Tesouro paga menor juro da história em captação externa
O Tesouro emitiu ontem US$ 500 milhões em títulos com vencimento em 2021 para investidores americanos e europeus, que aceitaram receber a menor rentabilidade já oferecida pelo governo brasileiro para papéis com essas características. O yield (taxa de retorno) ficou em 4,188% ao ano, 0,36 pontos percentuais abaixo do oferecido na última emissão desse título, em julho de 2010, quando o yield ficou em 4,547%.O spread (diferença entre os juros oferecidos pelo governo brasileiro e os Treasuries americanos, com vencimento semelhante) ficou em 105 pontos-base, o menor já registrada pelo Tesouro. A operação será finalizada hoje pela manhã, quando mais US$ 50 milhões podem ser vendidos aos investidores asiáticos.Segundo apurou o Valor, a demanda superou em nove vezes a oferta de títulos ao mercado americano e europeu. Ou seja, pouco mais de 190 investidores fizeram ordens de compra que totalizaram quase US$ 4,5 bilhões.A operação foi liderada pelos bancos Goldman Sachs e Santander, tendo o BB Securities como co-líder. O preço de emissão foi de 105,348% do valor de face, com cupom de juros de 4,875% ao ano. A liquidação financeira dos contratos ocorrerá na semana que vem, e os cupons serão pagos em duas parcelas anuais, em janeiro e junho, até o vencimento do papel, em janeiro de 2021.Trata-se da primeira emissão externa de títulos públicos em 2011, e a primeira após o país receber duas elevações de rating por parte de agências internacionais classificadoras de risco - a Fitch aumentou a nota brasileira em abril, e a Moody's há duas semanas. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, já havia indicado, na semana passada, que as condições externas estavam "muito propícias" à nova emissão do Tesouro - a última fora realizada em outubro de 2010, mas em títulos denominados em reais.A última emissão de títulos denominados em dólares ocorreu em julho de 2010, quando o Tesouro vendeu US$ 825 milhões, a uma taxa de juros (yield) de 4,547% ao ano, com spread de 150 pontos-base sobre Treasury.A emissão do Tesouro é importante para empresas e bancos brasileiros. Ao oferecer ao mercado internacional papéis de longo prazo a juros cadentes a cada nova emissão - títulos em dólar oferecidos em dezembro de 2004 à investidores estrangeiros pagaram yield de 8,24% ao ano, contando com spread de 398 pontos-base sobre o Treasury -, o Tesouro acaba servindo de "benchmark" (referência) para agentes do país que querem fazer emissões de bônus e dívida no exterior."Os títulos emitidos pelo Brasil se encaixam como uma luva para a demanda dos investidores mundiais", afirma Eduardo Müller Borges, diretor de credit market do Santander, "uma vez que os títulos mais seguros, que são os americanos, estão com juros extremamente baixos, enquanto os papéis brasileiros combinam um grau de risco mínimo e rendimentos interessantes". Para Borges, o governo brasileiro, que escolheu o Santander pela primeira vez como banco líder em operação de venda de títulos ao exterior, "está com a estratégia correta". Ao emitir pouco, diz, o Tesouro aumenta ainda o apetite do investidor, e, assim, conquista prazos mais longos e juros mais baixos.
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