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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Commodities Agrícolas

Problema na entrega
O congestionamento nos portos brasileiros, que está
atrapalhando as entregas de açúcar do país, acabou impulsionando ontem os
preços futuros do adoçante negociados na bolsa de Nova York. Os papéis com
vencimento em outubro fecharam o dia cotados a 23,38 centavos de dólar por
libra-peso, com alta diária de 102 pontos. O Brasil é o maior produtor de
açúcar do mundo. De acordo com especialistas ouvidos pela Bloomberg, os
problemas envolvendo a entrega da commodity deverão perdurar até julho. "Os
fundamentos são altistas", afirmou à agência americana Sterling Smith, analista
da Country Hedging, em Minnesota. No mercado doméstico, o indicador Cepea/Esalq
para a saca de 50 quilos do açúcar ficou ontem em R$ 54,65, sem variação diária.

Reversão de tendência
Os contratos futuros do café com entrega em setembro
fecharam na quinta-feira a 264,80 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de
Nova York. Isso representou uma alta diária de 550 pontos. Foi uma reversão de
tendência em relação ao pregão anterior, durante o qual um movimento de
liquidação de contratos por parte de fundos de investimentos provocou um tombo
nos papéis nova-iorquinos. Os traders não descartam que a fuga dos investidores
das commodities continue nos próximos dias, dependendo de fatores
macroeconômicos não relacionados aos fundamentos de oferta e demanda desses
produtos. No mercado doméstico, o indicador Cepea/Esalq para a saca de 60
quilos do café ficou em R$ 519,03, com variação diária negativa de 0,33%.

Tempo úmido
O tempo úmido nas regiões produtoras de soja nos Estados Unidos
continuou preocupando o mercado ontem, com a possibilidade de uma retração na
área plantada com a oleaginosa nesta safra por causa de atrasos no plantio. Os
traders estão especialmente atentos na área semeada devido aos baixos estoques
de soja do país. Essas questões repercutiram nas cotações futuras da commodity.
Na bolsa de Chicago, os papéis com entrega em agosto fecharam o dia a US$
14,0050 por bushel, com alta de 18,50 centavos de dólar. "O plantio ainda está
muito devagar", disse Don Roose, presidente da U.S. Commodities, em entrevista
à Bloomberg. No mercado doméstico, o indicador Cepea/BM&FBovespa para a saca de
60 quilos ficou em R$ 48,55, com variação positiva de 1,34%.

Atraso no plantio
Os futuros do milho negociados na bolsa de Chicago encerraram
a quinta-feira a US$ 7,4150 por bushel para entrega em setembro, com alta
diária de 13,25 centavos. Mais uma vez, a expectativa de retração na área
plantada nos Estados Unidos parece ter impulsionado o mercado. De acordo com o
Linn Group, empresa de pesquisas sobre commodities e gerenciamento de ativos, o
clima ruim em regiões americanas está atrasando o plantio e isso poderá
resultar em retração da área semeada de 36,2 milhões de hectares, estimados em
maio, para 35,3 milhões. A previsão é inferior à do USDA (37,3 milhões). No
mercado interno, o indicador Esalq/BM&FBovespa para a saca de 60 quilos do
milho ficou em R$ 30,25, com valorização diária de 1,20%.



Embargo a carne é retaliação russa
O embargo da Rússia à carne produzida por 85 frigoríficos brasileiros em três
Estados é uma resposta de Moscou ao corpo mole do governo brasileiro em defesa
da entrada do parceiro na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Fontes do governo informam que autoridades russas, sobretudo o
primeiro-ministro Vladimir Putin, já tinham "deixado clara" ao vice-presidente,
Michel Temer, no encontro dos dois em maio, a disposição de retaliação de
Moscou às dificuldades impostas pelo Brasil nas negociações para a OMC. A
reação desmedida dos russos deve provocar uma ofensiva diplomática brasileira.
A Rússia é o maior comprador de carne bovina e suína do país.
A suspensão temporária da importação pelos russos atingiu carnes suína, bovina
e de frango em estabelecimentos localizados no Paraná, Mato Grosso e Rio Grande
do Sul. Apesar do número expressivo de empresas afetadas, a expectativa dos
exportadores de carne bovina é de que o embargo não traga prejuízos ao setor.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de
Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, não deve haver perdas, pois as empresas
atingidas vão exportar a partir de plantas localizadas em Estados não afetados
pela medida.



Rússia barra frigoríficos; Brasil vê pressão ligada a apoio à OMC
O embargo temporário da Rússia às carnes produzidas em 85 estabelecimentos
localizados nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso é uma
"resposta" de Moscou ao "corpo mole" do governo brasileiro em defesa da entrada
do parceiro na Organização Mundial do Comércio (OMC). Entre as empresas
afetadas pela suspensão, anunciada ontem, estão JBS, Brasil Foods, Marfrig e
Minerva. A medida entra em vigor no dia 15 deste mês.
Fontes do governo informam que autoridades russas, sobretudo o
primeiro-ministro Vladimir Putin, já tinham "deixado claro" ao vice-presidente
Michel Temer a disposição de retaliação de Moscou às dificuldades impostas pelo
Brasil nas negociações para a OMC. Temer comandou, em meados de maio, uma
comitiva em visita ao país e ouviu do premiê que o Brasil tem sido pouco
"proativo". O chefe do serviço sanitário russo, Sergei Dankvert, também
reforçou o recado.
Entre outros temas, essa comitiva foi à Rússia justamente para tratar do
embargo que o país havia imposto a 29 estabelecimentos exportadores de carnes
em abril.
A reação dos russos, considerada desmedida, deve provocar uma ofensiva
diplomática brasileira para "apertar" as autoridades do parceiro comercial.
Antes, porém, uma missão técnica será enviada a Moscou para tentar um acordo
sanitário para levantar o embargo às exportações brasileiras de carnes bovina,
suína e de frango. Se isso fracassar, avalia o governo, ficará caracterizada a
existência de "outras motivações" para a decisão russa, como assinalou, em
nota, o secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim. Ele também esteve
na Rússia em maio e se reuniu com Dankvert para discutir o embargo imposto em
abril.
Conforme apurou o Valor, os russos tinham pedido para que a delegação de Michel
Temer levasse negociadores a Moscou com poder de fechar a negociação bilateral
para acesso à OMC. O Itamaraty teria respondido que a negociação ocorria na
OMC, em Genebra, e não mandaria ninguém para que os russos não pressionassem o
vice-presidente sobre um tema que ele não acompanha rotineiramente.
Representantes russos teriam ficado irritados porque queriam ter tratado do
tema durante a visita do vice-presidente.
A embaixada brasileira em Moscou diz não ver, porém, qualquer vinculação entre
as tratativas mantidas com as autoridades russas em Moscou sobre as condições
sanitárias para acesso das carnes brasileiras ao mercado russo e as negociações
em Genebra para a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio.
Internamente, o Itamaraty está sendo cobrado para adotar uma posição mais dura
com a Rússia. Sob reserva, fontes afirmam que a agricultura não pode mais ser
"moeda de troca nem boi de piranha" nesse processo político da OMC. "Causa
estranheza o fato de as medidas terem sido anunciadas sem consistência técnica,
repetindo argumentos anteriormente já esclarecidos", disse o secretário Jardim.
"Pela segunda vez, a notificação chega sem nem mesmo ter sido enviado ao
governo brasileiro o relatório técnico das inspeções russas feitas no Brasil".
A Rússia não quer ceder na questão das cotas para as carnes brasileiras.
Principalmente, na carne suína, a mais prejudicada pelas mudanças -, o Brasil
chegou a ter 70% do mercado russo e hoje detém menos de 25%.
O Brasil tem forçado os russos a aceitar um "sistema de transição" para seu
modelo de cotas. Mas a Rússia quer manter as atuais regras até 2020, sem uma
"convergência gradativa", liberando as vendas somente a partir de 2021.
O Brasil também se sente prejudicado pelo sistema de cotas russo que, no caso
da carne suína, favorece a União Europeia e os Estados Unidos, com maiores
volumes. As exportações brasileiras estão incluídas na categoria "outros". O
Brasil quer que a cota deixe de ter definição geográfica e siga o critério de
Nação Mais Favorecida (NMF), isto é, o importador russo que tiver a cota pode
comprar do país que bem entender.
Os exportadores de carnes bovina e de frango estão menos insatisfeitos com a
situação em relação às cotas, mas ainda assim engrossariam o descontentamento.
A Rússia critica o sistema sanitário brasileiro ao afirmar que o Ministério da
Agricultura não tem controles ideais sobre trânsito de animais nos Estados e
condições de higiene nos frigoríficos. A missão brasileira se ofereceu para
tratar, caso a caso, os frigoríficos ameaçados ou já embargados. Mas os russos
quiseram tratar do sistema como um todo, e não por partes.
Em conversa com técnicos do governo, veterinários da missão russa admitiram que
seriam mais duros em sua avaliação porque o tema tinha um "viés político", e
não técnico. Eles cobraram, como não haviam feito antes, a ampliação dos testes
de resíduos em carnes brasileiras, inclusive com pesquisas sobre radiação nos
alimentos. As exigências adicionais seriam desnecessárias, caras e demandariam
contratação e treinamento de um grande contingente de profissionais.
Os russos também insistem, de forma equivocada, segundo fontes do governo, em
pedir o fim da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) para aumentar a venda do
seu trigo no Brasil. As fontes argumentam que, se retirada a TEC, haveria uma
avalanche de produto dos Estados Unidos e do Canadá, mais competitivos do que o
trigo russo.
Além disso, Argentina e Uruguai têm fortes resistências a abrir o mercado comum
dominado por seus exportadores. O Brasil ofereceu, na visita a Moscou, ampliar
as compras da Rússia, hoje limitadas ao Nordeste. Com isso, o trigo russo
poderia desembarcar em portos até São Paulo, deixando o Sul do país para
eventuais compras da Argentina. Mas os russos consideraram a oferta
insuficiente.



Produtor de leite fica "maior" e produz mais

Os produtores de leite estão se tornando "maiores" e buscando cada vez mais a qualidade do produto. Esse enquadramento é necessário porque os laticínios exigem cada vez mais volume e qualidade do produto.
Há 15 anos, 5,3% das propriedades de leite do país eram médias e grandes, representando 46% da produção total.
Em 2009, esses produtores somavam 12% das propriedades, com participação de 81% no total de leite produzido. Em números, os produtores médios e grandes subiram de 97 mil, há 15 anos, para 142 mil, em 2009.
As conclusões são da Leite Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Leite), com base em estudo da Embrapa Gado de Leite.
O cenário dos últimos anos mostrou que "é possível [o país] produzir o leite que quiser", segundo Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil.
O fortalecimento dos produtores é importante porque eles conseguem concentrar qualidade no leite e renda.
Os programas de valorização da qualidade do leite vêm aumentando e os produtores adotam mais tecnologia na produção.
Com isso, obtêm uma contagem de micro-organismos semelhante à da União Europeia. Além disso, o leite desses produtores registra menor contagem bacteriana em relação ao comprado por empresas que não adotam programas de qualidade.
O Brasil produz 30 bilhões de litros de leite por ano e consome volume semelhante. Isso indica que todo o aumento de produção e de qualidade vai beneficiar o consumidor interno.
O mercado externo ainda está distante, na avaliação de Rubez. Não só pela demanda interna, que consome toda a produção nacional, mas também pelos subsídios dados aos produtores em outros países produtores.
A capacidade de produção deles, no entanto, está esgotada e, quando precisarem de leite, vão retirar o subsídio da produção, dando espaço ao Brasil, diz ele.

Falta pouco Pelo menos 90% da proposta do Código Florestal Brasileiro aprovado pela Câmara deverá ser aceita pelo Senado. Os outros 2% que serão modificados não terão espaço para grandes mudanças. A avaliação é do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator do projeto.

Áreas permanentes Rebelo, que participou ontem de um debate com produtores do oeste da Bahia, diz que o ponto polêmico são as APPS (Áreas de Prevenção Permanente), que considera a ocupação de beira de rios, encostas e topo de morros.

Mata ciliar Para o deputado, as discussões maiores serão a respeito da ocupação das áreas de beira de rios. As decisões sobre encostas e topo de morros já são aceitas também pelo governo.

Sem veto O relator do Código Florestal não acredita em veto de Dilma. O deputado esteve ontem na Farm Show, feira realizada pela Aiba (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia). Transparência Eduardo Salles, secretário de Agricultura da Bahia, diz que a aprovação do código traz regras claras para o setor e elimina a insegurança jurídica. Ele afirma, no entanto, que "houve erros, e o que precisar será corrigido".

Ajuste estadual É necessária uma orientação federal para o Código Florestal. Mas os Estados também deverão legislar levando em consideração as especificidades de cada região do seu território, segundo Eugênio Spengler, secretário do Meio Ambiente da Bahia.

Planejamento Spengler afirma, no entanto, que o Estado terá de ter capacidade para preparar medidas efetivas, de forma que o cidadão já conheça de antemão a terra que está comprando e as exigências da lei.

Ganhos O mercado externo de commodities agrícolas fechou o dia em alta, ontem. Na Bolsa de Nova York, o açúcar liderou o mercado, com alta de 4,7%.
Responder Encaminhar Convidar NetcaféBR para bater papo

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