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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Clima continua na ordem do dia e café sobe mais de mil pontos na ICE

Os contratos futuros de café arábica tiveram uma sessão das mais positivas nesta terça-feira na ICE Futures US. No primeiro pregão da semana, já que na segunda-feira os Estados Unidos observaram o feriado do Dia do Presidente, fortes compras especulativas e de fundos foram observadas, comas cotações apresentando oscilações bastante efetivas desde a manhã. Com isso, a posição maio tocou no melhor nível desde 18 de janeiro de 2013. Mais uma vez, as altas estiveram relacionadas com o temor dos players nova-iorquinos com o clima no Brasil. A expectativa era de que as chuvas se mostrassem mais incisivas ao longo do final de semana, no entanto, várias faixas do cinturão cafeeiro brasileiro apresentaram precipitações apenas esporádicas e as temperaturas recuaram de forma modesta. Diante disso, a preocupação climática ainda se mostra uma constante e pode continuar a dar sustentação para ganhos efetivos. Operadores ressaltaram que o quadro mercadológico mudou sobremaneira, com as posições líquidas compradas dos fundos, por exemplo, se mostrando as maiores desde setembro de 2011, conforme a CFTC demonstrou em seu relatório dos traders na última sexta-feira. Algumas tradings e outros operadores já trabalham com um cenário bem mais curto de oferta, notadamente do café arábica, e, diante disso, o anseio comprador se mostra maior. O Brasil, evidentemente, está no centro dessas discussões. A Organização Internacional do Café já fala em produção de46,53 a 50,15 milhões de sacas para o país, ao passo que participantes importantes, como é o caso da exportadora Terra Forte, já trabalham com a perspectiva de perdas de cerca de 10% para a safra deste ano no país. Para a empresa, a expectativa é de uma estabilização das chuvas e, a partir daí, haverá necessidade de cerca de 15 ou 20 dias para se fazer um levantamento e avaliar, assim, as perdas efetivas nas lavouras do país. Segundo a empresa Somar Meteorologia, a tendência é que algumas novas chuvas atinjam o centro-sul do Brasil ainda nesta semana, por conta de uma nova frente fria no Sul e a retomada da umidade da Amazônia, mas, ainda assim, a tendência é de que a média pluviométrica de fevereiro fique abaixo dos níveis históricos para o mês.

No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição março teve ganho de 1.275 pontos, com 152,65 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 154,35 centavos e a mínima de 138,75 centavos, com o maio registrando alta de 1.255 pontos, com 154,85 centavos por libra, com a máxima em 156,65 centavos e a mínima em 141,05 centavos. Na Euronext/Liffe, o março teve alta de15 dólares, com 1.825 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 12dólares, para o nível de 1.818 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia foi dos mais positivos para o café, com uma abertura ao redor dos 140,00 centavos e, logo na sequência, o início de ações mais efetivas por parte dos compradores. Ainda pela manhã, o nível de 150,00 centavos foi rompido, com vários stops se seguindo, sendo que a máxima atingiu o patamar de 154,35 centavos. Além do fator "clima no Brasil", o mercado também ficou bastante atento ao terremoto registrado na segunda-feira em zonas cafeeiras da Colômbia e da Venezuela. As primeiras informações indicam que as lavouras não sofreram maiores prejuízos. No segmento externo, o dia foi de bolsas de valores calmas e estáveis nos Estados Unidos, com o dólar recuando, ainda que ligeiramente, ante uma cesta de moedas internacionais, ao passo que a maior parte das commodities softs apresenta valorização, com destaque, evidentemente, para o café. O segmento de grãos e oleaginosas também teve um dia de altas generalizadas.

"Os ganhos continuam baseados nos fatores relacionados ao clima. Diversos players estão focados no estresse causado às plantas e quanto isso significará de prejuízo à safra de 2014 e até mesmo de 2015 no Brasil. O que verificamos é que o propalado fim do quadro de calor excessivo e poucas chuvas não se apresentou da maneira esperada e, portanto, ainda continua a existir uma pressão para que novas contas sejam efetuadas para se avaliar a disponibilidade do grão. Provavelmente, a indefinição sobre os prejuízos da safra brasileira continuará sendo um item determinante para o humor do mercado, ao menos no curto prazo", disse um trader, que lembrou que, paralelamente às fortes compras do dia, o mercado na ICE também teve um volume significativo de rolagens de posições, já que na próxima quinta-feira tem início as notificações da posição março.

A Associação Brasileira da Indústria de Café informou que o consumo de café no Brasil, segundo consumidor global após os Estados Unidos, registrou ligeiro recuo de 1,2% em 2013, na comparação com 2012, com a bebida sofrendo com a concorrência de produtos prontos, como sucos e achocolatados. Foi a primeira queda no consumo no país desde 2003 e o segundo recuo da série histórica desenvolvida pela entidade desde 1990. De acordo com a Associação, as inúmeras novas opções prontas para o consumo no café da manhã, que incluem bebidas a base de soja, cuja penetração no mercado ainda é pequena comparada ao tradicional cafezinho, têm apresentado um crescimento bastante elevado. Em2014, a instituição estima a retomada do crescimento do consumo interno de café, ao nível de 3% a 4%, com maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os gourmets.

As exportações brasileiras no mês de fevereiro, até o dia17, totalizaram 945.429 sacas de café, queda de 0,33% em relação às 948.564sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 1.400 sacas, indo para 2.631.240 sacas.

Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem resistência154,35, 154,50, 155,00, 155,50, 156,00, 156,30, 156,50, 157,00, 157,50, 158,00,158,50, 159,00, 159,50 e 159,90-160,00 centavos de dólar, com o suporte em138,75, 138,50, 138,00, 137,50, 137,20, 137,00, 136,50, 136,35, 136,00, 135,50,135,00, 134,50, 134,00, 133,50, 133,00, 132,90, 132,50 e 132,05-132,00 centavos.




Londres segue Nova Iorque e fecha terça com bons ganhos

Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta terça-feira com bons ganhos, em uma sessão marcada pelas compras especulativas e pelo reflexo do forte desempenho dos arábicas em Nova Iorque. Apesar dos bons avanços, a posição maio não rompeu o nível psicológico de 1.900 dólares, mas conseguiu conter, até com certa tranquilidade, a pressão inicial, que havia feito com que o patamar de 1.812dólares fosse testado.

De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por uma boa movimentação técnica e por quedas na primeira metade do pregão e pela retomada dos ganhos logo na sequência, com muitos players operando nas arbitragens. Os arábicas em Nova Iorque subiram fortemente, refletindo a questão climática no Brasil e abriram espaço para que em Londres, com os robustas, as aquisições também fossem identificadas.

"Tivemos uma sessão bastante procurada e os ganhos vieram na esteira do comportamento positivo de Nova Iorque. Temos, evidentemente, uma correlação. Afinal, muitos players avaliam que o mercado de arábica terá uma disponibilidade menor, por conta da quebra de safra do Brasil, algo que ainda não foi devidamente medido. Mas se isso realmente ocorrer, a tendência é que, assim como verificado pouco tempo atrás, os robustas sejam muito mais demandados, o que daria um bom suporte aos terminais", disse um trader.

O março teve uma movimentação ao longo do dia de 1,76 mil contratos, contra 2,92 mil do maio. O spread entre as posições março e maio ficou em 7 dólares.

No encerramento do dia, o março teve alta de 15 dólares, com1.825 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 12 dólares, para o nível de 1.818 dólares por tonelada.

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