Cenário externo pressiona e café amplia perdas na ICE Futures US
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com novas perdas, o que fez com que a posição julho voltasse a ficar em um nível abaixo dos 260,00 centavos de dólar por libra peso, atingindo os menores níveis de preço desde o último dia 1º de junho. O café voltou a se mostrar pressionado pelo cenário externo, que teve novas perdas para o segmento de commodities, num reflexo das incertezas sobre a economia de alguns países da zona do euro, principalmente a Grécia.
Durante boa parte do dia o dólar operou em alta, o que também deu suporte para vendas especulativas. Apesar das retrações, o mercado não testou seus principais suportes de curto prazo, na área de 253,30 centavos por libra para o julho. Numa área ligeiramente acima desse patamar seria verificada uma área compradora, o que impediria recuos mais consistentes. Operadores ressaltaram que a semana foi caracterizada por movimentações meramente técnicas, sendo que fatores fundamentais, como o clima no Brasil, por exemplo, não tiveram maiores influências sobre o andamento dos negócios.
No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve baixa de 475 pontos com 257,90 centavos, sendo a máxima em 264,30 e a mínima em 257,50 centavos por libra, com o setembro registrando oscilação negativa de 470 pontos, com a libra a 261,15centavos, sendo a máxima em 267,65 e a mínima em 260,55 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição julho registrou queda de 7 dólares, com 2.380 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 10 dólares, com 2.422 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por uma predominância da força vendedora, com as máximas ficando longe dos maiores níveis de preço observados na sessão passada, por exemplo. Esses analistas ressaltaram que as questões macroeconômicas dominam a agenda dos negócios e influenciam diretamente o comportamento dos preços de várias commodities, como é o caso do café. O caso mais emblemático é o da Grécia. O medo mais consistente dos players é de que haja um efeito dominó na Europa com um eventual calote dos helênicos. Autoridades da zona do euro ainda não decidiram uma possível ampliação da ajuda financeira internacional ao país, e o Fundo Monetário Internacional indicou que o pagamento da ajuda depende da realização das reformas combinadas. Reformas que vêm sendo contestadas pela população, inclusive com episódios de violência em algumas cidades do país.
"Graficamente verificávamos uma possibilidade concreta de manutenção dos níveis de preço e até de recuperação, com o mercado podendo testar níveis acima dos 270,00 centavos. No entanto, a influência negativa externa tem sido forte e pressiona o mercado para baixo. Caso o cenário externo se acalme, a tendência é voltarmos a flutuar no range acima de 260,00 centavos. No entanto, corremos o risco de romper alguns suportes, o que poderia acionar ordens ainda mais consistentes de vendas", disse um trader.
A produção de café da Colômbia caiu 18% em maio, para 673 mil sacas, ante 822 mil sacas no mesmo mês do ano passado, de acordo com a Federacafe (Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia). Embora a produção tenha diminuído, as exportações de café da Colômbia subiram 12% no mês passado, para 645 mil sacas. Em maio de 2010, foram exportadas 576 mil sacas. No acumulado do ano até maio, a produção de café é 12% maior do que nos primeiros cinco meses do ano passado, totalizando 3,6 milhões de sacas, segundo a Fedecafé. Os dados incluem café verde, solúvel, torrado e outros tipos de café. A Federacafe espera que a produção deste ano alcance de 9 a 9,5 milhões de sacas.
A produção de café de Uganda deve ter um crescimento de 6,6%, atingindo a marca de 3,2 milhões de sacas no ano safra 2011/2012, que se inicia em outubro. A estimativa é do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). A safra de arábica do país deverá atingir na próxima temporada 960 mil sacas, contra 900 mil sacas de 2010/2011. Já a produção de robusta deverá atingir 2,24 milhões de sacas. "A produção de arábica do país africano continua crescendo mais que a de robusta, estimulada, principalmente, pelo aumento dos preços dessa variedade no mercado internacional", indicou o relatório.
As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 15, somaram 638.786 sacas, contra 1.043.934 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 7.955 sacas indo para 1.662.970 sacas.
O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 25.854 lotes, com as opções tendo 8.637 calls e 4.200 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 264,30, 264,50, 264,90-265,00, 265,50, 266,00, 266,50, 267,00, 267,50, 268,00, 268,50 e 269,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 257,50, 257,00, 256,50, 256,00, 255,50, 255,10-255,00, 254,50, 254,00, 253,50, 253,30 e 253,00 centavos por libra.
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