Café não rompe resistência, mas mantém parâmetros na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira próximos da estabilidade, em uma sessão relativamente mais calma que as verificadas no decorrer da semana. A posição maio chegou a se aproximar do nível psicológico de 140,00 centavos por libra, no entanto, encontrou uma barreira vendedora nas máximas. Mesmo assim, as cotações não se desgarraram e o fechamento se deu muito proximamente do valor de registro do pregão anterior.
Tecnicamente, o mercado deu uma demonstração de certo fôlego nesta quinta-feira. Depois de ter na sessão passada apresentado uma valorização expressiva, o café conseguiu conter o ímpeto dos bears (baixistas), que buscaram, na primeira metade do dia, realizar lucros. Assim, pouco a pouco, alguns ganhos chegaram a ser esboçados. Se a primeira resistência não foi rompida, ao menos foi possível manter a primeira posição em um patamar expressivo. Operadores sustentaram que o mercado parece mais ativo e que, mesmo com algumas quedas pontuais, intervalos interessantes estão conseguindo ser mantidos. Os vendedores se mostram mais cautelosos, já que projeções de importantes instituições financeiras indicam que a disponibilidade de arábicas na atual temporada será limitada.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição maio teve alta de 5 pontos, com 139,50 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 139,80 centavos e a mínima de 137,45 centavos, com o julho tendo retração de 10 pontos, com 141,95 centavos por libra, com a máxima em 142,25 centavos e a mínima em 139,95 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, o maio teve queda de 32 dólares, com 2.015 dólares por tonelada, com o julho tendo desvalorização de 25 dólares, no nível de 2.057 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por ações técnicas, dentro de uma volatilidade limitada, com a posição maio flutuando dentro de um intervalo de pouco mais de 200 pontos. Os baixistas não conseguiram levar o maio a tocar nem sequer o nível de 137,00 centavos, no entanto, no lado altista se observou a falha em se buscar um patamar psicológico expressivo, como a resistência de 140,00 centavos. No segmento externo, o dia foi de novas quedas para commodities importantes, como é o caso do petróleo, ainda que as bolsas de valores tenham se mostrado mais animadas.
"O mercado passou por uma correção e pode ter 'fôlego' para ter ajustes ainda mais expressivos. No entanto, ainda se observa certa hesitação em se buscar resistências mais consistentes, como é o caso de 140,00 ou 145,00 centavos de dólar. Fundamentalmente, o mercado continua focado na especulação sobre as quedas de produção da América Central e a perspectiva de uma safra alta do Brasil em 2013", disse um trader.
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque ficaram estáveis em 2.743.944 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 39.304 lotes, com as opções tendo 6.299 calls e 1.362 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem resistência em 139,80, 139,90-140,00, 140,50, 141,00, 141,35, 141,50, 141,65, 142,00, 142,50, 143,00, 143,30, 143,50, 144,00 e 144,45-144,50 com o suporte em 137,45, 137,00, 136,50, 136,00, 135,65, 135,50, 135,10-135,00, 134,50, 134,00, 133,50, 133,00, 132,50, 132,00, 131,50 e 131,00 centavos.
Londres volta a ter pressão e maio se aproxima dos US$ 2 mil
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe, depois de um hiato observado na quarta-feira, prosseguiu no pregão desta quinta com sua escalada de baixas. Em um pregão caracterizado pelas vendas especulativas e, em menor grau, de origens, os preços voltaram a se mostrar pressionados. Algumas rolagens de posição, principalmente entre maio e julho, também foram observadas.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado por uma nova "onda" vendedora, com a posição maio chegando a se aproximar perigosamente do nível psicológico de 2.000 dólares. A primeira posição tocou, ao longo desta quinta, na mínima de 2.008 dólares, sendo que nesse patamar foram observadas recompras ligeiras, que não tiveram força suficiente para interromper a tendência baixista.
"Mais uma vez tivemos a pressão dos vendedores. O mercado permaneceu por um período efetivo sobrecomprado, no entanto, as correções vieram de forma efetiva. Por sua vez, alguns comerciais, que vinham empregando os robustas em seus blends, diante do estreitamento dos diferenciais, voltaram a acreditar no arábica e isso também afeta os preços na bolsa britânica", disse um trader.
O maio teve uma movimentação ao longo do dia de 9,77 mil contratos, contra 10,3 mil do julho. O spread entre as posições maio e julho ficou em 42 dólares. No encerramento do dia, o maio teve queda de 32 dólares, com 2.015 dólares por tonelada, com o julho tendo desvalorização de 25 dólares, no nível de 2.057 dólares por tonelada.
MERCADO ESTÁ RUIM PARA COMMODITY EM MINAS GERAIS
O panorama do mercado cafeeiro piorou bastante nos últimos
dois anos, preocupando os produtores às vésperas do início da colheita de
mais uma safra. Em Minas Gerais, principal estado cafeeiro do Brasil, "o
mercado está muito ruim", segundo o coordenador técnico estadual da
Emater-MG, Marcelo de Pádua Felipe. A matéria faz parte da publicação
"Cenário Sudeste".
Em janeiro de 2011, os cafeicultores mineiros estavam recebendo pelo café
arábica tipo 6 um preço médio de R$ 500,00 por saca. Pouco mais de dois anos
depois, esse mesmo preço está casa dos R$ 315,00 por saca, uma queda
contundente de 37%. "Neste momento, os produtores e as cooperativas estão
pressionando o governo no sentido de que sejam tomadas medidas que tornem a vida
do cafeicultor menos sofrível. Hoje em dia, somente o produtor que tem
condições de participar dos concursos estaduais de qualidade está conseguindo
um preço remunerador", afirma Felipe. Ele sugere a adoção de mecanismos
que tenham por objetivo o ordenamento da oferta, para que os preços voltem a
subir.
Um estudo da Fundação Procafé divulgado em julho de 2012 revelou que o
custo médio da produção de uma saca de café estava, então, em torno de R$
300,00. O levantamento levou em consideração os cafeicultores que tem
produtividade média abaixo de 30 sacas por hectare. A média de produtividade
no estado é de 25 a 26 sacas por hectare. "Então, podemos dizer que, hoje, a
maioria dos nossos produtores está trabalhando com prejuízo. Os que conseguem
rendimento superior a 30 sacas foram um nicho de mercado muito selecionado e
restrito", destaca o coordenador técnico da Emater mineira.
Este momento complicado do mercado mineiro de café reflete, basicamente,
as perdas dos referenciais internacionais. O ano de 2012 foi de retração nas
cotações, apesar de um cenário de equilíbrio nas relações de oferta e de
demanda. Outros complicadores, ainda que exógenos, foram o agravamento da crise
financeira na União Européia, que afetou vários países do bloco econômico,
e os crescimentos abaixo das expectativas de motores da economia mundial, como
é o caso dos Estados Unidos e da China. Isso causou diversos momentos de
agitação e fuga de capitais de commodities. O café, commodity agrícola, não
escapou e as suas cotações despencaram.
Felipe lamenta que "o ataque dos fungos na América Central e Colômbia
(que está provocando perdas para os cafezais dessas regiões) não respinga
aqui no nosso mercado. Aqui só chegam os efeitos negativos dos fundamentos de
oferta e demanda e da crise econômica na Europa". A Organização
Internacional do Café (OIC) está prevendo que a oferta vai superar a demanda
em um total de 2,2 milhões de sacas de 60 quilos na temporada 2012/13, que
será encerrada em setembro.
A Emater mineira estima que 60% da safra de café colhida em 2012 no estado
foi comercializada pelos produtores. Portanto, ainda restam cerca de 10
milhões de sacas remanescentes da temporada passada para serem vendidas. "O
produtor terá pouco tempo para escoar essa oferta até o início da próxima
safra, em maio. Aquele que estiver capitalizado vai segurar o quanto puder,
tentando um melhor preço. Mas os que têm compromissos de curto prazo terão
que vender com esse preço baixo mesmo, desovando mais café no mercado e
pressionando ainda mais o mercado", frisa Felipe.
Em termos de lavoura, as perspectivas são boas para a cafeicultura mineira
em 2013. "Os cafezais estão com um bom aspecto, vistosos e bem folhados",
assinala Felipe. Após a produção de 26,944 milhões de sacas registrada em
2012, de acordo com dados da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), o
estado deverá ter uma produção 7% menor em 2013 - ano de 'carga baixa'
- totalizando 25,151 milhões de sacas.
O volume da produção de café arábica ainda oscila muito de um ano para
outro, não só em Minas Gerais. Contudo, essas diferenças têm diminuído
bastante ao longo dos últimos anos, graças aos esforços dos produtores, que
investiram mais nos tratos culturais, na ampliação das áreas irrigadas e
também pela introdução de novas cultivares no parque cafeeiro estadual.
PRODUTORES AGUARDAM AGORA REAJUSTE DO PREÇO MINIMO PARA FIM DE ABRIL
Sem reajuste há três anos, a revisão do preço mínimo do
café é defendida pelos produtores como uma forma de garantir renda. Os preços
defasados não estariam cobrindo os custos de produção, o que além de
aumentar a estocagem, desvaloriza o produto. A aprovação do reajuste do preço
mínimo pelo Conselho Monetário Nacional, prometida para a semana passada,
não se confirmou, aumentando a frustração do setor. A notícia parte do Canal
Rural.
"Nós produtores pagamos o preço, sendo os maiores geradores de emprego
na área do agronegócio: 8,4 milhões de empregos. E quando reivindicamos
alguma coisa justa, proposta pelo próprio governo, não conseguimos
avançar", afirma o presidente do Conselho Nacional do Café, Silas
Brasileiro.
O Ministério da Agricultura afirma que o reajuste sairá no final de
abril, acompanhado de outras medidas, que ajudem no escoamento da produção.
"O que pode acontecer, depois do preço mínimo que vale para a próxima safra
e não para essa que está depositada hoje, é que o governo vai poder adotar
medidas de auxílio ao produtor, inclusive com subsídios. Isso ainda depende de
orçamento, que inclusive, não está publicado. Não adiantaria nada hoje
você ter um preço mínimo para adotar uma política se você não tem
orçamento ainda publicado", justifica o diretor do Departamento de Café do
Ministério da Agricultura, Edilson Alcântara.
Os cafeicultores alegam que o adiamento da revisão do preço mínimo pode
prejudicar mais ainda o setor, que pede desde o ano passado uma elevação de R$
261,00 para R$ 340,00 pela saca do café arábica, e de R$ 156,00 para R$
180,00, no caso do conillon.
Cecafé: Exportação de café verde deve crescer 8% em 2013
As exportações de café verde do Brasil devem totalizar 26,9 milhões de sacas de 60 quilos em 2013, um aumento de quase 8% ante o ano passado, disse o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, em entrevista à Dow Jones. A alta deve compensar a esperada queda de produção na América Central e no México, cujas lavouras de café sofrem com um surto do fungo roya, causador da ferrugem. Segundo Braga, os produtores devem vender um volume maior de café do ciclo passado 'para dar espaço' à nova safra. A colheita de arábica, que forma a maior parte da produção do País, começa em junho. Cafeicultores brasileiros seguraram parte da safra do ano passado à espera de melhores preços, mas a venda desse volume agora pode render ainda menos do que em 2012. 'O café verde pode ser armazenado por muito tempo, mas seu sabor se deteriora e denuncia claramente sua idade, o que o torna menos valioso se comparado a cafés de safras mais recentes ou da atual', disse Christian Wolthers, presidente da importadora Wolthers America. No ano passado, o Brasil teve uma produção recorde de 50,83 milhões de sacas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso resultou em uma queda de 25% nos preços futuros do arábica na Bolsa de Nova York nos últimos 12 meses. A produção este ano será um pouco menor, mas pode superar os 50 milhões de sacas, segundo a Conab.
Governo colombiano investiga irregularidade no subsídio ao café
Governo colombiano respondeu ao Senado que está cumprindo com os acordos alcançados com o café após o levantamento da greve, mas avisou que os pagamentos seriam investigados porque alguns setores pretendem pedir a provisão quando não corresponde, disse o ministro da Agricultura, Juan Camilo Restrepo Salazar. No entanto, Restrepo disse que investiga se há alguns produtores que buscam reivindicar o subsídio com cargas de café e tinha salvo anteriormente. A este respeito, o primeiro vice-presidente do Senado, Guillermo Garcia Realpe, que disse durante um debate que a versão é cada vez maior por isso pedimos a Controladoria monitorar essa virada de dinheiro. O ministro também alertou que verifica se há alguns importadores estão trazendo café para passá-lo como grão cultivado no país, a fim de acessar os auxílios estatais aos agricultores. Finalmente, o ministro também explicou que as revisões em detalhes, se outros produtores que se pretendem reivindicar o subsídio.
Governador de MG pede à Dilma reajuste do preço mínimo não inferior a R$ 350
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, enviou ontem, à presidente Dilma Rousseff, ofício solicitando gestões junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para elevar o preço mínimo do café “para um patamar não inferior a R$ 350 por saca de 60 quilos, a fim de que o cafeicultor mineiro possa cobrir o custo de produção, que hoje atinge esse patamar na maioria das regiões produtoras”. O governador alegou na carta à presidente que o preço pago pela saca atualmente em Minas está em torno de R$ 300, bem inferior ao valor de maio de 2011, quando o preço da safra atingiu R$ 530. “Essa baixa nos preços do café implicou em significativa perda de renda do setor no país e, por conseguinte, fortemente em Minas Gerais pela sua condição de maior produtor nacional”, ponderou Antonio Anastasia. A produção brasileira de café na safra 2012/2013, considerados anos de produtividade elevada, foi de 50,8 milhões de sacas de 60 kg, equivalentes a 34% da produção mundial, observou Anastasia na correspondência à Dilma Rousseff, lembrando que “a participação de Minas Gerais no volume produzido pelo país no ano passado foi de 52,9%, visto que a safra mineira atingiu 26,9 milhões de sacas”. O governador acrescentou: “Além do mais, há que se destacar que a cadeia produtiva do café em nosso estado emprega cerca de 2 milhões de pessoas, de forma direta e indireta. Outro ponto relevante do grão para a economia estadual é que, no total das exportações realizadas em Minas Gerais, o café ocupa a segunda posição, ficando atrás somente do minério”. A carta enviada pelo governador à presidente Dilma Rousseff atende à forte reivindicação do setor cafeeiro de Minas Gerais, que vem se empenhando pelo reajuste urgente do preço mínimo do café. No final do mês passado, a revisão do preço mínimo era um dos itens da pauta do Conselho Monetário Nacional (CMN), juntamente com a prorrogação da dívida do setor cafeeiro. O conselho aprovou a prorrogação da dívida por 12 meses, a partir do vencimento, mas não apreciou o reajuste do preço mínimo, que atualmente é de R$ 261,69 a saca de 60 quilos. Na correspondência, o governador Anastasia enfatiza “a importância da cafeicultura para o Brasil e, em especial, para Minas Gerais”. “A representatividade desse agronegócio se expressa em grandes números que atestam sua magnitude”, destacou Anastasia. Em 2012, as exportações de café por Minas Gerais somaram US$ 3,8 bilhões, o equivalente a 48% das vendas internacionais do agronegócio mineiro. O café também respondeu por R$ 11,4 bilhões ou 8,6% do PIB do agronegócio mineiro. Como parte de seu esforço para valorizar a cafeicultura mineira e nacional, o Governo de Minas Gerais irá promover, em setembro próximo, em Belo Horizonte, a Semana Internacional do Café. O evento abrigará a reunião de comemoração dos 50 anos de criação da Organização Internacional do Café (OIC), que representa mais de 70 países consumidores e produtores do mundo. A Semana Internacional do Café também contará com o Espaço Café Brasil, a maior feira do setor na América Latina.