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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Ministros da UE já admitem default grego

Ministros da UE já admitem default grego
Os ministros das finanças da zona do euro diminuíram sua oposição a um possível default de dívida da Grécia, para acomodar as exigências alemãs e holandesas de que os credores privados devem arcar com parte do ônus de qualquer novo pacote de socorro financeiro para o país.A admissão de um possível default grego representa um ponto de virada nas tentativas da União Europeia de resolver a crise. Ela surgiu após dois dias de reuniões em Bruxelas, e vai contra a posição do Banco Central Europeu (BCE), que teme que tal ocorrência possa desencadear novas turbulências nos mercados financeiros e espalhar o contágio para outros membros da zona do euro.Mesmo assim, ela parece ter desbloqueado uma discussão contenciosa que vinha impedindo os países do bloco de chegar a um acordo sobre um novo e mais amplo pacote de ajuda à Grécia e de confrontar a crise mais ampla da zona do euro.As expectativas de que tal acordo estava tomando forma foram reforçadas depois que Herman Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu, começou a fazer preparativos para reunir os líderes europeus em Bruxelas nesta sexta-feira, para um encontro de emergência. Vários diplomatas alertaram que as convocações foram apressadas e de que ainda não está claro se um consenso emergente poderá se transformar em um acordo legal consistente num prazo de tempo tão curto."O principal é que a sustentabilidade da Grécia precisa ser melhorada", disse Wolfgang Schauble, o ministro das Finanças da Alemanha, depois da reunião de ontem. A participação do setor privado nesse esforço, acrescentou ele, é "incerta".Os ministros das finanças vêm lutando há semanas para conciliar as exigências da Alemanha, Holanda e Finlândia de um envolvimento substancial do setor privado em qualquer novo socorro - uma condição que eles acreditam ser essencial para obter apoio político doméstico -, contra a percepção crescente de que tal estratégia provavelmente desencadearia um default.Quando se reuniram em Luxemburgo, no fim do mês passado, os ministros concordaram que evitar "um evento de crédito" ou um "default seletivo" continuaria sendo a maior prioridade. Mesmo assim, num comunicado emitido na noite de segunda-feira, eles não mencionaram o assunto, removendo um impedimento a um possível acordo."Conseguimos desatar o nó", disse Jan Kees de Jager, o ministro das Finanças da Holanda, que se queixou em uma conferência telefônica realizada no fim de semana, que prioridades concorrentes não poderiam ser resolvidas.Mesmo assim, durante a reunião de ontem, Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE, teria mantido sua oposição extrema à inclusão dos detentores de bônus em um socorro. Diplomatas europeus também admitiram que há uma inquietação geral com a crescente possibilidade de um calote grego - mesmo que ele venha a seletivo e tenha uma vida curta. Um dos principais problemas, disseram eles, é como conter a reação a tal evento.Enquanto isso, o ministro das Finanças da Grécia também mencionou pela primeira vez a possibilidade de um default seletivo. Evangelos Venizelos disse na noite de ontem em Atenas: "O default seletivo não é um evento de fato, é uma avaliação [pelas agências de classificação de risco]". Mas ele acrescentou: "Não devemos transformar uma percepção em realidade, em uma profecia que vai se cumprir".Em troca da concessão, a Alemanha foi forçada a abrandar duas de suas exigências mais persistentes para a resolução da crise: a primeira é sua oposição ao uso de recursos do fundo de socorro financeiro temporário de ? 440 bilhões de euros da zona do euro, para recomprar bônus de governos-membros com problemas. Defensores dessa estratégia afirmam que ela poderia ajudar a eliminar uma parcela considerável da dívida grega em circulação, deixando uma carga mais sustentável e eventualmente permitindo ao país retomar o crescimento econômico. Isso poderia ser alcançado sem mudanças nos estatutos do fundo, conhecidos como linha de estabilidade financeira europeia (EFSF na sigla em inglês), o que exigiria a aprovação dos parlamentos nacionais. Em vez disso, a Grécia e outros recebedores de empréstimos da EFSF poderiam usar esses recursos para preparar eles mesmos as recompras.A Alemanha também foi convencida a reduzir as taxas de juros e estender os prazos de vencimento dos empréstimos da Grécia e outros países que estão recebendo ajuda. Antes, Berlim insistia que essas taxas deveriam ser mantidas suficientemente altas para dissuadir governos perdulários de buscar socorros fáceis.O governo alemão ainda espera que - além das recompras de bônus - um swap de bônus possa ser parte de um acordo maior para aliviar a dívida da Grécia. Um importante banqueiro alemão, Martin Blassing, do Commerzbank, delineou uma visão desse plano. O Commerzbank é controlado em 25% pelo governo alemão e é o maior detentor de bônus gregos do setor privado do país, com uma exposição de ? 2,9 bilhões.

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