Decisão grega reforça apetite por ativos de risco no mundo
Os ativos de risco retomaram ontem sua marcha de alta depois de uma breve pausa, como reação à vitória parlamentar do governo grego. Antes da decisão, os mercados computavam nos preços a aprovação das medidas de austeridade fiscal. Assim, num primeiro momento, uma onda de realização de lucros derrubou as ações globais, o euro e os rendimentos dos principais bônus governamentais na metade da tarde, enquanto os investidores digeriam as notícias que vinham de Atenas.Mas depois os negócios de risco foram retomados com vingança, com as ações ficando um pouco abaixo do melhor desempenho em mais de dois meses e o euro voltando ao patamar de US$ 1,44.Simon Smith da FxPro afirmou: "A movimentação dos preços antes do resultado antecipou em grande parte um resultado positivo e o euro já é um dos ativos de melhor desempenho na semana até agora".Os preços do petróleo subiram mais de US$ 3 o barril e lideraram os ganhos entre as commodities, depois que o fornecimento de óleo bruto caiu mais que o esperado nos Estados Unidos na semana passada.A votação abriu caminho para a Grécia receber mais dinheiro da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas analistas alertaram para os perigos de se "jogar para frente" a resolução dos problemas do país.Smith disse: "A coisa parece uma vitória vazia. A Grécia aprovou mais medidas de austeridade que, com toda probabilidade continuarão esmagando a economia, enquanto a carga do endividamento continua aumentando. A proposta de reestruturação voluntária da dívida não parece ser a panaceia que muitos acreditam ser, porque trata-se de uma rolagem que reduzirá a carga de juros, mas não vai impor um corte na dívida pendente".Outros especialistas observaram que os movimentos dos preços nos últimos dias mostram que os mercados estão sinalizando um aumento do perigo de Portugal e Irlanda serem sugados para um drama de reestruturação de suas dívidas.Simon Derrick do Bank of New York Mellon disse: "Embora a diferença entre os rendimentos dos títulos gregos e alemães tenha diminuído modestamente nos últimos dias, os spreads equivalentes para as dívidas da Irlanda e de Portugal continuam aumentando bastante".Divyang Shah, da IFR Markets, disse: "É difícil argumentar com os preços do mercado se movimentando tanto que há uma tendência em direção a uma maior preocupação com Portugal em comparação a Irlanda. Dada a natureza 'voluntária' da participação do setor privado no problema da Grécia, faria sentido para os bancos e instituições financeiras correr para a porta de saída agora (em relação a Portugal e a Irlanda) - na próxima vez, as coisas poderão ser um pouco menos 'voluntárias'".Nos mercados de câmbio, o euro subiu 0,4% ontem para US$ 1,4422, alcançando o maior nível em uma semana imediatamente após a votação do parlamento grego. As atenções sobre os acontecimentos em Atenas permitiram à moeda única europeia ignorar uma importante leitura sobre a confiança do consumidor no relatório sobre as perspectivas econômicas para a zona do euro, que em junho atingiu o nível mais baixo em sete meses.Jennifer McKeown da Capital Economics disse: "Vemos uma redução acentuada do crescimento do PIB da zona do euro nos próximos trimestres, na medida em que a fraqueza persistente da Grécia e da Espanha será acompanhada por uma desaceleração em outros países".No mercado de bônus soberanos, houve ontem uma pausa para os títulos de dívidas das economias periféricas do euro. O rendimento dos bônus de 10 anos do governo grego caiu 20 pontos-base, para 15,91%, ao mesmo tempo em que houve também um certo alívio para os bônus referenciais irlandeses e italianos, cujos rendimentos diminuíram 13 pontos-base para 11,47% e 4 pontos-base para 4,94%, respectivamente.Os rendimentos dos Bunds de 10 anos aumentaram 3 pontos-base para 2,99%, enquanto o rendimento dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos subiu 4 pontos-base para 3,08%, antes de um leilão de US$ 29 bilhões em títulos de 7 anos.Nos mercados de commodities, os ganhos no petróleo bruto do tipo Brent permitiram que ele recuperasse todas as perdas pelo choque provocado pela divulgação, pela Agência Internacional de Energia, das reservas estratégicas na quinta-feira.
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