BCs fazem maior saque de ouro do BIS em dez anos
Os bancos centrais sacaram 635 toneladas de ouro do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) no ano passado, sendo essa a maior retirada em mais de uma década.A movimentação, divulgada no relatório anual do BIS, assinala uma forte reversão em relação ao ano anterior, quando os bancos centrais ampliaram seus depósitos de ouro no chamado "banco dos bancos centrais", em vez de emprestar o metal diretamente ao setor privado, em meio a crescentes preocupações sobre risco de contraparte.Bancos centrais e outras instituições oficiais detêm, coletivamente, cerca de 30 mil toneladas de ouro em suas reservas, e muitos procuram obter alguma renda sobre seu ouro emprestando-o, como fazem com qualquer outra moeda.Mas a demanda de tomada de empréstimos em ouro caiu drasticamente na última década, pressionando os juros sobre os empréstimos de ouro para baixas recordes.Operações de hedge de mineradoras de ouro, normalmente estruturadas na forma de tomada de empréstimos de ouro, eram tradicionalmente a maior fonte de demanda. Mas desde que as mineradoras reduziram seus programas da cobertura a quase zero, o mercado de empréstimos de ouro, mediado por grandes bancos que negociam o metal, vem encolhendo.Empréstimos de ouro por seis meses rendiam 0,1%, na quinta-feira, segundo as avaliações referenciais de mercado publicadas pela Associação London Bullion Market Association.Em resposta a perguntas enviadas por correio eletrônico, o BIS confirmou que a queda no valor de depósitos em ouro representou "uma mudança no sentido do fluxo do ouro - agora, saindo do BIS.""Os passivos nas contas correntes em ouro no BIS diminuíram em cerca de 635 toneladas, entre 31 de marco de 2010 e 31 de março de 2011", acrescentou o BIS. Comparações com relatórios anuais anteriores mostraram que os saques foram os maiores em pelo menos 10 anos.Negociantes disseram que as saídas de ouro dos cofres do BIS reflete, provavelmente, uma combinação de fatores.Alguns bancos centrais, frustrados diante das taxas de juros irrisórias ofertadas podem ter tomado a decisão de absterem-se totalmente de emprestar seu ouro. "Minha percepção é de que há cada vez menos ouro sendo colocado pelos bancos centrais no mercado", disse um banqueiro.Entretanto, alguns bancos centrais podem ter redescoberto um apetite para disponibilizar empréstimos de ouro ao setor privado, que podem render juros mais altos, dependendo da classificação de crédito da contraparte e da estrutura da transação."Como os balanços patrimoniais dos bancos comerciais começaram a ficar mais saudáveis, pode ter ocorrido uma retomada de empréstimos ao setor privado", disse Philip Klapwijk, presidente executivo da consultoria GFMS. "Rendimentos mais altos podem ser um estímulo poderoso para um banqueiro central", acrescentou um executivo.
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