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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ninguém sabe nada - Cenário é de dúvida, incerteza e volatilidade

Ninguém sabe nada - Cenário é de dúvida, incerteza e volatilidade Ninguém sabe nada. Essa é a melhor definição tanto para os acontecimentos do mercado local, quanto para os eventos no campo externo. Daí a montanha russa no preço dos ativos.Começando pelo quadro externo, a briga política segue nos Estados Unidos e nada de um acordo sobre a elevação do teto do endividamento federal. Para piorar a situação, as agências de rating apontam que mesmo que o teto seja elevado, a nota americana segue sob risco de rebaixamento, pois o que elas querem ver é algum plano de redução de gastos de longo prazo.Dólar sobe pelo segundo dia e vale R$ 1,566 na vendaAo mesmo tempo surgem fontes da administração americana tentando "acalmar" os ânimos dizendo que um plano de contingência já está em elaboração e que a prioridade é fazer os pagamentos aos credores de papéis americanos se um acordo não for fechado até dia 2 de agosto, prazo fatal para se tratar do tema.Como bem notou o sócio da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, o Congresso americano não mostra o mínimo de responsabilidade. Suas brigas políticas podem ter toda a legitimidade para a plateia local, mas eles parecem se esquecer de que o que está em jogo é a economia global e, principalmente, a credibilidade da moeda que serve de lastro para o restante do mundo.A reação nos mercados a esse impasse é qualquer coisa, menos racional. A semana começou com dólar caindo, bolsas americanas afundando e aumento no custo de se fazer um seguro contra o calote nos EUA. Agora, o dólar completou dois dias de alta e os CDS (Credit Default Swaps) rondam a estabilidade. Alguma coerência na bolsa, já que o Dow Jones bem que tentou, mas não conseguir fechar em alta.Na zona do euro, mal faz uma semana que a Grécia foi resgatada em um tipo de "default ordenado" e já temos analistas voltando a falar em contágio da crise da dívida soberana na região. Nessa bagunça toda temos o euro, que saiu de US$ 1,39 para US$ 1,45 dois dias atrás. Já ontem a moeda voltou a ser alvo de venda, retornando à linha de US$ 1,43. Por aqui, o dólar completou o segundo dia seguido de alta. Ontem, a moeda ganhou 0,57%, para R$ 1,566 na venda. Por ora, o efeito mais evidente das recentes canetadas do governo são dúvidas e mais dúvidas sobre como entregar o que está sendo pedido. Outro efeito inegável é o aumento de custos para quem precisa fazer operações seja de compra seja de venda de moeda.Dúvidas também no mercado de juros futuros. A esperada ata do Comitê de Política Monetária (Copom) mostra um colegiado em cima do muro. Não afirma que as cinco altas de juros foram suficientes, nem se compromete em apertar mais.Como em julho do ano passado, o Copom ampliou o horizonte de referência. Agora é no primeiro semestre de 2013 que temos IPCA ao redor do centro da meta de 4,5%. Os prognósticos tanto de 2011 quanto de 2012 mostram inflação acima do valor central da meta.Na visão do diretor de pesquisas de mercados emergentes do Goldman Sachs, Paulo Leme, a ata sinaliza que o Copom gostaria de encerrar o ciclo de alta de juros. Por isso mesmo, o banco está mudando sua perspectiva quanto ao rumo da Selic. A previsão de três novas altas foi reduzida para apenas mais uma em agosto, com taxa indo a 12,75%, e uma probabilidade de cerca de 30% de um aperto também em outubro.Em relatório, Leme aponta que, como o ajuste será menor do que o considerado necessário, sua expectativa é que a inflação não vá convergir para a meta nem em 2012. Por isso mesmo, a Selic não deve cair tão cedo. Os 12,75% previstos devem continuar valendo até o fim do próximo ano.Eduardo Campos

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