Industrialização fará da China líder mundial em importações de açúcar
O apetite da China por commodities agrícolas aumentará nos próximos anos. A
segunda maior economia do mundo deverá se tornar o maior importador de açúcar,
ao mesmo tempo em que o Brasil consolidará sua dominação no mercado como
produtor e exportador.
As projeções são do relatório "Perspectivas Agrícolas 2011-2020", que a OCDE e
a FAO publicarão na sexta-feira em Paris. Para o Brasil, as tendências sobre a
China são ainda importantes na medida em que, segundo a OCDE, 14% das
exportações agrícolas do país foram para o mercado chinês em 2009
(representando 15% das importações agrícolas chinesas), dominadas pela venda de
complexo de soja.
A China emergiu como maior país importador de açúcar durante a safra 2010/11,
refletindo rápida expansão da demanda e menor aumento da produção doméstica.
Pela primeira vez, Pequim excedeu sua cota de importação de 1,95 milhão de
toneladas anual.
O rápido crescimento econômico e a urbanização estão promovendo o uso
industrial de açúcar nas preparações de produtos. Além disso, o governo tenta
reduzir o uso de adoçantes artificiais. O crescimento de sua produção é
limitada pela disponibilidade de água. Tudo isso levará a importações acima de
5 milhões de toneladas por volta de 2020, fazendo da China o maior importador
mundial, superando a União Europeia (UE), Estados Unidos e Rússia.
A produção de Tailândia e Austrália tende também a aumentar, para atender ao
mercado asiático com crescente demanda. Mas é o Brasil que continuará dando o
tom no mercado mundial. Com um dos mais baixos custos na produção, pode
expandir a área de cana juntamente com produção de etanol.
Os produtores brasileiros devem consolidar sua posição de líder global nas
exportações, com mais de 55% do comércio mundial e mais de 63% de todo o açúcar
adicional exportador. A maior parte será açúcar bruto, podendo crescer para 21
milhões de toneladas em 2020. Mas os embarques de açúcar branco tendem a
aumentar também em 50% e alcançar mais de 12 milhões de toneladas no mesmo
período.
As projeções apontam também crescente demanda da China por oleaginosas, que
explodiu nos últimos anos, pressionando os mercados. A UE continuará como
segundo maior importador global.
Mais de 55% das vendas brasileiras de complexo de soja foram para a China,
correspondendo a 34% das importações chinesas do produto. Pequim será o maior
consumidor mundial de óleos vegetais, enquanto países pobres tenderão a ter
dificuldade em consumir o produto por causa do preço.
Já a expansão na demanda de farelo desacelera. A demanda adicional será
atendida principalmente pela produção doméstica que, em todo caso, continuará
se apoiando fortemente na importação de soja.
Crescerá também a importação chinesa de leite em pó, por causa da inquietação
interna sobre a produção local depois de escândalos sanitários que levarão anos
a melhorar a imagem do setor.
As maiores importações de trigo nos próximos dez anos também serão da China,
União Europeia, Egito e Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, a produção chinesa de
cereais forrageiros tende a crescer.
Entre os grandes produtores de arroz, a China cortará sua produção em cerca de
7 milhões de toneladas, por causa de menor consumo doméstico e maior competição
pela terra.
Na área de carnes, os chineses mantêm a politica de autossuficiência, mas sua
posição no comércio de carne suína, por exemplo, continua incerta, dependendo
do ano. Um acontecimento imprevisto pode provocar alta de importação da carne e
ter impacto forte no mercado internacional.
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