Brasil em nova fase é esperança do Walmart
Depois dos Estados Unidos, Brasil e China são os países em que o Walmart mais
vai investir nos próximos anos. A aposta no mercado nacional foi reforçada após
a visita de Mike Duke, presidente mundial do Walmart, que esteve no país em
abril. "Visitei 25 lojas em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro e foi
fantástico", disse Duke ao Valor, durante o Annual Shareholder Meeting, o
encontro anual de acionistas da varejista, realizado na sexta-feira em
Fayetteville, Arkansas.
"Conversei com consumidores, funcionários e fui a concorrentes. Percebi o
quanto os nossos diferentes formatos podem atender os consumidores da classe
emergente, com forte potencial de crescimento", afirmou. Segundo Duke, ele
deixou o país "ainda mais entusiasmado" do que quando chegou.
A animação com o mercado nacional, capitaneado há nove meses por Marcos Samaha
- que depois de 12 anos no Walmart se tornou o primeiro brasileiro a assumir o
cargo -, vem em um momento crítico para a varejista no seu principal front de
vendas. Nos Estados Unidos, o desempenho nas mesmas lojas cai há sete
trimestres consecutivos.
Por aqui, o trabalho não tem sido fácil. O Walmart está lidando com uma queda
nas vendas, observada nos primeiros cinco meses do ano, devido a política de
"Preço Baixo Todo Dia" (PBTD), adotada em janeiro. A política propõe o fim das
promoções - uma estratégia de marketing já consagrada pelos consumidores -, em
troca da promessa de preços menores e constantes. A "pressão sobre as vendas"
já estava sendo esperada pela matriz nesse primeiro momento.
Mas o que pouca gente contava é com a virtual união entre os dois maiores
rivais da rede no país, Pão de Açúcar e Carrefour. Nesse sentido, conforme
informou ao Valor o vice-presidente de desenvolvimento de negócios
internacionais do Walmart, J. P. Suarez, o grupo estuda aquisições no país para
sustentar o plano de crescimento orgânico. Este ano, serão abertas 80 lojas,
quase dois terços no Nordeste, com recursos de R$ 1,2 bilhão.
"As promoções mascaram uma operação ineficiente", disse ao jornal Marcos
Samaha, que acredita na reviravolta nas vendas até o fim do ano. A política de
PBTD influencia ainda na redução de custos, afirma. "A entrega de mercadoria
nos CDs [centros de distribuição] é melhor planejada e você não precisa pagar
hora extra para os horários de pico". Samaha acaba de concluir a implantação do
SAP no grupo, interligando as informações das áreas administrativa, comercial e
logística. Além disso, fez mudanças no organograma, para dar novo foco à
expansão do varejo e do atacado.
Para o novo cargo de chief operation officer (COO) do Walmart Brasil em varejo,
Samaha convidou Renzo Casillo, que nos últimos quatro anos comandou as
operações em Porto Rico. "Nosso trabalho tem sido aproximar o Walmart da
indústria regional, como parte do programa 'Preço Baixo Todo dia'", disse
Casillo. Sob sua tutela, estão as bandeiras de hiper e supermercados: Walmart,
Big, Hiper Bompreço, Bompreço, Mercadorama, Todo Dia e Nacional.
Já para o posto de principal executivo do Walmart Brasil em atacado,
responsável pelas bandeiras Sam's Club e Maxxi, Samaha indicou Marcos
Ambrosano. "Prata da casa", há 15 anos na empresa, Ambrosano já comandou as
operações do Sam's Club e do Nordeste.
O desempenho do Brasil no comércio eletrônico ganhou destaque durante o
Shareholder Meeting. Lançada em outubro de 2008, a operação do Walmart já conta
com 70 mil itens, dez vezes o que é oferecido em uma loja Sam's Club.
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