Páginas

terça-feira, 26 de julho de 2011

EUA já se preparam para rebaixamento

EUA já se preparam para rebaixamento
Enquanto os EUA ficam próximos de uma possível moratória ou rebaixamento de sua avaliação de risco, a mais alta de todas, muitas das mentes mais perspicazes de Wall Street começam a traçar os planos de batalha.Mas poucos já preparam algo de significativo. O principal motivo é que ninguém sabe exatamente o que fazer."Se você não sabe o que vai fazer quando o evento acontecer, como é que decide como aplicar?", disse Alan De Rose, diretor executivo de operações com finanças e títulos governamentais na Oppenheimer & Co. "É uma posição muito difícil."Uma das dúvidas dos investidores é: depois de um choque como esse, os investidores vão fugir dos títulos de dívida do Tesouro americano, há muito tempo um oásis de segurança? Ou vão correr para eles, por força do hábito? Especialistas que fizeram carreira com os Treasurys têm argumentos convincentes para as duas alternativas."Ainda estamos tentando entender a situação", diz Mohamed El-Erian, diretor-presidente e co-diretor de investimentos da Pacific Investment Management Co., que administra o maior fundo de renda fixa do mundo. "Enxergamos isso como um risco."Na noite de domingo, El-Erian escreveu num e-mail que "está se preparando o terreno político para um acordo temporário de curto prazo" que provavelmente vai derrubar as bolsas e o dólar e deixar o grau de risco da dívida do governo americano "extremamente exposto a um rebaixamento danoso".Numa reunião recente de um grande banco, foi perguntado aos executivos o que eles recomendariam comprar no exato momento em que o limite de endividamento não for elevado. Para cada argumento apresentado, havia um contra-argumento válido explicando por que a aplicação não seria sábia.Até há pouco tempo, os mercados financeiros insistiam em descartar as manchetes sobre o limite de endividamento, dizendo que era teatro político demais. As pessoas corriam para a segurança dos Treasurys, em meio à crise da dívida soberana da Europa, aumentando com isso o preço dos papéis, o que por sua vez reduz o rendimento deles. As bolsas continuaram subindo, graças aos lucros relativamente bons anunciados pelas empresas.Na semana passada, enquanto os líderes em Washington continuavam brigando para encontrar maneiras de cortar o déficit enquanto se aproximava o prazo final para aumentar o teto de endividamento, o rendimento dos Treasurys mostrava que estava ficando cada vez mais sensível ao debate. O rendimento da nota de 30 anos - mais suscetível a preocupações de longo prazo sobre a posição fiscal dos EUA - foi sacudido por manchetes de possíveis acordos para elevar o teto da dívida. As bolsas oscilaram mas fecharam a semana perto do maior nível desde o início da crise financeira.Alguns argumentaram que os mercados podem ter uma reação relativamente benigna a uma moratória ou ao rebaixamento da nota de crédito da dívida americana. Os investidores enfrentam há meses incerteza e riscos significativos por causa da crise da dívida europeia, das consequências do terremoto japonês e da turbulência política no Oriente Médio.Em meio a essa cautela, o impacto das más notícias sobre o déficit do orçamento pode ser limitado a uma reação puramente instintiva, argumentam.Alguns já fizeram algumas aplicações. Certas mesas de operações com Treasurys reduziram riscos. Fundos mútuos do mercado monetário e fundos de hedge estão mais líquidos. Associações setoriais estão começando a estudar como lidar com os problemas causados por uma possível moratória.Fundos de hedge e outros investidores já estão na defensiva, menos alavancados e se protegendo contra o risco de o mercado cair. Isso tem prejudicado o desempenho, já que as ações subiram no primeiro semestre, mas pode suavizar o impacto de uma queda nas bolsas.Investidores individuais têm tirado as aplicações de fundos de ações dos EUA há vários meses, sacando US$ 20 bilhões só em junho, segundo o Instituto de Empresas de Investimento.Muitos consultores também estão evitando riscos. "Estivemos na defensiva durante a maior parte do ano" e o debate sobre o orçamento não mudou isso, disse Michael Maloon, consultor financeiro de San Ramon, na Califórnia. Entre essas aplicações defensivas estão certificados de depósito segurados e fundos de renda fixa de curto prazo. "O baixo rendimento está acabando com a gente, mas estamos mais preocupados em preserva o principal".Para muitos, as conversas de agora sobre administração de risco lembram a montanha-russa de 2008."Qualquer um que passou pelo terceiro trimestre de 2008 precisa entender que o sistema financeiro não é tão robusto como todos esperávamos", diz Jaret Seiberg, analista político do Grupo de Pesquisa da MF Global em Washington. "Ainda não sei o que fazer sem uma dívida americana AAA", disse ele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário