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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Desafios do Brasil para os próximos 30 anos

Desafios do Brasil para os próximos 30 anos

Investidores britânicos falharam ao não perceber a transformação da América do Sul
É um truísmo nas relações entre Brasil e Reino Unido o fato de a maior economia da América Latina e a primeira letra dos Brics raramente aparecer nos radares de Londres até cinco anos atrás. Os historiadores gostam de culpar o imperialismo britânico do passado e usam o seguinte argumento: o Brasil sempre foi parte da esfera de influência de outro país, e, portanto, Oriente Médio, África e mesmo a China pareciam oportunidades bem mais próximas para negócios.
"Explicações", baseadas no contexto do século XIX, são condescendentes em relação ao Brasil e muito suaves sobre o Reino Unido. Investidores britânicos dormiram no ponto e falharam ao não perceber a transformação da América do Sul nas últimas décadas. Agora estamos fazendo o máximo possível para recuperar o tempo perdido.
Minha visita ao Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e São Paulo neste mês será seguida pela de outras autoridades britânicas em breve. Na semana passada, uma delegação brasileira do setor de construção foi recebida em minha residência oficial, Mansion House. Além disso, o Ministério das Relações Exteriores britânico, apesar dos cortes de gastos, anunciou que expandirá sua presença no Brasil e aumentará a capacidade de nosso consulado em Recife.
Como embaixador do setor financeiro em Londres, estou determinado a encontrar áreas de cooperação, não apenas para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, mas também projetos de infraestrutura e Parcerias Público-Privadas (PPPs), na listagem de empresas britânicas no mercado de ações brasileiro e em outras oportunidades de trabalho conjunto.
Alguns pontos positivos merecem destaque: um novo memorando de entendimento para levar adiante o projeto do embaixador britânico, Alan Charlton, de ampliar PPPs em Minas Gerais, o grande interesse em tecnologia britânica capaz de injetar gás em motores a diesel, permitindo que caminhões reduzam emissões de carbono em 18% e sinais de que os planejadores da Olimpíada no Rio de Janeiro estão dispostos a enfrentar o problema da dispersão dos locais onde haverá jogos e eventos.
Uma ideia apresentada - que eu, como engenheiro, considero muito elegante - é de utilizar tecnologia de indução energética com carregadores subterrâneos para sistemas de ônibus elétricos sem fio, acabando com a necessidade de sistemas de ligação direta e permitindo que os ônibus sejam recarregados enquanto se locomovem.
Porém, ainda há problemas, como, por exemplo, a notícia sobre a reação do mercado de seguros sobre a introdução das resoluções 224 e 225. Essa decisão, sem qualquer aviso prévio, consulta ou análise completa de seu impacto foi um choque e, ao conversar pessoalmente com representantes do setor, em sua maioria no Rio, ficou claro para mim que muitos temem uma nova era de regulação instável. Essa é uma notícia grave, já que seguros e resseguros são fundamentais para a infraestrutura financeira e grandes empresas internacionais do setor estão confusas com a mudança repentina. Sinais dos mais altos escalões, de que esse tipo de ação brusca e sem consulta não se torne comum seriam muito bem recebidos pelo mercado global de resseguros.
Contudo, estou certo de que o Brasil superará esses momentos acidentados, visto que há boa vontade, por parte de todos, de abrir o Brasil para a economia global de forma plena e assegurar um futuro sustentável. O Brasil está em uma corrida global por empregos e espero que haja desejo de explorar todas as oportunidades, com Londres e em outros locais.
Apesar de esta viagem ser de aprendizado, acredito que acabar com problemas tópicos como o descrito acima é o desafio chave do Brasil. Na China, costuma-se dizer "devo enriquecer antes de envelhecer". Isso no Brasil, poderia ser "invista em seus anos dourados para que todos os nossos netos possam ter emprego qualificado se trabalharem para eles".
Afinal, o Brasil passa por um período de prosperidade com altas receitas geradas pela exportação de minerais e outros produtos, receita de petróleo, com perspectivas de aumento desta receita e uma influência crescente no cenário internacional. Tropeços serão possíveis até que uma economia doméstica competitiva seja estabelecida de maneira formal e sob taxação justa, com boa infraestrutura e vasto alcance social.
O país tem uma enorme quantidade de recursos naturais, mas tem também uma série de problemas relacionados a emprego, capacitação, infraestrutura e educação. O Brasil encontra-se no 127º lugar no Índice de Países mais Propícios para Negócios. O abismo entre ricos e pobres continua um desafio.
Enquanto o mundo estiver ávido por produtos brasileiros, o dinheiro fluirá, parte dele hot money. A questão real não é se recursos altamente capitalizados ou empreendimentos agrícolas possam aproveitar o desejo mundial por matéria-prima: Isso é certo. A verdadeira questão é se o Brasil conseguirá transformar esta era de prosperidade em uma economia moderna e competitiva em todas as frentes, com 100 mil novas pequenas empresas, um setor de exportação ágil e em crescimento, educação superior com cérebros competitivos no mercado global, um forte setor educacional, infraestrutura de primeiro mundo, pouca burocracia, e claro, uma classe média que seja mais do que uma classe trabalhadora com poucos recursos e tenha dinheiro suficiente para economizar e possibilitar investimentos futuros.
Sem essas mudanças, o Brasil em 2040 pode estar na direção errada: com grande fluxo de capital, advindo do petróleo, mas sem emprego para a sociedade em geral. O caminho ainda não está traçado e não há razão para que o Brasil deixe de vencer o desafio. Como pude ver durante a semana, seus líderes, como o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconhecem os desafios e acreditam que parte da resposta seja de que um Brasil, em crescimento sustentado e estável, desempenhe um papel cada vez mais ativo no resto do mundo, em todas as esferas. Londres, o centro financeiro mais globalizado do mundo, está preparado para dar suporte.
Lord Mayor Michael Bear é prefeito do centro financeiro de Londres (City of London).

Governo pede a bancos oficiais corte de crédito para usina só de açúcar -

Governo pede a bancos oficiais corte de crédito para usina só de açúcar
Abastecimento: Ação faz parte de um pacote de medidas para estimular a oferta de etanol e estabilizar seus preços

O governo vai endurecer as relações com os usineiros. A ideia é implantar medidas para estimular o mercado de etanol em detrimento da produção de açúcar, para garantir o abastecimento do combustível nas bombas.Uma das ações mais severas a ser adotada está ligada ao financiamento bancário oferecido a usinas produtoras de açúcar. A decisão é que bancos públicos federais, como BNDES, Banco do Brasil e Banco do Nordeste (BNB), ofereçam condições menos vantajosas para financiar a produção de açúcar, limitando os recursos a esses usineiros. "Estamos instruindo os bancos oficiais a reduzir o empréstimo de dinheiro para as usinas que produzam só açúcar", disse ao Valor o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Parte da decisão já está em curso. O governo criou uma linha de crédito de R$ 1 milhão por beneficiário para produtores independentes de cana-de-açúcar por quatro safras. Em breve, também anunciará uma linha do BNDES para financiar destilarias de etanol.
Um grupo interministerial já foi formado para analisar e conduzir as ações. O time envolve os ministérios de Minas e Energia, Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Ciência e Tecnologia. Esse grupo tem realizado reuniões frequentes com distribuidores para discutir o assunto.
Lobão afirmou que o governo considera taxar as exportações de açúcar para garantir o fornecimento de etanol. "Nós vamos, se for necessário, instituir o imposto sobre a exportação de açúcar", comentou. "Com o preço elevado no exterior, todos priorizam a produção do açúcar em vez do etanol. Precisamos ter a garantia da oferta e agiremos para isso."
As medidas de proteção à produção do etanol também envolvem a Petrobras Biocombustíveis. "Nós já instruímos a Petrobras a elevar a sua produção, que hoje é de 5%, para até 12% do mercado nacional. Não estamos brincando em serviço", afirmou.
Em abril, conforme adiantou o Valor, o governo passou a responsabilidade do controle e fiscalização da cadeia produtiva do etanol para a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com a decisão, o produto passou a ser tratado como combustível estratégico, e não mais como um mero derivado da produção agrícola. Até o fim de julho, a ANP deve publicar a regulação do setor de etanol.
O principal ponto a ser divulgado será a resolução sobre os contratos de etanol anidro (que é misturado à gasolina) entre distribuidoras e as usinas. A intenção é que as duas partes estabeleçam contratos de longo prazo que, para a agência, se referem a um ano de duração, para garantir o abastecimento do anidro na entressafra sucroalcooleira, que tem seu pico entre fevereiro e abril.
A demanda brasileira por etanol vai subir 161% entre 2011 e 2020, período em que a procura pelo combustível aumentará de 28 bilhões de litros para 73 bilhões de litros, prevê a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Os dados constam do Plano Decenal de Expansão da Energia 2020. A procura pelo combustível vai ser estimulada pelo aumento da frota de veículos, que saltará de 29,7 milhões em 2011 para 50,3 milhões em 2020.
Os automóveis flex, que funcionam com etanol e gasolina, já são 49% da frota de carros leves, mas saltará para 78% até 2020. Com isso, a demanda por etanol hidratado para abastecimento de veículos leves vai subir de 10,9 bilhões de litros este ano para 39,1 bilhões de litros em 2020, enquanto o consumo de etanol anidro - que é misturado à gasolina - vai cair de 8,2 bilhões de litros para 7,2 bilhões de litros no mesmo período.
Esta semana, ao comentar a oferta de etanol na próxima entressafra, que começa em dezembro e se estende até abril de 2012, o ministro Edison Lobão afirmou que o governo está prevendo "alguma dificuldade para o próximo ano". Segundo Lobão, a União não pretende reduzir a mistura de etanol na gasolina, atualmente em 25%, mas o ministro admitiu que, se for preciso, a medida poderá ser tomada.

Fazenda muda conceito de agricultura familiar

Fazenda muda conceito de agricultura familiar
O governo decidiu alterar o conceito de agricultura familiar para ampliar os benefícios oficiais ao segmento. O Ministério da Fazenda permitirá o enquadramento de famílias "com um ou dois membros" cujas atividades "não-agrícolas" sejam exercidas fora do estabelecimento rural. Hoje, a lei prevê que a mão de obra empregada na propriedade seja "predominantemente" da própria família.A medida para permitir a chamada "pluriatividade" foi anunciada ontem, em audiência no Senado, pelo secretário-adjunto de Política Econômica da Fazenda, Gilson Bittencourt. A alteração fará parte da reforma do Manual de Crédito Rural (MCR), antecipada pelo Valor em meados de maio. O MCR está em vigor há quase meio século. A última revisão das normas ocorreu em 1980.
O conceito de agricultura familiar inclui atualmente o limite de quatro módulos fiscais (20 a 400 hectares, segundo o município), maior parte da renda originada da propriedade, além de condução pessoal do negócio. "A simplificação das normas vai ajudar muito o pequeno produtor", disse Bittencourt aos senadores da Comissão de Agricultura.
O governo também resolveu alterar as regras do MCR para eliminar as "diversas limitações" que impedem hoje um agricultor familiar enquadrado em determinado grupo de acessar recursos destinados a outro conjunto de produtores. "O manual será uma única resolução e a partir daí será a principal, mas não a única, legislação para o crédito rural", afirmou o secretário-adjunto. "Hoje, é um depósito de todas normas, com resoluções, leis, circulares, um apanhado de 85% normas do crédito rural que são alteradas pelo CMN".
As alterações no MCR também limitarão o endividamento de produtores familiares em operações de custeio e investimento. Haverá limites específicos para risco assumido pelas instituições financeiras e o chamado "risco da União".
Hoje, a União tem operado mais com subsídios aos juros das operações e deixado de assumir riscos financeiros. Os bancos têm emprestados R$ 44 bilhões das chamadas exigibilidades, percentual dos depósitos à vista que são obrigados a emprestar ao setor rural. Hoje, as exigibilidades estão em 29%. Até o ano-safra 2014/15, voltará a 25%. "As operações hoje são a maioria de risco bancário, o que torna mais difícil novas renegociações de dívidas", disse Gilson Bittencourt. "Em qualquer intervenção do governo nesse processo, há necessidade de pagamento adicional".
O novo Plano de Safra 2011/12 prevê R$ 107 bilhões para a agricultura empresarial e outros R$ 16 bilhões aos produtores familiares. Nas novas regras, o governo incluirá tratamento especial a dois grupos de agricultores familiares: os assentados da reforma agrária e os agricultores de baixa renda. Haverá a unificação das linhas e dos prazos máximos de reembolso das diversas linhas de investimento.
O Pronaf Investimento será somado ao programa Mais Alimentos. O governo também estenderá aos familiares a renovação anual simplificada das operações de crédito para "agilizar e reduzir" os custos. "Na medida em que, a cada ano, o produtor vá pagando, o limite vá se abrindo e ele não precise trazer toda a documentação ao banco", afirmou Bittencourt.

Redução de 12% para 2% da alíquota interestadual do imposto trará perda de receita para oito estados

Redução de 12% para 2% da alíquota interestadual do imposto trará perda de receita para oito estados

As perdas de receita que os Estados tiverem com a redução das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) serão compensadas pela União por meio de um fundo de ressarcimento a ser criado. Fontes do Ministério da Fazenda informaram ao Valor que essa compensação deverá combinar a transferência direta de verbas da União para investimentos nos Estados com a concessão de estímulos regionais, por meio da redução ou eliminação de tributos federais incidentes sobre os projetos.
O modelo do fundo será apresentado pela Fazenda aos secretários de Finanças dos Estados na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), no dia 8, em Curitiba. Cálculos da área econômica indicam que a redução de 12% para 2% da alíquota interestadual do ICMS trará perda de receita para São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Amazonas e Goiás. As simulações, ainda preliminares, foram feitas a partir da análise das notas fiscais eletrônicas das 27 unidades da Federação e consideraram os montantes que cada Estado pagou e recebeu do imposto em 12 meses.
O ICMS é o tributo de maior arrecadação no país, com R$ 270,7 bilhões em 2010. É também o principal instrumento usado pelos governos estaduais na atração de investimentos privados, no que se convencionou chamar de "guerra fiscal".
O Ministério da Fazenda encerrou nesta semana os encontros com governadores para apresentação da proposta de reforma do ICMS. A sugestão é reduzir de 12% para 2% a alíquota do ICMS interestadual entre 2012 e 2014. Em algumas situações, o percentual passará de 7% para 2%. Os governadores querem, no entanto, negociar um tempo maior para a transição e reduzir a alíquota de 12% para 4%. A proposta será avaliada pela equipe do ministro Guido Mantega, mas a Fazenda tentará manter a diretriz original de corte da alíquota para 2%.
Há outras reivindicações apresentadas pelos Estados como contrapartida à reforma do ICMS no Congresso. A principal é a mudança do indexador da dívida dos Estados, que hoje é o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) com adicional de juros de 6% a 7,5% ao ano. Os governadores reclamam que esses encargos são pesados e incompatíveis com a conjuntura econômica. A Fazenda aceita modificar os contratos das dívidas, desde que a alteração seja limitada ao indexador.

Asian Coffee Prices Mostly Lower As Supply Concerns Ease

Asian Coffee Prices Mostly Lower As Supply Concerns Ease

Coffee prices in Asia were mostly lower in the week to
Friday as concerns about supply from major coffee-producing countries such as
Brazil and Colombia eased, but prices remain elevated due to strong global
demand.
Globally, arabica prices were higher, but in Asia they were more sticky.
Arabica coffee for July delivery on the IntercontinentalExchange settled at
$2.6680 a pound Thursday, up 2.1% from a week earlier but well off the
multi-year high of $3.0890/pound hit on May 2.
Some traders expect arabica futures to trade flat in the next few sessions
with resistance likely at $2.70/lb.
However, frost in Brazil could still hamper harvesting activities and might
push prices upward, cautioned a Singapore-based trader.
July robusta on the London International Financial Futures Exchange settled
lower, falling 0.4% over the week to close Thursday at $2,461 a metric ton amid
fears that roaster buying could slow in the coming months, as most roasters
have covered their needs for the period.
The volatility in coffee prices over the past few months has made purchasing
decisions very difficult, said a roaster in Singapore.
The roaster said he doesn't expect prices to come off quickly, however, as
global stocks are very tight and demand still remains strong in countries such
as Brazil, Vietnam and India, he said.
Prices are already quite high in major Asian coffee producing countries, with
premiums in top robusta supplier Vietnam quoted at around $30/ton to London's
September contract, and those in Indonesia, another key producer, quoted at
more than $100/ton to London's September contract, a second trader in Singapore
said.
Domestic prices in Vietnam have eased in the past week, with farm gate prices
hovering around VND50,200 a kilogram, down from VND51,000/kg a week earlier, as
some who have been holding stocks have parted with the beans, said a trading
executive at a leading coffee export house in Ho Chi Minh City.
However, prices could climb to VND60,000/kg in the coming months as there's
very little coffee left, he said.
Exports in June could fall by as much as 30% from a month earlier to around
80,000 metric tons, he said.
In India, Asia's third-largest producer, high quality arabica plantation bean
prices were steady around $6,300/ton, a trading executive in Bangalore said.
Traders aren't willing to sell at lower prices, he said.
However, robusta prices have eased slightly due to the fall in London
futures. Robusta cherry AB beans are quoted at $2,650/ton, down from $2,700/ton
a week earlier, the trader said.
Total Indian coffee shipments from Jan. 1-June 8 were estimated at 193,743
tons, up from 135,217 tons in the corresponding period last year, data from the
state-run Coffee Board showed Friday.
Exports may slow, however, as domestic consumption remains strong and the new
crop harvest won't likely start before December, he said.

Café na ICE tem novas correções e volta a fechar com ganhos

Café na ICE tem novas correções e volta a fechar com ganhos

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com altas, em um dia caracterizado pela continuidade dos ganhos da sessão anterior, o que permitiu que a posição julho ficasse ainda mais distante do seu mais recente suporte, localizado na área de 253,30 centavos. Compras de especuladores e de fundos deram sustentação aos ganhos, que foram efetivamente técnicos. O mercado tem uma preocupação com a questão do clima no Brasil, mas tal fator ainda não produz ações mais efetivas de compra ou de venda. As zonas produtoras do centro-sul do Brasil registram, nos últimos dias, temperaturas baixas, sem, contudo, a ocorrência de geadas, ao passo que chuvas foram registradas nesta semana em áreas produtoras, fato que pode trazer problemas para a colheita e também para a secagem dos grãos.

No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve alta de 295 pontos com 266,80 centavos, sendo a máxima em 268,70 e a mínima em 264,40 centavos por libra, com o setembro registrando oscilação positiva de 335 pontos, com a libra a 269,85 centavos, sendo a máxima em 271,60 e a mínima em 266,70 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição julho registrou alta de 17 dólares, com 2.461 dólares por tonelada, com o setembro tendo valorização de 16 dólares, com 2.507 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, as cotações fecharam esta quinta-feira em Nova Iorque com altas razoáveis, com o mercado continuando a construir um "bottom" menor de curto prazo, após a falha de se continuar as liquidações após o rompimento de um importante suporte referente a mínima de 5 de abril. No médio prazo, o mercado tem um viés consolidativo e corretivo, o que abre a possibilidade de uma oscilação não tão incisiva. Após atingir as máximas de quase 14 anos, em 308,90 centavos, no dia 3 de maio, o café passou a ser "controlado" pelas ações dos bears (baixistas), que pressionaram os preços até a mínima de 2 de junho, em 253,30 centavos. Na continuidade deste junho, o segmento "testou" mas não conseguiu fechar abaixo da linha de suporte diária de 256,75 centavo, que é o "swing" de baixa de 5 de abril. Essa falha em não se movimentar abaixo dos 256,75, fez com que um "bottom" de menor envergadura passasse a ser percebido nos gráficos.
Além disso, uma divergência bullish (altista) do Índice de Força Relativa de 14 dias passou a ser notada, sendo que ela se tornou mais consistente a partir de 2 de junho. Isso significou que o mercado buscou se mover para um novo patamar de baixa, mas não confirmou esse nível numa escala também de baixa do Índice. Na verdade, tal indicador já demonstra uma tendência diversa, o que, para alguns operadores, é um sinal altista.
No segmento de alta, as resistências de curto prazo, incluindo a análise de um Fibonacci, é de 38,5% da variação de 3 de maio a 2 de junho, ao redor de 275,00 centavos e de 50%, que ficaria próximo de 281,00 centavos.

Pete DeSario, analista técnico da Elliott Wave International, indicou que o mercado fez um giro considerável, quando se analisa a movimentação a partir do dia 3 de maio, quando o julho bateu na máxima de 308,90 centavos. Olhando a formação gráfica histórica de longo prazo, DeSario desenhou uma linha de tendência considerável, deixando de lado a máxima de abril de 1977, em 337,50 centavos e de maio de 1997, de 318,00 centavos. Ele indicou que, por esse cálculo, o mercado de café em maio teve uma alta de 2 centavos de dólar. "O pico de maio é expressivo nessa linha", disse o especialista, que lembrou que é possível ver naquela formação algo de longa duração, apesar de, naquele instante, isso ter sido lido como negativo. No curto prazo, DeSario disse que o recuo de 3 de maio para 2 de junho desdobrou a tendência em cinco ondas, segundo os cálculos da formação Elliott, que "lê" o mercado a partir de ondas. Segundo essa teoria, uma tendência seria formada por cinco ondas, sendo uma primária, que leva outras duas, e mais duas que seriam inversas. Para o especialista, no dia 3 de maio a primeira onda (baixista) foi observada. "Acreditamos que agora embarcamos em uma onda corretiva, que poderia levar o julho para o patamar de 281,00 centavos ou mesmo para a zona dos 288,00 centavos, sendo que, a partir daí, poderíamos ter novas baixa mais substanciais. No longo prazo, vemos um potencial para o café se posicionar abaixo dos 175,00 centavos", complementou DeSario.

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 520 sacas indo para 1.671.929 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 22.989 lotes, com as opções tendo 3.760 calls e 4.272 puts. As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 9, somaram 400.519 sacas, contra 513.800 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 268,70, 269,00, 269,50, 269,90-270,00, 270,50, 270,75, 271,00, 271,50, 272,00, 272,50 e 273,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 264,40, 264,00, 263,50, 263,00, 262,50, 262,00, 261,50, 261,00, 260,50, 260,10-260,00 e 259,50 centavos por libra.