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terça-feira, 26 de julho de 2011

Temor de "default" da dívida dos EUA e da Grécia abala mercados

Temor de "default" da dívida dos EUA e da Grécia abala mercados
Os temores de default soberano afetaram o sentimento dos investidores nos dois lados do Atlântico ontem, depois que a agência de avaliação de risco Moody's rebaixou a nota da dívida da Grécia e Washington se viu refém de uma paralisia política em meio às altercações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos. O rali dos ativos de risco que estimulou os mercados no fim da semana passada teve um fim súbito, com as ações globais sendo alvo de uma onda de vendas pela primeira vez em cinco pregões e os rendimentos dos títulos referenciais do Tesouro americano voltando a ficar acima dos 3% por um curto período de tempo.Na tarde de quinta-feira os mercados financeiros se mostraram animados com a promessa de uma resolução das duas grandes crises de dívida que estão preocupando o mundo, disse Neil Mellor, do Bank of New York Mellon. Entretanto, a busca de estabilidade pela zona do euro continua a enfrentar obstáculos e, mais uma vez, os investidores deverão se deparar com a possibilidade real de a maior economia do mundo dar um calote.O ouro atingiu um patamar nominal recorde, enquanto o franco suíço chegou ao seu maior nível histórico em comparação ao dólar, graças à decisão dos investidores de correrem de volta para investimentos classificados como portos seguros."A semana será tensa para os mercados", disse Kathleen Brooks da Forex.com. "Embora pareça catastrófico pensar no que aconteceria se os Estados Unidos entrarem em default, o ouro se beneficiaria, juntamente com o franco suíço." As consequências de um calote dos EUA para os mercados mundiais seriam muito mais "perigosas" do que o rebaixamento de um ou dois pontos na classificação de crédito do país, disse Julian Jessop da Capital Economics - daí porque tal cenário continua sendo improvável."Se o prazo de 2 de agosto chegar sem nenhum acordo, é quase certo que o Tesouro dos Estados Unidos decidiria cumprir com o serviço da dívida pelo maior tempo possível e se concentrar em economizar em outros lugares. Seria surpreendente o Tesouro não ter nenhum plano de contingência adicional para impedir, ou pelo menos adiar, um default."Nos mercados de bônus soberanos, a decisão da Moody's de reduzir a classificação da dívida da Grécia em três pontos, para "Ca", reforçou os temores de um contágio, que já ficaram evidentes em meio ao rali da semana passada."Foi na sexta-feira que os spreads dos papéis dos países periféricos deram os primeiros sinais de fadiga", disse Divyang Shah da IFR Markets. "A festa após a reunião da União Europeia não durou tanto tempo quanto a maioria dos investidores gostaria."Shah observou que os rendimentos dos bônus italianos e espanhóis de 10 anos se comportaram de maneira mais dramática, ontem, do que os títulos das três nações da zona do euro que foram socorridas (Irlanda, Portugal e Grécia). "Isso é significativo e sugere que, embora muitos estivessem esperando semanas tranquilas durante as férias, os mercados poderão testar o conjunto de ferramentas de prevenção de crise que é o Fundo de Estabilidade Financeira Europeia. Os investidores que estão de olho nos portos seguros e nos rendimentos continuam tentando se desfazer de suas aplicações na Itália e na Espanha - a crise continua", acrescentou Shah.O rendimento dos títulos espanhóis de 10 anos subiu 25 pontos-base ontem, para 6,04%, enquanto o da Itália subiu 27 pontos-base para 5,67% - por outro lado, o rendimento sobre os bônus da Grécia aumentou apenas 17 pontos-base. O rendimento dos Bunds alemães caiu 5 pontos-base para 2,77% por causa dos fluxos direcionados para os investimentos seguros.Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos chegou ontem a 3,02%, mas a dívida dos Estados Unidos se mostrou resistente diante das incertezas políticas e das vendas de US$ 99 bilhões desta semana, reduzindo as perdas, com a taxa de retorno ficando em 2,98%. O rendimento dos títulos de 30 anos atingiu o maior nível em duas semanas.Nos mercados de câmbio, o dólar perdeu terreno para o franco suíço como porto seguro, recuando 1%. "Com toda essa incerteza, o franco suíço avançou mais, sendo o maior ganhador do dia e atingindo novos patamares de alta em relação ao dólar", disse Michael Hewson, da CMC Markets.O iene também subiu em comparação ao dólar e ao euro, ameaçando retornar aos níveis pré-intervenção do começo deste ano. Nos mercados de ações, o índice FTSE All World caiu 0,3%, registrando seu primeiro recuo em uma semana. Os índices FTSE Eurofirst 300 e Standard & Poor's 500 caíram 0,4%. Nos mercados de commodities, o ouro atingiu seu quinto maior nível nominal histórico em nove sessões, US$ 1.622,49 a onça, mas depois recuou para US$ 1.614 a onça.

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