Torrefadores teme ser ''esmagado'' pela fusão
Mesmo sem ter sido concretizada, a união entre Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil já começa a mobilizar fornecedores, órgãos de defesa do consumidor e sindicatos. Do lado dos consumidores, há o risco de que a megafusão encareça produtos nas prateleiras. Os trabalhadores estão preocupados com o corte de funcionários nas duas redes e a indústria teme perder o poder de barganha nas negociações. Ontem o assunto dominou a pauta entre compradores e vendedores do varejo, que tentavam prever as consequências do negócio para a indústria e para os concorrentes. "Todos os fornecedores já estão de cabelo em pé. Há uma clara preocupação com o poder de pressão que esse mega varejista poderá exercer", diz uma fonte do setor de alimentos que preferiu não se identificar. O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, acredita que, com a megafusão, os contratos comerciais serão cada vez mais difíceis de serem cumpridos pelos fornecedores. "O que se teme é o efeito de desigualdade de negociação, fazendo com que principalmente pequenas e médias empresas se tornem inviáveis como fornecedoras das grandes redes. " As negociações do setor com os varejistas, segundo Herszkowicz, já são complicadas. "Os contratos apresentam diversos níveis de exigências." Um exemplo disso é o chamado "enxoval" - mercadorias fornecidas gratuitamente para a inauguração de novas lojas. "Os grandes compradores vão espremer quem tem menos força", diz o professor da Fundação Getúlio Vargas e ex-conselheiro do Cade, Arthur Barrionuevo.
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