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terça-feira, 7 de junho de 2011

Tendência de alta de juros é mais forte na América Latina

Tendência de alta de juros é mais forte na América Latina
Cinco bancos centrais da região da Ásia-Pacífico vão definir o rumo dos juros
esta semana, e apenas um, a Coreia do Sul, tende a elevar a taxa. Já na América
Latina, a expectativa no mercado é de o aperto monetário continuar no Brasil e
no Peru esta semana e na Colômbia e Chile na semana que vem.
Nos países industrializados, a recuperação econômica mais frágil do que o
previsto empurra para o final de 2012 um aperto monetário. Na zona euro, o
mercado ainda tem expectativa de que a taxa básica aumente 25 pontos básicos,
para 1,75% até o fim do ano, para depois fazer uma longa pausa. Nos Estados
Unidos, cresce a especulação sobre a possibilidade de nova injeção de liquidez
pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), por meio de uma terceira
fase da política de "quantitative easing", que acelerou o fluxo de capitais
para os emergentes.
Para o Banco Internacional de Compensações (BIS), as perspectivas de
crescimento e inflação se deterioraram. Para os emergentes, as forças são
conflitantes - de um lado o risco de desaceleração nas exportações, com queda
de demanda global, e de outro a persistência no mercado interno de crédito
barato e pressões inflacionárias.
"Fatores temporários provocaram a desaceleração agora, com a ruptura no
abastecimento pelo Japão, mas se essa queda continuar em junho e julho, a
situação será realmente preocupante na economia mundial", diz Jeremy Lawson, do
Instituto Internacional de Finanças (IIF).
O banco Nomura Securities projeta alta da taxa Selic em 25 pontos básicos, para
12,25% amanhã, no Brasil, e logo depois também no Peru no mesmo percentual para
4,5%. Na terça-feira, será a vez do Chile, podendo aumentar a taxa em 25 pontos
básicos. para 5,25%, e na sexta-feira na Colômbia, para 4,25%. O único país que
deve manter por um longo tempo sua taxa é o México, em 4,5%.
Na Ásia-Pacífico, a Austrália poderá manter a taxa de 4,75% hoje, embora parte
dos analistas veja possibilidade de alta de 25 pontos base, para 5%. Na Nova
Zelândia, o Banco Central poderá amanhã manter o juro básico em 2,5%, com a
confiança do consumidor baixa e o consumo fraco.
Certos analistas mudaram a projeção de que o Banco da Indonésia aumentaria os
juros na quinta-feira, e agora esperam a manutenção da taxa de 6,75%. Isso em
razão de queda na inflação e indicadores de que a economia global entrou num
ritmo mais lento. Mas a economia indonésia continua crescendo acima do
potencial, a taxa de juro continua historicamente baixa e o banco central
poderá retomar o ciclo de alta no terceiro trimestre. Na sexta-feira, o BC de
Sri Lanka poderá manter sua taxa em 8,5%, mas a política de acomodação tende a
logo ter fim.
Boa parte dos analista espera alta no juro básico na Coreia do Sul, na
sexta-feira, em 25 pontos base, para 3,25%. Lá, a inflação caiu para 4,1% e
poderá voltar à meta entre 2% e 4% no segundo semestre, graças à baixa no preço
do barril de petróleo. O ponto central é que a durabilidade da recuperação
econômica coreana não é mais colocada em dúvida e a autoridade monetária poderá
apertar os juros.
A India e a Malásia anunciarão resultados da produção industrial, com provável
aceleração no primeiro e baixa no segundo. Isso dará uma ideia do rumo dos
juros.
Além disso, as atenções do mercado continuam voltadas para a China, segunda
maior economia do planeta. O consenso é de que a politica monetária de Pequim
permanece "muito frouxa". A taxa de juro para empréstimos de 12 meses está em
6,31%, comparado com 7,47% há três anos. Mas usando a inflação como deflator, a
taxa real é negativa (a taxa de inflação ao produtor foi de 6,8% em abril em
ritmo anual). Na zona do euro, o evento será a decisão sobre taxa de juro. A
recuperação econômica perdeu fôlego e a crise da dívida da periferia se
aprofunda. A inflação caiu um pouco, para 2,7%, ainda acima do teto de 2%. O
provável futuro presidente do banco, o italiano Mario Draghi, cobra a
"normalização" da política monetária.
Nesse cenário, embora a taxa deva permanecer em 1,5%, há pouca dúvida de que
uma ligeira queda na inflação seja suficiente para frear o BCE de elevar a taxa
em julho. A questão é o que virá depois. Analistas acham que os juros só voltam
a subir no final de 2012.
Também nos EUA os últimos indicadores de fragilidade econômica e desemprego
recorde empurram para o final de 2012 uma elevação do juro. A taxa para dois
anos é de 0,5%, enquanto a inflação está em 2,5%. A taxa real de juros é
inferior ao crescimento real nos EUA, Grã-Bretanha, Japão, em vários emergentes
e exportadores de petróleo, como nota o banco Natixis, de Paris.
O Fed comprou mais títulos do Tesouro em maio, como parte da segunda rodada do
quantitave easing, acumulando agora papéis valendo mais de US$ 1,5 trilhão. No
final do mês, o Fed deve parar de comprar os títulos do Tesouro ligados ao
"QE". Isso normalmente deveria provocar uma redução do fluxo de capital para os
emergentes, e portanto da acumulação de reservas por esses países e da compra
dos papéis americanos. Mas, diante da fragilidade demonstrada pela retomada
americana, um novo choque de liquidez continua no radar, admitem analistas.

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