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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Câmbio dividido entre cena externa e Ptax

Câmbio dividido entre cena externa e Ptax

Dois eventos extraordinários pautam a formação da taxa de câmbio neste fim de mês.O primeiro deles é a votação de um plano de austeridade na Grécia que define de vez se o país dá um calote oficial ou segue vivo graças à ajuda dos tubos do Fundo Monetário Internacional (FMI).O outro fato, esse de caráter doméstico, é que junho é o último mês no qual a Ptax (taxa que liquida os contratos futuros de câmbio) será calculada como média ponderada pelo volume de negociação.Já em julho, a taxa, que serve de referência para a liquidação de uma série de contratos cambiais, será uma média aritmética de quatro consultas feitas pelo Banco Central (BC) entre 10 horas e 13 horas.Estrangeiro tem aposta recorde de US$ 20,9 bi no realCom tal metodologia, espera-se que a formação da Ptax fique mais transparente e menos passível de distorções. No modelo atual não é segredo para ninguém que os agentes se articulam para fazer a taxa da forma que lhes convém.Fica a dúvida sobre o que falará mais alto: se a instabilidade do quadro externo, que na semana passada puxou o preço do dólar à vista e futuro acima de R$ 1,60, ou a tradicional briga entre comprados e vendidos para a formação da Ptax. Considerando o tamanho das posições na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o embate entre os comprados, que ganham com a alta do dólar, e os vendidos, que lucram com a valorização do real, deve ser acirrado.Pelos últimos dados disponíveis, referentes ao pregão do dia 22, o estoque vendido do investidor estrangeiro estava em US$ 20,886 bilhões, o que configura novo recorde. Esse estoque é formado por US$ 6,666 bilhões em contratos de dólar futuro e US$ 14,220 bilhões em cupom cambial (DDI - juro em dólar). Como sempre, quem faz oposição ao estrangeiro são os bancos locais, que apresentavam posição comprada de US$ 16,522 bilhões, sendo US$ 6,387 bilhões em contratos de dólar e US$ 10,135 bilhões em cupom cambial. Os bancos também têm exposição em outras modalidades cambiais, como mercado à vista (onde estão vendidos) e derivativos de balcão. Portanto, não se sabe qual o posição líquida das instituições.Vale lembrar que, nos últimos meses, os vendidos fizeram valer sua vontade, derrubando o preço do dólar independentemente de fatores externos.A esperada votação na Grécia acontece entre 29 e 30 de junho, dias que concentram as movimentações finais dos investidores no câmbio local. Os agentes estão liquidando ou rolando posições de um vencimento para o outro.A divulgação da taxa Ptax também terá novo horário. Atualmente só se sabe a Ptax no fim do dia. A partir do mês que vem a taxa saíra pouco depois das 13 horas. Esse novo modelo de cálculo foi amplamente discutido entre o BC e o mercado e está em teste desde o começo do ano.No mercado de juros, a semana reserva o Relatório Trimestral de Inflação, que detalha a visão do BC sobre os cenários prospectivos de inflação. O documento, que sai na quarta-feira, dia 29, também mostra a previsão de crescimento que está no modelo da autoridade monetária.Outro evento de relativa importância para esse mercado é a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 30.Nesse encontro se confirma a meta de inflação de 2012 e se fixa a meta de 2013. Não há expectativa, no entanto, de que a atual meta de 4,5%, com banda de dois pontos percentuais para mais ou para menos, seja ampliada ou reduzida.A agenda da semana também reserva a nota de política monetária e operações de crédito, a nota externa, com a conta corrente e Investimento Estrangeiro Direto (IED), e as contas fiscais, que mostram o superávit primário e a relação dívida/PIB. Todos esses dados são referentes ao mês de maio.Abrindo o mês de julho, na sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a produção industrial de maio, que deve mostrar recuperação após queda em abril.Esses eventos, aliados aos índices de preços semanais e à leitura final do Indice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho balizam a formação das apostas quanto aos próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom). Por ora, a curva futura mostra como certa uma alta de 0,25 ponto percentual da Selic após a reunião de julho do colegiado. Para o encontro de agosto ainda não há consenso.Na agenda externa, atenção à renda, gastos e confiança do consumidor americano. Também serão conhecidos indicadores industriais, inflação e desemprego na zona do euro. E da China vem um índice de atividade fabril em junho.

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