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terça-feira, 14 de junho de 2011

Commodities Agrícolas

Commodities Agrícolas

Movimento técnico
Os futuros de café arábica subiram ontem na bolsa de Nova
York, após registrar queda em pregões anteriores, devido, em grande parte, ao
movimento técnico do mercado. Os contratos para setembro encerraram o dia a
270,50 centavos de dólar por libra-peso, em forte valorização de 215 pontos.
Segundo disse à agência Dow Jones Newswires, Drew Geraghty, da ICAP Futures, o
mercado não viu nenhum sinal de que a baixa registrada anteriormente
continuaria. Ontem, a Organização Internacional do Café divulgou que a produção
mundial da commodity para 2011/12 será de 130 milhões de sacas. A maior parte
dos países produtores iniciam a safra em outubro. No mercado interno, o
indicador Cepea/Esalq encerrou a R$ 528,25 a saca, alta de 0,65%.

Dólar fraco
O enfraquecimento do dólar ontem afetou também as cotações do suco
de laranja. Os futuros da commodity com vencimento em setembro encerraram o
pregão de segunda-feira na bolsa de Nova York valendo 179,60 centavos de dólar
por libra-peso, retração de 120 pontos. De acordo com analistas ouvidos pela
agência Dow Jones Newswires, o recuo do dólar no mercado, que afetou todas as
outras soft commodities, também atingiu o suco, mas em movimentos exagerados.
Segundo os mesmos analistas, há um limite de preços que o suco não tem
ultrapassado. A razão é que as condições meteorológicas na região da Flórida,
grande produtora de laranja, não são prejudiciais atualmente. No mercado
interno, a laranja pera in natura foi cotada a R$ 12,21, queda de 1,21%,
segundo o Cepea/Esalq.

Efeito milho
A retração nas cotações do milho também ajudou no recuo dos
futuros de trigo nas bolsas americanas. Os papéis com vencimento em setembro
encerraram o dia valendo US$ 7,76 o bushel em Chicago, queda de 9,75 centavos
de dólar. Em Kansas, onde se produz o trigo de melhor qualidade nos Estados
Unidos, o recuo do mesmo vencimento foi de 17 centavos de dólar, com o bushel a
US$ 8,69. Conforme analistas ouvidos pela agência Bloomberg, o movimento se
deveu a apostas do mercado de que as demanda pelo grão oriunda de ração animal
vai declinar por causa da queda dos preços do milho, o principal grão usado
para este fim. No mercado do Paraná, a saca de 60 quilos do cereal fechou ontem
a R$ 26,79, queda de 0,70% no dia, segundo o Deral/Seab.

Nova alta em SP
O IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores
agropecuários de São Paulo pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA)
- vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado - encerrou a primeira
quadrissemana de junho com variação positiva de 7,92%. Foi a quinta alta
seguida do indicador, mas antes da pequena baixa de 0,61% verificada na quarta
quadrissemana de abril houve uma impressionante sequência de 33 valorizações
consecutivas. Como os últimos saltos, o do início de junho foi puxado pelo
grupo de produtos de origem vegetal. Este subiu, em média, 7,92%, com
influências decisivas dos ganhos dos produtores de cana (24,11%), feijão (19%)
e tomate para mesa (46,98%). O grupo de produtos de origem animal registrou
queda de 5,22%.


Após recorde, exportação de café cai 10% neste mês
Após o recorde de maio, as exportações brasileiras de café recuaram 10% nas duas primeiras semanas deste mês, segundo dados divulgados ontem pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Na avaliação de um corretor, a queda é uma acomodação tanto por parte de exportadores como de importadores, que avaliam preços e condições da safra atual.
Segundo ele, os primeiros indicativos apontam para uma safra com bom volume e boa qualidade, o que deve estabilizar o mercado nos próximos meses.
Os exportadores de café estão sem grandes estoques, o mesmo ocorrendo com os importadores, segundo esse corretor.

Crédito
O estoque de LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) cresceu 36% nos últimos 12 meses na Cetip e atingiu R$ 14 bilhões em abril deste ano.

Investimento
Voltadas para o agronegócio, as LCAs são importante fonte de captação para os bancos que atuam nesse setor. Além disso, são alternativa de investimento para pessoas físicas e jurídicas, diz Carlos Ratto, da Cetip.

Aquecido
O valor da tonelada de cana-de-açúcar, que atingiu R$ 70 em abril na usina, esteve a R$ 62,8 em maio. Apesar da queda, esse valor ainda supera o dos anos anteriores.

Bem acima
Ao registrar R$ 62,8, o valor da tonelada de cana de maio deste ano superou em 39% o de igual período do ano passado. Em relação ao valor de 2009, a alta foi de 78%, conforme dados do Consecana.




Valor da produção agrícola mais próximo de R$ 200 bi

Boas colheitas e preços das commodities agrícolas em geral ainda elevados
levaram o Ministério da Agricultura a promover um novo ajuste para cima em sua
previsão para o valor bruto da produção (VBP) das 20 principais lavouras
cultivadas no país.
Em levantamento divulgado ontem pela assessoria de gestão estratégica do
ministério, o VBP previsto para 2011 passou a R$ 198,7 bilhões, 1,4% mais que o
previsto em maio, 10% acima do ano passado e um novo recorde histórico. Como já
apontavam os levantamentos anteriores, os destaques são a soja, que segue como
o carro-chefe do campo nacional, e o algodão, com o maior incremento previsto
entre os produtos pesquisados.
Conforme o ministério, o VBP ("da porteira para dentro") da soja deverá atingir
R$ 55,1 bilhões neste ano, 17,4% mais que em 2010 e também um novo recorde. O
algodão não está entre as primeiras culturas no ranking, mas o salto do valor
de sua produção previsto para 2011, de 65,4%, para R$ 5,3 bilhões, corrobora as
perspectivas de expansão da cultura a partir dos atuais bons preços praticados
nos mercados internacional e doméstico



Produtividade cai, e álcool deve subir

Qualidade menor da cana processada na atual safra reduz quantidade de combustível e açúcar produzidos
Tendência é que álcool fique mais caro nas próximas semanas; pesquisa da Folha já detectou alta de preço

A queda na produtividade de cana está influenciando negativamente o desempenho da safra atual. Para especialistas, isso deverá voltar a pressionar para cima o preço do álcool nas bombas.
Ontem, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) divulgou levantamento do Centro de Tecnologia Canavieira que apontou queda de 20,7% na produtividade da área de cana colhida até o final do mês passado, na comparação com o mesmo período da safra de 2010/11.
Os números divulgados pela Unica também confirmam que a qualidade da cana processada até agora está inferior em relação à safra anterior. Isso significa que a quantidade de álcool e açúcar obtidos no processo também está menor.
No caso da produtividade, segundo a Unica, três fatores pesaram para reduzir significativamente o rendimento.
São eles a colheita de canaviais envelhecidos, a falta de cana bisada (deixada no campo de uma safra para outra) e o atraso no desenvolvimento da planta por causa do clima.
Por causa da queda de produtividade, a Unica, com ajuda de sindicatos e de associações produtoras do centro-sul, iniciou um levantamento para detectar a quantidade de cana disponível para moagem nos próximos meses.
No início de julho, a Unica deve se posicionar em relação a uma possível revisão da projeção de produção -em março, projetou moagem de 568,5 milhões de toneladas na safra 2011/12.
Para o representante da Unica na região de Ribeirão, Sérgio Prado, é cedo para prever se haverá quebra de safra. "Ainda não dá para dimensionar."
No entanto, em maio a própria Unica já havia admitido a possibilidade de não atingir a produção projetada.

ÁLCOOL SOBE
Na moagem até o fim de maio, cada tonelada de cana rendeu 116,3 kg de ATR (açúcar total recuperável), 3,7% a menos que os 120,8 kg obtidos no mesmo período da temporada passada e bem abaixo dos 140,8 kg da projeção para a safra atual.
Isso também influenciou negativamente o rendimento de açúcar e álcool por tonelada em 4% (veja quadro).
Para o professor de planejamento da USP Marcos Fava Neves, a queda na produtividade vai influenciar no preço do álcool nos postos.
"Não faz sentido o preço [do álcool] cair porque estamos com um cenário no qual não tem cana suficiente para todo o mercado potencial."
Na semana passada, pesquisa da Folha já apontara aumento de preço na bomba.




ANÁLISE COMMODITIES
Alta dos preços internos pode limitar a exportação de milho
LEONARDO SOLOGUREN

O mercado externo de milho teve seus fundamentos reforçados para a manutenção de preços elevados.
O último relatório de oferta e demanda de grãos divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) sinalizou queda significativa nos estoques norte-americanos de milho.
As estimativas atuais indicam estoque de passagem de 17,65 milhões de toneladas para o ano agrícola 2011/12, o que representa queda de 29,5% em relação às expectativas iniciais.
A queda nos níveis dos estoques está relacionada à frustração nas expectativas de produção de milho nos Estados Unidos.
O clima não permitiu o plantio da área almejada, e os produtores norte-americanos semearam cerca de 600 mil hectares a menos do que havia sido planejado.
A menor área semeada e as condições não tão favoráveis ao desenvolvimento das lavouras levaram o Usda a rever suas estimativas de produção, apontadas agora para 335,3 milhões de toneladas.
Esses números geraram grande ansiedade no mercado, uma vez que representam queda de 7,74 milhões de toneladas em relação às expectativas iniciais de produção.
Como a relação estoque-consumo (relação que mede o percentual da demanda que pode ser atendida pelos níveis atuais dos estoques) de milho nos Estados Unidos já se mostra apertada, qualquer perda nos níveis de produção representa ameaça à garantia de oferta.
O novo cenário levou os preços do milho a registrar forte valorização ao longo da semana passada, com a cotação futura do cereal negociado na Bolsa de Chicago alcançando níveis próximos a US$ 8 por bushel.
No mercado doméstico, as expectativas em relação à produção do milho safrinha também ganharam contornos parecidos.
As perdas de produção em Mato Grosso já superam o patamar de 1 milhão de toneladas e a preocupação em relação à oferta futura também ajuda a manter os preços do milho em patamares elevados no mercado interno.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, os contratos com vencimento no segundo semestre já ultrapassaram a barreira de R$ 30 por saca de 60 quilos.
Se, por um lado, os preços internacionais do milho trazem competitividade para as vendas externas do Brasil, por outro, os preços praticados no mercado doméstico podem frustrar o potencial de exportação.
Tal fato poderá ocorrer por causa da leitura errônea, que é crônica nesse mercado. A expectativa de redução de oferta maior do que a produção efetiva poderia manter os preços em níveis superiores ao da paridade de exportação.
Consequentemente, as vendas externas poderiam ser limitadas nesse ambiente de preços e, em algum momento ao longo do segundo semestre, a oferta de milho no mercado interno poderia se tornar maior do que sua capacidade de consumo, levando os preços a um segundo ato: o de desvalorização.
Esse comportamento já foi observado no passado e não seria surpresa se houvesse uma repetição.
Esse é o preço que o mercado paga por não contar com estatísticas confiáveis.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e consultor em agronegócio.




Novvi será base da Cosan e Amyris para exportação
O Brasil deverá ser, além do mercado final, uma plataforma de exportação dos
óleos básicos renováveis a serem produzidos pela Novvi, nova holding formada
por um acordo entre a Cosan e a americana Amyris.
A formação da holding - firmada em dezembro - foi anunciada ontem pelas
empresas. A companhia vai produzir óleos a partir de um componente químico
resultado da fermentação do caldo de cana, o farneseno. A tecnologia é da
Amyris e vai abastecer a Novvi para o processamento da matéria-prima. A Cosan
Lubrificantes, por sua vez, com sua plataforma comercial, vai colaborar
diretamente na venda dos produtos. O local onde deve ocorrer o processamento
ainda não foi anunciado pelas empresas.
"Essa é a primeira capacidade que vai transformar cana em lubrificantes. Até
hoje não há ainda quem faça isso e o Brasil tem matéria-prima e demanda",
afirmou o vice-presidente da Amyris, Joel Velasco. "O país é mercado final, mas
também pode exportar", completou o executivo. Globalmente, segundo as
estimativas da Amyris, o mercado de lubrificantes soma US$ 30 bilhões por ano e
o Brasil está entre os três maiores mercados do mundo.
Hoje, a Amyris já produz o farneseno em uma unidade no interior de São Paulo. A
construção de mais duas unidades na região já foram anunciadas. Além da
produção no Brasil, a empresa tem uma fábrica nos EUA e está construindo uma na
Espanha.
A matéria-prima já é utilizada para a fabricação do diesel de cana e do óleo
cosmético. Segundo Velasco, a Amyris produz, a nível mundial, de 6 a 9 milhões
de litros por ano, sendo que a partir do ano que vem, essa produção vai crescer
para cerca de 50 milhões de litros. A empresa, no entanto, não divulga quanto
disso será utilizado para a fabricação de lubrificantes.
Dentre as diversas aplicações dos óleos lubrificantes, a Novvi pretende
inicialmente se voltar para o setor industrial. "Mas, não quer dizer que não
podemos expandir para outros mercados. São poucas as aplicações que achamos que
não conseguimos atender", afirmou o executivo. Ele garante que o produto será
mais barato ou de preço semelhante ao óleo comum. "A parceira com a Cosan é
essencial. A empresa conhece o mercado de cana e tem acesso ao mercado de
lubrificantes", completou.




Russos vão reduzir importação de carnes

A Rússia, um dos maiores compradores de carnes do Brasil, reduzirá
significativamente suas importações nos próximos anos, levando à desaceleração
na expansão do comércio global de carnes. A projeção é da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Agência da ONU para
Agricultura e Alimentação (FAO) no estudo "Perspectivas Agrícolas 2011-2020",
que será divulgado na sexta-feira.
Impulsionado pela expansão de embarques de frango e carne bovina, o comércio
internacional de carnes deve crescer 1,7% ao ano no período, bem menos que a
taxa de 4,4% por ano entre 2001-2010.
Essa desaceleração é atribuída em grande parte à menor demanda da Rússia. Até
agora um tradicional grande importador de carnes, o país acelerou a política
para expandir sua produção de carnes, a ponto de poder alcançar um "certo grau
de autossuficiência e saldo exportável" em dez anos.
Significa que os problemas que a Rússia causa no momento aos produtores
brasileiros, com o embargo à entrada de carnes de 85 unidades frigoríficas,
tendem a aumentar com ou sem pretextos sanitários. Em todo caso, o Brasil
estabelecerá sua posição como líder mundial nas exportações de carnes bovina e
de frango, mas buscando novos clientes. O estudo prevê que consumidores
adicionais estarão essencialmente na Ásia, América Latina e em países
exportadores de petróleo.
O Japão continuará a ser o maior importador mundial de carnes em 2020, seguido
por México e Coreia do Sul. A China também persegue sua política de
autossuficiência. A expansão da indústria mexicana de processamento de
alimentos deve reforçar a demanda de carne estrangeira, paralelamente ao
declínio nas importações da Rússia. Na União Europeia, o declínio nas
exportações serão acompanhadas pela expansão nas importações.
A grande maioria das exportações de carnes virá da América do Sul e do Norte,
que representarão quase 84% do total do aumento dos embarques até 2020. O
Brasil estabelecerá sua posição como líder nas vendas de carne bovina,
atingindo 2 milhões de toneladas em 2020. Os EUA continuarão a expandir suas
vendas no Pacífico.
As exportações de carne suína terão crescimento modesto no período, mas com
mudanças significativas na composição das vendas. Os embarques da América do
Sul e do Norte devem aumentar. As exportações do Brasil crescerão, mas também
aumentará a demanda doméstica. O comércio da China, que faz metade da produção
e do consumo, não deve ser alterada.
É esperada uma ligeira desaceleração no crescimento das vendas de carne de
frango. Brasil e EUA vão reforçar seu domínio, com quase metade das vendas
adicionais para os mercados mundiais.
O mercado de carnes é altamente fragmentado por restrições sanitárias. OCDE e
FAO dividem o mercado de carne bovina por "rotas de aftosa e o resto do mundo".
Grandes exportadores como Brasil e EUA pertencem a diferentes circuitos, e seus
preços nem sempre seguem os mesmos passos.
Os EUA garantiram o acesso para as carnes de Santa Catarina. Isso
"provavelmente" vai intensificar a arbitragem de preço entre os mercados do
Atlântico e do Pacífico. No caso da carne bovina, o impacto da abertura do
mercado americano a produtores brasileiros pode resultar em maior competição
para produtores que estão em áreas mais distantes, como a Austrália.
Tudo isso ocorrerá num cenário em que a produção mundial de carnes é projetada
para crescer 1,8% por ano em média, frente a 2,1% na década precedente. A
expansão virá de ganhos de produtividade, sobretudo para frango e suínos, nos
países em desenvolvimento. Os preços devem continuar elevados, pela combinação
de altos custos de produção, expansão dos estoques e a introdução de regras
mais estritas nas áreas ambiental, de segurança alimentar, proteção animal e
rastreabilidade. OCDE e FAO preveem alta nominal de 18% para a carne bovina,
26% para a de frango, 16% para a suína e 20% para a ovina.




Brasil e Rússia retomam negociação sobre OMC

O Brasil e a Rússia retomam negociação hoje, em Genebra, sobre a entrada russa
na Organização Mundial do Comércio (OMC). A reunião ocorre na véspera de Moscou
colocar em vigor o embargo à entrada de carnes de 85 estabelecimentos
frigoríficos do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Fontes brasileiras dizem que a reunião em Genebra estava prevista já há algum
tempo e não é consequência dos últimos desdobramentos bilaterais. Já o governo
russo não quis marcar reunião com uma delegação do Ministério de Agricultura
brasileiro, em Moscou, alegando que seu veterinário chefe estaria justamente em
Genebra esta semana.
Na agenda da reunião estão, mais uma vez, as concessões para as carnes
brasileiras que os russos precisam fazer para obter o apoio final do Brasil à
sua entrada como membro da OMC até o fim do ano.
A negociação é complicada porque o governo russo já ofereceu 60% da cota de 472
mil toneladas de carne suína para os Estados Unidos e a União Europeia,
sobrando pouco para o Brasil. Acena com melhora na cota de importação de carne
de frango, que já tinha reduzido em mais da metade em relação à cota de dois
anos atrás. Para carne bovina, fica em 530 mil toneladas.
Do lado brasileiro, a orientação é desvincular as discussões em Genebra do
embargo às carnes brasileiras. Brasília aguarda a resposta do governo russo à
carta enviada pelo vice-presidente, Michel Temer, contra o embargo às carnes
brasileiras dias depois de sua visita a Moscou.
A expectativa é de que, a partir da resposta russa, poderia haver um tratamento
mais amplo e integrado das duas questões simultaneamente. Negociadores querem,
assim, dar continuidade aos trabalhos técnicos de acessão russa na OMC, sabendo
que um "andamento adequado" pode estar condicionado aos avanços na discussão
bilateral, ou seja, à suspensão do embargo.
Ontem, no Rio, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, disse que o governo
brasileiro espera resolver até o fim de julho a pendência com a Rússia. Para
ele, o embargo russo não é um problema político e em alguns casos os russos têm
razão em criticar o Brasil. "Não é a primeira vez que acontece com a Rússia,
não vai ser a última e a gente tem que lidar com isso. São vários elementos e a
gente tem que equacionar, em alguns deles eles têm razão e em alguns não",
frisou.
A Rússia mantém o embargo às carnes do Brasil, mas já voltou atrás na restrição
que impôs, no mesmo dia, aos legumes europeus, depois da deflagração da crise
da bactéria E.coli, que continua matando pessoas na Europa.
Na ocasião, alguns analistas em Bruxelas também levantaram a suspeita de que
Moscou tinha aproveitado o pretexto da crise na Europa para barrar os produtos
do velho continente, e pressionar para a UE ajudar na aceleração da entrada
russa na OMC.
A questão agora é como Moscou poderá manter a suspensão às carnes brasileiras,
quando ao mesmo tempo libera a entrada dos legumes europeus em seu mercado num
contexto ainda de insegurança em relação os produtos do velho continente.




LBR ajusta operação e vai investir

Quase seis meses após sua criação, a LBR - Lácteos Brasil, resultado da união
entre a gaúcha Bom Gosto e a Leitbom, está em plena integração, mapeando
sinergias, identificando caminhos para ser mais competitiva e já prepara
investimentos para a modernização de fábricas e equipamentos.
O processo de integração deve durar ainda todo este ano e tem sido uma tarefa
complexa: antes de começar a integrar a Leitbom, controlada pela Monticiano
Participações (GP Investimentos e Laep, controladora da Parmalat), e a Bom
Gosto, foi preciso trabalhar na integração das sete aquisições que o laticínio
gaúcho havia feito nos últimos três anos, além da fusão com a Líder. "Estamos
mapeando sinergias e estabelecendo os processos da nova companhia", afirma
Fernando Falco, diretor-presidente da Lácteos Brasil.
Nesse processo de integração, a LBR decidiu fechar temporariamente, segundo
Falco, quatro das suas 30 unidades no país: Uruaçu e Fazenda Nova, ambas em
Goiás, e Minduri e Aiuruoca, as duas em Minas Gerais. O fechamento levou à
demissão de 120 pessoas de um total de 6.280 funcionários da LBR.
Em Uruaçu, a empresa produzia leite condensado e leite em pó. Agora, a produção
ficará concentrada em São Luiz dos Belos Montes (GO) e em Tapejara (RS), de
acordo com Falco. Fazenda Nova tinha produção de queijo parmesão ralado. As
duas outras fabricavam queijo, e agora essa produção será concentrada em Pouso
Alto e Curral Novo, as duas no Estado de Minas.
Segundo a empresa, as quatro unidades representam apenas 2,09% de seu volume
total de produção. "Depois de uma análise econômica, concluímos que era mais
interessante concentrar para ter competitividade e escala", diz o executivo. O
plano é reabrir essas unidades, afirma Falco, dependendo do comportamento da
demanda. "Podemos reabrir com outro tipo de operação", observa.
Questionado sobre a possibilidade de novos fechamentos, o executivo diz que
"não identificamos no momento a necessidade de fechar novas fábricas".
Além de buscar ganhos de escala e melhora no mix de produtos, a LBR busca mais
eficiência logística. Isso será possível, por exemplo, com a produção de
diferentes marcas de leite longa vida na mesma fábrica.
A estratégia para as marcas da Lácteos Brasil também está sendo redesenhada. A
empresa admite que algumas marcas menores poderão desaparecer de seu portfólio
num horizonte de cinco anos dependendo de seu desempenho. O fato é que a LBR
ficou com um número muito grande de marcas - 15 no total -, que pertenciam à
Leitbom e à Bom Gosto.
A empresa elegeu duas como marcas nacionais: Parmalat, para leite e seus
derivados, e Poços de Caldas, para queijos, requeijão e refrigerados. De acordo
com Falco, a estratégia para as marcas prevê ainda que algumas delas ficarão
mais regionalizadas e restritas a determinados produtos.
O processo de integração da empresa ainda está em curso, mas já há planos para
o crescimento orgânico, por isso a LBR planeja investir R$ 129 milhões nos
próximos 18 meses num programa de modernização de fábricas, com a instalação de
máquinas de envase de lácteos mais eficientes. Do valor total, R$ 100 milhões
são contrapartida dos fornecedores das máquinas de envase, que serão pagos por
meio de contratos de leasing.
Nos primeiros cinco meses de operação, a Lácteos Brasil faturou, em média, R$
220 milhões mensais, abaixo dos R$ 250 milhões previstos quando a fusão foi
anunciada e se estimou receita total de R$ 3 bilhões anuais. "O faturamento foi
um pouco menor porque operamos abaixo da capacidade. A partir deste mês, começa
a aumentar [o processamento]", afirma Fernando Falco. A capacidade de
processamento diário da companhia é de 8 milhões de litros de leite.
Sem citar números, o executivo diz que nesses primeiros cinco meses de operação
a LBR está perto do "break-even", mas ainda está no campo negativo por conta
dos custos da integração.
A abertura do capital da Lácteos Brasil ou a associação com um parceiro
estratégico são possibilidades que os controladores da empresa vislumbram.
"Quando isso vai acontecer?", indaga o próprio Falco, referindo-se ao eventual
lançamento de ações na bolsa. Ele mesmo responde: "Quando a empresa estiver bem
resolvida, atrativa". Sobre uma possível negociação com a francesa Lactalis, o
executivo não comenta.
Mas esse é um movimento natural, acreditam analistas do setor de lácteos, até
porque o Brasil é um mercado com mais perspectivas de crescimento do que os
países da Europa. A empresa francesa, dona da marca Président, fez uma oferta
pelo controle da Parmalat italiana depois de ter alcançado uma participação de
29% no capital da empresa em abril. Antes da oferta da Lactalis, a LBR chegou a
negociar uma operação de troca de ações com a empresa italiana.
Como a Lácteos Brasil tem licença para uso da marca Parmalat no Brasil, haveria
duas opções no horizonte da francesa: um licenciamento "ad eternum" da marca
Parmalat para a brasileira ou compra de participação na LBR.




Lula tenta obter votos para Graziano em eleição na FAO

A popularidade internacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá
ser usada pelo Brasil para tentar atrair votos para o candidato brasileiro à
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José
Graziano da Silva, na reta final da disputa.
A presença de Lula é aguardada em seminário que o governo vai organizar no dia
24, em Roma, às vésperas da eleição. O encontro vai discutir a cooperação
brasileira à agricultura da Africa e do Caribe, num claro aceno à maioria dos
países.
Além do ex-presidente, poderão aparecer pelo menos cinco ministros. Fonte do
governo brasileiro disse que a presença de vários ministros em Roma não será em
função do seminário, e sim da agenda deste ano da conferência da FAO, que
começará logo depois da eleição, prevista para o dia 26.
Graziano é reconhecido como um bom candidato, com todas as credenciais para
dirigir a FAO, mas ninguém no governo faz prognósticos, porque a eleição é
muito disputada. Ele concorre com outros cinco candidatos, originários da
Espanha, Áustria, Indonésia, Irã e Iraque. O espanhol Miguel Moratinos,
ex-ministro das Relações Exteriores, contou com um jatinho do governo de seu
país para rodar por dezenas de países pedindo votos.
O outro europeu é Franz Fischler, ex-comissário de Agricultura da União
Europeia. Ele conta com apoio da Alemanha e de países do Leste Europeu. A
expectativa é que o voto do europeu que for primeiro eliminado irá quase
automaticamente para o outro.
Na prática, os votos de dezenas de países africanos podem ser decisivos. A
Europa não deixa de lembrar a cooperação que oferece ao continente. A Espanha é
um dos maiores doadores para a região. O Brasil, por sua vez, aumentou a
cooperação.
Outro candidato de país em desenvolvimento, o vice-ministro do Bem-Estar Social
da Indonésia, Indroyono Soesilo, estaria ocupando espaço e pode surpreender.

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