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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Elevação da Selic em agosto ganha força

Elevação da Selic em agosto ganha força
A divulgação do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho parece ter consolidado uma ideia formada com a apresentação do Relatório de Inflação no fim do mês passado: o Banco Central (BC) terá mais trabalho para fazer a convergência da inflação à meta. E o mercado de juros futuros ilustra isso.No Relatório de Inflação, a autoridade monetária dedicou especial atenção à inflação de serviços, fazendo uma abordagem estrutural do problema e lançando mão de estudos apontando que quanto maior a renda da população, maior a demanda por serviços.E conforme notou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, dentro do IPCA de junho a surpresa negativa veio, justamente, dessa área.Foi o comportamento do item despesas pessoais, com elevação de 0,67%, ante expectativa de alta ao redor de 0,40%, que explica o desvio entre as projeções, que sugeriram IPCA ao redor de 0,07%, em comparação à leitura observada, de 0,15%. IPCA de 4,5% pede mais duas ou três altas nos jurosLeal aponta que enquanto o índice geral perdeu 0,32 ponto percentual de maio para junho, o grupo serviços permaneceu praticamente estável. Em 12 meses, a inflação desse grupo sobe 8,74%.O comportamento dos contratos de juros futuros no pregão de ontem mostra um pouco dessa preocupação com o rumo da inflação. Os diversos vencimentos subiram com consistência, mostrando aumento nas apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) terá de fazer mais duas elevações na taxa Selic. Uma em julho, já embutida no preço, e outra em agosto, que segue atraindo adeptos.Para o economista do ABC Brasil, o cenário de maior probabilidade é de não menos do que duas elevações.Outros agentes de mercado já passaram a trabalhar com três novas altas. Além de julho e agosto uma em outubro. E, no começo da semana, uma importante casa fechou um contrato com opções de juros no mercado de balcão pelo qual ganha se, e somente se, o Copom subir o juro básico em todos os encontros restantes do ano. Em outras palavras, esse agente acredita que Selic sobe mais um ponto percentual.Vale lembrar que o mercado é sempre bastante volátil. Sinal claro disso é que pouco tempo atrás chegou a se trabalhar com nenhuma elevação da Selic, ou seja, a taxa básica ficaria em 12,25% ao ano.Na visão de Leal, o alcance da visão do mercado nunca será superior a uma reunião. "Paira uma espada sobre a cabeça do Banco Central que é a cena externa. Ele tem plena ciência dos problemas internos, mas tem receio de ser atropelado por alguma crise internacional", explica o economista.Por isso, diz Leal, o uso da expressão "suficientemente prolongado", que denota novas elevações no juro básico, será utilizada sempre como uma referência à próxima reunião. O BC não vai se comprometer. Afinal de contas, diz o economista, a possibilidade de um default na zona do euro, com implicações similares às da crise de 2008, é algo não desprezível.Além das avaliações sobre a inflação e próximos passos do Copom, parte do aumento nos prêmios de risco no mercado juros futuros decorreu do leilão de papéis prefixados pelo Tesouro. Sempre que esses leilões acontecem a curva "engorda" um pouco.No mercado câmbio houve um ajuste de alta de 1,09% em dois dias, que se mostrou suficiente para chamar os vendedores de volta ao jogo. O dólar comercial perdeu 0,76%, e fechou a R$ 1,558 na venda.Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para agosto recuava 1,04%, a R$ 1,562, preço mínimo do dia, antes do ajuste final.Entre os vetores de baixa está notícia do Valor de ontem, indicando que o Planalto não autorizou qualquer iniciativa para conter a valorização do real. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não arredou o pé. Da Europa, disse que vai adotar mais medidas de controle do fluxo de capitais.

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