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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Agenda do Mal – Capítulo 1

Opinião: Agenda do Mal – Capítulo 1
(16/09/2009 08:53)

A Agenda Estratégica do Café é um assunto de alta importância para o futuro da cafeicultura nacional. Um grupo de trabalho (mais um) foi criado em 03 de junho de 2008, e espantosamente em 03 meses concluiu uma Agenda que premia vários participes de sua confecção.Esta, norteará importantes passos políticos e econômicos da cafeicultura brasileira. Para se ter uma idéia da gravidade do problema a Agenda aloca recursos de até 344,5 milhões reais para diversos setores do agronegócio café, como marketing, indústria, exportação, pesquisa, etc.Naturalmente o cafeicultor está excluído.

A Agenda é composta de 13 itens. Neste primeiro artigo vamos analisar o item 08, que tem o seguinte título: “Exportação de Café Industrializado”. O subitem “C” do Sumário Executivo,portanto supõe-se que já esteja em execução a “importação de café em regime de Drawback” (Drawback como está escrito).

Vejam o que dizem as diretrizes deste item da Agenda :“Criar padrões de qualidade e outras salvaguardas para prevenir que no futuro os volumes importados de café industrializado (T&M e solúvel) prejudiquem a indústria nacional; a importação de café verde para a indústria de solúvel no regime de drawback, com segurança sanitária, de preços, qualidade, volume e relacionada ao aumento de exportações; ou a criação, como alternativa, de programas compensatórios para a manutenção da competitividade; a importação de café verde para a indústria de torrado e moído no regime de drawback com segurança sanitária, de preços, qualidade, volume e relacionada ao aumento de exportações”.

Assustados, ficamos ao tomar conhecimento de que estas medidas estão definidas. A utilização de mecanismos como “Draw Back” só servem para as indústrias agregarem valor ao produto, mas apenas de forma tributária. A liberação de importação é apenas uma garantia para as indústrias terem liberdade de buscar café em outro país, em caso de faltar café no mercado interno, e evidentemente aliado ao lucro tributário. O sentido que a Agenda quer dar ao termo Draw Back significa em inglês “puxar para trás”, ou seja, importa-se café, por exemplo, do Peru ou do Vietnã, indutrializando-o e assim este é reexportado, com “valor agregado”, para a indústria, naturalmente.

Temos hoje grandes feridas e desvios na cafeicultura brasileira. Não posso, neste momento de extrema gravidade, ficar alheio a estas colocações. Os cafeicultores brasileiros são extremamente competentes e aptos a abastecer a indústria nacional com café de alta qualidade, em quaisquer circunstâncias.

A indústria não quer preços melhores. A indústria quer importar café para manter os preços deprimidos, pois com certeza pouco se importa com qualidade e muito menos deseja rotular o café ao consumidor. O que importa é o lucro a qualquer custo. A importação e reexportação de café serão uma espetacular transferência de renda do produtor primário de café brasileiro, para produtores de outros países. Tudo nos leva a crer que direta ou indiretamente, o sentido de todas estas ações é de propiciar a total quebra do cafeicultor brasileiro.

As pessoas que falam em “Draw Back” são inimigas da cafeicultura brasileira e antipatriotas. Precisamos defender o Conillon e o Arábica, brasileiros, contra os inimigos da cafeicultura. Necessitamos de medidas estruturais urgentes para afastar estes fantasmas. Reiteramos a monumental necessidade de reativar a Associação Brasileira de Café Arábica (ABCA), para nos defender desta perversa globalização, que está levando a cafeicultura ao desastre. Seria mais conveniente que esta proposta indecorosa de “Draw Back” ( voltar para trás) fosse, como diz a Agenda, chamada de Drawback, que significa inconveniente na língua inglesa.

Inconvenientes (Drawback) são os senhores que elaboraram esta Agenda.

Inconvenientes (Drawback) são os especuladores.

Inconveniente (Drawback) é a situação falimentar da cafeicultura.

Inconvenientes (Drawback) são os senhores que há anos gravitam em torno da cafeicultura, elaborando planos mirabolantes que nunca deram em nada, e levaram a cafeicultura ao momento atual de total desespero e desesperança.

Inconveniente não é o nosso amor pela cafeicultura, pelo cafeicultor e pelo Brasil.



Londrina, 16 de setembro de 2009.

Ricardo Gonçalves Strenger

Presidente da Associação Paranaense de Cafeicultores - APAC

ricardostrenger@yahoo.com.br

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