quinta-feira, 14 de julho de 2011
QE3 - Fed está disposto a ligar impressora de dólar
Dados da China e discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano. Esses dois assuntos foram repetidos à exaustão para explicar o dia de tomada de risco ("risk on") que os mercados globais tiveram ontem.No entanto, nenhuma das duas notícias é 100% positiva.No caso da China, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 9,5% no segundo trimestre do ano e o avanço acima do previsto das vendas no varejo e da produção industrial em junho acabam com a ideia de que o Banco Central estaria próximo de encerrar o ciclo de aperto monetário, seja via aumento de compulsório ou taxa de juros. Câmbio local segue apreensivo com chance de medidasA economia chinesa desacelera, mas nem tanto, e a inflação ao consumidor segue no maior patamar em três anos, em 6,4%.Depois da ata inconclusiva, o presidente do Fed, Ben Bernanke, saiu de cima do muro e caiu para o lado mais condizente com sua biografia. Mesmo reafirmando que os choques que tiram força da economia são passageiros, indicou que o Fed está pronto para atuar - se necessário, claro. As ferramentas podem ser novas e não testadas, ou a já conhecida compra de títulos do Tesouro.A melhor forma de medir a reação a esse tipo de aceno é o preço do dólar. O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, caiu 1,12%, para 74,96 pontos.Nada surpreendente tendo em vista que a fala de Bernanke pode ser traduzida da seguinte forma: "estou disposto a religar a impressora de dólares".Esse tipo de aceno também pode levar o mercado a adotar o comportamento esquizofrênico já visto anteriormente de comemorar dados ruins de atividade nos EUA. Afinal de contas, são eles que vão levar o Fed do discurso à ação.No entanto, conforme já discutido outras vezes, o uso de tal ferramenta tem vida curta. O aumento da oferta de dólares estimula as aplicações em commodities (que cada vez mais são um ativo financeiro com menor elasticidade preço/demanda). Commodities caras inibem o consumo e geram inflação. Com isso, a retomada perde força e o ciclo começa novamente.Para um gestor que prefere não se identificar, esse aceno de que o Fed está disposto a injetar mais liquidez no mundo também pode beneficiar os endividados países europeus. Sempre que o dólar sobe (indicando redução de liquidez) os problemas na zona do euro se agravam. Falando em zona do euro, a Fitch cortou a nota da Grécia para "CCC", algo como "extremamente especulativo". Até aí sem grandes novidades.Resolvida a questão do Fed, que é sempre solícito em atender as necessidades do mercado, o foco deve recair cada vez mais sobre a questão do teto do endividamento federal americano. Se um acordo não for atingido até 2 de agosto, os EUA entram em default.É evidente a politização do assunto entre Democratas e Republicanos, e, lá no fundo, todos acreditam que o problema será resolvido, mesmo que em cima da hora. Mas como a estupidez não tem limites, ainda mais na política, é bom se precaver.É mais ou menos isso que a Moody's disse, ontem, ao colocar o rating soberano dos EUA sob revisão para possível rebaixamento. Antes disso, a Standard & Poor's já tinha lançado uma ameaça de corte da nota "AAA" para "D" de default.Para a Moody's, há um pequeno, mas crescente risco de calote, mesmo que de curta duração, em função da demora em se elevar o teto de endividamento de US$ 14,3 trilhões.O Tesouro americano saiu correndo e minutos depois de divulgada a ação da Moody's, capitalizou politicamente o tema, apontando que esse é um bom sinal para o Congresso agir tempestivamente.Por aqui, o mercado de câmbio continua cinza. As notícias indicando que novas medidas podem ser anunciadas seguem em pauta. E como não poderia ser diferente, o mercado reage com ceticismo, apontando que elas teriam pouco efeito, pois o problema é mesmo estrutural: juros altos. Além do que, a criatividade quando, se trata de ganhar dinheiro, não tem limites.O dólar comercial fechou com baixa de 0,37%, a R$ 1,574 na venda. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para agosto recuava 0,28%, a R$ 1,582, antes do ajuste final.O dia também contou com um novo leilão de swap cambial reverso (operação que equivale à compra de dólares no mercado futuro). Dos 30 mil contratos ofertados, apenas 38% foram colocados, movimentando US$ 563 milhões. Com esse já são 21 leilões de swap no ano, que somam US$ 15,8 bilhões.
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