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domingo, 9 de dezembro de 2012

CNC - BALANÇO SEMANAL — 03 a 07/12/2012
Setor busca novos mecanismos para comercialização do café e negocia com o governo medidas de suporte frente aos atuais preços aviltantes. No mercado, os fundos, com perigosa exposição vendida, realizaram recompras e sustentaram ganhos no acumulado da semana.
NOVA PLATAFORMA COMERCIAL — Na quarta-feira (05), o Conselho Nacional do Café (CNC) organizou uma audiência, em sua sede de Brasília (DF), com representantes da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da BM&FBOVESPA e das regiões produtoras do País. Na oportunidade, o diretor de Commodities da Bolsa, Ivan Wedekin, apresentou uma nova plataforma comercial para o café, embasada em negociações de mercado futuro.
Após debater a ideia com os presentes, entendemos que não se trata de uma ferramenta para sanar os baixos preços praticados pelo mercado atualmente, mas que terá grande valia, pois será possível trabalhar com travas de preço, de maneira que o produtor já tenha ciência de quanto receberá por seu café. Esse plataforma está agora em processo de ajustes finais e deveremos apresentá-la em breve.
PROTEÇÃO AO PRODUTOR — Na quinta-feira (06), em conjunto com opresidente da Comissão do Café da CNA, Breno Mesquita, participamos de audiência com o secretário-adjunto de Política Agrícola da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, João Rabelo, e com os secretários Executivo e de Produção e Agroenergia, José Carlos Vaz e Gerardo Fontelles, respectivamente, e o diretor do Departamento do Café do Mapa, Edilson Alcântara. A audiência teve como objetivo a adoção de medidas que deem suporte financeiro aos produtores para que não tenham que vender o produto aos baixos preços atuais para honrar parcelas de estocagem e demais linhas de financiamento.
De acordo com compromisso assumido em reuniões prévias realizadas nos dias 21 de novembro e 4 de dezembro, o secretário José Carlos Vaz explicou nossas propostas ao Ministério da Fazenda, reforçando a necessidade de que medidas emergenciais sejam adotadas no que diz respeito a reescalonamento dos recursos do Funcafé e demais mecanismos de garantia de renda.
Foi discutida a possibilidade de acordo no sentido de se contemporizar os vencimentos das linhas do Funcafé que ocorram nos meses de dezembro e janeiro até que o mercado chegue a um nível referencial e mesmo a possibilidade do adiamento desses pagamentos, o que será confirmado na semana que vem.
Após as tratativas, definiu-se, ainda, que os representantes do governo federal elaborarão um voto, objetivando o remanejamento dos recursos das várias linhas do Funcafé — haja vista que algumas estão com demanda reprimida enquanto outras se encontram com recursos disponíveis, porém sem demanda —, o qual será encaminhado para apreciação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
MERCADO — Após várias tentativas de rompimento dos suportes que vieram abaixo de US$ 1,50 por libra peso, os fundos acabaram, no pregão desta sexta-feira (07), realizando recompras que fizeram o contrato março se recuperar. O movimento evidenciou a alta e perigosa exposição vendida dos fundos, que, não encontrando respaldo por parte dos produtores, os quais tem se mantido fora do mercado nos níveis praticados nas últimas semanas, tiveram dificuldade em recomprar suas posições, o que levou a uma alta rápida no pregão de hoje e consolidou os ganhos na semana.
De fato, conforme temos alertado em nossas análises, as baixas que tem sido registradas não encontram respaldo nos fundamentos do mercado. Corroborando com nossa visão, está o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva. Em entrevista concedida durante o Encafé, ele observou que há um ajuste “precário” entre oferta e demanda, tendo em vista que a produção mundial em 2011/12 foi indicada pela entidade em 134,5 milhões de sacas, com o consumo situando-se em 139 milhões de sacas em 2011, o que levou a um déficit de oferta de 4,5 milhões de sacas.
Em seu último relatório mensal, a Organização indicou que, na temporada cafeeira 2012/13, a produção deverá ficar em aproximadamente 146 milhões de sacas. Com o consumo projetado em 142 milhões de sacas, o superávit na oferta ficaria em torno de 4 milhões de sacas, o que apenas cobriria o déficit do ano safra anterior.
Segundo Robério, os estoques dos países consumidores permanecem em torno de 20 milhões de sacas nos últimos quatro anos, não sofrendo grandes alterações. O que ele admite afetar o mercado é a crise macroeconômica, com os problemas em países europeus destacadamente, mas também com o crescimento econômico complicado nos Estados Unidos, China e outras nações, fato que prejudica as commodities como um todo, incluindo o café. “A disponibilidade de financiamentos das empresas foi bem afetada”, alertou.
Ainda assim, o executivo da OIC acredita que, como não há mudanças nos fatores fundamentais, em “algum momento o mercado vai reverter essa situação”, o que, conforme ele, não deverá demorar. Entretanto, Robério Silva preferiu não arriscar o potencial de reversão que as cotações na Bolsa de Nova York, por exemplo, podem registrar.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC

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