Páginas

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

OCDE defende valorização cambial em emergentes

A valorização de moedas de países emergentes mais dinâmicos deverá continuar e
é uma "condição necessária para o reequilíbrio da economia mundial", afirmou
ontem o secretário-geral da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), Angel Gurria.
Para o chefe dessa espécie de clube dos países ricos, "os ajustes de taxa de
câmbio não deverão, porém, ir muito longe, sob o risco de afetar certos países
de maneira desproporcionada."
A configuração mundial da atividade econômica e das políticas monetárias
favorece um fluxo de capital que aprecia também os preços nos mercados
imobiliários e nas bolsas dos países destinatários. E alerta para a
possibilidade de uma inversão futura dos fluxos de capitais. Para ele, essa
situação pode provocar "intervenções compensatórias" que acentuarão as pressões
sobre certos países e criarão "em definitivo" um risco de protecionismo
particularmente devastador.
A OCDE insiste que os emergentes mais dinâmicos da Ásia deveriam gastar suas
poupanças obtidas através do comércio em programas para suas próprias
populações, em vez de acumular títulos e ações dos países ocidentais.
A entidade, que é representada por Gurria na cúpula do G-20, reunindo as
maiores econômicas do planeta, defende um "quadro eficaz" e reforma do sistema
monetário internacional que poderiam se reforçar mutuamente.
Esse quadro poderia fornecer instrumentos de ajuste de médio prazo, enquanto a
reforma do sistema monetário asseguraria a transição para regimes cambiais
"mais flexíveis de maneira coordenada e regulada, evitando uma instabilidade
excessiva."
Para a OCDE, os dois mecanismos poderiam oferecer também "dispositivos de
segurança financeira apropriados contra uma volatilidade inoportuna de fluxos
de capitais no nível multilateral e regional, reduzindo por aí a necessidade de
medidas estritamente nacionais, como acumulação de reservas excessivas."
Para Gurria, esse amplo acordo permitiria a manutenção do crescimento econômico
evitando o surgimento de "desequilíbrios excessivos." A OCDE confirma que a
recuperação da economia mundial desacelerou e reduziu suas projeções de
crescimento nos países desenvolvidos em 2011. Acha que os EUA poderão ganhar
considerável ímpeto em 2012, enquanto a recuperação do Japão deve perder
fôlego. Em vários emergentes, o crescimento continua robusto, mas em ritmo
menor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário