Euro amplia perdas com preocupação de contágio da crise financeira grega
Enquanto se intensificavam as conversas de inadimplência na Grécia e o caos
político no país escalava, o euro continuou em desvalorização, ontem,
quinta-feira.
Pela primeira vez em três semanas, o euro ficou abaixo de US$ 1,41. A
desvalorização seguiu-se à queda de 1,8% em relação ao dólar registrada na
terça-feira, quando ganharam força os receios de inadimplência grega e
renasceram as preocupações de contágio à região do euro.
A moeda comum - que se recuperou um pouco, mas continua sob pressão - também
caiu em relação ao franco suíço, moeda considerada investimento de segurança,
ficando abaixo de 1,20 por franco.
A desvalorização do euro perdeu força quando o ministro da Economia da União
Europeia, Ollie Rehn, expressou confiança de que os governos da região do euro
e o Fundo Monetário Internacional (FMI) concordarão em pagar a próxima parcela
dos empréstimos de socorro financeiro à Grécia, mesmo sem um plano para as
dívidas de longo prazo.
A continuidade do auxílio, no entanto, depende de a Grécia aprovar medidas de
austeridade altamente impopulares no país. Houve protestos em massas, alguns
violentos. Mais de 35 deputados gregos do Partido Socialista pediram encontro
emergencial para determinar o destino do primeiro-ministro do país, George
Papandreou, que tenta promover uma reestruturação ministerial para ter mais
apoio aos planos de austeridade.
O dinheiro novo pode não ser suficiente para solucionar todos os problemas.
Alguns participantes do mercado pensam no que virá a seguir do pacote de
socorro.
"O que é mais importante para o euro é quando e como a Grécia vai
reestruturar", disse Sara Yates, estrategista cambial do Barclays Capital. "A
Grécia precisa, primeiro, progredir na melhora de seu equilíbrio fiscal. Sem
isso, a dinâmica das dívidas da Grécia não será sustentável no médio prazo."
O Barclays supõe que haverá reestruturação em 2012, de forma ordenada. "A
aprovação da estratégia fiscal de médio prazo da Grécia é crucial para as
perspectivas do euro", acrescentou Yates. "Se isso não ocorrer, é difícil
imaginar o euro não se desvalorizando rapidamente, com o dólar e o franco suíço
se beneficiando."
Apesar do que alguns veem como fundamentos econômicos frágeis ou em
deterioração nos Estados Unidos, o dólar ainda continua a principal moeda
mundial de refúgio.
"Embora existam opções melhores, como o franco suíço, carecem da profundidade
para lidar com fluxos expressivos", afirmou Peter Rosenstreich, principal
analista de mercado do Swissquote Bank. "No caso de a UE resolver a crise
grega, o franco suíço se enfraqueceria, mas a maior parte das tendências
positivas do dólar continuaria em vigor", disse Charles Dumas, do Lombard
Street Research.
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