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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O DIREITO DE CONFERIR

O DIREITO DE CONFERIR


Eu que moro num cantinho do mundo chamado de Manhuaçu nas minas gerais, criado no meio deste pessoal meio desconfiado e com sabias indagações, aprendi desde cedo que todos temos o direito de conferir para não termos o direito de desconfiar.
Sabemos que a cafeicultura esta passando por uma crise financeira e existencial, nós aqui do mato ficamos ouvimos a todos ditar regras, como, você não pode andar de carro novo, ou você é ineficiente, mas quando falamos algo, não costumam nos dar o devido respeito.
A cafeicultura de conilon/robusta hoje ela é uma realidade onde a sua produção é mais barata para o produtor e com mais rentabilidade, também é mais rentável na indústria. Isto se deve muito pelo excelente trabalho de um povo e de dirigentes de um estado ,digo ,o estado do Espírito Santo que com seu empreendorisnmo chegou a esta realidade um fato inegável.
A cafeicultura do café arábica, mais tradicional se perdeu em sua tradicionalidade e se escondeu atrás de suas faixas de barões do café e, ficaram vivendo em uma ilusão que nunca seriam destronados, perderam tempo e consequentemente espaço e dinheiro também um fato inegável, portanto essa briga entre produtores de arábica e conilon é ridícula um não vive sem o outro e quem esta ganhando são as pessoas que manipulam esse mercado.
Os produtores de arábica têm que entender que estamos perdendo essa batalha por não falarmos a mesma língua, precisamos urgentemente melhorar nossa produtividade para equipararmos aos de café conilon/robusta ,para isso precisamos de apoio como fez o estado do Espírito Santo.
Mas um fato me chamou há atenção esta semana. A Abic uma entidade seríssima ,veio a publico dizer que seria contra a rotulação do café, se sabemos hoje que o café arábica não existe em quantidade de produção o suficiente para suprirmos a industria mundial nem a nacional, portanto o conilon é uma realidade ,e a quantidade a ser consumida quem vai mandar com certeza é sua majestade o consumidor. Eu particularmente acredito que a indústria tem que vender o produto que mais agrade a população com ou mais conilon e/ou arabica em seu devido blend.
Agora para não criarmos uma polemica muito grande irei postar só números oficias que qualquer internauta como eu acha navegando pela internet.
No ano safra de 2004/05 a produção brasileira de café números sempre oficias neste caso da conab foi de 39.272 milhões de sacas e ano 05/06 foi de 32.944, ano 06/07 foi de 42.512, ano 07/08 foi de 36.070 e 08/09 foi de 45.992 dando um total de produção de 196.790 milhões de sacas.
O consumo segundo a Abic também usando mesmo período e também constatando que são números divulgados pela entidade, portanto oficias no ano safra de 04/05 o consumo foi de 15.200 milhões de sacas de café de 60 kg no ano seguinte 05/06foi de 15.900,06/07 foi de 16.700, no ano07/08 foi de 17.380 e no ano 08/09 17.930 dando um total de consumo nestes anos de 83.110 milhões de sacas de café.
A exportação neste período que estamos comentando também são dados oficias da Cecafe, ano de 2004 esses são dados de janeiro a dez, portanto ai também tem um pouco de estoque de passagem da safra de 2003, vamos aos números 2004 a exportação foi de 26.478.490 milhões de sacas de 60 kg , ano de 2005 foi de 26.190.699 ,ano de 2006 foi de 27.369.957, ano de 2007 foi de 28.180.127, ano de 2008 foi de 29.495.774 dando um total de 137.715.047 milhões de sacas de café.
O governo possuía em seus estoques em 2004 12.528.097 milhoes de sacas e hoje possui 602.759 disponibilizando para a indústria um total de 11.925.338 milhoes de sacas.
Tentando fechar a conta se produzimos neste período 196.790 milhões de sacas de café de 60 kg e o governo disponibilizou 11.925.338 milhões o mercado tinha a seu dispor um estoque de 208.715.338 milhões de sacas. Somando as exportações do período e o consumo do período temos um numero de 220.825.047 milhões de sacas de café.
Concluímos então que houve uma falta de estoque de 12.109.709 milhões de sacas de café de 60 kg. Bom amigo cafeicultor estamos falando agora em um buraco de 12 milhões de sacas de café. Tenho que dizer que não encontrei o estoque de passagem no ano de 2003/04, também tenho que ser justo pois números são números o que amenizaria este buraco enorme encontrado ate agora, mas:
1- Os números da Conab estão certos?
2- Os números da Abic estão certos?
3- Os números da Cecafe estão certos?
4- Todos estão certos?
Uma coisa eu tenho que dizer, não se pode contestar os números e temos nós cafeicultores de saber onde esta o erro, particularmente acredito que o erro esta no numero da safra que tem sido sistematicamente maior do que os números divulgados, mostrando que não somos tão insuficientes, mas como diz um conhecido meu, achar ou acreditar não prova nada, o que diz a verdade são os números.Com a estoque de passagem de 2008 que oficialmente seria de 10 milhoes o buraco aumenta pra 22 milhoes
Tenho que dizer também que o país não para de bater recordes de exportação e que os armazéns de café que tenho informação não tem onde por café o que pioraria em muito esse numero negativo, também não levaria esses dados há anos anteriores que acho me daria um delirium tremens com o que descobriria .Se colocarmos aí a previsão desta ano o consumo e a exportação esta numero negativo só tende a aumentar.

Portanto quando nos tiram o direito de conferir nos dão o direito de desconfiar e esse número mostra que algo de muito errado esta ocorrendo em nosso mercado cafeeiro e os prejuízos estão no bolso de quem fica nos cantinhos do mundo a produzir .

Wagner Pimentel
www.cafezinho com amigos.blogspot.com

MANHUAÇU MG

A lei que alegra é a lei de Deus

A lei que alegra é a lei de Deus
(Em resposta ao Artigo do executivo da ABIC, Sr. Nathan Herszkowicz)

Agradeço ao executivo da Abic, pelo artigo sobre rotulação do café, embora ligeiramente destemperado fico contente, pois em 28/agosto/2001 recebi uma carta do mesmo através do CNC, que era fortemente destemperada, a qual guardo com cuidado.

O executivo apresenta ao invés do que diz o titulo do seu artigo, uma série de inveracidades, com o intuito de embaralhar o leitor. Talvez seja o hábito adquirido através dos anos de embaralhar os clientes, produtores e consumidores finais.

O artigo é ofensivo ao nosso Vice-Governador, que é autor da lei da rotulação, ao produtor de café (que é explorado), aos consumidores (que o executivo menospreza), e especialmente aos juízes do Supremo Tribunal Federal – STF-, que julgaram a lei da rotulação constitucional.

A primeira e mais absoluta inveracidade se dá quando o executivo diz: “esta idéia irresponsável não tem como ser fiscalizada...Isto porque, não existe, em todo o mundo, tecnologia ou metodologia para quantificar as espécies usadas”; isto é a mais absoluta mentira, bem como despreparo do executivo, pois há metodologia, simples, eficiente e barata à disposição de quem possa se interessar. Mas, vamos imaginar, como o executivo imagina, que não haja tecnologia para isto; então me pergunto, por que temer a rotulação do café se ela seria inexeqüível em não havendo comprovação laboratorial? Como poderia alguém ser punido sem comprovação?

O discurso da Apac é totalmente coeso, coerente em defesa da cafeicultura – produtor primário, cafeicultor, e além da rotulação, apresentamos várias propostas que serão em breve levadas ao Ministério da Agricultura, como a normatização do grão cru e impurezas do café. Por falar em impurezas, por que será que o executivo omite em seu texto que o artigo 4º da lei da rotulação, que diz dos teores das impurezas admitidas no café serão fiscalizadas pela lei? A Apac será co-responsável pela fiscalização. Ainda, sempre me pergunto: será que as estatísticas da Abic quanto ao consumo de café são corretas? Se o forem, de duas uma, ou as safras brasileiras são maiores que o indicado, ou tem algo na embalagem de café que não é café.

Recentemente o Dep. Silas Brasileiro afirmou que há pelo menos 2,0 milhões de sacas de palha, o Dep. esqueceu o triguilho, o milho, a palha peletizada e outros. Portanto, conclui-se da fala do deputado, que a Abic como entidade auto-fiscalizadora é um fracasso.

Todos sabem que a raposa não pode tomar conta do galinheiro. A lei da rotulação do Paraná é histórica, pelo fato da classe produtora emitir um selo para comprovar a qualidade do produto e, atentem, também pela não presença de impurezas.

Quanto aos consumidores a Abic elaborou diversos planos e diversos programas de qualidade, com o intuito de continuar enganando o consumidor, pois todas estas proposições são subjetivas. Diz o executivo: “É isto o que o consumidor quer, um café saboroso e que dê prazer e satisfação, sem se importar com qual quantidade de Conillon ou Arábica fora utilizada. Aliás, a enorme maioria dos consumidores não sabe o que isto representa”.

O executivo ofende profundamente a inteligência do consumidor e o menospreza. O executivo sabe por que o consumidor não conhece o que isto representa? É simplesmente, porque nunca foi informado desta ignomínia. Talvez devido ao reflexo de autoritarismo, vindo de nosso tenebroso passado.

O executivo afronta o consumidor, e como dizem é melhor mantê-lo na ignorância do que ensiná-lo, pois assim não haverá reivindicações. A indústria quer que tudo seja café, produto final. Como isto é possível, se na maioria das vezes o café é composto por dois cafés diferentes.

Quando o executivo defende a técnica do blending isto seria o mesmo absurdo de dizer que uva é uva, portanto, vinho é vinho, ou que azeitona é azeitona, portanto, azeite é azeite. Ora, convenhamos, o que quer dizer com isto o executivo, que chega ao absurdo de confessar que usa café Conillon por “razões econômicas, para manter o preço acessível”. O executivo perguntou se este é o desejo do consumidor? Ou será que enganando-o com um preço baixo a indústria aufere mais lucro?

Quando diz que uma pesquisa evidencia “que aos consumidores o conceito de qualidade do café não é associado ao tipo de grãos e às suas espécies”. Básico, que não é associado ao tipo de grãos e às suas espécies, simplesmente porque o consumidor não tem conhecimento disto. A indústria omite o que são espécies de café há anos. Viva o capitalismo selvagem, viva o lucro.

Temos profundo respeito pelo trabalho da indústria nos últimos 20 anos, mas chegou a hora dela se modernizar e passar a tratar o seu fornecedor de matéria prima, o cafeicultor, e o consumidor com mais respeito, não se apropriando do trabalho suado de quem produz.

Será que o aumento de consumo de café não de deu pelo crescimento vegetativo e baixos preços? Por que será que nos últimos 20 anos a indústria cresceu tanto e enriqueceu tanto, e o cafeicultor empobreceu tanto?

É claro que sou defensor do consumidor, pois sem ele qual seria a razão de produzirmos? Nós queremos que o nosso produto chegue à mesa do consumidor da maneira como o produzimos. Senão, qual seria a finalidade de produzirmos com mais qualidade? Excetuando os nichos de mercado é claro que a qualidade permite a adição de mais café Conillon. Uma certeza eu tenho, a indústria não é defensora do consumidor.

Em certo trecho de seu destemperado e embaralhado artigo, o executivo diz que o blend de café tem custo elevado de desenvolvimento, sendo, portanto, um segredo industrial. Que absurdo, mas não sou eu quem vai rebater, mas sim a súmula do Supremo Tribunal Federal - STF- quando a Sra. Ministra Carmem Lúcia em diálogo como Sr. Ministro Menezes Direito diz: “ Foi também enfatizado na tribuna (pelo advogado das indústrias), que as empresas deveriam ter o direito ao sigilo quanto à aquilo que se contém no café.

Pergunto-me, diz a (Sra. Ministra) que direito é este? Eu cidadã que tomo muito café, tenho o direito também de saber o que estou consumindo e em que condições, até porque, às vezes quem faz café, lembrou o Ministro Menezes Direito, sabe muito bem que ao coá-lo sente um cheiro nítido de milho e outros aromas na casa, que denota nem sempre estar tudo descrito”.

Faça-me o favor, esta coisa de segredo industrial é ridícula e peço ao executivo, se quiser que destempere os senhores ministros.

Segue a Sra. Ministra:” E acredito que a tendência seja a informação. O direito à informação no art.º 5º deve ser respeitado efetivamente nos termos da Federação Brasileira. Entendo que se trata efetivamente do direito de informação do consumidor”.

O Sr. Ministro Carlos Britto diz: “Entendo que a lei, no seu conjunto, em cada um de seus dispositivos, tem por foco a precisa informação do consumidor: orientar o consumidor, cientificar o consumidor daquilo que está sendo objeto de virtual consumo, com uma virtude, com uma vantagem adicional. Essa lei também protege a saúde, tem mérito suficiente para incorporar a defesa da saúde, que é também matéria de competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal”.

Veja então o que diz o senhor Ministro Marco Aurélio, dirigindo-se à presidência do STF: “Senhor Presidente, a esta altura, nutro inveja, considerada a segurança dos paranaenses na aquisição e também na tomada de café”.

Estamos orgulhosos desta lei, pois ela aproxima o produtor do consumidor. Não adianta reclamar, a lei foi julgada constitucional e é irrecorrível. Se o executivo assim desejar que destempere o STF, como aliás já o faz nas entrelinhas do seu texto.

É fato que o avanço do café Conillon é uma realidade, pois se assim não o fosse faltaria café no mundo. O mundo não pode beber só café Arábica, pois não haveria quantidade para todos. Então, qual o receio de se rotular o café?

Suas alegações a respeito da performance do Robusta/Conillon, os quais fazem baratear o custo do produto final no processo industrial, possuem defesa em seus argumentos, em prol da eficiência do segmento o qual defende, porém, existem outros fatores, que não apenas o custo devem ser considerados, tais como a qualidade intrínseca dos grãos.

Para este efeito, no sentido de esclarecimentos, devo pontuar: o alto teor de cafeína contido nos cafés Robustas/Conillon, podendo chegar a 3 vezes superior aos cafés Arábicas, tendo como agravante ser esta não indicada a quem possua problemas cardíacos; outro fator seria o efeito inibidor de consumo que a cafeína produz. Mas, para que não se estenda por demais este tema, o que não é próprio a esta resposta, sugiro que o executivo responda às 100 perguntas formuladas através do endereço: http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=19614

Assim, questiono: após responder a estas, se tiver capacidade, competência e conhecimentos para tal, ainda assim, seria contra a rotulação das embalagens de café industrializado? O sendo, e suas respostas contemplando com maior propriedade o consumidor final, então como justificaria sua defesa pela não rotulação?

Em minha visão, a rotulação seria o inicio ostensivo do processo irreversível de reconhecimento de que os cafés Arábicas e Robustas/Conillon, são concorrentes entre si, sendo isto um fato. Sendo fato, retratado e confirmado, por suas próprias palavras, além do percentual de adição entre um e outro na composição dos blends, então que suas atividades e representatividades sejam conduzidas por planos de ação e marketing distintos e o executivo não possui credenciamento algum para se manifestar em opiniões a respeito de planos estratégicos, incluindo nestes a reativação da Associação Brasileira de Café Arábica, pois o tema cafeicultura não lhe é afeito, devendo ser desprezada qualquer manifestação sua.

O tema cafeicultura, não lhe sendo afeito, mas apenas o grão cru, com o qual se utiliza como matéria prima nos procedimentos industriais de torrefação, então como e com que capacidade e credenciamento se atreve a manifestações de natureza diversa da que lhe compete? Não sendo absolutamente de sua competência, então como se atreve a compor grupo de estudos em elaborar Agenda Estratégica do Café, onde entre inúmeras participações apóia o sistema de Draw Back? Em sua visão, bem como do segmento que defende, poderia esclarecer quais os benefícios financeiros diretos que os cafeicultores- aqui representando a Cafeicultura- obteriam com tal procedimento? E, da mesma forma poderia apresentar quais os benefícios financeiros e econômicos que a indústria de café T, T&M e Solúvel teriam? Após estas respostas, como um simples e direto comparativo, quem ganharia e quem perderia? Caso acredite que os dois segmentos ganhem por igual, indique-os, justificando.

Sobre responsabilidade e irresponsabilidade, afirmo e questiono:

A Agenda Estratégica do Café, sendo o executivo um dos integrantes deste grupo de trabalho, aloca orçamentos expressivos em sua composição. Desta forma, considera-se que V.Sa. participou e concordou ativamente em todas as fases, bem como sua conclusão final. Esta aponta em inúmeras citações o Centro de Inteligência do Café – CIC. Este, a partir de dezembro/2008 passou da iniciativa pública à privada, o que já era de conhecimento da Abic. A partir de então, a presidência do CIC ficou a cargo da Abic.

Esta afirmativa é verdadeira? O sendo, então o CIC, poderia ser considerado como uma empresa com interesses em fornecer e centralizar informações, projetos e planejamentos, também e principalmente à atividade produtiva cafeeira? Se afirmativo, como a Abic por presidir esta atual entidade, além de outros segmentos do agronegócio café, que não a cafeicultura, se capacita e se credencia a ser a solucionadora e propositora para a cafeicultura, aqui denominada, atividade produtiva primária?

Acredita o executivo, que por possuir através da Abic um assento no CDPC, então teria direitos e obrigações em conduzir a política e ações relativas e inerentes apenas ao segmento primário? Acreditando, então poderia o CDPC ser traduzido ou interpretado como um órgão para ingerir na cafeicultura? Não o sendo, então como se justificam suas arremetidas? Não havendo justificativas, então tudo que o executivo diz ou afirma a respeito da cafeicultura seriam apenas palpites e nada mais, devendo ser desconsiderados e desprezados.

Sonha o executivo em continuar a perpetuar esta condição descabida de ingerir a atividade produtiva cafeeira? Não acha que passou da hora e necessita cuidar com mais propriedade em produzir as necessárias eficiências ao segmento que defende, cujas unidades de torrefação estão sendo ameaçadas diariamente por grandes grupos internacionais, que os estão engolindo a passos largos e tirando-lhes a parca competitividade que possuíam?

Procure se concentrar em não reduzir seus custos, pois isto poderia comprometer a própria saúde dos consumidores, mas a ser competitivo num mundo globalizado, onde a indústria é o alvo preferido do mercado capitalista, necessitando se adaptar a modelos dinâmicos e atuais de gerenciamento.

Os cafeicultores de Arábica foram ofendidos pela destemperança do executivo,quando este manda os produtores “buscarem melhores resultados na lavoura, com aperfeiçoamento da gestão, redução de custos, aumento de produtividade, melhoria de qualidade, certificação e inserção de mercados de maior valor, além de outras iniciativas típicas da atividade produtiva que podem recuperar a renda da atividade”. Pergunto, com que atrevimento e com qual capacidade técnica ou prática o executivo se ingere nos assuntos da cafeicultura?

Quando finalmente o executivo diz “esta é a contribuição de uma entidade responsável e comprometida com os negócios do café”, acredito ter sido um lapso, mas concordo com o executivo, quando diz dos “negócios do café”, pois é o que lhe interessa, os negócios. Se pensasse no todo falaria agronegócio, que compreendesse: agro (atividade primária) e negócios (indústria e comércio). O executivo só pensa no negócio, no lucro.

Como diz Pierre Bourdieu: “vivemos uma época de desigualdades crescentes: mesmo durante o capitalismo selvagem havia limites, contra o capitalismo. Agora caminha para o capitalismo ilimitado, introduzem formas de gerenciamento inimagináveis. É a lógica do lucro sem limites. Isto é muito perigoso. Pode nos levar à barbárie”.

Nós sabemos que nossas lutas esbarram no poderio econômico e político das grandes empresas e multinacionais, que o executivo representa. Mas, sua manifestação descabida nos mostra que o caminho está correto.

“Temos que ser mais sóbrios perante a alternância entre luz e trevas radicada em nossa existência, menos enebriados com a própria fantasia de onipotência, e talvez então nos tornássemos mais tolerantes para com o outro e o diferente. É possível, que unicamente no comedimento possamos recuperar algum equilíbrio realista”.

O executivo, assim como eu, representamos nossos segmentos, e assim temos o direito de defendê-los, mas com dignidade e compostura. Bravatas e ofensas não levam a lugar algum. A diferença entre nossas lideranças, é que o executivo é assalariado e eu exerço minha função por amor à cafeicultura e ao Brasil.

Gostaria de lembrar que a única lei que alegra é a lei de Deus.

Ricardo Gonçalves Strenger
Presidente da Apac
ricardostrenger@yahoo.com.br

Londrina, 30 de setembro de 2009.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

INDÚSTRIAS FAZEM LOBBY CONTRA FERTILIZANTE IMPORTADO

29/09/2009 16:55
INDÚSTRIAS FAZEM LOBBY CONTRA FERTILIZANTE IMPORTADO




28/09/2009 - As indústrias de fertilizantes com operações no Brasil solicitaram ao Ministério do Desenvolvimento a reabertura do processo antidumping contra as importações de nitrato de amônio originárias da Rússia e da Ucrânia.

Em novembro de 2008, ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovaram a imposição de tarifas entre 2,4% e 36,3% sobre essa matéria-prima usada em fertilizantes, dependendo da companhia e do país de origem, mas a decisão foi imediatamente suspensa em nome do "interesse nacional", já que os preços dos fertilizantes haviam dobrado de preço em alguns casos, por conta da crise internacional.

Para evitar impactos adicionais sobre os custos de produção da safra agrícola, o governo optou por rever a medida após um ano da recomendação positiva do Departamento de Defesa Comercial do MDIC.

A Fosfertil, maior fornecedora local de matérias-primas para fertilizantes fosfatados e nitrogenados, confirmou consulta ao MDIC pedindo a reavaliação da imposição do direito antidumping, que impediria a importação a preços inferiores aos custos de produção nos países de origem.

Nos bastidores, fontes do governo informam que a Fosfertil já apresentou novos documentos para tentar provar o chamado "nexo causal" entre o dumping e os danos às indústrias locais. O governo avalia que um eventual direito antidumping provisório poderia ser adotado em até seis meses, já que o processo anterior garantiria instrução mais célere.

Parte do governo é contra a iniciativa da Fosfertil por entender que a medida elevaria os preços ao produtor e, por tabela, colocaria em risco as metas de inflação. "Os preços dos fertilizantes caíram e os custos de produção baixaram nesta safra. Não é hora de colocar pressão sobre os produtores porque, em 2010, podem haver reflexos macroeconômicos severos", afirma uma fonte.

Em 2008, o Brasil importou 585,6 mil toneladas ao custo de US$ 244,3 milhões da Rússia e da Ucrânia. Neste ano, até agosto, foram gastos US$ 43,2 milhões para adquirir 242,1 mil toneladas dos dois fornecedores.

Entenda o caso

O governo entende haver um monopólio no Brasil que deve ser combatido com redução tarifária. As empresas defendem a tarifa alegando a existência de um cartel internacional de produtores da matéria-prima, o que deixa o país vulnerável a elevações de preços.

O direito antidumping contra o nitrato começou a ser aplicado em novembro de 2002, a pedido da Fosfertil. À época, o governo aprovou tarifa de 32,1% para importações da Rússia e de 19% a produtos da Ucrânia. Em junho de 2005, em um processo de revisão de "meio-termo", a empresa russa Eurochem conseguiu isenção da sobretaxa.

Em novembro de 2007, quando venceria a tarifa original, a Fosfertil pediu a prorrogação do antidumping. Teria, assim, mais um ano até a decisão final do governo sobre o pedido. Mas, por forte pressão do Ministério da Agricultura, o governo decidiu reduzir o antidumping até novembro de 2008. As empresas da Rússia passaram a pagar, desde dezembro de 2007, tarifa de 13,3% e as ucranianas, 6,9%.

Essa nova revisão do direito antidumping deve ser mais restrita para o governo. Fontes do setor informam que será difícil emplacar a suposição de que haveria dano causado pelo dumping.

"É difícil provar que, se encerrasse o processo sem aplicação do direito, voltaria o dumping e causaria um dano a indústria brasileira", diz uma fonte. Agora, ao contrário do ano passado, os dados devem mostrar concretamente ter havido importação, mas restará ao governo analisar se houve prejuízo. As informações partem da Agência Safras.
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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

"Café=Frango uma escravatura branca"

Café=Frango uma escravatura branca


A produção avícola no Brasil tem se dado no sistema integrado de produção onde o produtor recebe do frigorífico abatedouro os pintinhos, os insumos, os transporte e ele o produtor fica encarregado de produzir o frango. Na época do abate o frigorífico manda buscar na propriedade o produto terminado, o frango, e paga por ele um preço pré determinado entre as partes ,valor esse que remunera o produtor de seus serviços prestado, um mero prestador de serviços.
A nossa cafeicultura esta partindo para o mesmo caminho, com a diferença que a produção nossa é anual, ou melhor, bienal e a de frango através de rodízio de galpões o produtor consegue um faturamento mensal.
O mercado fica trabalhando dentro de uma variação de bolsa, digo bolsa de Nova Iorque a Ice (Berg), dentro dessa variação, chamada de suporte e resistência, é que dão o tom do mercado físico de café domestico. Trabalham fazendo hegde que seria o seguro dos grandes investidores ou trades,o que significa que quando compra no mercado físico nosso café vendem na bolsa, e quando compram bolsa vendem no físico,nunca perdem sempre tem como fazer o hedge. Uma tradução simples de hedge seria cerca.
Em finanças, chama-se cobertura (hedge (em inglês) ao instrumento que visa proteger operações financeiras contra o risco de grandes variações de preço de determinado ativo.Quando o produtor vende uma CPR visando se assegurar de um preço atual que possivelmente não terá no futuro ele esta fazendo seu hedge.
Essa variação de mercado que esta estacionada nos últimos 3 meses, entre os piores dias de baixa que foi dia 13/07/09 no valor de 116.45 cents de dólar por libra peso formando um suporte nesse nível e a máxima de 146.45 também cents de dólar por libra peso que foi no dia 02/06/2009 formando uma resistência .Ficamos dentro desse intervalo onde as grandes companhias traders e industria trabalham, abrem as compras quando cai e diminuem quando sobem nos mantendo dentro desse intervalo.Grandes companhias de fertilizantes e insumos também trabalham neste sentido, nos mantendo dentro dos intervalos que os melhor remuneram, deixando nos produtores a ver navios.Estamos recebendo pelo nosso café aquilo que eles acham que é o suficiente para nos manter vivos .Com as melhores informações possíveis sabem quando viremos comprar insumo ou quando vamos pagar nossa contas no banco não nos deixando receber um preço justo pela nossa mercadoria,simplesmente o que acham que nos remunera.Enquanto uma saca de café torrado, transformado em café expresso ,por exemplo, custa pro consumidor R$11.250,00 a saca de 60 kg ou seja R$2,50 a chicrinha de café nos recebemos uma miséria migalha desse valor.
Isso é um jogo de cartas marcadas onde a grande brincadeira ,diga-se de passagem de mal gosto, é a de lesar o bolso e o património do produtor.
Temos que ter força para se opor a esse sistema carrasco que estão nos impondo a força guela a baixo.
Esse fair trader que tanto falam é só pra inglês ver.
A diferença entre o produtor de frango, e de café ,seria que nós não temos o fluxo de caixa mensal e nem um faturamento combinado, estamos jogados em um mercado de canibais,que nos pagam só o suficiente para não acabarmos de morrer.

“Café=Frango uma escravatura branca”.
Wagner Pimentel
www.cafezinhocomamigos.blogspot.com
MANHUAÇU MG 28/09/09

Nós da Associação Paranaense de Cafeicultores – APAC queremos o debate das idéias

OPINIÃO - Nós da Associação Paranaense de Cafeicultores – APAC queremos o debate das idéias




Ricardo Gonçalves Strenger - Londrina - PR

Há oito anos, quando estava presidente da Associação Paranaense de Cafeicultores – APAC-, eu e meus companheiros, lançamos várias idéias, e naquela época se transformaram em propostas da entidade.

Reassumimos a presidência da APAC há pouco mais de 60 dias, com uma diretoria coesa, e com a responsabilidade de retomarmos as idéias e ideais da associação.

A minha responsabilidade aumentou junto aos meus companheiros, que querem unicamente que defendamos a classe dos produtores de café, portanto, a cafeicultura paranaense e consequentemente brasileira.

Nosso objetivo é não faltar com a verdade e ser fiel a nós mesmos.

Dias difíceis já duram mais de uma década, e no nosso retorno encontramos as mesmas lideranças que em 2001 encararam com ceticismo os novos rumos, que então propúnhamos.
Seria muita ingenuidade pensar que tanto eu, quanto a APAC, podemos influenciar no mercado. Só podemos propor outros caminhos para tentar construir um futuro melhor.

Alguns mais aquinhoados conseguiram diversificar suas atividades, tornando-se torradores de café e até mesmo exportadores. Só temos que elogiar a capacidade empresarial destas pessoas e entidades. Mas, é claro que estes encontram uma certa dificuldade de fazer propostas que beneficiem o produtor primário de uma forma geral, pois este setor é o que menos rende lucro, ou até mesmo, diríamos, é o que mais dá prejuízos.

As idéias da APAC se tornaram realidade pelo simples fato da lei da rotulação do café ter sido aprovada no Paraná e referendada pelo Supremo Tribunal Federal.

Não somos portadores da verdade, mas quando dizemos algo, nunca é no sentido de ofender alguém, e se assim se sentirem não foi nosso intuito. Nós da APAC queremos o debate das idéias, o que não tem havido. Desde os primeiros dias temos visto que há omissão de uma parte das lideranças da classe. É claro, que há ressalva daqueles que concordam com as propostas, mas aqueles que possivelmente não concordam se omitem do debate.

Não posso aceitar que simplesmente sejamos ofendidos por emitir opiniões, que certas ou erradas, são feitas de maneira objetiva e direta, sem subterfúgios ou interesses pessoais.
É evidente, que a rotulação, agregação de valor, a ABCA, retirada do Brasil da OIC, CDPC, instrução normativa nº 8 (PVAs), Brasil Café, etc,etc, são propostas polêmicas merecedoras de debates. Se não acharem, pelo menos digam o por que.

A cafeicultura brasileira tem 282 anos e nada mudou até hoje, para mudar temos que virar “mesa”. Muito me incentivou as palavras de grande conhecedor do setor, que concordou integralmente com as propostas da APAC, fazendo a ressalva de que era difícil introduzi-las.
Precisamos realmente repetir o mesmo discurso de anos, até a exaustão, e até despertar os omissos. Estamos abertos ao diálogo, ao debate, aos elogios e às críticas; não são necessários intermediários.

Propomos a todos os interessados, lideranças e produtores, inclusive de Robusta/Conillon, um debate conciliatório, para que possamos, definitivamente, superar qualquer divergência e dar novos rumos à cafeicultura brasileira. Concordamos que se a conclusão não for favorável às nossas propostas, elas sejam simplesmente esquecidas, porém, caso contrário, lutemos para que sejam implantadas.

Gostaria de esclarecer, que não sou contra a compra de café pelo governo federal, como foi entendido por alguns. Sou apenas contra o estoque, que acho ser ineficiente. A APAC, assim como eu, assumimos a responsabilidade de defender a cafeicultura paranaense e brasileira.



Ricardo Gonçalves Strenger
Presidente da APAC
ricardostrenger@yahoo.com.br
Londrina, 27 de setembro de 2009.

domingo, 27 de setembro de 2009

Mercado de café zona da mata 27/09/09

Mercado de café zona da mata

A semana começa com esperança de que o mercado reaja depois da derrocada da semana passada. A bolsa caiu muito e os negócios ficaram paralisados. Os indicativos técnicos mostram que os gráficos ainda apontam para o pré-sal portanto, possivelmente teremos mais sangue derramado e as bolsas de café continuando no vermelho bolsas .Realizações podem continuar acontecendo na eterna briga entre comprados e vendidos e no meio disso os participantes irão se posicionar.
O dólar fechou a semana pouca força na casa do R$1,80 com baixa de 0.28% continuando em sua tendência de baixa e procurando patamares mais baixos.
O café no mercado da zona da mata mineira café bebida rio com 25% de catação fechou a semana em R$190; 00 e os melhores cafés de bebida dura na casa dos R245, 00 com 20% de catação.
Nada de novo aconteceu que possa mudar os fundamentos, a safra desse ano é menor, as exportações continuam batendo recorde, o consumo continua aumentando, o governo ainda não mudou sua posição de receber os cafés da opção, mesmo rondando boatos que talvez ele fosse acertar pelo deságio, que nesse caso iria somente premiar a pouquíssimos produtores e não a todos.
È uma semana para os produtores terem cautela e esperarem um cenário melhor para comercializar seus cafés, pois a maré não esta para peixe e os preços praticados no mercado físico não esta remunerando ninguém. Já para quem esta precisando repor seus estoques o cenário seria totalmente o inverso ao do produtor e tentar repo-los agora antes que as tendências se invertam seria uma boa posição.
Tenham todos uma boa semana e que Deus os abençoe

Wagner Pimentel
www.cafezinhocomamigos.com.br

MANHUAÇU MG 27/09/09

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ice or Iceberg

Ice or Iceberg

A bolsa de comodities em Nova Iorque chamada de ICE ontem fez um movimento de realização de lucro totalmente técnico gráfico desabando em nossas cabeças em seu fechamento, caiu 710 pontos deixando todos no Brasil anestesiado, vendo o que acontecia durante o dia, com isso levou a reboque a BMF em São Paulo e a life em Londres.
A bolsa Ice tem uma movimentação diária em torno de 10.000 contratos, cada contrato será aproximadamente de 280 sacas de café de 60 kg o representa uma movimentação diária em torno de 2.8 milhões de sacas, ou seja, em cada 20 dias úteis, um mês de trabalho ela venderia o que gastamos um ano para produzir é um verdadeiro cassino.
Na semana passada o mesmo fator técnico gráfico fez com que ela subisse, mantendo a alta durante a semana, nesta semana uma indefinição entre comprados e vendidos fizeram que esses fatores técnicos falassem mais altos disparando varias ordem de vendas e os compradores se retiram do mercado dando o desastre de ontem.
É com uma bolsa que movimenta aproximadamente em contratos 600 milhões de sacas de café ano, que nosso mercado doméstico se baseia para nos dar a cotação diária de nosso produto o café, portanto é um mercado muito mais forte que podemos compreender ou tentar manipular. A compra de 10 milhões de sacas de café durante esses próximos meses vira apimentar esse mercado, esse fator da compra de estoques reguladores por parte do governo trará alguma mudança no fator dos fundamentos, que seria essa uma nova tentativa de mudar esse mercado violento e volátil. Com certeza o mercado testará a força desse fator fundamental e veracidade dos fatos, portanto o governo esta entrando num mercado violento de profissionais que não perdoam erros e nem perdedores os lucros e prejuízos são astronômicos.
Neste mercado trabalham traders, indústrias, fundos de pensão, fundos de investimentos e fundos de hegde que trabalham em sistemas de travas e nós países produtores os fornecedores.
É assim que esse mercado trabalha, a qualquer notícia faz com que ele com sua sensibilidade mudem de humor e vire tanto para cima ou para baixo.
Como um mercado deste poderia regular um produto tão difícil de produzir?
Sua volatilidade não nos traz a menor segurança esses participantes desses mercados muitas vezes nunca vira uma lavoura de café, compram ou vendem às vezes por razões que não tem nada a ver com o nosso mercado, que seria da oferta e procura se temos uma safra maior seria maior oferta e se temos uma safra menor uma menor oferta trazendo uma razão para esse mercado, fica difícil de entender uma queda como a de ontem porque os estudos gráficos não teriam força pra subir.
Esses estudos trazem barreiras psicológicas chamadas de suporte e resistência que são uma loucura, se não ultrapassar certo valor que ontem seria de 13800 pontos, tecnicamente mostra que deve cair, só que ai os especuladores de plantão aproveitam para pegar os desavisados e encher o bolso de dólares. na semana passada aconteceu o inverso.
Aqui no Brasil nós produtores não nos resta nada a mais do que ficar olhando pra tela e esperar que suba e depois esperar que a especulação interna não seja tão grande e repasse quando sobe um valor um pouco melhor para o nosso café, porque quando caem eles repassam de imediato a queda para o preço do café.
Precisamos de ajuda para que mude esse cenário não temos a menor chance perante esse mercado que é violento altamente volátil e técnico, não tenho nenhuma sugestão a esse respeito porque ainda ela a bolsa é o maior exemplo de mercado livre, mas acho que nós produtores temos que ter alguma defesa, mas ainda ela é um mal necessário.
ICE OR ICEBERG?


WAGNER PIMENTEL
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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

É o café que Põe o homem em Pé.

Conforme postado hoje no site café e mercado um estudo sobre adubação do cafeeiro na zona da mata mineira. Esse estudo mostra em sue quadro comparativo uma produtividade media em 5 anos em torno de 45 sacas de café por há, portanto a cafeicultura no geral cisma em dizer que é deficitária com produções bem abaixo daquela que é demonstrada na realidade. Esta teoria prova o porque os estoques e a produção não fecha com dados governamentais.Produtores que gostam de aparecer dizendo custos fictícios.No relatório do governo onde diz que existe custo de produção de até R$370,00, onde fiz um desafio e não apareceu ninguém para receber seu premio,mostra que há uma discrepância nos dados,para se obter um custo de R$370,00 por saca de 60kg de café coloca-se um custo de insumos para uma produção de 45 sacas de café por media ano e depois coloca-se uma produtividade de 5 sacas por hectare chegando esse custo de R$370,00, como se o produtor cuidar de sua lavoura para se colher uma quantidade maior ele não só colhera essa quantidade se sofrer com algum problema climático ou seja uma seca severa,geada,chuva de granizo, portanto só se nosso Senhor nosso Deus apontar o dedo pra um produtor ou uma região.
Essa hipocrisia mentindo sobre dados leva-se uma realidade inexistente e a conclusões que não refletem a realidade principalmente da nossa região. Há 20 anos atrás quando cheguei com minha família em Manhuaçu MG a região produzia 2 milhões de sacas e hoje se estima em ano de safra alta acima de 8 milhões de sacas, essa realidade só existe por um único fator a cafeicultura dá e sempre deu lucro, isto demonstra que no geral um setor não cresce só com financiamentos, como disse o relatório do governo, cresce porque é uma atividade viável. E é essa realidade de mercado que esta fazendo com que chegássemos a uma produção de 60 milhões de sacas no Brasil em 2008 e aproximadamente essa para 2010 números em que o mercado já vem trabalhando é esse numero que esta derrubando o mercado, batendo recorde de exportação e mantendo os armazéns cheios.
A crise da marolinha nos trouxe uma realidade onde na prática, já estávamos sentindo, que teríamos que acostumar com lucratividades menores.
Para os que acham que estamos tomando prejuízo com a cafeicultura de montanha saibam que com as novas tecnologias de adubação de defensivos agrícolas como os granulados organo fosforado roçadeiras e derriçadeiras com adensamentos de lavoura estão conseguindo resultados positivos e nosso custo em torno de R$160,00 por sacas de 60 kg somos competitivos e continuaremos a ser ainda por um bom tempo.
A dívida se deve a alguns produtores que caíram na armadilha do mercado chamada CPR onde o produtor sai de uma realidade de juro de 6.75 ao ano e caiu em uma de mais de 30% ao ano transformando a atividade aí inviável. Essa armadilha feita pelo mercado e apoiada pelo governo que se escondeu e diminuiu financiamentos oficiais, colocando a cafeicultura e o produtor desavisado em situação difícil. Temos o direito desse rescalonamento da dívida, e de usar o credito de Funcafé, fomos traídos.
Portanto amigos produtores vamos cuidar de nossas lavouras e produzir o Máximo possível que é só com produção que rasgaremos nossas notas promissórias.
Como dizia meu bisavô, que já era produtor, só com café que pagamos nossas contas ou É o café que Põe o homem em Pé.

Wagner Pimentel
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Manhaçu Mg 24/09/09

- Relatório da discórdia Por Ricardo Strenger

OPINIÃO - Relatório da discórdia Por Ricardo Strenger





Confesso que tive dificuldade de escrever algo sobre o relatório “Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira”. Fiquei muito impressionado com a forma que ele foi apresentado e redigido, pois há muitas incongruências, inconsistências e maldades.
O relatório apresenta conceitos velhos, infantis e requentados, atendendo a interesses que não são os do cafeicultor, os quais deveriam ser o objeto da análise.

Estas estórias de Vietnã, Draw Back, Alemanha, Robusta, custo de produção, estoques, qualidade, insuficiência de renda, mercado internacional, leilões, Colômbia, etc, etc...,são assuntos já amplamente discutidos, sabidos pelo mercado e que foram colocados de maneira a acharem, que os leitores seriam imbecis, lendo uma peça literária. Todas estas análises, até mesmo sobre café Robusta,crise e desunião, já foram discutidas no livro de Jorge Dumont Villares, em 1927.

O relatório é totalmente inconsistente e tendencioso, levando o leitor a crer em mentiras, que de tanto as dizerem, pensam que acabarão parecendo verdades. Premiam os outros elos da cadeia, enaltecem e se baseiam nos números do Departamento de Estado Americano (USDA), que são um disparate, um absurdo.

No dia 29/11/2000 a APAC já denunciava o Draw Back, e no ano de 2001, já analisou todos os tópicos deste relatório, e apresentou propostas estruturais para mudar a comercialização do café. Não fomos ouvidos, pois os nossos interlocutores, que são os mesmos de hoje, estavam preocupados em renegociar dívidas. Oito anos depois a mesma coisa, renegociar dívidas.
O Sr. Manoel Bertone, já foi autor intelectual de vários planos econômicos para a cafeicultura brasileira diga-se, todos fracassados. Agora apresenta mais um, que deve dar em nada, e só gerará mais desespero. O relatório não apresenta nenhuma proposta estrutural para solucionar os problemas de renda do cafeicultor. Nós da APAC apresentamos propostas estruturais. Sabem o que aconteceu? O Sr. Bertone, em recente reunião em Varginha, desqualificou nossa proposta de reativação da ABCA (Associação Brasileira de Café Arábica),apesar de não exercer cargo de liderança de liderança de classe e, portanto, não ser qualificado para isso, apresentando como motivo principal a desunião que isto provocaria, e que o momento não seria para isto. Estas palavras são requentadas, pois em 2003, quando da formação da ABCA, diziam a mesma coisa.

Vejam, que viram desunião onde não existia. O que faz este malfadado relatório, além de ofender os produtores brasileiros e de pregar acintosamente a desunião? Em diversas passagens, ele fala do problemático avanço do café Robusta, cujos preços baixos aliados à má qualidade do café Arábica, seriam os causadores das dificuldades atuais.

O relatório confronta, explicitamente, os cafeicultores de Arábica e os cafeicultores de Robusta/Conillon. Como se isto não bastasse, ele afronta os cafeicultores de Arábica em diversas passagens, pregando a discórdia entre estes produtores. Como era de se esperar, os cafeicultores capitalizados estão torcendo para que os “ineficientes” morram, o quanto antes, para poderem usufruir de melhores preços. Isto é perverso e desune a classe.

Sabemos que o Ministério da Agricultura fará política segmentada para o setor. Os cafeicultores de Conillon, como estão declarados no relatório, não precisam de nada. Será?

Ainda diz o relatório, que é uma minoria que está com problema econômico. Será?

Conclui-se, que esta “minoria” está à beira do abismo, e para ele será empurrado pela política do governo.

Os cafeicultores de montanha e os médios produtores também serão abandonados à própria sorte. Se quiserem que plantem eucalipto.

O Sr. Ministro da Agricultura não poderia concluir outra coisa, lendo o relatório, senão que há ineficientes na cafeicultura, e que estes têm que abandonar a atividade. Vários dos partícipes deste relatório e da perversa e estranha “Agenda Estratégica do Café” compuseram o grupo de trabalho 815/827 no ano de 2003, e ali fizeram excelentes propostas estruturais, que coincidiam com as da APAC, e que foram simplesmente abandonadas e esquecidas.

Em agosto de 2001 o editorial do Informativo Garcafé, assinado pelo Sr. Manoel Bertone dizia: “A indústria está propondo o programa de educação do mercado – PEM -, e nós estamos propondo um rígido sistema de controle de impurezas e de esclarecimento dos blends ao consumidor, através de uma lei que discipline a rotulação do produto embalado. Afinal, o consumidor deve saber claramente o que está comprando, inclusive para poder avaliar a relação entre o preço pago pelo café e a qualidade ofertada, sem subterfúgios mercadológicos”. Hoje, perguntamos, o que mudou? Por que as propostas da APAC já não seriam adequadas, entre elas, a rotulação do café e a normatização do grão cru?

A situação é crítica, e em mais duas safras o desespero deverá ser total, pois o mercado é cruel e não admite paternalismo.

As medidas tomadas nesta última década em nada ajudaram o cafeicultor brasileiro. Não adianta passear em Londres e participar de uma reunião da OIC, que é um órgão danoso ao cafeicultor. Nada vai mudar.

Portanto:

Chega de inverdades.
Chega de agendas do mal.
Chega de relatórios espúrios.
Chega de grupos de trabalho.
Chega de lideranças anacrônicas.
Chega de equipes ministeriais tendenciosas.
Chega de CDPC.
Chega de OIC.
Chega de artificialismo.
Chega de malabarismo econômico.
Não podemos mais dar ouvidos a quem prega a discórdia. Chega de relatórios da discórdia.

Ricardo Gonçalves Strenger
Presidente da APAC
Londrina, 23 de setembro de 2009.
ricardostrenger@yahoo.com.br

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Fair trade

Fair trade

A copa do mundo 1.994 nos trouxe não só titulo de campeão, mas também um novo e poderoso jargão o fair-play.
Agora no século 21 algumas empresas estão preocupadas com seu lucro absurdo e lançaram o FAIR TRADE. O fair trade seria hoje um mercado mais justo onde todos poderiam ter seus lucros respeitados.
NO nosso setor existem algumas empresas que estão dando incentivos para os produtores que seguirem algumas normas.
1-Respeito ao meio ambiente
2-Respeito às leis trabalhistas
3-Fazer um café com mais qualidade etc.
Se o produtor alcançar todas as exigências pré-estabelecidas ele consegue um premio no preço do café que hoje estaria em torno de R$10,00 a R$20,00 por saca recebendo com esse ágio um valor em torno de R$270,00.
Fazendo conta agora:
O consumidor paga por uma xícara de café em torno de R$2, 50, um kg de café gera em torno de 100 xícaras de café fechando a conta 1 saco de café torrado produz em torno de 45 kg chegamos à razão de R$11.250,00 de faturamento por saca.
Assim estamos sendo bem remunerados, pelo nosso esforço e nossa produção a altura do preço final, mostrando o fair trade mais justo que já vi.


Wagner Pimentel

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Manhuaçu MG 23/09/09
Modos de adubação na zona da mata mineira

Ubiratan V. Barros, Roberto Santinato, José Braz Matiello e outros

Resumo — A cafeicultura da Zona da Mata de Minas Gerais é caracterizada pelo plantio em terrenos declivosos (montanhas), o que oferece dificuldade na operacionalização dos tratos culturais, entre eles a adubação, a qual é realizada manualmente; dessa forma, os produtores procuram adaptar modos diferenciados na sua execução. Assim, é comum observar produtores que enterram os adubos em covetas, ou sulcos, localizando-os, ou não, mais próximos ou longe dos caules das plantas, enquanto outros aplicam os fertilizantes em cobertura, a diferentes distâncias do tronco ou saia do cafeeiro. No intuito de avaliar o melhor modo de adubar o cafeeiro plantado em áreas montanhosas, instalou-se, no Centro Experimental de Café Eloy Carlos Heringer, em Martins Soares - MG, o presente trabalho. O ensaio foi montado em solo LVAh, com declividade de 20%, em lavouras de Catuaí 99, plantadas em fev/95, no espaçamento de 2,5 x 0,7 m, a 740 m de altitude, no delineamento em blocos ao acaso com três repetições, com parcelas de 12 plantas, sendo úteis as oito centrais. Verificou-se ligeira superioridade no modo de adubação em cobertura sobre o enterrado (42,75 contra 40,33 scs/ha); também apresentou superioridade a adubação dos dois lados da planta, em relação apenas ao lado de cima (46,02 contra 40,42 scs/ha), sendo o tratamento que localizou o adubo junto ao tronco o que resultou no pior desempenho, e isto mostra que a maior distribuição do adubo é vantajosa. Quanto ao local, a adubação na projeção da saia foi superior àquela sob a saia (47,71 contra 41,62 scs/ha). Portanto, pode-se concluir que mesmo em regiões montanhosas, como a Zona da Mata de Minas Gerais, o melhor modo de adubar o cafeeiro é a aplicação em cobertura, na projeção da saia em ambos os lados da planta, isto até a declividade de 20%, como no caso do ensaio.
Introdução — As lavouras de café instaladas em terrenos declivosos (montanhas) oferecem dificuldades na operacionalização dos tratos culturais, nutricionais e fitossanitários; dessa forma, os produtores procuram adaptar modos diferenciados na execução das operações, notadamente para as adubações químicas. Assim, é comum observar produtores que enterram adubos em covetas, ou sulcos, localizando-os, ou não, mais próximos ou longe do caule das plantas, enquanto outros aplicam os fertilizantes em cobertura, a diferentes distâncias do tronco ou saia do cafeeiro. Com o objetivo de avaliar o melhor modo de adubar o cafeeiro plantado em áreas montanhosas, instalou-se, no Centro Experimental de Café Eloy Carlos Heringer, em Martins Soares - MG, o presente trabalho.
Material e métodos — O ensaio foi montado em lavoura do cultivar Catuaí Vermelho (linhagem H 2077-2-5-99) no espaçamento de 2,5 x 0,7 m, plantado em fev/95, a 740 m de altitude, em LVA h distróficos, com 20% de declividade. Os tratamentos foram os modos de adubação a lanço, por cima das plantas; enterrado, na projeção da saia do cafeeiro, apenas no lado de cima da planta, e também dos dois lados da planta; a lanço, na projeção da saia do cafeeiro, somente no lado de cima da planta e também dos dois lados desta; a lanço, sob a saia (entre o tronco e a projeção da saia) do cafeeiro, somente no lado de cima da planta e também dos dois lados desta; e localizado, no tronco do cafeeiro. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com três repetições, em parcelas com plantas, sendo úteis as oito centrais.
O plantio foi efetuado com 200 g da fórmula 00-18-00, mais Zn, B e Cu, e 150 g de calcário dolomítico por cova. As adubações de formação e produção foram realizadas em número de 4 - parcelamento no 1o ano e 3 do 2o ao 6o ano, utilizando a fórmula 20-05-20, nas doses de 625 kg/ha no 1o ano, 1.250 kg/ha no 2o ano e 2.000 kg/ha do 3o ao 6o ano, sendo os modos de aplicação dos adubos descritos nos tratamentos. Os demais tratos foram aqueles usualmente indicados pelo MA/PROCAFÉ para a Zona da Mata de Minas Gerais.
Resultados e discussão — Segundo SIVEIRA et al. (1979), na adubação do cafezal em cobertura (seja à máquina ou manual) apresenta melhor resultado a adubação enterrada. Nas condições do ensaio, a adubação em cobertura apresentou ligeira superioridade sobre a adubação enterrada (Quadro 2), sendo 42,75 scs/ha contra 40,33 scs/ha, respectivamente. Embora possa haver um pouco de perda por volatilização, principalmente do nitrogênio, na adubação em cobertura, em relação à adubação enterrada, o efeito depressivo no desenvolvimento do cafeeiro resultante do corte das raízes da planta para se proceder ao enterro do adubo, é superior ao benefício da menor perda por volatilização.
A adubação na projeção da saia do cafeeiro apresentou produção superior à adubação sob a saia (Quadro 4), sendo 47,71 scs/ha contra 41,62 scs/ha, respectivamente. Provavelmente, na adubação sob a saia do cafeeiro, por estar o adubo mais protegido da incidência dos raios solares (redundando em menor temperatura), a volatilização é menor, e, também por estar mais embaixo da planta, a absorção da amônia volatilizada tende a ser maior; no entanto, mesmo a adubação na projeção da saia apresentando, provavelmente, maior perda por volatilização que a adubação sob a saia, a primeira forma apresentou melhor resultado que a segunda, pelo fato de o sistema radicular do cafeeiro possui, normalmente, mais raízes absorventes (radicelas) na projeção da saia, o que promove melhor aproveitamento do adubo da solução do solo. Portanto, diante dos resultados do trabalho, pode-se afirmar que, provavelmente, o fato de a adubação na projeção da saia produzir mais que a adubação sob a saia é decorrente da maior perda por percolação dos nutrientes na segunda maneira de se adubar a planta, em relação à primeira, a qual é mais significativa que a perda por volatilização.
NEPTUNE et al. (1974), efetuando pesquisa com fósforo radioativo (P 32), concluíram que, em cafeeiros de 3 a 5 anos, a zona de maior absorção está situada até 30 cm lateral e 15 cm de profundidade e 60 cm lateral à profundidade de 30 cm; para cafeeiros de 7 anos, a absorção maior se da até 60 cm lateral à profundidade de 15 cm; já para cafeeiros de 9 anos, vai desde a profundidade de 5 cm até 30 cm e distância lateral de até 60 cm.
SANTINATO et al. (1984), estudando o modo de adubação de potássio, concluíram pela superioridade da adubação em ambos os lados do cafeeiros na projeção dos ramos laterais, em relação à adubação sob a saia em toda a volta da planta, e enterrada a 15 cm na projeção dos ramos.
VIANA et al. (1989) não encontraram diferença estatística em relação aos diferentes locais onde o adubo foi aplicado, notando apenas ligeira superioridade na adubação entre as plantas de café. A explicação do autor para o fato foi a montagem do ensaio em lavouras já adultas, as quais já haviam recebidos várias adubações anteriores.
AMARAL et al. (2000) concluíram que houve tendência de quanto mais localizado o adubo fosfatado na cova de plantio, menor seu efeito benéfico na formação do cafeeiro e, conseqüentemente, menores foram as primeiras produções desses tratamentos.
No ensaio, a adubação com 20-05-20, dos dois lados da planta apresentou melhor resultado que a adubação apenas do lado de cima - 46,02 contra 40,42 scs/ha (Quadro 3). A explicação para o fato está no clássico trabalho de FRANCO (1983), o qual plantou mudas de café com raízes bifurcadas, sendo colocada uma raiz em cada um dos lados dos vasos de 2,0 L dividido ao meio; depois disso, o autor adubou com N, P e K apenas um dos lados dos vasos e analisou o teor destes elementos nas folhas de ambos os lados da planta. Os resultados mostraram que há translocação lateral dos nutrientes N, P e K no cafeeiro, porém esta não é perfeita, e as folhas do lado da planta que não receberam nutrientes apresentaram apenas 45, 52 e 68% de N, P e K, respectivamente, em relação ao lado adubado.Portanto, quanto maior a distribuição do adubo, mais uniforme é o teor dos nutrientes nas folhas da planta e, conseqüentemente, maior será sua produção.
Conclusões
* Todos os modos de adubação em que se colocaram os adubos mais localizados, seja junto ao tronco ou enterrados em sulcos, reduzem a produtividade, em relação à adubação em cobertura com o adubo espalhado.
* Modo de adubação mais eficiente, técnica e economicamente, para a região da Zona da Mata de Minas Gerais, em locais com declividade até 20%, é a aplicação em cobertura, na projeção da saia e em ambos os lados do cafeeiro.
Referências bibliográficas
AMARAL, A.S.; BARROS, U.V.; BARBOSA, C.M. & MATIELLO, J.B. Modo de aplicação e granulometria do superfosfato simples usado na cova de plantio do cafeeiro. In: CBPC, 26, Marília-SP, 2000. p.63-64.
BARROS, U.V.; SANTINATO, R.; MATIELLO, J.B. & BARBOSA, C.M. Comparação de modos de adubação do cafeeiro nas regiões montanhosas da Zona da Mata de Minas Gerais. In: CBPC, 26, Marília-SP, 2000. p.41-43.
FRANCO, C.M. Translocação lateral de N, P e K no cafeeiro. In: CBPC, 10, Poços de Caldas-MG, 1983. p.1-2.
NEPTUNE, A.M.L.; MURAOKA, T. & LOURENÇO, S. Distribuição do sistema radical do cafeeiro utilizando 32 P. In: CBPC, 2, Poços de Caldas-MG, 1974. p.303-304.
SANTINATO, R.; BARROS, U.V.; GUEREIRO, J.P.F.; 7 SILVA, O.A. Modo de adubação e fornecimento de potássio ao cafeeiro em produção. In: CBPC, 11, Londrina-PR, 1984. p.83-85.
SILVEIRA, G.M.; FUJIWARA, M. & FENZ, E. Métodos de aplicação de adubos em cafezal. In: CBPC, 7, Araxá-MG, 1979. p.130-132.
VIANA, A.S.; FLORENCE, M.L.; & GARCIA, W.R. Modo e local de adubação para cafeeiros em solo Led. In: CBPC, 15 Maringá-PR, 1989. p.134-137.
Ubiratan Vasconcelos Barros é pesquisador do Centro Experimental de Café "Eloy Carlos Heringer", Roberto Santinato e José Braz Matiello são pesquisadores do Procafé do Ministério da Agricultura.
Fonte: II Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil - Setembro de 2001.
QUADRO 1 — Produção média anual de cinco safras em cafeeiros sob diferentes modos de adubação. Martins Soares-MG. 2001
Tratamentos
(modos de adubação) Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Projeção da saia dos dois lados da linha 52,58 A * 123
A lanço, por cima da planta 43,57 A B 102
Sob a saia, dos dois lados da linha 43,44 A B 101
Projeção da saia,apenas do lado de cima dalinha 42,84 A B 100
Enterrado em sulco, dos dois lados da linha 42,03 A B 98
Sob a saia, apenas do lado de cima da linha 39,79 A B 93
Enterrado, apenas do lado de cima da linha 38,64 A B 90
Localizado, no tronco 34,29 B 80
* Médias seguidas de mesma letra não se diferenciam entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

QUADRO 2 — Comparação entre os tratamentos enterrados e aqueles em cobertura
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação em cobertura 42,75 106
Aplicação enterrada 40,33
100
QUADRO 3 — Comparação entre os tratamentos onde o adubo foi aplicado dos dois lados da planta e onde foi apenas do lado de cima
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação 1 lado 46,02 114
Aplicação 2 lados 40,42 100

QUADRO 4 — Comparação entre o local de aplicação do adubo
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação na projeção da saia 47,71 115
Aplicação sob a saia 41,62 100




fonte www.cafezinhocomamigos.blogspot.com

terça-feira, 22 de setembro de 2009

DESAFIO TROFEU INEFICIENCIA

DESAFIO TROFEU INEFICIENCIA


Na semana passada tivemos acesso a um relatório feito por funcionários de 3 ministérios dentre eles o da agricultura, onde foram feitas algumas observações algumas infelizes como a do ministro Sr.Stefanes dizendo que algumas regiões estariam destinadas a acabar.

Moro na cidade de Manhuaçu Mg há 20 anos onde Com área de 20.000ha. Apresenta um índice de ocupaçaode17 habitantes por quilometro Em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) foi de 507 milhões de reais. O PIB per capita corresponde a R$ 6.905,95 – o mais alto da região. Em Caratinga, o valor é de pouco mais de quatro mil reais e em Muriaé R$ 4.587,92. Os números são de 2006. O PIB anual de Manhuaçu supera Coronel Fabriciano, empata com Teófilo Otoni e perde para Timóteo, Ipatinga e Governador Valadares. Somente em Impostos sobre Serviços (ISS), o município arrecadou em 2006, 17 milhões e 260 mil reais, segundo dados oficiais do IBGE. O município está situado próximo ao Parque Nacional do Caparaó e da divisa com o Espírito Santo.

É um importante produtor de café, a cidade já recebeu o nome de "Capital do Café" com mais de 68milhões de pés de café plantados, além de possuir a maior bacia leiteira da região. Como podemos ver a região vive do café e do comercio local onde a maior fonte de renda é o café arábico.

Sabemos que o município e a região são de montanha, portanto estamos naquela parte onde os custos são mais elevados pelo emprego excessivo de mão-de-obra. Gostaria de saber quem deu os dados relativos a custo para os funcionários dos ministérios chegarem a esta conclusão:
“O custo de produção varia muito de região para região, e mais ainda, entre os diferentes sistemas de produção. Segundo dados do próprio setor, variam entre R$ 240 a R$ 370 por saca de 60 kg de café arábica;”

Segundo uma matéria editada no site "http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=26239&opiniao---relatorio-do-governo-sobre-a-cafeicultura--nao-tras-nada-de-novo-para-analisar.html
Diz assim: Quem tem lavoura na montanha (e não faz parte da agricultura familiar) está fora do mercado... Assim como a indústria têxtil quebrou na Europa e migrou para a Ásia em função de baixos custos de mão-de-obra, o café de montanha vai ter que migrar para o plano... E ponto final. ““

Com certeza se tiver conseguido produzir um café dourado ao custo de R$370, 00, é um café certamente folheado a ouro para conseguir um custo deste.
Para se obter esse valor, qual a produtividade, qual método empregado, quero saber quem são esses produtores, ou qual é o irresponsável que deu esses dados para se apurar esse custo?

Não se pode denegrir a imagem de uma região pegando como exemplo alguns incompetentes de plantão. A nossa região quase veio à falência na época da erradicação cafeeira, agora que a região esta crescendo chegam com um relatório e dizem que temos que ir para "plano" ou mudar de ramo como isso fosse uma solução fácil de fazer, não temos como por nossas propriedades nas costa e leva-las para o "plano" mudar uma infra-estrutura que já existe há anos.

Gostaria que aparecesse o produtor ou produtores que tem este custo para mandar confeccionar o troféu de ineficiente do ano, esse ou esses sim são verdadeiros ineficientes.
O desafio esta lançado!!!!!!!!

WAGNER PIMENTEL
www.cafezinhocomamigos.blogspot.com

MANHUAÇU MG 22/09/09

Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira” – O que significa isto?

OPINIÃO - “Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira” – O que significa isto?




Parte 1

Entende-se por cafeicultura como sendo o cultivo de cafeeiros - produção primária.
Desta forma, qualquer outro tema que não tenha relação direta à atividade produtiva cafeeira não se procede a este.

Ao elaborar um relatório sobre a análise estrutural da cafeicultura brasileira, torna-se técnica recomendada focar os elementos formadores de cenários nacional e mundial, que afetem diretamente seu desenvolvimento.

Retratar o cenário atual, apontando clara e precisamente todos os elementos formadores deste é o ponto inicial para a avaliação, indicando correções de rumo, para a formação dos demais cenários futuros, sendo estes: o mais provável, o pessimista e o otimista.

Porém, em todos estes, devem necessariamente ser apontadas as melhores e eficazes soluções, baseadas em fundamentos técnicos, e de comprovação científica.
O relatório em questão é falho em sua essência; omisso em informações; inverídico em algumas afirmativas, impreciso em avaliações e principalmente inconclusivo. Sendo inconclusivo, não poderia sugerir ações ou recomendações.

Não apresenta análise de cenários, sendo este um fator fundamental e necessário para projetar tendências e recomendações para alterações de rumo.

Não apresenta soluções para nenhum aspecto relacionado à cafeicultura.

Além do mais, desenvolve outros temas não relacionados à cafeicultura. Seu descredenciamento na condição de relatório técnico é procedente, invalidando seu conteúdo, justificado por não atender a requisitos técnicos e científicos.

Reforçando os aspectos técnicos, sendo estes o foco a que pretenderam dar, seria necessário a apresentação das credenciais de capacitação e competências técnicas dos integrantes da elaboração destes estudos, devidamente atestadas.

Para os leigos, que não entendam o significado do exposto acima, segue uma explicação: Imaginem um enfermo, internado em um hospital, com grave moléstia. Após um longo período de tratamento, sem que os resultados de melhora aconteçam, a direção deste hospital resolve convocar uma junta médica para avaliar seu estado de saúde, identificando a moléstia e prescrevendo a recomendação adequada ao tratamento; mas, ao invés de convocar uma equipe formada por profissionais médicos, resolve convocar uma equipe de enfermeiros. O resultado obtido não poderia ser outro a não ser a morte do paciente.

Pois é. Este foi o procedimento utilizado neste relatório e sua conclusão, precisamente apontada, aconselha e indica a morte de muitos cafeicultores.

Aceitar tamanho desrespeito e agressão a esta atividade produtiva não é possível e muito menos aceitável, devendo haver contestações firmes e precisas. (continua na parte 2)

José Eduardo Reis Leão Teixeira

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

RESSACA DO RELATORIO

RESSACA DO RELATORIO

A semana começa com uma ressaca do relatório do governo e com as palavras do ministro Stefanes na cabeça ecoando dizendo que os produtores ineficientes vão sair do ramo. Houve muita discórdia de tudo mas uma coisa temos que dar o braço a torcer o governo esta mais informado do que pudéssemos imaginar.Vejam algumas posições do relatório:
1-O Brasil tem aumentado suas exportações e sua participação no mercado internacional, tendo alcançado 32% nos últimos 12 meses, com faturamento recorde de US$ 4,6 Bilhões, mas os produtores não conseguem impor seus preços ao mercado nacional e internacional, em decorrência do excesso de oferta, e, principalmente, de sua falta de ordenamento desta. Mostra que o governo entende que sem ordenação para as vendas não teremos preço.
2-A taxa de câmbio no Brasil adicionada ao custo Brasil tem pressionado os custos, e assim, a lucratividade de nossos produtores, sendo que a competitividade atual é fundamentada em função dos aspectos estruturais do mercado de café e da produção brasileira; Mostra também que o governo com sua política cambial esta prejudicando a venda do nosso produto no exterior, portanto merecemos atenção especial nisto, este imposto o cambial é o mais alto que pagamos.
3-• O preço médio recebidos pelos produtores tem se situado nos últimos anos em torno de R$ 230 a R$ 290 por saca de 60 kg de café arábica. Este valor remunera o custo de produção em algumas regiões, ficando abaixo do custo de produção de outras, dependendo do modelo tecnológico utilizado; bom Os preços médios recebidos estão abaixo desses mencionado porque no Brasil existem varias cafeiculturas onde as qualidades diferem muito e também seu preço que ficam abaixo na media a estes citados pelo governo.
4-Muitos exportadores de café têm utilizado os créditos de PIS/COFINS para ganhar competitividade no mercado internacional, convertendo o crédito em renda, ao invés de repassá-lo aos produtores: Nesta questão precisamos de uma atenção especial, o PIS/confins é isento na exportação e para cooperativas, mas não no comercio impedindo o crescimento e/ou aparecimento de investidores no setor formando uma espécie de dumping o mercado tem que ser igual para todos, o governo também tirou a PIS/confins do seguimento de carne e cereais, portanto também temos o direito dessa isenção.
5-As informações disponíveis pelo governo e pelo próprio setor privado sobre a produção, consumo e estoques no Brasil são deficientes e constantemente questionadas; bom como já disse outras vezes os números tem que ser confiáveis, os números apresentados pelos órgãos pesquisadores do governo diferem do mercado.
6-Reduzir a taxa de juros de 7,5% ao ano para 6,75% ao ano, a partir de 01/10/2009, das operações efetuadas pelo Funcafé na linha de crédito destinada aos produtores que tiveram perdas devido à chuva de granizo em 2008 e 2009; Essa taxa tem que ser menor ainda dos 6.75% pelo imposto cambial que estamos sujeito.
7-A cafeicultura é, por natureza, um negócio de alto risco, pois está sujeita às condições de clima, ao ataque de pragas, e às condições de um mercado que estruturalmente lhe é adverso. Não é incomum que o mercado se comporte sob condições não efetivamente relacionadas com o que se denomina “fundamentos”, ou seja, as condições de produção, estoques, oferta e demanda; precisamos de seguro o próprio governo sabe que estamos lidando com uma cultura a céu aberto e não faz nada há anos e anos.
8-a CPR: disponibiliza de modernos instrumentos de comercialização, tais como CPR’s e cobertura de riscos em bolsas de mercadorias, essa é a função da CPR não de financiamento da produção como já disse antes.
9-Esse crédito, de certa forma superior ao necessário, indica que há um número elevado de produtores com capacidade financeira para tomar empréstimos com nível de risco aceitável, já que são poucas as linhas de renegociação. E não podemos deixar de anotar também que esse volume de recursos está viabilizando uma produção superior à capacidade de absorção do café produzido pelo mercado, o que justifica o preço recebido pelos produtores e o diferencial dos “Cafés do Brasil”: BOM amigo não tem preço porque pegamos dinheiro demais nas instituições financeiras.
Bons amigos estes são só alguns aspectos que estão neste relatório, mas temos que ressaltar que mais importante que saber dos problemas é por em praticas o mais rápido possível as soluções que também estão neste relatório, mais o que mais intriga é se o governo já sabia por que temos que ficar “pedindo penico”, não seria mais natural nos atender, ou melhor, chamarmos nós produtores e propor uma nova diretriz?
Tínhamos que ficar devendo, inadimplentes?
Se o governo fosse mais ativo nesta área não estaríamos em condições melhores?
São perguntas que não consigo entender, se se sabe dos problemas e também das soluções por que temos que sofrer tanto.

Wagner Pimentel
www.cafezinhocomamigos.blogspot.com
MANHUAÇU MG 231/09/09

COTAÇÃO DO CAFÉ - N.Y. finalizaram o dia com queda de 0,40 pontos na posição dezembro

COTAÇÃO DO CAFÉ - N.Y. finalizaram o dia com queda de 0,40 pontos na posição dezembro




Infocafé de 21/09/09


MERCADO INTERNO

BOLSAS N.Y. E B.M.F.
Sul de Minas R$ 257,00 R$ 247,00
Contrato N.Y.

Fechamento

Variação
Mogiano R$ 257,00 R$ 247,00 Dezembro/2009 135,65 -0,40
Alta Paulista/Paranaense R$ 252,00 R$ 242,00 Março/2010 138,40 -0,55
Cerrado R$ 262,00 R$ 252,00 Maio/2010 140,25 -0,55
Bahiano R$ 252,00 R$ 242,00
* Cafés de aspecto bom, com catação de 10% a 20%.
Contrato BMF

Fechamento

Variação
Cons Inter.600def. Duro R$ 230,00 R$ 227,00 Dezembro/2009 156,55 +0,40
Cons Inter. 8cob. Duro R$ 237,00 R$ 233,00 Março/2010 160,70 +0,30
Dólar Comercial: R$ 1,8160 Maio/2010 162,90 0,00


OPÇÕES DE CAFÉ - ATENÇÃO :
CARO PRODUTOR E COOPERATIVA QUE PARTICIPARAM DO 1º LEILÃO DE OPÇÃO DE CAFÉ - AVISO N° 203/09 - FIQUEM ATENTOS AO ENVIO DAS DECLARAÇÕES PREENCHIDAS, ASSINADAS E RECONHECIDAS FIRMA PARA A CONAB, QUE DEVERÃO ESTAR NA UNIDADE ATÉ DIA 30/09/09.

As operações em N.Y. finalizaram o dia com queda de 0,40 pontos na posição dezembro, impulsionada pela recuperação na cotação do dólar e a queda de preços nos mercados de commodities. Mercado interno com alguns negócios isolados sendo concluídos.

O dólar fechou com alta de 0,39% neste inicio de semana. O mercado ficou entre acompanhar a apreciação da moeda americana frente às demais moedas ou precificar o fluxo que o Brasil está para receber com o retorno das captações externas e ofertas públicas de ações. Entre as captações, o Banco Santander informou nesta segunda-feira que planeja levantar quase € 5 bilhões (cerca de US$ 7,34 bilhões) com a oferta de units do Santander Brasil na Bovespa. Em comunicado à Bolsa de Madri, o Santander disse que venderá 525 milhões de units, ou 16,21% do atual capital acionário do Banco Santander Brasil. Cada unit será vendida por um preço entre R$ 22,00 e R$ 25,00, gerando para o Santander entre R$ 11,55 bilhões e R$ 13,13 bilhões, respectivamente. O preço da oferta pública será fixado em 6 de outubro.

Foi divulgada hoje, a balança comercial na terceira semana de setembro registrou superávit de US$ 556 milhões, média diária de US$ 111,2 milhões, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. As exportações no período atingiram US$ 3,496 bilhões e as importações somaram US$ 2,940 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 1,363 bilhões, com exportações de US$ 8,752 bilhões e importações de US$ 7,389 bilhões. No ano, o acumulado é de US$ 21,331 bilhões.

As exportações brasileiras no mês de setembro, mais especificamente até o dia 18, totalizaram 1.234.480 sacas de café, registrando alta de 17,56% em relação às 1.050.107 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior. De acordo com informações do Cecafé, 1.047.354 sacas embarcadas são referentes a café arábica, 63.723 sacas referentes a conillon e 123.403 referentes a solúvel. Também até o dia 18, o Cecafé registrou a emissão de 1.636.707 certificados de origem, dos quais 1.362.352 são referentes a arábicas, 93.405 a conillon e 180.950 de solúvel.

Brasil articula retorno à diretoria-executiva da OIC

Brasil articula retorno à diretoria-executiva da OIC
(21/09/2009 08:15)

Os produtores de café do Brasil estarão representados na Conferência da Organização Internacional do Café (OIC), que ocorrerá na semana que vem, em Londres. Segundo o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes, o setor nacional vai propor mudança na diretoria-executiva da entidade, hoje ocupada pelo colombiano Nestor Osorio.

"O Brasil é o maior contribuinte da OIC e deve ocupar o principal cargo", afirmou ele, que embarca hoje para Londres.

Antes de Osorio, que está no cargo desde 2002, a OIC era comandada pelo brasileiro Celsius Lodder. Na época da saída de Lodder, o governo brasileiro tentou emplacar a candidatura de Oswaldo Aranha Neto, mas desistiu em seguida, num episódio até hoje mal esclarecido.

Com a retirada de Aranha Neto, o setor privado do café articulou a indicação do deputado federal Carlos Mosconi, de Minas Gerais, que chegou a ser confirmado pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), órgão que reúne iniciativa privada e governo. Mas a candidatura não decolou. Sem acerto, Osorio assumiu a diretoria-executiva da OIC com o apoio do governo brasileiro.

Crédito rural - novas resoluções - Funcafé

Crédito rural - novas resoluções - Funcafé
(21/09/2009 08:10)

Foram disponibilizadas hoje no site do Banco Central do Brasil www.bacen.gov.br - o inteiro teor de quatro Resoluções relacionadas a operações de crédito rural:

RESOLUCAO 3.782 - Dispõe sobre o prazo de vencimento de parcelas das operações ao amparo do Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira Baiana.

https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=109079546&method=detalharNormativo

RESOLUCAO 3.783 – Institui linha especial de financiamento destinada a cafeicultores.

https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=109079547&method=detalharNormativo

RESOLUCAO 3.784 - Dispõe sobre linhas de crédito operadas com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=109079548&method=detalharNormativo

RESOLUCAO 3.785 - Dispõe sobre operações de crédito para café com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=109079549&method=detalharNormativo

As informações partem do Banco Central, noticiou o SAAdvogados.

domingo, 20 de setembro de 2009

RTE 2 - Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira - Crédito ao Cafeicultor Brasileiro

PARTE 2 - Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira - Crédito ao Cafeicultor Brasileiro




<< PARTE 1 -

Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira - Relatório do Grupo de Trabalho

Os links para o documento.

Confira o relatório do Grupo de Trabalho – Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira



Crédito ao Cafeicultor Brasileiro

O volume de crédito alocado ao setor, identificado pelo Grupo de Trabalho, foi superior ao sempre mencionado pelas lideranças. E sabemos que nele não se inclui financiamentos junto a fornecedores e linhas de crédito pessoais, utilizadas pelos produtores quando pressionados a “rolar” dívidas.

A composição da dívida do cafeicultor brasileiro junto a linhas de crédito normais para a atividade, conseguida a partir dos estudos do Grupo de Trabalho é a seguinte:

Clique para ampliar a tabela
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As informações obtidas junto aos bancos privados, infelizmente não foram fornecidas de forma detalhada por região, como foi o caso do Banco do Brasil.

Considerando-se que os representantes desses bancos, quando consultados, anotaram a inexistência de problemas significativos, e recomendaram a não adoção de medidas generalizadas para solução de eventuais inadimplências, optamos por apenas registrá-las e formular solução específica apenas para as dívidas lastreadas em recursos do Funcafé.



O quadro acima detalha as operações do Banco do Brasil, excluídas as dívidas relativas aos programas de dação em pagamento (alongamento do Funcafé), já renegociados para vencimento até 2020, com taxas de juros adequadas e previsão de bônus de adimplência, além da possibilidade de pagamento em café ao preço de garantia da época do vencimento.



Clique para ampliar a tabela
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A demonstração das dívidas relativas aos programas de dação (alongamento do Funcafé) e securitização está efetuada no quadro abaixo:



Numa primeira e rápida observação verificamos que o valor devido pelos cafeicultores, em linhas de crédito específicas para a atividade, é muito superior ao que se mencionava inicialmente, nas negociações entre as lideranças e o governo. Observamos ainda que o nível de inadimplência não é exagerado, apesar da indiscutível crise de renda que o setor atravessa, e que o maior volume emprestado é de recursos exclusivos do sistema financeiro, de modo que o Funcafé hoje não passa de coadjuvante no financiamento ao setor.

Esse crédito, de certa forma superior ao necessário, indica que há um número elevado de produtores com capacidade financeira para tomar empréstimos com nível de risco aceitável, já que são poucas as linhas de renegociação. E não podemos deixar de anotar também que esse volume de recursos está viabilizando uma produção superior à capacidade de absorção do café produzido pelo mercado, o que justifica o preço recebido pelos produtores e o diferencial dos “Cafés do Brasil”. Estamos induzindo nossa produção a financiamentos e não a preços, o que nos dá agressividade comercial, mas baixa os preços e diminui ou inviabiliza a rentabilidade dos produtores.

Pleitos do Setor da Produção do Café

1 - Transparência – Auditoria nas dívidas dos devedores para obter-se cenário real da situação em que se encontra a produção.

2 – Soluções para o endividamento:

2.1. – Conversão do endividamento passado e presente – vencido e não vencido – de todas as fontes de recursos transformadas em sacas de café – equivalência produto – por 20 anos, que é o tempo de exploração (vida útil de um plantio de café), ao preço de R$ 320,00 por saca.

2.2. – Conversão do endividamento passado e presente – vencido e não vencido – de todas as fontes de recursos transformadas em CPR’s (Cédula de Produto Rural), por 20 anos, que é o tempo de exploração (vida útil de um plantio de café), ao preço de R$ 320,00 por saca.

2.3. – Troca do endividamento passado e presente – vencido e não vencido – de todas as fontes de recursos pela erradicação dos pés de café.

3 - Preços de conversão para equivalência de produto – R$ 320,00 por saca de café tipo 6/7.

4. – Preço mínimo de garantia – R$ 320,00 por saca de café (tipo 6/7, até 120 defeitos).

5 - Leilões de opções (já aprovados) de R$ 1,0 bilhão, revendo o preço das opções para R$ 320,00, tipo 6/7 até 120 defeitos, e o vencimento das opções a serem pagas até dezembro de 2009 (equivalente a 3 milhões de sacas de café).

6 – Novo PEPRO – prêmio de R$ 20,00 por saca – significando a liquidação das opções, se houver entrega do produto, a R$ 300,00 a saca de café (padrão tipo 6/7 até 120 defeitos), significando preço de exercício de R$ 320,00 por saca.

7 – Programa de capitalização das cooperativas e de seus associados.

8 – Todos estes programas devem atingir todos os produtores de café sem exceção e suas cooperativas.

9 – Inclusão da lavoura de café como fonte captadora de CO².

10 – Não aprovação do novo Acordo Internacional do Café (MSC 277/2009). Aprovação somente após ampla discussão nas Comissões Temáticas do Congresso Nacional.

11 – Nova gestão e governança no Fundo de Defesa do Café – FUNCAFÉ.



Resultado de Reunião Efetuada com as Instituições Financeiras

O grupo de trabalho que analisou a situação estrutural da cafeicultura brasileira efetuou reunião com representantes das instituições financeiras, à qual compareceu a FEBRABAN, o Banco Bradesco, o Banco Real, o Santander, o Rabo Bank, o Banco do Brasil, Banco Safra, Bancoob, a Crediminas e a Credivar. Os principais pontos anotados foram os seguintes:

- a cafeicultura tem grande crédito no sistema financeiro, e as operações em curso não apresentam problemas significativos;

- pedidos de prorrogação de dívidas são efetuados principalmente por produtores do sul e da Zona da Mata de Minas Gerais, e, na avaliação dos bancos, muitos produtores não cumpriram seus compromissos acreditando em eventuais prorrogações. Consideram que o problema é localizado;

- os bancos foram unânimes em desaconselhar medidas de prorrogação em massa de operações vencidas ou a vencer, condições da qual se valem produtores que poderiam pagar suas dívidas;

- quanto a prorrogações caso a caso, visando sanear produtores em situação especial, consideram que somente deveriam ser efetuadas sob critérios estritos, com programação a cumprir e considerada sua real capacidade de pagamento da dívida resultante;

- as cooperativas de crédito presentes anotaram a existência de problema de renda e de endividamento em elevação, com os produtores depreciando seu patrimônio e exaurindo suas lavouras para manter-se na atividade e preservar-se moralmente. Anotaram também pagamento de dívidas de carteira agrícola com dívidas em carteira pessoal, o que agrava a situação e não permite visibilidade da real situação do produtor;

- comentaram haver um excesso de prorrogações e que prorrogação deixou de ser mecanismo de diminuição de risco, passando a ser o contrário;

- crescimento do Pronaf e de outras linhas tornaram o Funcafé menos importante, de forma que talvez esse recurso devesse ser utilizado de outra forma;

- sugeriram a criação de um percentual da linha para o qual seria permitido às instituições financeiras prorrogar automaticamente casos onde isso se mostrasse necessário desde que o produtor não apresentasse risco elevado;

- as instituições financeiras preferem buscar uma solução definitiva com maior rapidez, caso o problema seja efetivo;

Concluindo, os representantes das instituições financeiras presentes mostraram-se contrários a prorrogações e linhas de crédito especiais, posto que o produtor com problema já se encontre sem crédito, e a postergação da solução resulta em problemas adicionais. Os representantes das cooperativas de crédito, no entanto, mostraram-se mais receptivas a soluções que viabilizem a permanência do produtor na atividade, reconhecendo a existência de um volume de problemas superior ao do sistema financeiro de forma geral. Mesmo a criação de uma linha de crédito especial de capital de giro de longo prazo para saneamento de casos específicos não foi vista com entusiasmo.

Recomendações do Grupo de Trabalho para Solução do Problema

Embora os índices de inadimplência aferidos possam não parecer exagerados, e o Governo Federal tenha tomado medidas tempestivas e preventivas, prorrogando por quatro anos o endividamento vencido junto ao Funcafé em março/09, mediante o pagamento de 20% do valor devido, o comportamento dos preços nos últimos meses indica que os financiamentos de custeio da safra certamente serão pagos com dificuldade.
A cafeicultura vive um momento especial, em que o Brasil aumentou sua participação de mercado, faturou divisas recordes e vemos nossos concorrentes vivendo momento delicado, com produção estagnada e participação decrescente de mercado. Um momento, portanto, propício a mantermos nossa capacidade produtiva, principalmente nas regiões onde produzimos cafés de excelente qualidade, capazes de substituir alguns de nossos mais importantes concorrentes de cafés arábicas. Vemos também nossa economia mais estabilizada, com o real se valorizando (o que eleva os custos em dólares e prejudica nossa competitividade, mas atrai divisas e fortalece a economia interna) e as taxas internas de juros sendo sistematicamente reduzidas, o que viabiliza refinanciamentos a taxas de juros mais razoáveis a uma produção considerada estrategicamente conveniente. Essa situação nos permite concluir que medidas adicionais para o amparo da atividade poderiam ser tomadas visando ganhos econômicos e sociais, de modo que o Grupo de Trabalho recomenda:

1) Compra de Café:

- Compra direta, utilizando até R$ 300 milhões em 2009, de até 1.000 sacos por produtor, ao preço de garantia para o tipo 6 bebida dura para melhor, adquirindo qualidades inferiores considerando preços com deságios para cafés tipo 7 bebidas dura, riada e rio (medida já possível pelo Ministério da Agricultura através do Orçamento das Operações de Crédito, com recursos do Funcafé a serem direcionados para esse programa);

- Compra mediante recebimento de café para pagamento de financiamentos de pré-comercialização, utilizando a mesma tabela de preços e armazéns, sendo que o café recebido será o oferecido em garantia (em seu tipo conforme certificado de depósito), sem transferência de armazém, ou seja, utilizando também armazéns credenciados pela Conab. Volume de R$ 697 milhões equivalentes a aproximadamente 2,6 milhões de sacas;

2) Financiamentos:

- Prorrogação dos financiamentos de custeio e de colheita a vencer entre setembro de 2009 e março de 2010 por quatro anos, considerado um pagamento mínimo de 20% no vencimento, no montante de R$ 860 milhões (1 parcela à vista e mais 4 anuais), tendo os bancos as prerrogativas do MCR 269, ou seja, o produtor deve comprovar a incapacidade de pagamento (voto CMN);

- Permissão de enquadramento na prorrogação por quatro anos do custeio e colheita, inicialmente permitida até março de 2009 pela resolução CMN 3.682/2008, mediante pagamento dos 20% até 30 de outubro de 2009 (voto CMN);
- Concessão de linha de crédito de até R$ 100 milhões, com recursos do Funcafé, para as cooperativas de crédito refinanciar cafeicultores com incapacidade de pagamento de dívidas, com quatro anos de prazo e juros de 6,75%, observado o limite de R$ 200 mil por produtor (voto CMN);

- Permissão de pagamento do financiamento de pré-comercialização em café ao preço de garantia, considerados os tipos para os quais foram determinados deságios em relação ao preço mínimo e aceitando-se o café oferecido dado em garantia, utilizando-se o preço mínimo vigente e os deságios estabelecidos para tipos inferiores, no montante de R$ 697 milhões, equivalentes a aproximadamente 2,6 milhões de sacas;

- Redução das taxas de juros das operações em ser do Funcafé de 7,5% para 6,75% (voto CMN pelo Ministério da Fazenda);

- CPR’s – retomada da utilização da autorização prevista na lei 11.775 (R$ 300 milhões) para refinanciamento de CPR’s vencidas e vincendas 2009, por quatro anos e juros do Funcafé (6,75% ao ano) (voto CMN pelo Ministério da Fazenda e mudança na lei 11.775 quanto ao juros, já providenciada);

- Igualar FAC (linha de financiamento de estocagem para indústria e comércio) à LEC, exigindo que o produto financiado tenha sido adquirido pelo menos ao preço mínimo estabelecido para a qualidade (voto CMN pelo Ministério da Fazenda);

- Possibilidade dos bancos renegociarem débitos até o volume de 8% de linha de crédito aplicada do Funcafé, por até três anos, mediante pagamento de no mínimo os juros devidos até a data da renegociação (decisão já tomada pelo CMN na semana passada);

- Solicitação aos Bancos Privados para que se utilizem das possibilidades de prorrogação estabelecidas no MCR para atendimento do setor, cujos preços tem se situado abaixo dos custos de produção;

PARTE 1 - Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira - Relatório do Grupo de Trabalho

PARTE 1 - Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira - Relatório do Grupo de Trabalho




PARTE 2 - >>

Os links para o documento.

Confira o relatório do Grupo de Trabalho – Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira



Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Secretaria de Produção e Agroenergia


Relatório do Grupo de Trabalho
Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira




Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:
José Gerardo Fontelles – Secretário Executivo
Manoel Vicente Fernandes Bertone – Secretário de Produção e Agroenergia
Robério Oliveira Silva – Chefe de Gabinete da SPAE
Ministério da Fazenda:
Nelson Henrique Barbosa Filho – Secretário de Política Econômica
Gilson Bittencourt – Secretário Adjunto de Política Econômica
José de Sampaio Barros – Coordenador da Secretaria de Política Econômica
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão:
Sílvio Carlos do Amaral e Silva
Representantes do Setor Produtor:
Breno de Mesquita – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
Lúcio de Araújo Dias – Representante das Cooperativas de Produção
Renato Paiva – Representante das Cooperativas de Crédito



Agosto / 2009


Sumário Executivo

O Grupo de Trabalho criado para efetuar uma Análise Estrutural da Cafeicultura Brasileira apresenta seu relatório, cujo sumário executivo é o seguinte:

• O Brasil é o maior produtor, maior exportador e o segundo maior consumidor de café;

• A produção de café no Brasil está localizada principalmente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Paraná e Rondônia;

• Espírito Santo e Rondônia concentram a produção de café conillon, enquanto os demais estados produzem o café arábica;

• A multiplicidade de regiões produtoras, com diferentes características de clima, volume e distribuição de chuvas, tipo de solo e topografia, implica em grande diversidade de modelos tecnológicos, com diferentes níveis de custos de produção e variedade de produtos que tem conferido ao Brasil excelente competitividade e conseqüente penetração nos mercados internacionais;

• A área plantada tem se mantido, com crescentes investimentos em novos plantios (muitos em substituição ou melhorias dos cafezais existentes), o que tem elevado a produtividade média;

• A produção de café vem aumentando ano a ano nas últimas safras, aparentemente a níveis superiores ao crescimento dos mercados interno e externo, o que pressiona os preços dos “Cafés do Brasil”;

• O custo de produção varia muito de região para região, e mais ainda, entre os diferentes sistemas de produção. Segundo dados do próprio setor, variam entre R$ 240 a R$ 370 por saca de 60 Kg de café arábica;

• O setor tem ampliado o acesso ao crédito rural, subindo de um patamar de cerca de R$ 3 bilhões há 5 anos atrás para R$ 6,7 bilhões em 2009, em contraponto ao discurso de representantes do setor de que o mesmo está endividado e não consegue ter acesso a novos créditos;

• As dívidas do setor somam cerca de R$ 7,8 bilhões (R$ 6,7 bilhões mais R$ 1,1 bilhão do Funcafé Dação e Securitização, renegociado até 2020, com taxa de juros de 3,75% e 3% ao ano, respectivamente);

• A oferta de crédito para o setor tem sido abundante, o que contribui para a elevação da produção e, consequentemente, para a queda nos preços;

• A inadimplência do setor é baixa, concentrada, nas regiões de cafeicultura mais antigas e tradicionais, onde o custo de produção é mais elevado e acumula problemas desde o ano 2000.
O custo é mais elevado nestas regiões devido ao uso mais intensivo de mão de obra contratada em decorrência da declividade do terreno, além do sistema de produção utilizado (cafezais mais velhos);

• Algumas cooperativas de crédito repassam recursos do Funcafé e da exigibilidade rural para os produtores de café. Alguns destes produtores tiveram dificuldade em saldar estas dívidas junto às cooperativas, mas as mesmas tiveram que quitar os débitos juntos ao Funcafé e aos bancos privados, descapitalizando-se;

• O Brasil tem aumentado suas exportações e sua participação no mercado internacional, tendo alcançado 32% nos últimos 12 meses, com faturamento recorde de US$ 4,6 Bilhões, mas os produtores não conseguem impor seus preços ao mercado nacional e internacional, em decorrência do excesso de oferta, e, principalmente, de sua falta de ordenamento desta.

• O consumo interno brasileiro também vem crescendo a taxas muito superiores (mais do dobro) das taxas de crescimento verificadas nos mercados internacionais, o que tem se dado com excelentes preços aos consumidores brasileiros, ou seja, sem pressionar os índices de inflação;

• A oferta de cafés robusta, produzidos em alguns países asiáticos e africanos, com custos mais baixos, também tem provocado redução dos preços internacionais;

• Os principais países produtores de café arábica (Colômbia, países centro americanos e México) têm apresentado estabilidade de produção nos últimos 20 anos, oferecendo oportunidade de crescimento aos “Cafés do Brasil”;

• O mercado internacional de café, considerada a produção, a comercialização e a evolução do consumo, apresenta características estruturais que tornam lentas as reações da produção aos estímulos de preços;

• A taxa de câmbio no Brasil adicionada ao custo Brasil tem pressionado os custos, e assim, a lucratividade de nossos produtores, sendo que a competitividade atual é fundamentada em função dos aspectos estruturais do mercado de café e da produção brasileira;

• Os países europeus impõem uma tarifa de 9% sobre os cafés solúveis produzidos no Brasil, encarecendo nosso produto e reduzindo os preços pagos aos produtores brasileiros;

• A proibição para efetuar Drawback de cafés verdes no Brasil, exigência para a produção de “blends” de café necessários para a exportação, tem estimulado a instalação de indústrias em outros países que permitem esta prática;

• A produção de café no Brasil apresenta uma bianualidade, produzindo sempre uma safra grande e outra menor (diferença de cerca de 25% entre elas), exigindo a formação de estoques para estabilizar a oferta e atender a demanda, que é constante, a preços estáveis;

• Os preços médios recebidos pelos produtores tem se situado nos últimos anos em torno de R$ 230 a R$ 290 por saca de 60 Kg de café arábica. Este valor remunera o custo de produção em algumas regiões, ficando abaixo do custo de produção de outras, dependendo do modelo tecnológico utilizado;

• O preço mínimo do café era de R$ 157 por saco nas safras de 2003 a 2007, tendo sido elevado para R$ 211 na safra 2007/2008 e para R$ 261,69 por saco para a safra 2008/2009 (colheitas de março a outubro de cada ano);

• A oferta de cafés de baixa qualidade e o aumento da produção dos cafés robustas pelos produtores contribui para a depressão dos preços do café de melhor qualidade;

• Muitos exportadores de café têm utilizado os créditos de PIS/COFINS para ganhar competitividade no mercado internacional, convertendo o crédito em renda, ao invés de repassá-lo aos produtores;

• As informações disponíveis pelo governo e pelo próprio setor privado sobre a produção, consumo e estoques no Brasil são deficientes e constantemente questionadas;

• O setor industrial de café e de comércio exterior tem tido dificuldade para acessar créditos para estocagem de produto, reduzindo ainda mais a demanda no período de safra.


Considerando que:

• A análise estrutural da produção cafeeira efetuada pelo Grupo de Trabalho indicou que o maior problema do setor produtor é a insuficiente renda do setor, que advém principalmente das características estruturais do mercado;

• Não é recomendável definir um preço mínimo muito elevado, o qual provocaria uma elevação ainda maior da produção e da oferta de café, em especial das regiões produtoras com custo mais baixo, o que pode reduzir ainda mais os preços;

• É preciso efetuar um choque de oferta (redução da oferta) do produto brasileiro, procurando elevar o preço médio pago aos produtores de café, a um novo patamar, mais próximo dos R$ 300 por saca;

• É preciso diminuir a oferta de café no mercado no ano de 2010, período em que o Brasil estará em um ciclo de safra alta.

• É preciso dosar bem a redução da oferta (por meio da ampliação dos estoques ou redução da produção), para evitar a perda de participação do Brasil no mercado internacional de café;

• O Brasil precisa ampliar a sua participação no mercado internacional de cafés solúveis;

• O crédito do PIS/COFINS, na forma em que está sendo concedido, pode estar contribuindo para a redução dos preços pagos aos produtores de café no Brasil;

• Há necessidade de reestruturação da produção cafeeira nos municípios onde os custos de produção são mais elevados, promovendo a reconversão de alguns produtores para outras atividades e, principalmente, para a melhoria dos sistemas produtivos, com a adoção de tecnologias mais modernas e de menor custo;

• A questão do endividamento dos produtores é menor do que a apresentada pelo setor em termos de inadimplência, mas é maior do que o inicialmente estimado pelo governo e tem seus problemas concentrados em regiões e modelos tecnológicos específicos, devendo ser tratada de forma pontual pelas instituições financeiras e pelos órgãos governamentais;

• É conveniente evitar uma nova renegociação das dívidas do café, nos casos em que os produtores tem café dado como garantia a financiamentos, bem como daqueles que estão com a produção colhida ou em fase de colheita;

• É conveniente evitar que produtores com endividamento recente se contaminem com o atual problema de renda, tendo em vista que agora não temos os problemas de política econômica (descasamento entre políticas de juros e preços) que afligiram o setor agrícola em outros momentos de nossa economia;

• Os preços pagos aos produtores pelo café estão abaixo do Preço Mínimo de Garantia (ao redor de R$ 240 por saca);

• É preciso melhorar as informações disponíveis sobre a produção, consumo e estoques de café no Brasil;

• É preciso adequar o crescimento da produção ao crescimento da demanda (nacional e exportações) de café, evitando uma produção muito superior ao consumo;

• As dificuldades regionais e de determinados modelos tecnológicos (mão de obra intensiva) estão expressas justamente no endividamento, de modo que uma solução que permita o recebimento dessas dívidas que tenha impacto na renda do setor terá a propriedade de atingir os dois objetivos pretendidos;

• A solução deve beneficiar principalmente os pequenos e médios produtores;

• Estamos no momento adequado para efetuar uma política de recomposição dos estoques públicos, posto que os produtores estão vendendo a produção abaixo dos custos e, principalmente, do preço mínimo.


Propostas


• O governo deve garantir o preço mínimo aos produtores de café, por meio de operações de aquisição de café – AGF, permitindo a aquisição de diferentes tipos de café, por meio de ágios e deságios, com base no preço mínimo;

• Permitir a quitação dos financiamentos de estocagem de café e de custeio efetuados com recursos do Funcafé, com vencimento em 2009, 2010 e 2011, em equivalente-produto pelo preço mínimo vigente, reduzindo a oferta e garantindo o preço mínimo aos produtores;

• Procurar retirar do mercado, via AGF ou recebimento de dívidas em produto, os cafés de baixa qualidade (comprar com preço compatível com o mercado e com um incentivo de indução à entrega desses cafés mais baixos assim como indução à adimplência e adesão ao programa de compras);

• Rever a política de Drawback de café verde, procurando agregar valor ao produto brasileiro e aumentar a competitividade nas exportações de café solúvel;

• Criar condicionantes as indústrias de café solúvel para a permissão do Drawback, como criação de empregos (plantas industriais), quantidade limitadas para aquisição de cafés no mercado internacional, restrita aos tipos e qualidades de cafés não disponíveis no mercado produtor nacional;

• Criar um programa de apoio a reestruturação/reconversão/revitalização da produção de café nos municípios onde o custo de produção é mais elevado;

• Solicitar uma maior atuação do Itamaraty nas negociações com a União Européia para a redução/eliminação das tarifas impostas ao café solúvel brasileiro;

• Rever a política de tributação/crédito de PIS/COFINS para toda a cadeia de produção do café brasileiro;

• Ampliar para outubro de 2009 o prazo para a renegociação das operações de custeio/colheita vencidas entre dezembro de 2008 e março de 2009, com a exigência do pagamento de 20% do saldo devedor para ter acesso a renegociação;

• Caso os preços do café mantenham-se abaixo do preço mínimo estabelecido, mesmo com as ações de estímulo adotadas pelo governo, sugerir aos agentes financeiros, a prorrogação de parte do valor das operações de custeio e colheita por até cinco anos, efetuados com recursos obrigatórios (RO), dos produtores com maiores dificuldades financeiras, mediante análise caso a caso e segundo as normas já estabelecidas no MCR 2.6 9;

• Criar uma linha de crédito de até R$ 100 milhões para as cooperativas de crédito renegociarem as dívidas dos produtores de café associados (4 anos);

• Desenvolver mecanismos para permitir um maior controle das informações sobre a oferta e demanda de café no Brasil;

• Determinar ao consórcio brasileiro de pesquisas cafeeiras a realização imediata de levantamento do parque cafeeiro brasileiro e dos estoques públicos e privados;

• Ampliar as linhas e os recursos para o financiamento destinado a estocagem de café pelas indústrias de café e pelas empresas de comércio exterior;

• Exigir para a liberação de recursos por meio de FAC e de LEC, que as industrias e exportadores comprovem que adquiriram dos produtores e cooperativas, o produto no mínimo, pelo preço mínimo, considerando os ágios e deságios em função da qualidade;

• Autorizar as instituições financeiras operadoras do Funcafé a renegociarem operações de financiamento de custeio e colheita, quando os produtores tiverem dificuldade para efetuar os pagamentos devido a problemas climáticos ou de preços, limitado a um percentual de suas carteiras;

• Reduzir a taxa de juros de 7,5% ao ano para 6,75% ao ano, a partir de 01/10/2009, das operações efetuadas pelo Funcafé na linha de crédito destinada aos produtores que tiveram perdas devido à chuva de granizo em 2008 e 2009;

• Reavaliar a efetividade das ações empreendidas em apoio aos produtores que sofreram chuva de granizo e propor ações que lhes garantam a sobrevivência no período até a obtenção de capacidade produtiva;

• Reduzir a taxa de juros de 7,5% ao ano para 6,75% ao ano, a partir de 01/10/2009, das operações “em ser” do Funcafé;

• Destinar recursos do Funcafé para os agricultores enquadrados no Pronaf, bem como estimular a utilização do PGPAF quando o preço médio de mercado estiver abaixo de preço de referência do Programa, atualmente vinculado ao Preço Mínimo.

• Revisão do sistema de governança (CDPC), buscando conferir mais agilidade e eficácia.



A Análise Estrutural da Cafeicultura


O Brasil é o maior e mais importante país produtor de café do mundo, apresentando uma notável diversidade de regiões produtoras, de qualidades de café, de modelos tecnológicos de produção e, conseqüentemente de custos de produção. O setor apresenta, ainda, uma cadeia produtiva interna bastante competente e dinâmica: os exportadores operam com inegável eficiência, utilizando-se de modernos instrumentos de comercialização; o mercado consumidor interno é o segundo maior mercado de café do mundo; a indústria de torrefação e moagem tem evoluído consideravelmente, passando também por um processo de consolidação que aumentou os investimentos internacionais no setor; e a indústria de café solúvel é a maior dentre os países produtores. Contamos também com a melhor infra-estrutura dentre todos os países produtores.

Dessa forma, de posse das informações acima comentadas, tenderíamos a pensar que o setor cafeeiro é invulnerável a crises, o que infelizmente não corresponde à realidade. Somos muito competitivos, contudo, todos os setores têm trabalhado com margens comprimidas, o que traz grandes preocupações e nos impede de formular políticas que melhorem nossa inserção no mercado internacional agregando maior valor à produção.

A gravidade da situação atual do setor da produção, expressa pelos cafeicultores de forma contundente durante a “Manifestação SOS Café, realizada na cidade de Varginha, associada a alguns indicadores positivos de produção e exportação, nos levou a necessidade de uma análise mais profunda da situação estrutural da produção cafeeira no Brasil, posto que, enquanto algumas regiões cafeeiras, absolutamente importantes do ponto de vista de geração de desenvolvimento regional, geração de emprego e renda, passam por indiscutível crise, outras regiões, com modelo tecnológico diverso, conseguem resistir e até mesmo proporcionar aumentos na produção cafeeira.

Reconhecendo esse fato e buscando melhor estruturar as decisões de políticas públicas para o setor, o Senhor Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou Grupo de Trabalho para proceder à análise estrutural da cafeicultura brasileira, visando permitir a adoção de políticas para a solução dos problemas crônicos.

O Grupo de Trabalho teve a oportunidade de discutir o Mercado Internacional de Café, as características peculiares da produção de café no Brasil e no mundo, a oferta de crédito ao setor cafeeiro, a tributação do setor, as reivindicações apresentadas pelas lideranças do setor produtor e as medidas tomadas pelo Governo até o momento.


O Mercado Internacional de Café


O café é produzido em países em desenvolvimento e, como será demonstrado posteriormente, consumido principalmente em países desenvolvidos, o que confere ao setor características bastante peculiares. Os vinte maiores países produtores totalizam produção de aproximadamente 123 milhões de sacas de café beneficiado, aproximadamente 95% da produção mundial, considerando o Brasil com safra média de 45 milhões de sacas.

Devido à importância dos três maiores produtores mundiais, Brasil, Vietnã e Colômbia, apresentamos a evolução da produção nesses principais protagonistas nos últimos vinte e três anos, partindo de 1985, assim como a evolução da produção do grupo de países da América Central e México.


Esse gráfico mostra o recente aparecimento do Vietnã no mercado internacional e seu acentuado crescimento, tornando-se o segundo maior país produtor em volume de café, cuja produção é predominantemente de café robusta. Observa-se ainda uma estagnação da produção Colombiana e dos países centro americanos e México, cujas produções cresceram nos períodos de vigência dos Acordos Internacionais do Café com cláusulas econômicas, quando esses países aproveitaram-se dos problemas climáticos brasileiros (geadas importantes) assim como da proteção proporcionada pelas cláusulas econômicas dos AIC.

É também notória a forma descontinuada com que se comportou a produção brasileira nesse período, o que se deveu a diferentes causas incidentes sobre uma produção que tem como característica principal o famoso ciclo bienal, ou seja, a característica de alternar uma produção maior e outra menor. Sobre esse comportamento devemos mencionar também os consistentes sinais de aumentos de produção, tanto em termos totais quanto na média por hectare, observados recentemente.


A produção cafeeira mundial apresenta aspectos estruturais que merecem ser destacados visando uma maior compreensão do comportamento do mercado:

- Trata-se de uma atividade de longo prazo, que exige elevados investimentos em seu início o que, portanto, limita a possibilidade de redução futura em caso de preços adversos. As lavouras de café têm longevidade superior a vinte anos, sendo que em determinados países, que adotam menor nível tecnológico essa longevidade é ainda superior;

- Dessa forma, entre o plantio e a fase produtiva, a realidade econômica da atividade pode mudar significativamente, sem que o produtor possa reverter sua decisão, sair do investimento e reduzir a produção, o que desequilibra a relação entre oferta e demanda, baixando os preços e mesmo assim mantendo o produtor na atividade por longo tempo;

- Utiliza mão de obra de forma intensiva, de modo que nas regiões onde esse custo é baixo a competitividade é maior;

- Assim, o tempo de reação da produção aos estímulos de preços é grande, ou seja, a reação é lenta. Principalmente para diminuição da produção, uma vez que a erradicação dificilmente acontece plenamente, pautando-se mais pela exaustão por maus tratos do que pela consciente decisão de erradicar-se a lavoura em caso de baixa lucratividade;

- A tecnologia adotada é definida substancialmente na época do plantio (variedades, densidade, mecanização, regiões cafeeiras, irrigação) de forma que eventuais evoluções tecnológicas visando maior competitividade se dão também lentamente;

- O produto é não perecível, e de fácil armazenagem, de modo que eventuais excessos de produção, além de serem mais difíceis de frear, acabam gerando excedentes que pesam sobre o mercado por diversos anos. Dessa forma, é fundamental que não se cometam erros que levem a um excesso de produção, pois assim ocorrendo, o ajuste é lento e inevitavelmente contribuem para enormes prejuízos aos produtores;

- A produção se dá, em sua grande maioria, em países em desenvolvimento, onde há excedente de mão de obra não qualificada, de baixo custo. Devido ao uso intensivo de mão obra na produção cafeeira, quanto menor o custo desse fator de produção, mais competitivo é o país ou a região produtora;

- O mercado internacional tem sua estrutura afetada ainda pelo fato de que o maior país, o Brasil, tem produções alternadas em altas e baixas, com diferença entre uma e outra superior a do quarto ou quinto maior país produtor, além do que sua produção muitas vezes foi prejudicada por eventos climáticos, principalmente secas;

- Há uma grande tendência à geração de excedentes, cuja administração nos anos anteriores a 1989, cabia aos países produtores e que agora estão a cargo do mercado de forma geral. O controle sobre esses excedentes acaba sendo fundamental para os preços internacionais;

- Anote-se ainda que devido à sua importância estratégica para a economia dos países produtores, a atividade é, em muitos casos, estreitamente monitorada pelos governos desses países, que formulam políticas de apoio que acabam por garantir as atividades em períodos de crise, alongando ainda mais, os eventuais períodos de ajuste da produção aos níveis de consumo;

- Recentemente o café arábica vem enfrentando outro problema estrutural. A competição do café robusta. Esse produto, muito mais barato, antes utilizado apenas como minoritário nos blends, passou a ser processado com tecnologias mais avançadas e, devido ao seu baixo custo, tem substituído o café arábica cada vez em maior proporção;

- O consumo de café nos países importadores apresenta lento crescimento, a despeito do esforço de todos para que esse crescimento ocorra de forma mais acentuada e rápida, fazendo com que a absorção dos excedentes se dê de forma muito gradual;

- A indústria de torrefação mundial é muito concentrada, com os 6 principais grupos (Nestlé, Kraft Foods Inc., Sara Lee Corp., Folgers, Tchibo e Starbucks) representando mais de 50% do mercado;

- Os principais países consumidores são países desenvolvidos. Há que se lembrar, ainda, o caso da Alemanha, que embora tenha seu consumo avaliado em aproximadamente 10 milhões de sacas (terceira posição em consumo), tem uma maior atividade comercial, uma vez que seus traders e sua indústria atua também com muita força na distribuição de café a países do leste europeu, o que a leva a importar mais de 17 milhões de sacas anualmente. Observa-se que o Brasil é exceção à regra dentre os consumidores, pois somos o maior país produtor e o segundo maior consumidor internacional de café;

- O comércio internacional do café apresenta ainda, como importante elo da cadeia de distribuição, os traders, que atuam nas atividades de logística, aí incluídos transporte, armazenagem, financiamento, cobertura de riscos de preços (hedge), muitas vezes composição de blends de cafés de diversas origens, e assim têm papel importantíssimo no ordenamento do fluxo da oferta mundial. Neste caso, o grau de concentração também é elevado, com os 7 maiores (Neumann, Volcafé, Esteve, Dreyfus, Olam, Noble e Sucafina) representando metade do comércio mundial. Se incluirmos duas outras empresas, cujo capital é detido exclusivamente por empresas de torrefação (Kraft e Sara Lee), chegamos a uma participação de 73% do comércio nos países consumidores;

- É tendência do comércio e da indústria, em termos gerais, fomentar políticas que estimulam o aumento da produção além das necessidades, de modo a evitar-se trabalhar em situação de aperto de oferta, procurando priorizar teorias de que o mais importante é fazer o consumo crescer para absorver a produção excedente. O fato é que a capacidade de crescimento da produção é ilimitada e para crescer a reação aos estímulos de preços é rápida, ao contrário da diminuição, de modo que curtos períodos de bons preços, no caso brasileiro principalmente, levam a um rápido crescimento da produção e a geração de excedentes contínuos;

- A indução da produção mediante estímulos outros que não preços também tem sido adotada, como por exemplo, financiamentos de custeio ou investimentos, gerando-se uma produção que acaba por impedir a necessária evolução dos preços para remunerá-la adequadamente. É essa situação que acaba levando o produtor a uma situação de inadimplência financeira que tanto esforço tem exigido dos governos;

- O consumo interno dos países produtores, devido ao menor nível de renda desses países em relação aos países desenvolvidos e grandes consumidores, acaba se caracterizando por ser de um produto de qualidade inferior, em termos médios. Também devido à disparidade de renda entre os países produtores e consumidores, esse volume acaba se constituindo numa reserva para o mercado dos países mais ricos, posto que em caso de escassez o produto acaba fluindo para o mercado que paga melhores preços. Assim, os mercados internos de países produtores podem ser acessados por cafés inferiores produzidos pelos demais países, caso a importação de café nesses países se dê livremente;

- Embora os preços do café tenham se elevado em dólares nos últimos anos, principalmente devido à desvalorização do dólar no mercado internacional, a participação da matéria prima no custo do produto final colocado nas gôndolas dos supermercados continua bastante baixa, em torno de 20%;

- Além de todos esses fatores, o consumo da matéria prima apresenta-se com fortes indícios de inelasticidade em relação ao comportamento dos preços, ou seja, preços baixos não elevam o consumo de forma significativa e preços elevados, desde que razoáveis, também não o inibem de forma significativa;

Assim, a estrutura do mercado internacional do café implica em enormes dificuldades para o repasse de aumento de custos dos produtores às indústrias e conseqüentemente aos consumidores.

A seguir apresentamos uma visão da oferta e demanda de café no período recente bem como perspectiva futura de curto prazo. As safras ascendentes previstas para o Brasil parecem indicar, aos olhos do mercado, uma oferta plena para os próximos anos, de 2009 a 2011.

O comportamento da relação entre oferta e demanda prevista acima demonstra que é preciso muito cuidado com as políticas a serem delineadas para os próximos meses, de modo a permitir um apoio ao produtor brasileiro de forma consistente e não apenas pontual. Um apoio efetivo pode realmente depender de mudanças na governança brasileira da cafeicultura, mudanças estas, que considerem as questões estruturais mencionadas inicialmente e que sejam dimensionadas para descomprimir as margens de todos os setores da cadeia produtiva do café no Brasil. Essas mudanças, que serão abordadas posteriormente, devem ser plenamente debatidas com toda a cadeia produtiva e devem considerar previamente os possíveis problemas que poderão advir desse eventual novo modelo de governança.



Características Peculiares da Cafeicultura Brasileira



O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, e o segundo maior consumidor do produto. O café é produzido em 14 estados, está presente em cerca de 1.900 municípios e emprega direta e indiretamente aproximadamente 8,4 milhões de trabalhadores. A safra colhida em 2008 alcançou, segundo a Conab, 45,99 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado, e prevê-se que a safra em curso, de ciclo baixo, alcance o volume de aproximadamente 40 milhões de sacas.

Para avaliarmos a performance da cafeicultura brasileira no período recente, apresentamos a seguir alguns gráficos com séries históricas, iniciando com o que apresenta a evolução da produção nacional, considerando três fontes de informações, posto que só recentemente foi feito um trabalho visando harmonizar as metodologias entre Conab e IBGE. Assim, anotamos as informações a partir dessas duas fontes e a do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), muito considerada pelo mercado internacional.

Esse gráfico mostra uma leve ascendência da produção entre 1997 e 2001, com uma forte elevação em 2002, num comportamento atípico se considerada toda a série, e que foi seguida de um período em que os ciclos bienais foram mais marcantes e que indicam novamente nova leve ascendência. É importante anotar que nesse período, de 2002 a 2009, os produtores passaram por grandes dificuldades, com preços inferiores aos custos e tiveram que conviver com problemas climáticos pontuais. No entanto, considerada a previsão da Conab para a safra em curso, de 40 milhões de sacas, observamos que, embora de ciclo baixo essa produção será melhor que a de 2007, safra de ciclo baixo anterior. Para 2010, as estimativas apontam para uma safra melhor que a de 2008, confirmando esse movimento ascendente.




A evolução das exportações e da receita cambial mostra evolução significativa.

Observa-se que no período de 89 a 93, com os países produtores, inclusive o Brasil, mais agressivos, a receita de exportações cai, vindo a se recuperar no período pós geada, com a redução dos embarques. Com a recuperação do volume exportado de 1999 até 2004, a receita cai acentuadamente. Já no período recente, de 2004 em diante, cremos que muito em função da fraqueza do dólar no mercado internacional, ou da força do real, tivemos uma elevação das vendas e da receita em dólares.

A participação brasileira no mercado internacional foi também significativamente alterada nesse período de livre mercado, atingindo 31,5% em 2002, nível que se repete atualmente, agora com uma receita cambial também muito significativa, já que em 2002 essa melhor participação de mercado se deu com um faturamento cambial irrisório, de menos de um terço do atual, à custa de uma grande crise do setor produtor.



É justamente esse comportamento do mercado de café que levou a Colômbia, país produtor com melhor organização interna e com um sistema de inteligência cafeeira considerado bastante eficiente pelo comércio internacional do café, a traçar uma política de estagnação de sua produção visando valorizar seu produto, mesmo que à custa de perda de parcela de sua participação de mercado, que agora dizem querer recuperar de forma gradativa e muito bem planejada.

Os estoques públicos brasileiros, formados nos anos de 1987 a 1989, foram gradativamente vendidos a partir de 1994, inicialmente de forma mais agressiva e posteriormente, já no Governo do Presidente Lula, de forma mais comedida. Abaixo anotamos a representação gráfica dos volumes existentes no final de dezembro de cada ano a partir de 1996.


A Situação dos Produtores Brasileiros



A situação dos cafeicultores brasileiros produtores de café arábica é considerada bastante delicada em termos gerais. Para muitos produtores, a questão central está focada na redução da renda obtida, quando comparada com anos anteriores.

Os cafeicultores produtores de conillon se encontram em melhor situação, não demandando medidas governamentais imediatas. Esses estão em fase de investimentos em aumento da produção e, conforme já comentado anteriormente, contam com a possibilidade de avançar sobre o mercado de café arábica.

A evolução do preço do café arábica mostra uma inusitada estabilidade no período recente, o que se contrapõe a custos ascendentes. Apesar da significativa oscilação da taxa de câmbio entre o real e o dólar, que culminou com uma valorização de nossa moeda, com o correspondente impacto nos custos de produção, observamos a manutenção dos preços do café em torno de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais), considerado o indicador Esalq para o café arábica tipo 6 bebida dura, café de nível de qualidade acima da média, produzido numa quantidade em torno de 40% da produção total dos produtores, numa safra normal.

O comportamento dos preços do café arábica leva à indagação se esses preços teriam sido suficientes para que o produtor tivesse uma renda adequada durante os últimos anos. Ou se esses preços foram apenas os considerados suficientes, pelo “mercado” cuja situação estrutural foi demonstrada no início deste trabalho, apenas para que a produção se mantivesse.

A renda é, ou deveria ser, a base para a sustentabilidade do negócio.

A cafeicultura é, por natureza, um negócio de alto risco, pois está sujeita às condições de clima, ao ataque de pragas, e às condições de um mercado que estruturalmente lhe é adverso. Não é incomum que o mercado se comporte sob condições não efetivamente relacionadas com o que se denomina “fundamentos”, ou seja, as condições de produção, estoques, oferta e demanda.

Considerando que a renda é o resultado da relação do preço e da quantidade produzida, menos o custo de produção, dimensionados para uma produção normal, que pode ter sido impactada pelos riscos acima anotados, devemos analisar com profundidade todos esses fatores de modo a verificarmos se a renda do produtor foi satisfatória para o cumprimento de seus compromissos e o sustento de sua família.

A questão da apuração de custos de produção é complexa e, tendo em vista as dificuldades de transferências desses custos aos demais elos da cadeia produtiva, seu adequado dimensionamento é de fundamental importância na formulação das políticas públicas para o setor.

Após intenso debate com o setor produtor, e considerando objetivos de suporte de preços para esta safra, com políticas de sustentação baseada em vultoso volume de recursos para financiamento e um programa de opções de venda com volume de três milhões de sacas, foi estabelecido preço mínimo de garantia de R$ 261,69 por saca de 60 quilos de café beneficiado bebida dura tipo 6 (86 defeitos) peneira 13 acima permitido vazamento de até 10%, equivalente ao custo variável médio de produção. O custo total médio apurado segundo essa mesma metodologia alcançou R$ 282,00. O preço mínimo, apesar de bastante questionado, permitiu que fossem adotadas políticas tendo-o como base, como o programa de opções ao nível de R$303,50 por saca para novembro e o pagamento de parcela do empréstimo de dação (alongamento do Funcafé) em café.

Para os fins deste estudo, foi consultado as 42 cooperativas que trabalham com café sobre diversos assuntos, dentre eles o custo de produção na região. Segundo essas cooperativas, o custo total no Sul de Minas Gerais está entre R$ 260,00 e R$ 371,00, enquanto que no Triângulo Mineiro / Alto do Paranaíba está entre R$ 233,00 e R$ 326,00. As cooperativas do estado de São Paulo indicaram custos entre R$ 250,00 e R$ 389,00, enquanto que as do Paraná indicaram custos em torno de R$ 240,00.

Observa-se a grande dispersão de custos entre regiões e até mesmo dentro de uma mesma região, o que demonstra a complexidade do tema.

Assim, é conveniente analisarmos com maior profundidade as características das diversas regiões cafeeiras de nosso país, assim como os modelos tecnológicos nelas predominante.

O Brasil possui uma cafeicultura bastante diversificada, com regiões que diferem uma das outras em razão do clima, distribuição das chuvas, topografia, maior ou menor possibilidade de mecanização, maior grau de utilização de mão de obra (disponível em graus também diferenciados), grau de utilização de sistemas de irrigação, enfim, diferenças naturais, sociais e tecnológicas. Mas em todos os casos a cafeicultura desempenha papel de igual importância econômica, no desenvolvimento das diversas regiões, devendo assim ser vista com o mesmo grau de interesse governamental. Essa diversidade de regiões, modelos tecnológicos, e de qualidades de café nos proporciona enorme diferencial de competitividade internacional, devendo, todas, ser igualmente valorizadas na formulação de políticas públicas. Com base em trabalho preparado por técnicos do MAPA/PROCAFÉ e das cooperativas de cafeicultores, apresentamos a seguir os tipos e sistemas de exploração característicos de nossa cafeicultura:

A lavoura cafeeira no Brasil é cultivada em variadas regiões, em diversos Estados, sendo ocupados com a cultura cerca de 2,35 milhões de hectares (situação em 2008/09), com maior concentração em Minas Gerais e Espírito Santo, com áreas significativas, também, em São Paulo, Bahia e Rondônia, Paraná e mais os pequenos Estados produtores, como Mato Grosso, Pará, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Acre e Goiás.

Parque Cafeeiro nos Estados e Regiões do Brasil em 2008/09 (Conab - Safra 2008)

A tipificação da cafeicultura pode ser feita de acordo com a semelhança das condições ambientais de cultivo, podendo-se agrupar em cinco tipos principais:

a) A cafeicultura dos cerrados, composta de cerca de 860 mil hectares, a mais expressiva, compreendendo áreas do Triângulo/Alto Parnaíba, Noroeste, Sul e Oeste de Minas Gerais, parte da Mogiana, em São Paulo, a área de Luiz Eduardo Magalhães e vizinhos na Bahia, áreas de Mato Grosso e Goiás.

b) A cafeicultura de montanha, ocupando cerca de 600 mil ha, a segunda em tamanho, abrangendo áreas da zona serrana do Espírito Santo, Zona da Mata de Minas e do Estado do Rio de Janeiro, e parte do Sul de Minas e vizinhas serranas em São Paulo.

c) Cafeicultura de robusta, com cerca de 560 mil ha, compreendendo as regiões de baixa altitude no Espírito Santo e áreas vizinhas no Sul da Bahia e Vale do Rio Doce em Minas, e nos Estados de Rondônia, Mato Grosso (parte) e Pará.

d) Cafeicultura tradicional, com cerca de 220 mil ha, em áreas mais ao Sul do país, em São Paulo e Paraná

e) Cafeicultura do Nordeste, com cerca de 100 mil ha, em áreas de chapada da Bahia, Pernambuco e Ceará.

A tipificação da cafeicultura, e, mais adiante, a caracterização dos sistemas predominantes de exploração, são aspectos importantes para a análise mais detalhada da geração de renda, e, assim, entender a capacidade de competição de cada tipo e/ou sistema.

Na cafeicultura dos cerrados os pontos favoráveis são a mecanização, a boa qualidade dos cafés e a estrutura empresarial, que permite produção em grande escala.. O grande fator para redução de custos é a mecanização, que é usada em todo o processo produtivo, especialmente na colheita, que representa mais de 30% de custo total da produção de café. As dificuldades são as condições climáticas, com predominância de áreas com stress hídrico, que condicionam a necessidade crescente de irrigação. Justamente essa necessidade de irrigação proporciona-lhe também, concomitantemente, um aumento dos custos, assim como um aumento de produtividade média por hectare, podendo resultar, caso a produção seja normal, em menor custo por saca e maior competitividade. Outro fator que caracteriza as regiões de cerrado, ao menos por enquanto, é a ausência de chuva na colheita, o que eleva a qualidade média produzida impactando positivamente a renda do produtor.

A cafeicultura de montanha é concentrada em pequenos produtores, muitos de base familiar, explorando áreas menores. O ponto favorável é a predominância de boas condições de chuva e de solos mais ricos em matéria orgânica, com a adequada infra-estrutura para a produção e comercialização dos cafés, com proximidade dos centros consumidores e da rede portuária. As dificuldades residem na necessidade de maior uso de mão de obra, que tem sido escassa e eleva os custos de produção. A cafeicultura de montanha proporciona também a possibilidade de produção de cafés de excelente qualidade, principalmente no sul de Minas Gerais. A cafeicultura de montanha da zona da mata de Minas Gerais, assim como a cafeicultura do arábica do Espírito Santo, que se caracterizavam no passado por apresentar qualidade específica (rio zona) hoje apresentam considerável evolução, destacando-se por produzir cafés de qualidade especial. São áreas que produzem cafés com excelente possibilidade de substituir cafés lavados (colombianos) mediante utilização de adequados procedimentos de colheita e processamento do café colhido (“cereja descascado” ou café despolpado e desmucilado). No estado do Espírito Santo está se implementando, neste momento, em que a crise se faz presente, o programa “Renovar Arábica”, um esforço de renovação buscando implantar novas variedades em densidade adequada, buscando melhoria de produtividade média e de qualidade. No entanto, para garantir que essa produção encontre o mercado adequado é necessário nível especial de organização dos produtores, de modo a que lhes seja devidamente repassado o preço compatível com a qualidade ofertada. O sul de Minas Gerais, onde essa cafeicultura predomina, é a região brasileira melhor organizada em cooperativas de produtores, assim como por uma estrutura comercial bastante forte e competitiva, de modo que não se trata de desafio impossível.

A cafeicultura de robusta é a que está crescendo mais ultimamente, devido a fatores favoráveis como preços mais remuneradores, diante do seu custo de produção mais baixo (30% menor) e da boa capacidade produtiva dos cafeeiros, sem ciclo bienal pronunciado, aliada a maior resistência da espécie C. canephora (variedade conillon), às condições ambientais e ao trato menos cuidadoso exigido, devido à rusticidade das plantas. A condição desfavorável tem sido o grande déficit hídrico que ocorre, exigindo, de forma crescente, a irrigação de salvação, na época de florada e na granação dos frutos. A necessidade de irrigação, com boas respostas produtivas, pode ser estendida a praticamente todas as principais regiões atuais de cultivo do robusta, sendo muito importante no Espírito Santo, extremo sul da Bahia, no Vale do Rio Doce em Minas e em Rondônia.


A cafeicultura tradicional, como o nome indica, é aquela remanescente ou renovada nas áreas cafeeiras mais antigas, nos Estados de São Paulo e Paraná, tendo como principal característica a boa diversificação de culturas, o que facilita o seu desenvolvimento, mas também ameaça a sobrevivência da lavoura cafeeira nestes estados.

Poderíamos considerar como um sistema à parte também a cafeicultura adensada, modelo adotado para as pequenas propriedades do Paraná, com variedade específica para as condições de clima da região, onde ainda ocorre elevado risco de geadas, exigindo variedades precoces, tem contribuído para a melhoria do nível de competição da cafeicultura em relação a outros cultivos. De maior produtividade por hectare e de também elevada utilização de mão de obra, por ser familiar, portanto, de menor risco de elevação de custos pelo salário mínimo ou pela incidência dos encargos sociais. O Estado do Paraná apresenta também um excelente estágio de organização, que se dá através da boa coordenação entre IAPAR, EMATER, DERAL, cooperativas e associações, unidas na Câmara Setorial do Café, que desenvolvem proeminente trabalho de melhoria de qualidade da produção e difusão de tecnologias. Hoje, considerada a escassez de mão de obra, as lideranças paranaenses sob orientação do IAPAR, já consideram a urgente necessidade de alterar o sistema produtivo, buscando uma densidade que permita a mecanização de pequeno porte, buscando associar produtividade média elevada à menor utilização de mão de obra. É desnecessário dizer que essa “mudança tecnológica” exige elevados investimentos e tempo para se concretizar, uma das situações estruturais mencionadas no início deste trabalho.

A cafeicultura do Nordeste, caracterizada pelo uso de áreas de chapada de altitude elevada, como o Planalto de Conquista e a Chapada Diamantina na Bahia e as Serras de Baturité e Ibiapaba no Ceará, e de Garanhuns em Pernambuco, explorando plantações de café arábica, constitui-se em fator importante para geração de empregos e no atendimento ao consumo regional. Suas vantagens são a maior disponibilidade de mão de obra e a tradição no preparo de cafés despolpados. As desvantagens estão no clima irregular, com falta de chuvas de outubro a fevereiro, com boas respostas à irrigação, alem da maturação desigualada, exigindo 2-3 passadas de colheita.

Verifica-se que todos os tipos de cafeicultura têm expressão significativa e importância econômico-social a nível regional e global, com destaque para a cafeicultura dos cerrados, das montanhas e de robusta. Elas têm seus pontos positivos e negativos, cabendo à política cafeeira fazer o devido acompanhamento, para solucionar problemas específicos e efetuar os ajustes de acordo com as necessidades de produção, sendo que as condições de mercado irão, naturalmente, nortear a sua evolução.

Sistemas de exploração

Na atividade de produção de café no Brasil podem ser destacados 3 sistemas principais de exploração, diferenciados pelo tamanho do empreendimento, assim:

- O pequeno produtor, alguns de base familiar, onde se cultiva até cerca de 10 ha de lavoura de café por propriedade;

- O cafeicultor médio, que se convencionou como aquele que tem entre 10-50 ha em cafezais.

- O grande cafeicultor, com mais de 50 ha de lavouras.

Ultimamente, com os custos fixos aumentados e com a mecanização, tem-se tido necessidade de explorar áreas maiores, visando maior economia de escala. Assim, poderiam ser adotadas duas sub-categorias, sendo os produtores médios empresariais, com 50-100 ha de lavouras e os grandes empresariais, estes com mais de 100 ha., quando o índice de mecanização pode ser maior e tornar a atividade mais eficiente.

A participação de cada um desses tipos/tamanhos de exploração, no global da atividade de produção cafeeira, não pode ser feita de forma precisa, pois não existem dados estatísticos atuais sobre o tema.

Constata-se que propriedades médias e grandes estão mais concentradas na Bahia, no Triângulo, Alto Paranaíba, Norte/Noroeste e Jequitinhonha em Minas Gerais; as médias no Sul de Minas e em São Paulo e as pequenas na Zona da Mata de Minas Gerais , Paraná, Espírito Santo e Rondônia.

Em termos de produtividade das lavouras, devido ao maior uso de tecnologia e pela maior disponibilidade de capital, as propriedades grandes apresentam níveis ligeiramente superiores, vindo em seguida as pequenas, devido ao maior adensamento das lavouras e por contar com maior facilidade de mão de obra. As propriedades médias, pressionadas pelas dificuldades de recursos e pelos elevados custos da mão de obra contratada, acaba tendo sua produtividade comprometida devido à descapitalização do produtor. Assim como na agricultura de forma geral, prevalece também na cafeicultura uma pressão maior sobre a classe média rural, que tem sido vítima de uma diminuição acentuada de sua renda líquida. As diferenças de produtividade média em cada categoria de propriedade tem sido, no entanto, muito pequena, com a constatação de diferenciais de 7-10%.

É preciso destacar o fato de que apesar de se classificar como grande produtor aqueles com propriedades de mais de 50 ha de cafezais, na condição atual essa área não atinge uma escala ideal para uma cafeicultura empresarial, que seria viável com mais de 100 ha por viabilizar maior distribuição de custos fixos, principalmente no que se refere à colheita mecanizada.

Dentre as pequenas propriedades, destacam-se aquelas que usam apenas mão de obra familiar, sendo mais competitivas graças à desoneração de encargos e obrigatoriedades diversas, assim como pela disponibilidade de financiamentos em condições mais adequadas, como o Pronaf.

Já, os médios produtores, na sua grande maioria, não tem sido competitivos, considerando os custos atuais do café e os preços praticados pelo mercado.

No quadro abaixo procuramos estimar a distribuição do parque cafeeiro, onde são incluídos os sistemas de manejo mecanizado total (tratos + colheita), o manejo semi – mecanizado e totalmente manual:

Distribuição do Parque Cafeeiro por tipo de cultivo / colheita



Verifica-se que os grandes produtores, aqueles com mecanização plena, irrigação e capitalizados e que podem produzir café a custos competitivos, representam apenas 16% do potencial produtivo nacional.

Consideramos que todos os perfis de produtores têm papel importante na composição do parque cafeeiro e da produção brasileira de café.

Uma análise estrutural da produção cafeeira do Brasil não pode deixar de contemplar com maior profundidade a atuação das cooperativas de cafeicultores. Assim, o Grupo de Trabalho criado para essa análise estrutural solicitou informações as cooperativas que atuam com café, nas mais diversas regiões cafeeiras, sendo que em muitas delas o café não é a atividade principal, embora já tenha sido no passado. Com base nos levantamentos mensais de estoques efetuados pelo Conselho Nacional do Café e na safra derivada de café apurada mediante informações de mercado, apuramos as seguintes participações dos recebimentos de café das cooperativas monitoradas por aquela entidade nessa produção derivada:

Mesmo considerando a produção brasileira total, a participação das cooperativas na economia cafeeira já se apresenta significativa, chegando a atingir aproximadamente 30% da produção em alguns momentos. Essa importância aumenta muito quando consideramos apenas a produção de café arábica, já que o cooperativismo monitorado inclui apenas uma cooperativa cujos cooperados produzem conillon. Se regionalizada essa atuação, e considerando-se que o cooperativismo cafeeiro encontra-se preponderantemente em Minas Gerais, mais precisamente na região do sul de Minas Gerais, veremos a enorme importância regional dessas empresas dos produtores.

Dentre as atividades exercidas pelas cooperativas podemos destacar: serviços de benefício e rebenefício do café, comercialização da produção no mercado interno e externo, compra de insumos (adubos e defensivos), armazenagem e seguro da produção estocada, repasses de financiamentos de diversas fontes e linhas de crédito, assistência agronômica e difusão de tecnologia (as cooperativas que responderam aos formulários dispõem de aproximadamente 110 agrônomos), disponibilização de modernos instrumentos de comercialização, tais como CPR’s e cobertura de riscos em bolsas de mercadorias, participação em pesquisa agronômica em parceria com os diversos órgãos de pesquisa regionalizando os experimentos, programas de certificação e rastreabilidade da produção dos cooperados, georeferenciamento de propriedades, atividades de treinamento de produtores e seus funcionários, integração da cafeicultura com outras atividades dos cooperados, facilitando assim a implementação de atividades de diversificação visando diminuição dos riscos e aproveitamento de sinergias, apuração dos custos de produção regionais tendo em vista características e modelos tecnológicos específicos, difusão sobre informações de mercado e, por fim, mas, não menos importante, participação ativa na formulação das políticas públicas para o setor através da participação do Conselho Nacional do Café no Conselho Deliberativo da Política do Café.

A estrutura fundiária dos produtores relativa às cooperativas que responderam ao nosso questionário é a seguinte:

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Observa-se a grande incidência de pequenos produtores nas cooperativas pesquisadas, o que explica sua enorme importância social.

Devido ao perfil do produtor cooperado, na maioria pequenos e médios produtores, a atuação das cooperativas acaba tendo um significativo reflexo no mercado regional de café, assim como no de insumos. Os preços das cooperativas acabam se tornando referencial para os comerciantes em geral, e considerando-se que sua atuação se faz com margens bastante limitadas, essas margens acabam se replicando nas do comércio em geral. Assim, quando uma cooperativa importante em sua região passa por problemas, toda aquela região acaba tendo seus preços relativos menos atrativos para os produtores em geral. Assim, é comum que, em regiões sem cooperativas, os produtores de maior porte procurem atendimento em cooperativas ou no comércio de outras regiões. Aos pequenos dessas regiões menos assistidas, cabem, infelizmente, contentar-se com o comércio local, onde normalmente as margens lhe são mais desvantajosas.

A mais importante região cafeeira do país, o sul de Minas Gerais, embora seja também a região considerada de maior custo devido ao modelo tecnológico exigido por sua topografia, qual seja a predominância da cafeicultura de montanha, é também a região cafeeira onde o cooperativismo é mais desenvolvido e onde a força política dos produtores se demonstra também maior e mais organizada, fato que não se deve considerar coincidência. A força da cafeicultura do sul de Minas Gerais advém também e, muito provavelmente, justamente de sua maior organização classista e cooperativista.

Devido justamente a sua grande importância na atividade, principalmente numa das regiões que mais está exigindo apoio das políticas públicas, o Grupo de Trabalho considera que o cooperativismo deve continuar a ser utilizado como instrumento de políticas públicas.