Sem acordo, custo de proteção contra default americano bate recorde
O custo do seguro contra um default dos Estados Unidos atingiu um patamar recorde ontem, num sinal de que a inquietação crescente com o impasse em Washington em relação à elevação do teto da dívida federal poderá resultar numa incapacidade do Tesouro americano de pagar juros aos detentores de bônus. O mercado de compra e venda de seguro sobre a qualidade do crédito dos Estados Unidos tem pouca movimentação, é denominado em euros e dominado por bancos europeus e britânicos. Mas os negócios com os chamados swaps de defaults de crédito (CDS) aumentaram com a possibilidade maior de um default americano.Em um CDS, um comprador de proteção é compensado pelo vendedor se houver um calote ou não pagamento, conhecido como evento de crédito. "O mercado de CDS dos EUA tem uma liquidez bem menor que outros mercados soberanos, uma vez que até recentemente ninguém imaginaria que a possibilidade de um evento de crédito dos EUA poderia ser tão alta", diz Ira Jersey, estrategista do Crédit Suisse. "O mercado está ficando nervoso diante do risco de um calote."Os prêmios dos CDS soberanos de um ano dos EUA tiveram um repique esta semana, sendo negociados ontem em torno de 90 pontos-base em Londres, superando a alta anterior estabelecida em março de 2009.Num sinal da maior preocupação com um default no curto prazo, o CDS de um ano dos EUA foi negociado a um preço maior que os prêmios dos títulos de cinco anos, que têm mais liquidez: 65 pontos-base, pela primeira vez. Otis Casey, diretor de análise de crédito da Markit, disse: "Normalmente você vê uma inversão da ponta inferior em emissores que estão com muitos problemas".O tamanho líquido do mercado de CDS dos EUA, ou a exposição de fato do mercado, é de US$ 4,9 bilhões. Os EUA estão acima da exposição da Grécia, de US$ 4,6 bilhões, mas abaixo da exposição do Reino Unido, de US$ 12,3 bilhões, segundo dados da Depositary Trust and Clearing Corp.Analistas disseram ontem que, dado o custo da compra de proteção para um ano e o risco do Tesouro perder um pagamento da dívida no mês que vem, há a possibilidade de um pagamento enorme para os investidores neste cenário.Mas isso precisa ser considerado contra a probabilidade do teto da dívida ser elevado e a possibilidade do Tesouro se esforçar para cumprir com suas obrigações durante o período de carência de três dias antes de um evento de crédito ser oficialmente declarado.Estava previsto ainda para ontem a divulgação pela International Swaps and Derivatives Association (ISDA) de um guia para responder dúvidas sobre um possível default dos EUA. Na segunda-feira, a ISDA postou em seu site na internet uma série atualizada de esclarecimentos sobre a dívida soberana da Grécia.No cado dos EUA, um evento de crédito ocorreria se o Tesouro não conseguisse realizar um pagamento de bônus do governo. Nesta situação, um comitê sob os auspícios da ISDA decidiria que um evento de default ocorrera somente se o pagamento não tivesse sido feito após o período de carência de três dias. A essa altura, os negócios com CDS dos EUA seriam desencadeados e então liquidados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário