional.

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 3.806 sacas indo para 1.665.846 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 31.531 lotes, com as opções tendo 6.059 calls e 5.470 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 262,65, 263,00, 263,50, 264,00, 264,50, 264,90-265,00, 265,50, 266,00, 266,50 e 267,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 253,30, 253,00, 252,50, 252,00, 251,50, 251,00, 250,50, 250,10-250,00, 249,50, 249,00 e 248,50 centavos por libra.