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domingo, 9 de dezembro de 2012

CONTRATO DE ARÁBICA NA ICE JÁ ACEITA BRASIL
A criação de mais postos de trabalhos do que esperado nos Estados Unidos para o mês de novembro teve impacto menos positivo do que as revisões para baixo de números dos meses anteriores, assim como a resposta negativa da confiança do consumidor depois do furacão Sandy.
Na Europa o crescimento menor da Alemanha e taxas inflacionárias mais baixas para a os países da moeda comum, indicam nova queda dos juros para a região – fatores que enfraqueceram o euro na semana.
O mercado acionário continua de olho nas discussões do congresso americano sobre o abismo fiscal, e seu efeito já é sentido para algumas ações que tiveram bom desempenho nos últimos anos. Isto porque mesmo com indefinições, muitos investidores esperam uma alíquota de impostos maior tanto para dividendos como para ganhos de capital, portanto é melhor por no bolso lucros até o fim de 2012.
Os principais índices de commodities caíram um pouco nas últimas semanas, sendo que do dia 16 de novembro até sexta-feira dia 7 de dezembro o café esteve entre as que mais perderam junto com gás natural, gasolina, óleo de aquecimento e petróleo.
O contrato do arábica em Nova Iorque tem conseguido se manter ao redor de US$ 150 centavos por libra, fazendo movimentos de alta provocados por cobertura de posição vendida dos fundos. Tão logo os preços sobem, acabam encontrando origens ávidas na venda, que levam as cotações para baixo novamente.
O robusta por ora respeita os 1850 dólares por tonelada, nível que se rompido pode atrair vendas de especuladores, e eventualmente mudar a atitude retraída nas vendas de Vietnã e Indonésia.
No mercado físico a movimentação só acontece com as altas do terminal, muito embora os diferenciais para os naturais tenham enfraquecido mesmo com a bolsa ficando “de lado”.
A demanda no spot tem tido destaque maior nos Estados Unidos, já que os torradores tem conseguido comprar diferenciais mais atrativos e esperam um barateamento no basis pois vêem um volume de café aumentando na mãos de praticamente todas as origens.
Nesta semana o CECAFE informou que no mês de novembro, 2.98 milhões de sacas foram exportadas pelo Brasil, acumulando o volume do atual ano-safra (que começou em julho) em 12,695 milhões, ou 10% a menos do que o ano passado. Isto não se esquecendo de que a safra corrente é maior do que a anterior, e vale mencionar que há bastante café sendo negociado ainda da safra 11/12. A leitura inevitavelmente acaba sendo negativa para os diferenciais, que creio deve abrir (ficar mais negativos) no primeiro trimestre de 2013.
A OIC também divulgou dados das exportações mundiais até outubro, e os números dos últimos doze meses apontam um aumento total de volume em 4.5% , sendo que o robusta aumentou 16.2% no período.
Outra informação importante divulgada por uma das maiores tradings do ramo, é que a importação entre janeiro e agosto de 2012 na União Européia foi de 0.8%, com o Vietnã pela primeira vez passando o Brasil em 200 mil sacas (8.6 milhões e 8.4 milhões respectivamente).
Está difícil ficar muito otimista para a recuperação dos preços do terminal, principalmente depois de termos visto o alargamento do spread entre os contratos de dezembro e março na ICE (que chegaram a incríveis 9 centavos de desconto), e o constante incremento dos estoques certificados do arábica. O contrato presente, março de 2013, já aceitará a entrega dos “não-naturais” brasileiros, assim como contempla penalidades maiores aos cafés velhos (motivo principal da abertura do spread).
Vai ser interessante acompanhar as certificações de Brasil, que acontecerão naturalmente – sem trocadilho aqui, por favor. Isto não significa que quem certifica entregará, óbvio, pois comercialmente a entrega de cafés semi-lavados não faz sentido acontecer a 9 centavos de desconto in-store .
Parece que o mercado em Nova Iorque continuará dentro do intervalo entre 140 e 160 centavos por algum tempo – salvo se o Real brasileiro voltar a testar as mínimas de maio de 2009 ou se (sabe-se lá porque) os fundos resolverem ficar comprados.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos.
De Dubai,
Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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