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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Lavazza terá indústria de exportação no Brasil

Lavazza terá indústria de exportação no Brasil


O Brasil exportou 30,3 milhões de sacas de café no ano passado. Desse volume, apenas 107 mil foram equivalentes a café torrado e moído. Outros 2,9 milhões corresponderam a café solúvel.

O café é um dos setores mais tradicionais da economia brasileira, mas também um dos de menor agregação de valor quando se trata de vendas externas. Porém, esse cenário pode começar a mudar.

Uma das principais indústrias de café no mundo, a italiana Lavazza fará do Brasil a base para as exportações de café industrializado para as Américas. Há vários anos no Brasil, a empresa vinha fazendo análises do mercado e buscando a localização para sua indústria. Escolheu o Estado do Rio de Janeiro, e a nova indústria entra em operação no segundo semestre do próximo ano.

A marca responde por 50% do café consumido na Itália e quer agora uma expansão forte também em outros mercados.

Aquisições

A Lavazza, que já comprou duas pequenas empresas de café no Brasil, a carioca Café Grão Nobre e a paulista Terra Brasil, vai continuar fazendo aquisições. "Vamos fazer uma série de outras pequenas compras para montar uma plataforma sobre a qual deveremos construir um crescimento orgânico", disse Gaetano Mele, presidente-executivo da empresa.

A nova fábrica da empresa será construída de forma modular. Inicialmente a empresa colocará em operação uma unidade para fornecer produto para o Brasil. Na sequência, virão os mercados da América do Sul e dos Estados Unidos. Os investimentos iniciais ficam entre R$ 35 milhões e R$ 45 milhões.

O executivo da Lavazza diz que a unidade do Brasil terá a mesma gama de produtos oferecidos na Itália, incluindo cápsulas de café. Um mercado ascendente, as cápsulas ganham força no consumo. Mele justifica a necessidade de a empresa colocar a maior variedade possível de produtos no mercado porque os consumidores têm gostos variados.

Apesar da nova indústria, os objetivos da Lavazza continuam sendo os consumidores de café expresso fora de casa: cafeterias, escritórios, hotéis, indústrias etc. O segundo passo deve ser o consumo no lar.

Futuro

A aposta da Lavazza no Brasil tem um motivo: a busca de um país que terá um diferencial mundial em uma ou duas décadas. Mele afirma que a população, os recursos e a dinamicidade da economia brasileira fazem a diferença, e a empresa quer estar nesse mercado nos próximos anos.

O café de qualidade custa mais e exige renda dos consumidores, mas isso não deverá ser problema para o Brasil. O crescimento de renda no país será em ritmo maior do que nos países de economia consolidada, afirma o executivo.

O desafio futuro para as empresas será obter redução de custos sem reduzir a qualidade, na avaliação do executivo. "Se há qualidade melhor da matéria-prima, deve-se pagar mais pelo produto", diz ele.

Mas a vida de produtores e de empresas não tem sido fácil ultimamente. A entrada dos grandes fundos de investimentos no mercado de commodities agrícolas tem distorcido os preços do café, que não seguem apenas as questões de oferta e de demanda. Mele diz que "esses fenômenos externos ao mercado, como as especulações financeiras, preocupam muito".

A reportagem é de Mauro Zafalon, para o jornal Folha de S.Paulo, resumida e adaptada pela equipe CaféPoint.