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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Opinião - BRASIL COLÔNIA - Fernando Souza Barros - 16/11/2010

Prezada Presidente eleita Dilma Roussef

Queremos externar a grata satisfação em termos pela primeira vez uma mulher na Presidência da Republica e contarmos com a sua competência para corrigir os problemas que nos afligem nesta área que vão desde a parte tributária até a logística, gestão e planejamento do setor e que tem provocado sérios prejuízos ao País e aos pequenos produtores.

Vamos aqui comentar o problema do café arábica, produto que tem 50% do mercado mundial e não conseguimos colocar um preço que propicie renda ao produtor pelo simples fato de que as vendas são feitas a longo prazo e com um desconto de 25 a 30 centavos de dólar sobre a cotação da Bolsa de N.York cujo café é Colombiano (contrato C) lavado e, portanto nada a ver com o nosso natural que além de ótima qualidade nos permite aguardar (armazenar) o melhor momento para vender sem perder sua qualidade enquanto o Colombiano e Centrais precisam ser comercializados num prazo de 6 meses quando começa a perder sua cor e qualidade haja visto os cafés certificados da Bolsa de N.York que hoje deveriam ter um deságio de algo em torno de 40% e, no entanto estão lá sem deságio e assim ninguém quer.

Portanto quando olhamos a cotação de U$2 por libra peso na tela para o mês de março de 2011 em N.York temos que:

1- A Colômbia vende a + 40/50.... centavos de dólar sobre este preço.
2- O Brasil vende a menos 25/30 centavos de dólar também sobre este preço.
3- Se o contrato C é o do café Colombiano por que a cotação não está a U$2,40/50 por exemplo?
4- Esta diferença ao fazermos os cálculos já nos dá um prejuízo de: [(2,40 - 0,25) – (2 - 0,25)] = [ 2,15 – 1,75] = 0,40 por libra vezes 132,28(equivale a uma saca) = U$52,91 vezes R$1,70 = R$89,95 por saca.
5- O PIS e COFINS (9,25%) sobre o preço de uma saca comprada de Cooperativa ( que não recolheu nada) confere um crédito de R$34,00 ao Exportador que ou joga na gaveta para receber do Governo (hoje cerca de 300 a 400 milhões de reais por ano) ou recupera via torrefação, ou outras vias.
6- Aí se concretiza diversos malefícios á sociedade e ao contribuinte.

A- O País perde divisas fazendo dumping no Mercado Internacional, baseado numa cotação de um concorrente e de um produto que não é o nosso.
B- Não conseguimos fazer Marketing, pois a Colômbia prega que o seu produto é melhor e com isto vendemos muito mais barato.
C- A utilização do PIS e COFINS como mecanismo para exportar prejudica os pequenos e médios Exportadores e Comerciantes que não conseguem competir com as Multinacionais (algumas com torrefação), fazendo com que o produtor vire refém de poucos compradores, pois o Exportador dá preferência em comprar com nota de Cooperativa e assim acaba a transparência do Mercado e o surgimento de novos compradores.
D- Já explicamos esta situação junto ao Governo, mas a pressão é grande das Multinacionais e Exportadores capazes de utilizar este artifício. Queremos a sua extinção e ponto final!

Assim chegamos a um prejuízo anual de cerca de 4 bilhões e 600 milhões de reais à custa de 300 mil cafeicultores e 8 milhões de trabalhadores (diretos e indiretos). Se isto não bastasse temos uma dívida no setor de 10 a 12 bilhões de reais que transformam os produtores em reféns de um Sistema que não os deixa capitalizar e na maioria das vezes sem condições de vender por opinião e sim por precisão. Exportamos aumento de dívida e impostos embutidos no preço (e a transparência?).

Precisamos mudar resolver e criar condições para que o produtor finalmente tenha prazer em produzir e ter uma vida digna sem precisar correr o risco de na sua falta deixar a família quebrada. (aqui cabe um seguro de vida amplo aos produtores).

Finalmente contamos com a sua colaboração, o dialogo e estamos prontos para ajudá-la a executar o plano Estratégico que apresentamos ao Governo e que vai tirar o produtor do fracasso e o Brasil de Colônia vendendo o máximo pelo mínimo.

Fernando Souza Barros
Diretor Executivo para Assuntos Econômicos da SINCAL

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