Café continua a operar em ritmo lento na ICE e fecha com alta ligeira
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quarta-feira com altas ligeiras, novamente em uma sessão pouco atrativa, lateralizada, de poucos lotes comercializadas e com as características claras de um mercado letárgico, com poucas variações ou alternativas. Assim como observado ao longo de sessões recentes, o dezembro flutuou dentro de um intervalo ligeiro, sem "fugir" do nível psicológico de 115,00 centavos por libra. O mercado tem direcionamento eminentemente técnico e não dá demonstrações de ter poder de fôlego para buscar altas mais efetivas, ainda que o quadro atual seja caracterizado por estar sobrevendido.
No lado fundamental, o mercado continua a trabalhar em torno do aspecto "disponibilidade". As boas safras do Brasil, Vietnã e Colômbia animam os compradores, que não precisam sair em desabalada carreira a procura de deixar seus estoques prontos para o período de maior procura pelo grão, que é o inverno no hemisfério norte. Por sua vez, a demanda cafeeira tem um crescimento apenas pontual em nações desenvolvidas e vê um incremento mais efetivo somente em mercados emergentes. Já a quebra dos centro-americanos, importantes fornecedores de cafés suaves, não consegue desestabilizar o quadro baixista atual, principalmente diante dos argumentos dos baixistas de que esses grãos poderão ser "compensados" com cafés brasileiros ou mesmo com robustas.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve alta de 20 pontos, com 115,25 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 115,80 centavos e a mínima de 114,45 centavos, com o março registrando valorização de 25 pontos, com 118,45 centavos por libra, com a máxima em 118,85 centavos e a mínima em 117,70 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve alta de 26 dólares, com 1.722 dólares por tonelada, com o janeiro tendo valorização de 22 dólares, para o nível de 1.709 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, mais uma vez, o café conseguiu passar incólume pela queda de braço na economia norte-americana. A commodity opera focada em aspectos próprios, técnicos e não acompanha alguns outros segmentos, como as bolsas de valores, que estão indicando fragilidade diante da paralisação estatal dos Estados Unidos. Alguns dos analistas avaliam que o impasse pode estar próximo de ser equacionado, principalmente após a afirmação do presidente do país de que irá aceitar um aumento de curto prazo no limite de empréstimo da economia local. Por outro lado, alguns operadores apontam que a economia norte-americana pode entrar em um default, por conta da necessidade de cobertura da dívida local. Nesse caso, os efeitos para os mais diversos segmentos da economia poderiam ser muito mais desastrosos.
"O dólar teve um dia de alta em relação a várias moedas internacionais e chegou a subir até mesmo em relação ao real brasileiro. Essa subida refletiu nas commodities, já que a maior parte delas fechou a terça com quedas. No café, no entanto, o cenário é técnico e de pouca volatilidade e não foi o câmbio que conseguiu mudar esse direcionamento. Com isso, mais uma vez, fechamos dentro do mesmo diapasão de preços", declarou um trader nova-iorquino.
O Vietnã vai colher um safra recorde de 29 milhões de sacas de café na temporada iniciada neste mês. A estimativa foi apresentada pela empresa Volcafe, ao passo que a trading Olam International espera uma colheita de 28 milhões de sacas. Os preços estão caindo, depois de uma alta de 6,1% registrada na semana passada, o maior ganho desde fevereiro de 2012 para um contrato mais ativo. Para Sterling Smith, do Citigroup, em Chicago, a tendência é que os rallies mais acentuados diminuam no mercado de robusta com o avanço da safra vietnamita.
As exportações brasileiras no mês de setembro, até o dia 26, totalizaram 1.750.776 sacas de café, alta de 18,19% em relação às 1.481.334 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 1.685 sacas, indo para 2.758.607 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 11.704 lotes, com as opções tendo 559 calls e 1.056 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 115,80, 116,00, 116,20, 116,50, 117,00, 117,45-117,50, 118,00, 118,50, 119,00, 119,20, 119,50, 119,90-120,00, 120,50, 120,75, 121,00-121,05, 121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20 e 122,50 centavos de dólar, com o suporte em 114,45, 114,00, 113,85, 113,50, 113,00, 112,50, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00, 109,50, 109,00, 108,50, 108,00, 107,50 e 107,00 centavos.
Técnico, Londres tem coberturas e fecha dia com valorização
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe mantiveram o clima favorável e tiveram uma quarta-feira de bons ganhos, com o novembro, mais uma vez, se posicionando acima do nível psicológico de 1.700 dólares. O volume negociado ao longo do dia foi apenas modesto.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi iniciado de forma lenta e com algumas baixas chegando a ser registradas. A posição novembro tocou a mínima de 1.686 dólares. No entanto, na sequência, algumas novas ordens de compra passaram a ser emitidas e os ganhos se consolidaram, com a primeira posição conseguindo finalizar as negociações do dia muito próxima da máxima da sessão, que teve uma característica eminentemente técnica, seguindo o padrão trabalhado pela casa de comercialização britânica ao longo dos últimos dias.
"A tendência de alta não parece ser uma unanimidade, porém, algumas coberturas estão sendo realizadas, principalmente antes de o mercado ter um impacto mais efetivo da chegada da nova safra vietnamita, que é um referencial para este momento do mercado", indicou um trader.
O operador lembrou que a empresa Volcafé estimou a produção do país indo-asiático em 29 milhões de sacas, um milhão de sacas a mais que a trading Olam International. O volume é considerável e vai exercer uma pressão efetiva sobre o segmento. O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 7,79 mil contratos, contra 3,65 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 13 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve alta de 26 dólares, com 1.722 dólares por tonelada, com o janeiro tendo valorização de 22 dólares, para o nível de 1.709 dólares por tonelada.
Jânio Zeferino sugere que produtores esperem para vender safra
O diretor do Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Jânio Zeferino da Silva, sugeriu nesta terça, dia 8, que os produtores aguardem o melhor momento para vender a safra do café. Na opinião do diretor, a situação de baixa dos preços reflete a fraca comercialização, com vendas de lotes pequenos de cafés de baixa qualidade. Segundo Silva, ainda há perspectiva de reversão da atual tendência de queda das cotações, que acumulam baixa de 25,6% na Bolsa de Nova York desde o início do ano. Ele atribui a pressão sobre os preços às especulações do mercado. Silva fez ainda uma avaliação positiva dos leilões dos contratos de opções de venda de café. Ele acredita que ainda existe possibilidade de os leilões influenciarem os preços do café no mercado internacional, assim como os R$ 4 bilhões destinados pelo governo para comercialização e estocagem de café. Nessa terça, o governo fechou o ciclo de leilões, por meio dos quais sinaliza com a compra de 3 milhões de sacas em março do próximo ano, ao preço de R$ 343 a saca, valor superior aos R$ 260 a saca praticados atualmente no mercado.
Preço do café não reage e valor é 36% menor do que no ano passado
Os preços da saca de café não reagiram mesmo com as medidas de apoio adotadas pelo governo em setembro. Na época, três milhões de sacas foram retiradas do mercado através de três leilões de contratos de opões de venda no valor de R$ 343 a saca, com vencimento em março. No entanto, hoje o valor da saca do café arábica tipo 6 é negociado a R$ 252, valor 36% menor do que em outubro do ano passado, quando era vendido a R$ 395. No Sul de Minas, a Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), vendeu 524 mil sacas, o equivalente a 18% da oferta total. A expectativa era de que o preço subisse com a retirada das sacas do mercado, o que não aconteceu. Para o gerente de mercado futuro da Cooxupé, Heberson Vilas Boas Sastre, o leilão veio tarde. " Se ele tivesse vindo mais cedo um pouco, antes do início da colheita, o produtor já iria ter as regras claras antes de terminar a safra e ele teria evitado de ter vendido o café durante a safra. Não estou falando que ele está fora de hora, mas se tivesse vindo mais cedo, seria melhor para os produtores", diz Sastre. Ainda conforme o gerente da Cooxupé, a expectativa é de uma reação no valor da saca a partir de agora, após o último leilão de contratos de opção das sacas que sobraram dos leilões anteriores realizados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).