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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Do pânico à euforia com a mesma Grécia

Do pânico à euforia com a mesma Grécia
Tudo certo, mas nada resolvido. É nesse clima que os mercados globais sustentaram mais um dia de otimismo com relação à Grécia. Em um exercício de fé no parlamento grego, os agentes compraram ações e commodities e venderam dólar e títulos do Tesouro americano. O mais interessante é que, dias atrás, essa mesma Grécia e seus políticos perdulários serviram de justificativa para queda no preço das ações e uma corrida ao dólar.A votação do projeto de austeridade de ? 78 bilhões está prevista para hoje, com detalhamento de como fazer essa redução de custos estimada para amanhã. Sem essa contrapartida o país não recebe dinheiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e União Europeia (UE) e entra, oficialmente, em default. Fé no parlamento grego puxa bolsas e derruba dólarNão se questiona se o país tem condições de entregar o prometido, ou mesmo, se essa ajuda à Grécia encerra a fatura, ou se em alguns meses terão ser mobilizados novos esforços.Conforme notou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, no fundo, é tudo um "faz de conta" para se evitar o pior dos cenários, já que não há saídas confiáveis e exequíveis sem moratória da dívida.No entanto, a única "solução" de fato para o problema, que seria a moratória, precisa ser evitada de toda forma, tendo em vista o risco que tal "solução" traria para o sistema financeiro europeu e mundial.Os analistas do Standard Bank também têm uma postura crítica com relação a essa euforia com a Grécia. "A zona do euro enfrenta risco sistêmico e não uma crise específica de um país. E mesmo que o caso da Grécia tenha um desfecho favorável, há muito mais problemas na região, que podem forçar a cotação do euro para a linha de US$ 1,20", escreveu a instituição.Os especialistas do banco chamam a crise na região de "crise dominó". No ano passado, a Grécia foi a primeira a receber ajuda, seguida por Irlanda e Portugal. E esse episódio de pedir resgate novamente, liderado pela Grécia, tem grande chance de ser seguido, também, pelos mesmos Irlanda e Portugal. Na visão do banco, esse é o sinal extraído do mercado de títulos desses países, onde a taxas dispararam nos últimos dias."Se, no fim das contas, a Grécia for forçada a sair do euro, o mercado vai esperar o mesmo efeito dominó. Como resultado, a única pergunta plausível parece ser qual o tamanho dessa fila de dominós", completou o Stantard Bank.Falando em outros membros da zona do euro, Portugal e Espanha parecem se antecipar às exigências do FMI, ou mesmo, aproveitar a "onda" da Grécia, e também anunciaram planos de austeridade. Portugal listou em seu site de oficial planos de privatização e aumento de impostos. E na Espanha se estudam regras de responsabilidade fiscal para as províncias do país.Esse voto de confiança nos Gregos deu fôlego ao euro no pregão de ontem. A moeda comum subiu cerca de 0,5%, retomando a linha de US$ 1,43. Outro vetor de alta para o euro foi o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, que falou estar em modo de "forte vigilância", termo associado a elevações na taxa básica de juros. O BCE tem reunião na quinta-feira da próxima semana.No câmbio local, a pressão vendedora foi ainda mais forte. O dólar comercial caiu 1,12%, para R$ 1,578, mesmo preço do começo do mês.No mercado futuro, o dólar para julho perdia 1,15%, a R$ 1,5775, e o dólar para agosto, que já ganha liquidez, recuava 1,08%, a R$ 1,590, antes do ajuste final de posições.Por ora, os vendidos estão fazendo a festa. Salvo algum desastre na Grécia, essa formação de Ptax (média das cotações ponderada pelo volume) também será deles nessa virada de mês.No mercado de juros futuros, as taxas apontaram para cima acompanhando preços externos. Hoje, foco nos modelos apresentados pelo Relatório trimestral de Inflação, e na leitura do IGP-M de junho, que deve mostrar deflação de 0,25%, pelas contas da Máxima Asset.Outro assunto que dominou as mesas de negociação foi a propostas de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour. Até aí sem grandes novidades. O que chamou atenção e gerou uma infinidade de perguntas aqui e no mercado externo foi surgimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no meio da elaborada proposta, que também passou a contar com os sagazes banqueiros do BTG Pactual.A explicação dada pelo BNDES de que caso o negócio seja concretizado fica aberto "o caminho para maior inserção de produtos brasileiros no mercado internacional" não convenceu ninguém.

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