Espanha paga taxas recorde em dívida
A Espanha vendeu ontem títulos da dívida soberana do país com prazo de vencimento em 12 meses pagando o mais alto rendimento desde a adoção da moeda comum europeia, em 2002. Para os papéis de 18 meses, o governo espanhol teve de pagar o maior retorno ao investidor desde 2008. Apesar do alto custo da emissão total de € 4,45 milhões, a operação contou com forte demanda pelos papéis de 12 meses vendidos: 5,5 interessados para cada título. Em leilão de junho a demanda foi de 3,9 investidores. Nos papéis de 18 meses, entretanto, a demanda caiu de 2,9 vezes a oferta para 2,2 vezes.Para os bonds de 18 meses, o yield (ou rendimento) médio pago foi de 3,912%, um mês depois de terem sido vendidos à taxa de 3,260%, de acordo com informações da agência "Bloomberg". Já para aqueles de 12 meses, o yield foi de 3,702%, pouco mais de um ponto percentual acima do rendimento visto após o leilão do mesmo tipo de papel em junho. "O mercado já esperava que os rendimentos (yield) seriam altos, porque existe um sentimento de desconfiança. A surpresa positiva foi percebermos que a demanda continua forte", disse Daniel Pingarrón, analista de mercado da corretora IG Markets, com sede em Madri. "Em um momento em que a dívida espanhola é considerada um ativo de risco, por tudo o que acontece na Europa atualmente, é bom perceber que existe apetite."O mercado acompanhará com grande atenção o leilão de títulos de 10 e 15 anos que acontecerá amanhã e que deve somar € 2,750 bilhões à dívida soberana do país. A venda acontecerá no mesmo dia em que líderes econômicos do continente se encontrarão para debater novas soluções para a crise na GréciaO leilão de amanhã, cujos resultados devem sair antes do fim da reunião dos líderes europeus em Bruxelas, deve ser mais influenciado mais pelas notícias decorrentes de uma pré-reunião das mesmas autoridades que acontece hoje, sob liderança da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente francês Nicolas Sarkozy, e que deve ditar o rumo dos debates do encontro oficial de amanhã. A taxa dos títulos espanhóis de dez anos chegou a ficar 376 pontos base acima da taxa dos papéis alemães (bunds) de mesmo prazo na semana passada, o que marca um patamar histórico máximo da diferença. Em janeiro do ano passado, antes do início da crise da dívida soberana dos países periféricos, a diferença entre os bonds espanhóis e alemães era de 75 pontos em média, chegando a picos de 100 pontos. Ontem a diferença fechou em 345 pontos.Na segunda-feira, os títulos espanhóis de dez anos chegaram a ser negociados no mercado secundário a taxas recorde de 6,37%, próximas dos níveis em que o mercado de crédito se fechou para Grécia, Portugal e Irlanda, obrigando esses países a aceitar pacotes de ajuda financeira. Ontem, a taxa dos papéis espanhóis de dez anos fechou em 6%.
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