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quarta-feira, 12 de maio de 2010

SINCAL adverte - Perigo de geadas nos nossos cafezais

SINCAL adverte - Perigo de geadas nos nossos cafezais
Quarta, 12 Maio 2010

Há diversos anos que não sofremos mais com as geadas nos nossos cafezais que foram muito intensas nas décadas de sessenta e setenta com prejuízos considerados moderados, severos e severíssimos. As duas últimas geadas com intensidade severíssimas ocorreram em 1975 e 1979 as quais praticamente dizimaram os cafeeiros do Paraná, São Paulo e boa parte do Sul de Minas. Após esses dois eventos, ocorreram outras geadas de intensidades moderadas. Lembro-me perfeitamente da geada de 1979, especificamente no dia 31 de maio. Engenheiro Agrônomo recém formado, exercia atividades profissionais na Bayer e, naquela noite extremamente fria tive a sensação que havia ocorrido uma forte geada e, logo nas primeiras horas do dia procurei, em Machado/MG, o Dr. Pinheiro do IBC, que confirmou o evento como severíssimo. À tarde viajando no sentido de Poços de Caldas já percebia o grande prejuízo em toda região e, aquela geada ocorrida tão cedo, já em maio, liquidou nossos cafezais.

Estamos acompanhando a climatologia, principalmente com os pareceres técnicos do professor Luis Carlos Baldicero Molion, do Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas, doutor em metereologia pela universidade do Wiscosin dos Estados Unidos e representante da América Latina junto à Organização Metereológica Mundial. Portanto, o curriculum do Dr. Molion é realmente relevante e, suas colocações técnicas são embasadas cientificamente e julga que há uma histeria mundial em relação ao clima imposta por Al Gore para ganhar as eleições americanas na disputa com o presidente Jorge W. Bush. Al Gore contaminou o mundo com Uas Pseudos - preocupações, as quais continuam nas nossas cabeças, vendo ursos polares sobre camadas de gelos em derretimentos e, outros documentários alarmistas. Depois veio o tsunami, aí então, o mundo passou a crer que estamos totalmente desequilibrados ambientalmente.

Para nós cafeicultores, graças a Deus, tivemos uma época de calmaria da violência das geadas e, em contra partida fomos fortemente atingidos por uma servidão econômica que nos prejudica com uma injustiça nunca vista na atividade cafeeira e, muito mais triste, pois, não advém de um evento climático natural, mas sim, de uma imposição escravistas dos demais elos da cafeicultura, que vivem num conluio, em detrimentos aos cafeicultores que foram enganados por falsas lideranças e falsos políticos.

O Dr. Luis Carlos Baldicero Molion mostra que o termômetro da temperatura global é o oceano pacífico com seus 180.000.000 de quilômetros quadrados que corresponde aproximadamente a 35% da superfície terrestre que é de 510.000.000 quilômetros quadrados. De 1979 a 1998 o oceano pacífico esteve mais quente e, essa fase coincidiu com um período de temperatura mais elevadas no planeta. Mas, nesses últimos 10 anos o oceano pacífico está dando sinais de resfriamento culminando no momento com o sol que está entrando numa fase, cíclica, de menor produção de energia e perdendo atividade. Conclui-se que a partir, de agora teremos grandes riscos de ocorrência de geadas nas regiões cafeeiras com um período de resfriamento da terra e, com durabilidade para os próximos 20 anos e, logicamente nosso cinturão cafeeiro situa-se em grande parte da região sudeste com vulnerabilidade às geadas.

Além do exposto, nossos cafeicultores de modo geral, esqueceram das geadas e plantaram muitas lavouras em locais baixos e vulneráveis. Lembro perfeitamente da nossa cafeicultura dos anos setenta e oitenta e, lá não víamos lavouras nas baixadas. Existe um levantamento climatológico, do extinto IBC, feito pelo professor e pesquisador de climatologia Eng. Agrônomo Ângelo Paes de Camargo que delineava exatamente os locais susceptíveis. Ninguém segue mais esse trabalho. Na próxima geada veremos os prejuízos dos incautos.

Hoje, estamos amargando a nossa incompetência pelos preços baixos praticados no brasil. enquanto, o mundo cafeeiro do arábica, praticamente todos os países produtores vendem uma saca de café na faixa de R$ 480,00 até R$ 550,00, nós estamos vendendo de R$250,00 a R$270,00 / saca. Cafés de excelentes qualidades e, ainda por cima temos 50% de markte-share. De protagonista passamos à coadjuvante e arrastando prejuízos nunca vistos. Como fala o caboclo: “vai ser ruim pra lá”. Esses prejuízos e essa situação são de responsabilidade das nossas lideranças e dos falsos-políticos em conluio com os demais elos da cadeia e com o setor governamental que deveria acompanhar o café e, é caótico, cego e.... sem comentários. Estamos amargando os preços baixos e, nos próximos tempos, quando da ocorrência de uma geada, estaremos chorando por termos entregues nossos cafés por preços tão miseráveis. Ao Ministério da Agricultura que entregou o café à gente desqualificada e com visão curtíssima faz-se necessário uma mudança urgente nessa gestão, quem sabe voltar o café para o seu antigo gestor o Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

A SINCAL adverte para todos esses aspectos políticos e técnicos e contatos que fizemos com o Dr. Molion, para parabenizá-lo de suas colaborações técnicas e, ele pediu que advertíssemos aos cafeicultores o risco da geada para esse ano, pois, o hemisfério norte está extremamente frio e esse é um sinal evidente do risco da geada, além de, considerar os outros fatores expostos. Isso realmente é preocupante, pois, desde a década de setenta e algo da década de oitenta não víamos as nevascas atingirem determinados locais na península ibérica como vem ocorrendo. Nos últimos dias até Roma foi acometida de nevasca que é algo raro.

Senhores cafeicultores, administrem o máximo seus estoques de café, parem com essas trocas físicas que só beneficiam as multinacionais, exportadores e importadores. Prudência e precaução nunca são demais e fiquem preparados, a partir de maio, com medidas para amenizar os efeitos práticos das geadas. O Engenheiro Agrônomo sabe como amenizá-las.


Armando Matielli - Eng. Agrônomo

Cafeicultor em Guapé/MG

Presidente Executivo da SINCAL